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Cadernos do Arquivo Municipal

versão On-line ISSN 2183-3176

Cadernos do Arquivo Municipal vol.ser2 no.9 Lisboa jun. 2018

 

ARTIGO

Onde estava localizado o Horto Botânico de Xabregas, criado por Gabriel Grisley em Lisboa, no século XVII?

Where was located Xabregas' Botanical Garden, established by Gabriel Grisley in Lisbon, in the 17th century?

João Paulo S. Cabral*

* Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre, 823, 4150-171 Porto, Portugal. jpcabral@fc.up.pt

 

RESUMO

Gabriel Grisley, médico alemão, veio para Portugal no início do século XVII. Em Xabregas (Lisboa), funda um horto botânico, com o apoio régio, e publica obras sobre as plantas medicinais e a flora portuguesa. Neste horto cultivavam-se plantas em abundância, para uso medicinal e estudo, tendo ainda associado um herbário, para que boticários e médicos pudessem estudar as plantas medicinais a todo o momento. Recorrendo a múltiplas fontes históricas, sobre os conventos de São Francisco e da Madre de Deus de Xabregas, a fonte da Samaritana, a antiga bacia hidrográfica do rio de Xabregas, a geografia do antigo sítio de Xabregas e as próprias obras de Grisley, concluiu-se que o Horto Botânico de Xabregas de Gabriel Grisley se localizava provavelmente perto da foz do rio de Xabregas, da fonte da Samaritana e, ainda, dos conventos da Madre de Deus e de São Francisco de Xabregas.

 

PALAVRAS-CHAVE

Gabriel Grisley / Horto botânico / História da botânica / Xabregas-Lisboa / Rio de Xabregas

 

ABSTRACT

Gabriel Grisley, a German doctor, came to Portugal in the early 17th century. In Xabregas (Lisbon) he founded a botanical garden which had royal support, and published works on medicinal plants and the Portuguese flora. In this garden were cultivated plants in abundance, for medical use and study, and also had associated a herbarium, so that herbalists and doctors could study the medicinal plants at all times. Using multiple historical sources about the convents of São Francisco and Madre de Deus of Xabregas, the Samaritana water source, the old basin of Xabregas river, the geography of the former site of Xabregas and the works of Grisley itself, it was concluded that Gabriel Grisley's Xabregas Botanical Garden was probably located near the mouth of Xabregas river, the Samaritana water source, and also of the convents of Madre de Deus and São Francisco of Xabregas.

 

KEYWORDS

Gabriel Grisley / Botanical garden / History of botany / Xabregas-Lisbon / Xabregas river

 

INTRODUÇÃO

No século XVII, como há muito tempo acontecia, as plantas medicinais faziam parte integrante do arsenal terapêutico da medicina de então. Constituíam, juntamente com extratos animais e minerais, os ingredientes principais dos preparados usados na prática médica. Não só muitos mosteiros tinham os seus hortos de plantas medicinais1, como a corte e as elites podiam ter os seus jardins privados, nos quais se cultivavam plantas da região e do país, mas também exóticas, se as condições ambientais o permitissem. As plantas eram recolhidas nas alturas próprias, secas, preparadas e guardadas em boticas, dirigidas por boticários ou pelos próprios médicos. Os boticários e os médicos mais conhecedores das plantas escreviam e publicavam livros de matéria médica vegetal – os herbais, nos quais descreviam as próprias plantas, a forma de as preparar e as suas propriedades terapêuticas2. O livro de matéria médica de Dioscórides, escrito no século I d.C.3, inúmeras vezes copiado em manuscrito e, depois da invenção da imprensa, em sucessivas edições ao longo do século XVI4, algumas já em línguas vernáculas5, era ainda o ponto de partida para estas publicações de matéria médica, ao qual se acrescentavam comentários, emendas e adições, em particular as relativas às plantas medicinais do centro e norte da Europa, ausentes dos tratados dos mestres da Antiguidade6. É neste contexto que se deve entender a ação do médico alemão Gabriel Grisley. Chegado a Portugal no início do século XVII, em Lisboa funda um horto botânico, que terá o apoio régio, e publica obras sobre as plantas medicinais e a flora portuguesa.

