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Cadernos do Arquivo Municipal

versão On-line ISSN 2183-3176

Cadernos do Arquivo Municipal vol.ser2 no.11 Lisboa jun. 2019

 

ARTIGO

Placas foreiras do Hospital Real de Todos-os-Santos no acervo fotográfico da coleção Mac-Bride*

A photo set of property plaques of the All-Saints Royal Hospital in the Mac-Bride collection

Carlos Boavida**

** Carlos Manuel Pereira Boavida, IAP-Instituto de Arqueologia e Paleociências, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1069-061 Lisboa, Portugal / AAP-Associação dos Arqueólogos Portugueses, 1200-092 Lisboa, Portugal Lisboa, Portugal. cmpboavida@gmail.com

 

RESUMO

O Hospital Real de Todos-os-Santos foi uma importante unidade de cuidados médico-cirúrgicos e assistenciais, existente em Lisboa entre os séculos XVI e XVIII. As suas características gerais, assim como as políticas que motivaram a sua criação e desativação são conhecidas dos historiadores que se têm debruçado sobre o tema, mas também por todos aqueles que se interessam pela História de Lisboa, em particular sobre o Terramoto de 1755, cataclismo que danificou grandemente o famoso edifício, que foi demolido alguns anos depois.

Do património predial do Hospital Real fazia parte uma série de imóveis que chegou à sua posse de diversas formas. Na fachada de cada um deles, junto da porta, existia uma pequena placa com o monograma da instituição. Uma parte significativa dessas placas chegou aos nossos dias, tendo sido registada pelo fotógrafo Eduardo Portugal, em 1945, por indicação de Alberto Mac-Bride, médico-cirurgião e olisipógrafo, interessado na história do Hospital Real de Todos-os-Santos.

 

PALAVRAS-CHAVE

Hospital Real de Todos-os-Santos / Omnium Sanctorum / Coleção Mac-Bride / Eduardo Portugal

 

ABSTRACT

Between the 16th and 18th centuries, the All-Saints Royal Hospital was the most important medical, surgical and assistance institution in Lisbon. Its general characteristics, as well as the policies that motivated its creation and deactivation, are well known to historians who have considered the subject, but also to all those interested in the history of Lisbon, particularly about the 1755 Earthquake, a cataclysm that greatly damaged the famous building, which was demolished a few years later.

A number of buildings were part of the estate of the Royal Hospital, which came into its possession in various forms. In each, there was a small plaque with the monogram of that institution by the door. Several of these plaques survived to our days, and were registered by photographer Eduardo Portugal in 1945, by request of Alberto Mac-Bride, a doctor-surgeon and olisipograph, interested in the history of the Royal Hospital of All Saints.

 

KEYWORDS

All-Saints Royal Hospital / Omnium Sanctorum / Mac-Bride Collection / Eduardo Portugal

 

I. UM MONOGRAMA PRESENTE DESDE AS ORIGENS

Em vários espaços e objetos do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central1 é visível um monograma constituído por um S inscrito no interior de um O. Além de estar presente numa enorme variedade de objetos, desde o padrão de um tapete ao puxador de uma porta, ele surge igualmente em toda a documentação institucional acompanhando a sigla CHULC, tal como no cartão de identificação de todos os funcionários, ou ainda nas placas de trânsito existentes junto das entradas dos hospitais que integram o centro.

A origem do monograma remonta ao antigo Hospital Real de Todos-os-Santos, fundado em 1492 por iniciativa de D. João II (r. 1481-1495), no Rossio, em Lisboa. Após o Terramoto de 1755, no âmbito dos projetos de reconstrução da Baixa Pombalina, o Hospital foi transferido em 1775 para outro local, o antigo colégio jesuíta de Santo Antão-o-Novo. Este último foi o primeiro de um conjunto de edifícios existentes na colina de Sant’Ana, criados originalmente para outros fins, que passou a ter funções hospitalares. No processo de transferência, foram levados para o novo espaço variados objetos, muitos deles em cerâmica, ostentando o monograma do velho hospital, que resulta da combinação das duas primeiras letras da designação daquele em latim - Omnium Sanctorum. Apesar de a designação ter sido alterada, o S continuou assim presente no quotidiano daquela importante casa médico-assistencial.

Entretanto, em 1834, com a extinção das ordens religiosas, verificou-se o esvaziamento de vários edifícios conventuais na colina de Sant’Ana, facto que, aliado à sobrelotação do Hospital de São José, assim como à necessidade da sua expansão, levou a que a administração daquele tenha progressivamente anexado aquelas antigas cercas conventuais, tal como os seus edifícios, dando origem a uma nova designação - Hospital Real de São José e Anexos. Tal nomenclatura acabou por ser alterada pela organização da assistência hospitalar introduzida pela República, passando a sigla HCL - Hospitais Civis de Lisboa - a ser a ‘marca’ oficial da instituição, que surge de igual modo em muitos dos objetos ainda hoje existentes nos espaços do CHULC2.