Fundados na primeira metade do século XVI em Itália e depois em muitas cidades europeias7, os jardins botânicos pretendiam ser coleções vivas de plantas úteis (medicinais, alimentares, industriais), mas também de espécies curiosas ou admiráveis, tanto nativas, como exóticas de outras paragens8. Neste contexto, o atraso de Portugal foi assinalável. Contudo, muito antes da criação do Jardim Botânico da Ajuda e do Jardim Botânico de Coimbra, na segunda metade do século XVIII, por iniciativa do marquês de Pombal9, o Horto Botânico de Xabregas foi, estamos em crer, o primeiro estabelecimento desta natureza em Portugal. Ao contrário de outras personagens ligadas à botânica e à matéria médica que nasceram ou viveram em Portugal, como Garcia de Orta, Amato Lusitano ou Domingos Vandelli, a vida e obra de Grisley não tem sido objeto de análise e estudo pelos académicos portugueses. Deixando para outra oportunidade o estudo aprofundado da produção bibliográfica de Grisley, propomo-nos, no presente estudo, apresentar argumentos a favor do que consideramos ser a provável localização do Horto Botânico de Xabregas, criado e administrado por Gabriel Grisley no século XVII. Para tal recorremos às seguintes fontes documentais principais: a produção bibliográfica de Grisley e bibliografia coeva relacionada com o sítio de Xabregas; documentação existente na Torre do Tombo e no Arquivo Municipal de Lisboa relacionadas com Grisley e o sítio de Xabregas; estudos modernos sobre a geografia da zona.

 

O HORTO BOTÂNICO DE XABREGAS

Pelas próprias palavras de Grisley, a sua vinda para Lisboa e a criação de um primeiro horto botânico privado remontaria à década de 1610. Na sua obra Desenganos para a medicina, referindo-se ao seu horto botânico, Grisley informava que a «plantagem que se praticou de quarenta annos para cá, como a experiencia presente»10. Mais à frente, no texto do prólogo, depois de mencionar que o livro afinal não iria ser ilustrado, compensava esta falta pela descrição, com «certeza» e «segurança» das «virtudes» das plantas, informações «retiradas dos mais affamados Authores» e pela sua [de Grisley] prática de «quarenta annos nesta cidade» de Lisboa11.

Os objetivos deste horto botânico eram múltiplos:

1. O crescimento de plantas medicinais, frescas (para que se possa fazer o apózima, ou qualquer outra mezinha no tempo que a necessidade a pede; & deste modo não se depende da incerteza da feira [onde se venderiam as plantas medicinais]: alcançase a erva fresca, & a legitima; o que não vem a ser pequena consolação para os doentes: cousa de muitos desejada12)

e em certas quantidades («parece que com elle [horto] não se satisfaz ainda ao desejo de outro bem maior, que vem a ser, plantar tanta quantidade de cada hũa [planta medicinal], que aja bastante para poder acudir às necessidades dos doentes»)13, para uma posterior utilização («para que soubessemos aproveitarnos de hum tão grande bem»14 - as plantas medicinais), acudindo «às necessidades dos doentes»15.

2. «Instrucção dos que por officio estão obrigados a conhecellas»16, portanto dos boticários. Estes teriam pois «nesta horta», um local para «exercicio, & estudo, adonde pôdem confrontar todas as plantas com os debuxos, descripções dos Authores, conforme se costuma fazer em todas as Universidades»17.

3. A constituição, anexo ao horto, de um herbário, uma novidade absoluta em Portugal18, com as plantas «secas, postas em papel com seus nomes, para que» «os curiosos» «em todo o tempo as tenhão presentes»19.

Sendo alemão, quando vem para Portugal, Grisley conheceria sobretudo a flora do norte da Europa. No seu horto botânico cultivará algumas destas plantas da «Frigida zona»20, o que terá suscitado algum descrédito inicial21 (natural em virtude das apreciáveis diferenças de clima), mas também da «Torrida» zona, muitas plantas «de muito grandes virtudes, como os moradores, navegantes do Brasil sabem»22.

Na segunda edição dos Desenganos para a medicina, publicada em 1669, Grisley refere que o Horto Botânico de Xabregas tinha sido uma iniciativa de D. João IV, possivelmente resultado da experiência por si acumulada num primeiro horto botânico privado que tinha estabelecido na década de 161023. Efetivamente, D. João IV, em alvará datado 8 de maio de 1652, perante a «pitição» apresentada por «Gabriel Grisley Alemão» e «visto o que nella alega», determinava que «se lhe emtregue a horta de que faz memção na dita Petição» para «plantar as ervas de que trata para cumua utilidade do Reyno». Ordenava o rei aos «vedores da minha fazenda e mais menistros» «todos os despachos neçessarios para effeito de se lhe emtregar a dita orta»24. Alguns anos depois, em alvará datado de 22 de julho de 1657, perante o que «Gabriel Grisley Medico-Alemão se lhe reprezentou aserca de lhe conceder a administração da orta» «em Xabregas», «e pello muito que convirá ao bem comum haver no Reyno as ervas medecinais que o dito Gabriel Grisley se offrece a ter» «obrigandosse a ter toda a horta, ou a mayor parte della cultivada com as ditas ervas medecinais», o rei25 concedia a «administração da dita horta» por mais dois anos26.

 

OS DESENGANOS PARA A MEDICINA DE GABRIEL GRISLEY

A primeira edição da obra Desenganos para a medicina de Grisley (Figura 1) era «dirigida ao Illustrissimo Senado da Camara de Lisboa» e o autor identificava-se como sendo «medico, alemão». Efetivamente, esta edição receberia um subsídio da Câmara de Lisboa. A 10 de janeiro de 1657, o Senado da Câmara concedia a «gabriel grisley medico alemão» a «mercê» de «vinte mil reais» «para a imprinção do livro que fes que dedicou ao mesmo Senado»27.

 

 

A obra está dividida em duas partes. Na primeira parte são descritas as propriedades de 260 plantas medicinais, tanto da flora portuguesa, como exóticas, organizadas em três capítulos, a que chama de «canteiros». No primeiro «canteiro», Grisley descreve as propriedades medicinais de vinte plantas, que considerava mal conhecidas e frequentemente alvo de confusão e enganos, alguns deliberados28. Estas incluíam por exemplo a «abrotea»29, a «losna»30, a «berberis»31, o «pam porcino»32, a «eroca marinha»33, o «lentisco»34, o «millefolio»35, a «persecaria»36, a «saboeira»37 e a «gallocrista»38. No segundo «canteiro», Grisley descreve quarenta plantas muito bem conhecidas dos antigos, mas que tinham caído em desuso39 , como o «pee de leam»40, a «armolas»41, a «bistorta»42, o «cerefolio»43, o «dente de leam»44, a «genciana»45, a «graciosa»46, a «era da terra»47, o «trevo cervino»48 e o «majericam grande»49. Por fim, o último «canteiro» trata de 200 plantas de uso quotidiano, bem conhecidas, mas sobre as quais existia confusão quanto às propriedades50. São mencionadas, entre outras, as «azedas»51, a «avenca»52, a «arvore de castidade»53, a «agrimonia»54, o «alho»55, o «malvaisco»56, o «endro»57, a «erva doce»58, o «aipo»59e a «estrelamim»60. A segunda parte desta obra contém uma introdução geral à técnica da destilação e ao estudo de 60 águas destiladas.Esta obra tem ainda um índice de nomes vulgares e de nomes latinos, e um índice de «achaques e enfermidades».

Uma das suas principais fontes informativas, quiçá a principal, terá sido a edição de Andrés Laguna da matéria médica de Dioscórides61:

Pello que nos pareceo cousa justa publicar as particularidades das ervas mais ordinarias, para que as não tenham por inutis, de nenhũa virtude por serem commuas, visto serem descriptas por Dioscorid. [Dioscórides] graduadas por Galeno; pintadas por Laguna62.

No entanto, as próprias plantas não são descritas, nem ilustradas. No prólogo, Grisley revela que tinha intenções de fazer acompanhar o texto por desenhos das plantas descritas, quiçá pensando em Laguna (1555), mas que tal não lhe tinha sido possível: «Para o conhecimento inteiro destas ervas, convinha por as estampas de cada hũa, em que estivesse naturalmente retratadas para differenciar hũa da outra; mas como os impedimentos o não permitirão, ficará este livro por agora com esta falta». Esta falta era suprimida referindo com «certeza & segurança» as «virtudes dellas [plantas] tiradas dos mais affamados Authores»63.