Por iniciativa de Alberto Mac-Bride, que integrou a comissão que elaborou os novos formulários de medicamentos criados para os HCL em 1927, foi introduzido no frontispício daqueles o S 3. Foi deste modo que o antigo monograma, que não era mais que uma memória do passado, voltou a ser a marca identitária dos HCL. A presença deste foi frequente em cartazes de divulgação de diversos congressos organizados nos hospitais de Lisboa, mas surge igualmente no logótipo do Museu da Dermatologia Dr. Sá Penela, que funcionou no Hospital do Desterro e que se encontra, desde 2007, no Hospital de Santo António dos Capuchos.

 

II. A COLEÇÃO MAC-BRIDE

No dia 1 de novembro de 1954, inaugurou-se no Hospital de São José uma exposição de homenagem a Alberto Mac-Bride Fernandes, cirurgião efetivo naquela unidade hospitalar desde 1912 e falecido em 1953. Foi vasta a sua atuação na área da medicina, não só como cirurgião, tendo integrado nessa qualidade o Corpo Expedicionário Português na Primeira Guerra Mundial, mas também na organização dos serviços dos hospitais onde exerceu a sua carreira, assim como na vertente literária, como autor de inúmeros trabalhos de investigação4. Foi em 1912 que propôs a recolha de objetos e documentos de interesse histórico, tendo por fim a criação de um museu da medicina portuguesa a instalar no Hospital de São José que, na sua perspetiva, era aquele que melhores condições reunia para tal. Por outro lado, considerava este o “imediato sucessor do de Todos-os-Santos”, instituição primordial na história da medicina em Portugal5.

Mac-Bride era, também ele, um ávido colecionador, interessando-se por diversos temas, da pintura aos objetos cirúrgicos, passando pelos livros e documentos, possuindo uma extensa biblioteca.

Fora do âmbito médico, foi membro da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Associação dos Arqueólogos Portugueses, além de outras instituições. Juntamente com o seu irmão Eugénio, entre outros, foi um dos fundadores do Grupo Amigos de Lisboa, privando assim com diversos olisipógrafos, como Augusto Vieira da Silva, Gustavo de Matos Sequeira, Eduardo Neves, Luís Pastor de Macedo ou Norberto Araújo.

Apaixonado por Lisboa, envolveu-se em vários projetos para melhorar os espaços urbanos da cidade. Em colaboração com o seu irmão e com o coronel Vicente de Freitas, apresentou o famoso projeto do Grande Bosque de Lisboa, que abrangia a Serra de Monsanto e se estenderia até Carnide, Telheiras e Campo Grande e no âmbito do qual foi também publicado o estudo para o prolongamento da Avenida da Liberdade (1925/1927). Juntamente com Gustavo de Matos Sequeira, elaborou um relatório relativo à reabilitação do Castelo de São Jorge6.

Sendo cirurgião e olisipógrafo, não é de estranhar que se tenha interessado pela história do Hospital Real de Todos-os-Santos, tendo reunido diversos documentos valiosos e objetos importantes relativos àquela unidade assistencial, nomeadamente um exemplar do seu Regimento original7.

A exposição em sua homenagem, ocorrida no edifício da Biblioteca do Hospital de São José em novembro de 1954, esteve patente apenas durante 30 dias e foi visitada por mais de 2000 pessoas8. Incluiu cerca de cinco centenas e meia de objetos, documentos e livros da coleção particular de Alberto Mac-Bride (coleção Mac-Bride), que aquele legou ao Hospital de São José, assim como outros cedidos por diversos particulares, e também do próprio acervo da biblioteca do Hospital. O dia escolhido para a abertura da exposição coincidiu com o dia de Todos-os-Santos, designação do histórico hospital. Daquela exposição foi publicado um roteiro com prefácio de Reynaldo dos Santos9.

Em 1957, novamente numa data histórica para o Hospital Real, 15 de Maio, nas comemorações dos 465 anos da fundação daquele, foi inaugurado o Museu dos Hospitais Civis de Lisboa, com o nome do seu impulsionador, Dr. Alberto Mac-Bride. Este museu foi instalado na antiga Sala do Capítulo do Convento de Santa Marta, onde permaneceu até aos inícios dos anos 70, sendo então desmantelado10.

Atualmente, parte significativa da coleção permanece no Hospital de Santa Marta, embora alguns dos objetos e documentos mais relevantes tenham estado até finais de 2018 no edifício do Conselho de Administração do Hospital de São José, de onde transitaram para o edifício da Biblioteca. Alguns objetos estão igualmente expostos no Museu da Saúde, instalado na cerca do Hospital de Santo António dos Capuchos.

 

 

 

 

III. UM CONJUNTO DE FOTOgrafias COM S

A coleção Mac-Bride inclui um interessante conjunto de provas fotográficas, a preto e branco, num total de 39, que mostram diversas placas foreiras do Hospital Real de Todos-os-Santos existentes em edifícios do centro histórico de Lisboa. Todas elas mostram, no verso, além do carimbo do estúdio de Eduardo Portugal (Cliché de / E. Portugal / Lisboa), a referência ao arruamento onde se encontram, acompanhadas, em alguns casos, por croquis para melhor localização.

 

 

 

 

No conjunto existe apenas um edifício registado duas vezes, estando presente, na primeira versão, por cima do S, um registo azulejar onde figura São Sebastião.

Em relação a estas provas fotográficas, a entrada no catálogo da exposição supramencionada no nº de inventário 551 refere o seguinte:

Colecção de S representados em vários prédios de Lisboa e fotografados em 1945. Alguns indicados pelo Dr. Alberto Mac-Bride, outros reunidos por Eduardo Portugal, e que se destinam a estudos sobre o emblema do Hospital Real de Todos-os-Santos - Div. Pertence a E. Portugal11.

Por não ter sido publicado, ou eventualmente levado a efeito, foi sem sucesso que se procurou o estudo referido sobre o emblema do Hospital Real. Nesse sentido, parece-nos que a segunda hipótese talvez seja a mais correta, pois o levantamento foi efetuado em 1945 e à data da exposição, em 1954, não existem referências àquele estudo. Tendo Alberto Mac-Bride falecido no ano anterior, é provável que não tenha tido oportunidade de o realizar.

Apesar destas provas se encontrarem atualmente no Hospital de São José, os negativos devem integrar muito provavelmente o acervo fotográfico do Arquivo Municipal de Lisboa (AML), visto que o espólio de Eduardo Portugal, falecido em 1958, foi doado a esta instituição em 1991. Embora ainda não tenha sido possível localizar a totalidade dos negativos no vasto espólio daquele fotógrafo, na base de dados do AML disponível em linha, estão pelo menos duas das fotografias em causa, além de uma outra que não está incluída na coleção Mac-Bride12, pelo que as restantes também se devem encontrar na coleção do AML. Não deve ser ignorado o facto de a maioria destas imagens mostrar apenas a placa foreira e, por vezes, o número de polícia, o que dificulta a identificação dos locais, situação que não ocorre com as provas fotográficas que se encontram na coleção Mac-Bride.

 

 

 

 

Para os objetivos deste trabalho não se justifica mencionar a extensa bibliografia relativa ao Hospital Real, pois na sua maioria não existem referências a esta questão dos S, apesar destes surgirem frequentemente em objetos associados àquela unidade hospitalar. Entre aqueles, destaca-se um azulejo13, presente no catálogo da exposição comemorativa dos 500 anos da fundação do Hospital Real de Todos-os-Santos, onde é mencionado que o emblema era usado como marca de propriedade fora do edifício do Hospital, referindo um exemplar existente na Rua das Madres14, que não consta na coleção Mac-Bride.

Foi com alguma surpresa que nos apercebemos da existência de tantos S,ao ter conhecimento deste conjunto de provas fotográficas em outubro de 2018. Ao iniciar o estudo que agora se apresenta, a primeira tarefa passou por identificar todos os edifícios presentes nas provas fotográficas e verificar, passadas mais de sete décadas, se as placas foreiras do Hospital Real ainda se preservavam em todos eles. Embora alguns arruamentos tenham visto a sua designação alterada, assim como os números de polícia, foi possível localizar quase todos os sítios.

Um novo levantamento fotográfico teve lugar em janeiro de 2019, no âmbito do qual se confirmou a presença in situ de 21 dos 38 exemplares registados em 1945. Treze dos desaparecidos estavam em edifícios que foram reconstruídos ou substituídos por outros15. Não foi possível perceber onde estariam os quatro restantes, três deles na Travessa dos Lagares e um outro na antiga Calçada dos Cavaleiros, atualmente Rua dos Cavaleiros. No âmbito deste levantamento foram identificados mais dois exemplares.

Considerou-se relevante, após a realização deste inventário, mapear todos os locais onde as placas foreiras se encontravam ou encontram, incluindo outros referidos em bibliografia entretanto consultada e que se verificou ainda existirem, elevando o total para 44.

A maior concentração de edifícios com o monograma do Hospital Real localiza-se na Mouraria (29), principalmente na zona dos Lagares/Olarias (24), existindo depois alguns dispersos em Alfama (12), Madragoa (2) e Rossio (1).

 

Figura 4

 

 

ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE AS PLACAS FOREIRAS DO HOSPITAL REAL

1. LOCALIZAÇÃO

Parece-nos incontestável o facto de que estas placas foram colocadas em edifícios que pertenciam ao Hospital, prática comum durante vários séculos como marca de propriedade, com diversos paralelos nas centenas de placas foreiras ainda existentes no centro histórico de Lisboa, assim como de outras cidades portuguesas. No entanto, não é possível confirmar se as placas foram colocadas durante a construção dos edifícios em apreço, se anos mais tarde, ou se as placas hoje existentes são as originais ou reproduções. Nesse aspeto, é também relevante tentar perceber de que modo estes edifícios se tornaram propriedade do Hospital.