Pelas palavras do autor no prólogo, alguns boticários venderiam as plantas trocadas, por ignorância, o que, como Grisley corretamente refere, poderia ter consequências negativas:

Da liberdade de poder cada hum vender as ervas com o nome que quizer, nasce este confuso engano; de que se segue necessario o desprezo, que he o maior obstaculo para haver curiosos; se quem vende não estiver visto na materia, facilmẽnte fica enganado quem cõ[m]pra; resultando disso hum prejuizo evidente em materia de tanta estima, como a saude; pelo que se pede, merece haver nisto, hũa cautella mui cuidadosa, igual ao menos à que se tem em que se não vendão mantimentos danosos64.

Segundo o autor, a maior parte das plantas medicinais da flora portuguesa descritas nos Desenganos eram desconhecidas: «hũa descripção geral com os debuxos de todas as ervas salutiferas, que nescam neste Reyno, das quaes a menor parte somente está conhecida dos moradores do sitio donde nascem»65, pretendendo precisamente esta obra e outra posterior66 suprir esta lacuna de conhecimento.

Esta obra impressa de Grisley, que pretendia esclarecer os boticários sobre as formas de preparar e as propriedades terapêuticas das plantas medicinais então mais usadas, constituía pois um complemento «técnico» ao seu horto botânico.

Ao Horto Botânico de Xabregas e às publicações de Grisley se referiram vários académicos portugueses. Manoel Gomes de Lima Bezerra (1727-1806), formado em medicina e «cirurgião da Casa de Sua Magestade», na obra Diario Universal de Medicina, Cirurgia, Pharmacia, publicado em 176467, recorrendo a um juízo do «douto Haller», escrevia em tom depreciativo, sem contudo fundamentar as suas afirmações que

Gabriel Grisley Medico Alemão, que residio em Lisboa, publicou hum livro, que contém a noticia das plantas, que continha o seu pequeno Horto de Xabregas, mas nada profundisou a materia, e copiou Dioscorides, e outros antigos no máo, que escreverão, sem lembrarse do que nas Academias Experimentaes da Europa se tem descuberto, e discorrido àcerca delas, das suas virtudes, e preparados68.

Félix de Avelar Brotero no prefácio da sua Flora Lusitanica referiu-se aos trabalhos de Grisley e ao seu horto botânico de Xabregas, que também considerou como sendo pequeno69. Ainda no século XIX, integrado na coleção Bibliotheca do Povo e das Escolas foi publicada, em 1883, uma Historia da Botanica em Portugal, sem autoria explícita. É feita menção, de forma superficial, às obras de Grisley e referido que «exerceu clinica em Lisboa durante muitos annos», tendo obtido «d'el-rei D. João IV a concessão de uns terrenos no Valle de Xabregas, onde logrou estabelecer o seu horto botânico»70.

 

O ABASTECIMENTO DE ÁGUA AO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE XABREGAS E DA MADRE DE DEUS DE XABREGAS

No século XVI, Francisco de Hollanda (1517-1585) na sua obra Da Fabrica que faleçe ha Cidade de Lysboa, publicada pela primeira vez em 157171, incentivava o monarca, D. Sebastião, a terminar «os paços de Emxobregas», junto do mosteiro da Madre de Deus e «se tiver saudade do monte e da caça» mandar cercar «mea legoa de terra d'ali até Chelas e até além de S. Bento, e faça um parque com muitos porcos e veados e aves, e matas e arvoredos, e fontes»72. O caráter verdejante do sítio de Xabregas e do vale de Chelas não escaparam à observação do padre António Carvalho da Costa na sua Corografia portugueza: «O Convento de N. Senhora de Jesus, de Xabregas, de Frades Franciscanos», «tem boa cerca de arvores silvestres com sua horta, & pomar, sitio alegre, & muy vistoso, por estar junto ao mar»73, enquanto «O Mosteyro da Madre de Deos fica mais adiante menos de meya legoa de Lisboa para o Nascente, junto ao mar no fresco valle de Xabregas»74. Ambos os edifícios pertenciam à freguesia e paróquia de Santa Engrácia, assim como o vale de Chelas «ameno para a recreação, abundante pela fertilidade de seus frutos»75. Ao tempo do terramoto, o sítio de Xabregas e toda a freguesia da Santa Engrácia eram espaços essencialmente agrícolas (e possivelmente de pastoreio) com reduzida população, como consta das Memórias Paroquiais, assinadas por Luís da Costa de Barbuda, prior de Santa Engrácia, a 22 de julho de 1759: «Tem esta freguezia de Santa Engracia bastante espaço de terra; mas quazy toda calva por constar de algumas terras de arado, olivaes, ortas, e quintaz»76. O declive corria de norte para sul. Não existia então na «borda de mar porto memorável»77. Existiam 1260 «fogos»78. Dos palácios existentes na freguesia, o de Pedro da Cunha Mendonça e Menezes, na rua que ia de Xabregas para o Grilo, tinha «seo jardim, e ortas, e todas as accomodaçoens com grandeza». Em 1759, «acha[-se] restaurado das ruinas, que padeceo no terremotto que forão poucas»79.