Em relação aos edifícios da zona dos Lagares/Olarias, no Bairro da Mouraria, tudo indica que se trata de espaços ocupados pelo antigo almocávar, localizado na zona do Largo das Olarias. Após a expulsão das comunidades islâmicas, em 1496, por decreto régio de D. Manuel I (r. 1495-1521), aquele terreno foi doado ao município de Lisboa e ao Hospital Real, tendo sido destruídos os seus eventuais muros, e tendo as suas cantarias, assim como as pedras tumulares ali existentes, sido usadas na construção do novo edifício hospitalar16, sendo parte significativa daquela área progressivamente ocupada por estruturas habitacionais17.

Não nos parece, no entanto, que se possa generalizar este aspeto a todos os edifícios existentes na Mouraria que mostram o S, como sucede com os exemplares do extremo norte da Rua do Benformoso ou o que existiu na Rua Damasceno Monteiro, o único datado entre todos os exemplares (1760). Mesmo na área dos Lagares/Olarias, vários são os edifícios que estão em zonas que eram já urbanizadas antes do édito de expulsão, como por exemplo, os da Rua do Terreirinho ou o da Rua dos Cavaleiros, antiga Rua Grande Direita. Nesse sentido, é também possível que alguns edifícios destas áreas tenham passado para a posse de novos proprietários na sequência daquela legislação, o que pode ter levado a uma melhor definição e demarcação daqueles bens18.

É possível que situação idêntica tenha ocorrido em Alfama, mas tais evidências não são suficientemente claras, não se verificando uma concentração de edifícios com o monograma do Hospital Real como sucede na Mouraria. No entanto, existe ali um caso bastante interessante de um marco de propriedade, mas totalmente distinto na forma dos restantes abordados neste artigo.

 

Figura 5

 

 

 

 

 

 

No Largo das Alcaçarias, nas traseiras de um edifício com fachada para a Rua de São Pedro, existe uma pequena lápide retangular19 que apresenta curta informação, organizada em seis linhas, tendo na parte superior o famoso S, onde se lê: ESTAS CAZAS DO MEIO / PARA A PARTE INTERIOR / CAM FOREIRAS AO ES / PITAL RIAL E PERA A / PARTE DA RVA LIVR / ES.

Este largo dá acesso, do lado sudoeste, ao Beco das Barrelas e, por via deste, ao Largo de São Rafael, assim como à Rua da Judiaria, pelo que é provável que o terreno onde este edifício se encontra tenha integrado a Judiaria de Alfama20, podendo ter sido expropriado aquando do édito de expulsão de 1496.

No entanto, o que se observa, acima de tudo, na encosta a sul da colina do castelo, é a presença de pequenos núcleos de dois ou mais edifícios, quando não isolados, que mostram placa foreira do Hospital Real na sua fachada, embora a sua anexação ao património daquele possa ter ocorrido de modo distinto.

Uma das referências frequentes em estudos sobre o Hospital Real é o facto de no mesmo terem sido integradas várias casas assistenciais pré-existentes em Lisboa21, entre as quais se encontravam hospitais, albergarias e mercearias, o que significa que passaram a ser propriedade daquele, mas tal não pressupõe obrigatoriamente a sua extinção. Assim, não será estranho verificar, atendendo à localização conhecida destas instituições, que algumas se encontrassem no local, ou nas suas proximidades, de edifícios que mostram um S sobre o lintel das portas.

Um exemplo deste caso é o do Hospital dos Escolares do Estudo, que ficaria junto à Rua dos Cegos, com frente para a Rua de São Tomé22. Um edifício que com ele poderia estar relacionado foi demolido, entre outros, em 1954, para dar lugar ao Largo de São Tomé e que, no registo da coleção Mac-Bride, corresponde ao nº 12 da Rua de São Tomé. Não muito longe deste, perto ao Convento do Salvador encontrava-se uma albergaria23 que poderia ser no atual Beco de Santa Helena, 9, onde se encontra outro S, ausente na coleção Mac-Bride.

Existem placas foreiras do Hospital em três zonas localizadas próximas da muralha ribeirinha de Alfama. Os dois primeiros encontram-se na Rua de São Pedro, n.os 11 e 19, e podem estar relacionados com alguma das casas assistenciais que existiam na área, não sendo possível identificar uma específica. O mesmo pode ter sucedido com os edifícios do quarteirão imediatamente a oeste, onde está a lápide do Largo das Alcaçarias, anteriormente mencionada, pois não é clara a situação de trespasse.

Passando o Largo do Chafariz de Dentro, seguindo pela Rua dos Remédios, encontramos mais três locais marcados com o S. O primeiro, invertido, está no nº 111-113, na zona onde existia o Hospital de D. Maria Armenha, para alfaiates, localizado na Rua Direita que ligava a Igreja de Santo Estevão às Portas da Cruz, e que foi anexado ao Hospital Real24. Ultrapassando este local, surge mais uma placa foreira no nº 135, que não se encontra incluída na coleção Mac-Bride.