Os conventos franciscanos e das clarissas instalavam-se geralmente perto de rios, ribeiros ou nascentes de água, elementos indispensáveis para as hortas e pomares, e o de São Francisco de Xabregas (Santa Maria de Jesus de Xabregas) e da Madre de Deus de Xabregas seguiram esta mesma norma de localização. Realmente, a presença e a importância da água ecoam na longa história dos conventos de São Francisco e da Madre de Deus de Xabregas.

D. Afonso V faz doação do Palácio Real de Xabregas a Guiomar de Castro, condessa de Atouguia80, para instalação de um convento franciscano, ato consignado por um alvará régio de 17 de outubro de 1455. Situado no vale de Chelas81, «a pouca serventia do arruinado edificio», «sendo transformado em Casa de Deos, veyo a melhorar a fortuna»82. Concluídas as obras em 1460, alguns franciscanos vindos da Madeira ocuparam o mosteiro. Ampliado em 1497, foi sede da Província dos Algarves. Em 1551, era habitado por mais de cinco dezenas de frades franciscanos e em 1712 tinha 93 religiosos83. Receberia doações e mercês de sucessivos monarcas e da Câmara de Lisboa. A rainha D. Leonor de Avis (1458-1525) mandou construir uma sala para seu uso pessoal junto da capela-mor. Durante o período filipino, a 7 de julho de 1616, o Senado da Câmara concedeu 100 cruzados aos padres do Convento de São Francisco de Xabregas «devido á sua necessidade»84. Quando ocorre o terramoto, o número de «religiosos moradores» era de 14485. Tinha ainda uma importante biblioteca86. No palácio de D. Afonso V, já existia «hũa fonte, horta, & laranjal, aonde os nossos Monarcas assistião no tempo de sua recreação; mas naquelle jà com os ameaços da ruina estavão totalmente desamparados»87. Guiomar de Castro «lhe ajuntou de mais hum pedaço de vinha, hum poço com sua nora»88. Ao lado da capela-mor existiam «hũas casas com pomar, & poço» que, em finais do século XV, foram doadas por Gonçalo de Castelo Branco, senhor de Vila Nova de Portimão, aos franciscanos de Xabregas, com «o pretexto de não haver occasião de vir morar alli pessoa algũa que com sua vizinhança inqui[e]tasse os Religiosos»89. Todavia, um episódio que ocorreria depois com D. Leonor de Avis, no qual a rainha, tendo feito «nas casas sobreditas», «hũa sala, digna de sua autoridade, (como diremos) a deyxou por morte para enfermaria do Convento»90. «Os Religiosos, temendo que se continuasse esta habitação, alcançàrão hum Breve de Leão X, & por virtude delle arrazàrão os edificios, convertendo tudo em horta91. O Convento de São Francisco de Xabregas «padeceo total ruina no terramoto»92, mas seria reconstruído. Quando foi respondido ao inquérito das Memórias Paroquiais em julho de 1759, estavam

os Religiosos vivendo com grande discomodo nas habitaçoens de madeyra que na cerca fizerão, sendo-lhes impossivel a restauração do Convento, e Igreja pellas limitadissimas esmolas com que tem sido socorrido. Só se tem reparado o principio de hum dormitorio, o refeytorio quazy acabado, e a cozinha em que se vay cuidando93.

Com a extinção das ordens religiosas foi vendido em 1834, e seria transformado numa fábrica de tabacos (Figura 2)94.

 

 

O Convento da Madre de Deus de Xabregas das Clarissas foi fundado por D. Leonor de Avis, então viúva, em 150995. Sete clarissas do Convento de Jesus de Setúbal instalaram-se inicialmente numas casas «com as hortas que lhe pertencião», adquiridas a D. Inês, viúva de Álvaro da Cunha, «nas margens do famoso Tejo no ultimo limite Oriental desta Cidade de Lisboa, & à vista do Convento de S. Francisco de Xabregas»96. A rainha habitou junto das monjas num paço que mandou construir ao lado e jaz em campa rasa no claustro do convento.