Finalmente, no início da Rua do Paraíso, nos n.os 43, 47, 55 e 57, está o maior conjunto de S de Alfama, dos quais restam três (dois deles invertidos). Nas traseiras, na Calçada do Forte, 20, existia um outro, entretanto também desaparecido. Aqui, às Portas da Cruz, localizava-se o Hospital dos Pescadores Linheiros que não foi integrado no Hospital Real25. Alguns autores colocam a hipótese de estes edifícios, nomeadamente quando mostram o S invertido, poderem ser de casas assistenciais anteriores à criação do Hospital Real que, não tendo integrado aquele, não seriam sua propriedade26.

 

 

 

 

Muito próximo do Rossio, onde funcionou o Hospital Real, encontram-se outros dois S em locais onde existiram hospitais anteriores àquele, ambos nele incorporados. Um está na Rua das Portas de Santo Antão, 19, onde era o Hospital de D. Maria de Aboim, fundado em 1375 e que tinha anexa uma mercearia27. O outro, invertido, pode ser visto na zona tardoz do antigo Hospital Real, quase na Mouraria, na esquina da Calçada de São Lourenço com a Rua de São Pedro Mártir, onde existiu um hospital de corretores daquela última invocação28. Nem um, nem o outro, estão incluídos na coleção de Alberto Mac-Bride.

 

 

 

 

Por último, devem ser referidos dois casos de edifícios que se encontram fora da cidade muralhada ou nas suas proximidades, embora ao longo da via que se dirigia das Portas de Santa Catarina para Santos-o-Velho. O primeiro encontra-se no nº 14 da Rua João Brás, sendo a placa foreira sobreposta por óculo e painel de azulejos onde figura Nossa Senhora das Chagas.

Um pouco mais para sudoeste está o já referido exemplar da Rua das Madres, também ausente na coleção Mac-Bride. Infelizmente, ao contrário do que consta no catálogo da exposição dos 500 anos da fundação do Hospital Real, esta placa não se encontra datada29. Efetivamente na sua parte inferior existe uma legenda: F(ORO). 125 R(EI)S, mas a data de 1621 não surge naquela, mas sim numa inscrição que se encontra alguns centímetros mais acima, sobreposta por cruzeiro e pináculos nos extremos superiores30. Ali pode ler-se A VIRGEM MARI / A·N·S· FOI CONC / EBIDA SEN PE / CADO ORGI / NAL·1621.

 

 

 

 

Parece-nos que estas casas poderiam ter sido igualmente de cariz assistencial, provavelmente ligadas às paróquias onde estariam integradas. Talvez fossem albergarias de apoio aos viajantes que chegavam ou saíam de Lisboa, que só mais tarde foram anexadas ao Hospital Real. Edifício que terá sido uma eventual albergaria com idênticas funções existe ainda, embora devoluto, em Sacavém, na estrada que vai desta última povoação para Unhos31.

 

 

 

 

2. FORMA, MATÉRIA E CRONOLOGIA

No conjunto de placas foreiras agora analisado predominam as que mostram formato quadrangular ou retangular, onde no centro está o S, normalmente inscrito em campo circular, rebaixado (ROL 17, CAC 10, RCV) ou inciso (RST 42, BSM 12, RJB 14). A incisão em muitos casos encontra-se preenchida por pasta negra (BSH 9, RSP 11, RSP 19, RPR 47, RMD 13, ROL 3), o que a faz sobressair no branco da pedra calcária, característica que, pensamos, possa ter ocorrido noutros exemplares, mas da qual não restam vestígios visíveis. Raras vezes o S aparece também isolado (RPR 55, RDT 47) ou pintado (RRM 135), mas este último caso deve resultar de alterações posteriores.

Igualmente comum é a presença de moldura quadrangular incisa (TLG 29, RDT 66-68, RDT 42, TTR 34-36, TLG 20, LOL 65), em alguns casos com os cantos truncados (RSP 11, RSP 19), aspeto que se repete no próprio formato de cinco das placas (ROL 30, CDM 7, ROL 20, ROL 43, CAC 60).

 

 

 

 

Consideraram-se placas de formato circular as que efetivamente mostram esse formato (RDT 34, RPR 43, RPR 51), em alguns casos esculpidos diretamente no lintel das portas (RBF 217, RBF 227, CDM 3, CDM 11, ROL 29).

 

 

 

 

Considerou-se ainda um terceiro grupo de placas, onde se integraram aquelas que apresentam outros formatos, ou em que aquele não é possível definir corretamente devido à sua localização. A presença de estuques e rebocos não permite perceber qual a forma de cinco placas (CSL 2-4, RPM 111-113, RPS 19, RCV 76, RPR 47). As três primeiras são muito semelhantes entre si, com o S ladeado por dois pontos e moldura circular bem definida.