Junto do paço encontrava-se o «nobelissimo» mosteiro da Madre de Deus, «com lhe nacer a aurora e o sol com os primeiros raios sobre o mar do meio dia e sobre o rio Tejo»97. Durante o reinado de D. Sebastião, a 2 de maio de 1567, o cardeal D. Henrique, regente, ordenava a construção de um cais junto do mosteiro da Madre de Deus98, que um século depois ainda servia (Figura 3).

 

 

Por intervenção da rainha D. Leonor, o convento recebeu, a 12 de setembro de 1517, as relíquias de Santa Auta, «huma das onze mil Virgens»99. «Com grandesa correspondente à magestade do Titulo», D. João III ordenou a demolição da «igreja antiga», «& no mesmo lugar erigio a que hoje existe, como o Coro, & Capella mor, que he hũa das mais primorosas, & perfeytas obras deste Reyno». «Tambem edificou o segundo claustro, espaçoso, & muyto elegante, com varandas de pedraria, & diversas Cappellas, separadas hũas das outras»100. Em 1551, albergava cerca de cinco dezenas de clarissas. O Real Mosteiro da Madre de Deus101, que se tornou um dos mais populares santuários da Lisboa renascentista102, seria protegido e apoiado por sucessivos monarcas. Durante o reinado de D. Sebastião, a 17 de setembro de 1557, D. Catarina de Áustria, regente, autorizava que a Câmara emprestasse «trezentos mil reais» à «Abbadesa e freiras» do «mosteiro da Madre de Deus de enxobregas» «por terem delles muita necessidade pera paguarem outras obras que» «no dito mosteiro fazem»103. Ao contrário do vizinho Convento de São Francisco, o da Madre de Deus não foi severamente afetado pelo terramoto e seria reparado em poucos anos: «padeceo alguma ruina este Convento no terremotto, e grande aballo a Igreja, huma e outra couza se acha reedificada com grande consolação, e edificação dos fieis»104.

 

A FONTE DA SAMARITANA

A existência de uma fonte caudalosa em Xabregas é confirmada por múltiplos documentos. A sua origem remonta à fundação do Convento da Madre de Deus de Xabregas. A rainha viúva D. Leonor de Avis «para fazer mais deliciosa a passagem» entre o palácio onde vivia e o Convento da Madre de Deus, mandou em 1508,

fabricar huma fonte, na qual se vêm gravadas em pedra a Imagem de Christo, e a da Samaritana, conhecida por Santa Fotina, com hum letreiro Gotico, que diz: Da mihi bibere. No tanque da fonte se vê huma empreza de Armas da Rainha, que he huma rede, a que os pescadores chamão de rasto, para memoria do tragico suceso do Principe D. João, que morrendo afogado no Tejo, em similhante rede o tirárão os pescadores neste mesmo sitio. Conservou-se esta fonte por muitas annos junto á Igreja da Madre de Deos, donde mandou tirar D. Francisco de Sousa Calhariz, sendo Presidente do Senado [da Câmara de Lisboa] e a fez pôr defronte do nosso adro [do convento de São Francisco], onde hoje existe para termos sempre viva na memoria com este padrão a grande caridade de tão singular bem-feitoria105.

Ao lado da fonte foi instalado um tanque para lavadeiras:

No apainelado d'este tanque se via a empreza das armas de D. Leonor, que é uma rede das que os pescadores chamam de arrastar, divisa que ella adoptou em memoria de ter expirado seu filho, o principe D. Affonso, na humilde cabana de um pescador, quando cahiu do cavallo, na margem do Tejo em Santarem, em 1491106.

Filipe III, em carta datada de 15 de junho de 1633 dirigida ao município de Lisboa, enaltecia o presidente da Câmara pela compra (por um preço elevado) de «uma fonte da agua que está no valle de Xabregas, em uma horta do secretario Diogo Soares107» que iria servir para abastecer a cidade de Lisboa, «pela grande falta que ha da agua n'essa cidade». A água era «uma cousa de tanto beneficio do povo» que o monarca decidia, nesta altura, «relevar» a siza referente à transação108. A água seria distribuída em chafarizes a construir «no Terreiro do Paço, Pelourinho Velho, S. Paulo e outras partes d'esta cidade»109.