O S totalmente isolado, sem qualquer moldura, era visível em 3 locais (CFT 20, TLG 7, RDT 10), sendo os dois últimos placas de perfil algo irregular, como se resultassem de reaproveitamento.

Existia na Rua Damasceno Monteiro, nº 48, o único exemplar que apresentava uma data - 1760. Este, que se terá perdido (?) no âmbito da construção do novo edifício que ali se encontra, tinha formato retangular com a parte superior algo destacada, tendencialmente triangular.

Uma das placas (RBF 213), ao contrário das demais, não era em calcário, mas sim em azulejo, com o monograma pintado a negro de manganês sobre fundo branco estanífero. Azulejo semelhante anteriormente referido, mas que combina aquele óxido com o de azul de cobalto, existe na coleção Mac-Bride e integrou o catálogo da exposição dos 500 anos da fundação do hospital, surgindo na capa daquele. Este exemplar terá sido produzido na segunda metade do século XVIII, muito provavelmente após o Terramoto32. O edifício onde se encontrava esta singular placa foreira é totalmente revestido a azulejo de padrão industrial, pelo que é possível que aquela tenha substituído outra mais antiga, que seria de pedra. O mesmo edifício, em duas outras portas (217 e 227), mostrava o S esculpido diretamente no lintel, situação pouco comum, subsistindo apenas um deles (217).

Parece-nos que o estudo da forma aliado à análise epigráfica poderá eventualmente permitir a aferição de cronologias destas placas, facto apenas possível em relação à que estava na Rua Damasceno Monteiro e à fabricada em azulejo, as únicas que nos fornecem dados sobre esse aspecto. No entanto, por ora tal abordagem revelou-se algo infrutífera, pois embora existam diversos exemplares de placas foreiras ou de outras inscrições através das quais se pode comparar a grafia do S, poucos são aqueles dos quais se conhece a data de produção.

 

 

 

 

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente estudo fez-se uma breve análise sobre um tema pouco explorado nos estudos sobre o Hospital Real de Todos-os-Santos, relativo ao seu património predial. Certamente existirão em arquivo documentos escritos relevantes sobre o assunto, mas o objeto do qual partiu esta investigação foi um conjunto de registos fotográficos de placas foreiras. Uma parte delas subsiste na memória de Lisboa graças a estes registos que, de forma diligente, foram captados por Eduardo Portugal, em alguns casos por indicação de Alberto Mac-Bride. Se tal não tivesse sucedido, esta informação ter-se-ia perdido irremediavelmente, facto que poderá em breve acontecer com muitas das placas que permanecem in situ, pois na sua maioria estão em edifícios devolutos, tapadas por cabos telefónicos ou elétricos e por placas de publicidade.

Entre os assuntos abordados, várias questões ficam em aberto, pois os dados agora tratados não permitem conclusões concretas, embora possam ajudar a definir caminhos pelos quais a investigação poderá continuar, contribuindo assim para o esclarecimento de alguns aspetos. O mais relevante destes passaria pelo levantamento do histórico dos proprietários dos imóveis fotografados e de como se tornaram posse do Hospital Real. Nesse âmbito, poderia igualmente aferir-se se, efetivamente, as casas assistenciais anteriormente existentes usavam idêntica placa indicativa do mesmo formato, e se o facto de o S surgir invertido em alguns edifícios terá, realmente, algum significado.

Parece-nos relevante referir que os exemplares mencionados neste estudo se encontram ou encontravam em zonas da cidade que não foram muito afectadas pelo Terramoto de 1755 e incêndios subsequentes, facto que não sucedeu na Baixa ou no Chiado, onde existia igualmente um número assinalável de casas assistenciais que foram integradas no Hospital Real e das quais não restam, na maioria, quaisquer evidências físicas.

Pelos exemplos referidos e pela amostra relativamente pequena e estereotipada, pouco se pode dizer sobre a cronologia destes documentos epigráficos, pois se, por um lado, são poucos os termos de comparação bem datados, por outro, não há forma de ter certezas sobre o momento em que estas placas foram colocadas nos edifícios em causa.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FONTES

Arquivo Municipal de Lisboa

Preservação da cultura e salvaguarda do património, Fotografia artística e documental, Coleção Eduardo Macedo Portugal, EDP000298, EDP000972, EDP000123.

Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

Conjunto de 39 fotografias, p/b, da autoria de Eduardo Portugal, 1945. Colecção Mac-Bride (1957).

S/ autor, Figuras e panoramas da medicina de outros tempos, Lisboa, Hospitais Civis de Lisboa, 1954, 144 p.

 

ESTUDOS

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PONCE, Mónica et al. - O sítio dos lagares (Lisboa): um espaço pluricultu(r)al. In ARNAUD, José Morais; MARTINS, Andrea, coord. edit. - Arqueologia em Portugal 2017 - Estado da Questão. Lisboa: Associação dos Arqueólogos Portugueses, 2017. p. 1703-1714.

SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho - Albergarias. In SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo , dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994a. p. 28-29.

SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho - Hospitais medievais. In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo , dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994b. p. 442-446.

SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho - Mercearias. In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994c. p. 576-577.

SANTOS, Aurora Almada ;et al. - Fontes medievais do Arquivo Municipal de Lisboa para o estudo dos hospitais. Cadernos do Arquivo Municipal. Lisboa: Arquivo Municipal. IIª Série Nº 8 (2017), p. 237-274.

SILVA, Ana Raquel; SANTOS, Suzana Pombo dos - Villa Romana e Assentamento Proto-Histórico (Unhos, Loures). Al-Madan. Almada: Centro de Arqueologia de Almada. IIª Série Nº 15 (2007), p. 161-164.

TAVARES, Maria José Ferro - Judiarias. In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994. p. 480-482.

 

 

Submissão/submission: 09/03/2019

Aceitação/approval: 05/06/2019

 

 

NOTAS

BOAVIDA, Carlos - Placas foreiras do Hospital Real de Todos-os-Santos no acervo fotográfico da coleção Mac-Bride. Cadernos do Arquivo Municipal. 2ª Série Nº 11 (janeiro-junho 2019), p. 83 - 101.

* O autor agradece a Célia Pilão, Rodrigo Banha da Silva, Ana Caessa, José d’Encarnação e Ana Raquel Silva pelos esclarecimentos sobre diversos aspetos, assim como a indicação e cedência de alguma bibliografia; a Edgar Fernandes, João Boavida e António Marques pelo apoio, e a Mário Marzagão e Arquivo Histórico do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) pela cedência das imagens.

Ao Arquivo Municipal de Lisboa pelo apoio e esclarecimentos sobre o espólio de Eduardo Portugal.

1 O CHULC integra seis unidades hospitalares, a saber: Hospital de São José, Hospital de Santo António dos Capuchos, Hospital de Santa Marta, Hospital de Curry Cabral, Hospital de Dona Estefânia e Maternidade de Alfredo da Costa.

2 Designação recente, após ter sido uma vez mais reorganizado e renomeado, em 2007, como CHLC - Centro Hospital Lisboa Central.

3 Figuras e panoramas da Medicina de outros tempos. Lisboa: Hospitais Civis de Lisboa, 1954. p. 86, nº inv. 271.

4 MORA, Luiz Damas - O Dr. Alberto Mac Bride: soldado, cirurgião e cidadão. Revista Portuguesa de Cirurgia. S.l.: Sociedade Portuguesa de Cirurgia. Série II Nº 16 (2011), p. 84-87.

5 MAC-BRIDE, Alberto - A história da medicina em Portugal. A Medicina Contemporânea. Ano 30 N.º 7 (1912), p. 55-56.

6 MORA, Luiz Damas, op. cit., p. 87-88.

7 Ibid., p. 89.

8 Número de assinaturas no livro de honra, cf. LEONE, José - O Dr. Eugénio Mac Bride. In BOTELHO, Luís da Silveira; VELOSO, Barros, coord. - Subsídios para a história dos hospitais civis de Lisboa e da medicina portuguesa (1948-1990). [S.l.]: Comissão Organizadora do V Centenário da Fundação do Hospital Real de Todos-os-Santos, 1993.         [ Links ] p. 173-176.

9 Figuras e panoramas da medicina de outros tempos. Lisboa: Hospitais Civis de Lisboa, 1954. p. 3-4.

10 MORA, Luiz Damas, op. cit., p. 89; GEORGE, Francisco; MOURA, Rita Barata - Hospital de Santa Marta. In PENEDO, Jorge; ALBUQUERQUE, Ana de; BRANDÃO, Maria João de Paiva, coord. - Omnia Sanctorum: histórias do Hospital Real de Todos-os-Santos e seus sucessores. Lisboa: By the Book; Centro Hospitalar de Lisboa Central, 2012. p. 146, nota 24.

11 Figuras e panoramas da medicina de outros tempos. Lisboa: Hospitais Civis de Lisboa, 1954. p. 140-141.

12 Esta fotografia mostra a placa foreira que está no edifício da Rua dos Remédios, 111-113, da qual existe distinto registo na coleção Mac-Bride. A existência desta fotografia, ausente daquela última, poderá eventualmente indicar que no acervo de Eduardo Portugal podem existir diferentes fotografias das placas foreiras, talvez até algumas que não constam no conjunto de fotografias agora tratado. A placa referida, ainda no seu local original, encontra-se tapada por cartaz publicitário, pelo menos, desde 2014.

13 Este azulejo encontra-se atualmente exposto no átrio do edifício da biblioteca do Hospital de São José.

14 LEITE, Ana Cristina - Azulejo com as iniciais O S. In Pereira, Paulo, dir. - Hospital Real de Todos-os-Santos: séculos XV a XVIII. Lisboa: Câmara Municipal, 1993. p. 84, nº 64. Catálogo da exposição no Museu Rafael Bordalo Pinheiro.

15 O edifício localizado na Rua de São Tomé, 46, foi demolido em 1954 (data referida no verso da prova fotográfica), juntamente com outros, no âmbito da criação do Largo de São Tomé.

16 MOITA, Irisalva - Lápide funerária proveniente de um almocávar de Lisboa. Revista Municipal. Lisboa: Câmara Municipal. Ano XXVIII Nº 114/115 (1967), p. 83.

17 JORGE, Maria Júlia - Olarias e lagares (sítio das). In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994. p. 661. Não deve deixar de ser referido que uma parte deste espaço voltou a ser reutilizada alguns anos mais tarde, uma vez mais como necrópole, como evidenciaram trabalhos arqueológicos recentes efetuados no local - vd. PONCE, Mónica...et al. - O Sítio dos Lagares (Lisboa): um espaço pluricultu(r)al. In ARNAUD, José Morais; MARTINS, Andrea, coord. edit. - Arqueologia em Portugal 2017 - Estado da Questão. Lisboa: Associação dos Arqueólogos Portugueses, 2017. p. 1704-1709.

18 BARROS, Maria Filomena Lopes de - Mouraria (séculos XII a XV). In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994. p. 590-591.

19 Informação cedida por Rodrigo Banha da Silva.

20 TAVARES, Maria José Ferro - Judiarias. In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994. p. 480-482.         [ Links ]

21 CORREIA, Fernando da Silva - Origens e formação das misericórdias portuguesas. Lisboa: Livros Horizonte; Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, 1999; SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho - Hospitais medievais. In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994a. p. 443-446; LEITE, Ana Cristina - Hospital Real de Todos-os-Santos: uma obra moderna. In PENEDO, Jorge; ALBUQUERQUE, Ana de; BRANDÃO, Maria João de Paiva, coord. - Omnia Sanctorum: histórias do Hospital Real de Todos-os-Santos e seus sucessores. Lisboa: By the Book; Centro Hospitalar de Lisboa Central, 2012. p. 36-37, nota 5.

22 CORREIA, Fernando da Silva, op. cit., p. 394; SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho, op. cit., p. 445; PACHECO, António Fernando Bento - De Todos-os-Santos a São José: textos e contextos do «esprital grande de Lixboa». Lisboa: [s.n.], 2008. Dissertação de Mestrado em História Moderna e dos Descobrimentos apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. anexo 1, nº 29.

23 CORREIA, Fernando da Silva, op. cit., p. 378; SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho - Albergarias. In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994b. p. 29; PACHECO, António Fernando Bento, op. cit., anexo 1, nº 69.

24 CORREIA, Fernando da Silva, op. cit., p. 394; SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho, op. cit., p. 446; PACHECO, António Fernando Bento, op. cit., anexo 1, nº 26.

25 CORREIA, Fernando da Silva, op. cit., p. 378; SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho, op. cit., p. 444; PACHECO, António Fernando Bento, op. cit., anexo 1, nº 49.

26 SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho - Hospitais medievais. In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994b. p. 446.

27 CORREIA, Fernando da Silva, op. cit., p. 379 e 394; SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho, op. cit., p. 443; SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho - Mercearias. In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário de história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas e Associados, 1994c. p. 577; PACHECO, António Fernando Bento, op. cit., anexo 1, nº 25; SANTOS, Aurora Almada et.al. - Fontes medievais do Arquivo Municipal de Lisboa para o estudo dos hospitais. Cadernos do Arquivo Municipal. Lisboa: Arquivo Municipal de Lisboa. Série II Nº 8 (2017), p. 261-274.

28 CORREIA, Fernando da Silva, op. cit., p. 394; SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho, op. cit., p. 446; PACHECO, António Fernando Bento, op. cit., 2008, anexo 1, nº 22.

29 LEITE, Ana Cristina, op. cit., p. 84.

30 Inscrições de idêntico teor podem ser vistas na Rua da Atalaia, nº 18 e na Rua Norberto Araújo, nº 4, sendo esta última datada de 1634.

31 SILVA, Ana Raquel; SANTOS, Suzana Pombo dos - Villa Romana e Assentamento Proto-Histórico (Unhos, Loures). Al-Madan. Almada: Centro de Arqueologia de Almada. Série II Nº 15 (2007), p. 161. Fica a dúvida se este edifício poderá ser tudo o que resta do Hospital de Gonçalo Vaz, referido por Francisco Silva Correia, que foi incorporado no Hospital Real (op. cit., p. 405); SALGADO, Abílio José; SALGADO, Anastácia Mestrinho, op. cit., p. 443.

32 LEITE, Ana Cristina, op. cit., p. 84. Não nos parece que se possa colocar de lado a hipótese de este azulejo resultar de uma reprodução, copiando modelos anteriores.

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