Algumas décadas depois, já durante a Restauração, em fevereiro de 1673 (e novamente a 11 de setembro de 1682), o Senado da Câmara protestava junto do rei pelo preço exorbitante a que tinha sido vendida a fonte de água, reclamando junto dos herdeiros110, a restituição do dinheiro e a nulidade da «escriptura da venda e o contrato, com fundamento de que «n'elle houve dolo por parte do vendedor», porque a água não valia o preço pago, não sendo «capaz nem póde chegar ás partes [aos chafarizes] aonde se pretendia levar»111, além de que a horta onde se encontrava a fonte tinha sido dada pelo cónego Pedro Barbosa de Sá112 a sua filha Mariana de Sá, quando casou com Pedro Soares de Melo, filho e herdeiro de Diogo Soares113.

Uma parte da água que brotava da fonte da Samaritana (Figura 4) foi, durante algumas décadas, encaminhada para o Convento da Madre de Deus. Em 1634,

sendo presidente da camara de Lisboa o conde barão d'Alvito, deu este licença particular ás freiras da Madre de Deus, para que do encanamento podessem tirar para a sachristia a agua precisa para o lavatorio; mas como o encanamento da agua era pela cêrca do convento, as freiras tiravam a agua que lhes parecia, apesar de terem dentro do claustro uma boa fonte, e um abundante poço na portaria114.

 

 

Todavia, algumas décadas depois, em 1694, por acórdão da Câmara de 4 de junho, «foi tirada ás freiras toda a agua que pertencia a esta fonte, e entupido o encanamento». Aparentemente a medida não se tornou efetiva porque «as freiras» «acharam meios de subtrahir alguma agua da fonte, ou que os vereadores receiaram isto», e assim em 1700, sendo presidente da Câmara Francisco de Sousa Calhariz, a fonte foi removida para um sitio próximo do Palácio do Marquês de Nisa115,116.

A água que brotava da fonte da Samaritana era encaminhada por um aqueduto que passava por cima da horta «nomeada do Mouco», propriedade da coroa, localizada junto do rio de Xabregas. Em 1694, o aqueduto deixava «passar» água «por partes onde se diverte com grande diminuição» do chafariz da Samaritana que abastecia a cidade de Lisboa117. A 5 de julho desse ano, o Senado da Câmara pede então autorização ao rei para que a «agua se encaminhe por dentro da mesma horta, mettendo-se por baixo da terra até sair ao rio», pedido que é aprovado pelo monarca118.

Da fonte da Samaritana, a única referida para o sítio de Xabregas pelas Memórias Paroquiais de 1758119, continuou a brotar água depois do terramoto e o monumento em pedra não parece ter sido muito afetado:

A fonte da Samaritana cituada junta da estrada no plano de Xabregas, consta de huma bica com abundante agoa que cahindo em hum tanque pequeno de meya laranja se despenha em outro mayor, e quadrado. Na frente em que se acha esculpido o aqueduto, que comunica ao tanque a agoa se deyxa ver huma grande pedra lavrado o passo de quando Christo na fonte de Sichem, ou de Sichár pedio agoa à Samaritana120.

O terramoto de 1755 e, depois já no século XIX, a construção da linha de caminho de ferro entre Lisboa e o Carregado, que começou a funcionar em outubro de 1856121, alteraram substancialmente o sítio de Xabregas. Perto da fonte da Samaritana foi construída uma ponte em ferro com três arcos por cima da qual passava (e passa) a linha de caminho de ferro (Figura 5).

 

 

O monumento em pedra da fonte da Samaritana ainda resistiu durante algumas décadas. Pinho Leal, no quarto volume do Portugal Antigo e Moderno publicado em 1874, ainda se refere ao monumento original da fonte que permaneceria, porque João Câncio de Matos,

compadeçendo-se dos moradores d'este sitio, que não tinham nas immediações outra água potavel; cedeu á companhia dos caminhos de ferro o valor de uma expropriação, que ella tinha de lhe pagar, sob a condição de ser conservado este monumentosinho122,

mas não duraria muito tempo. Em finais do século XIX, Júlio de Castilho lamentava-se que «tinha-se deitado a baixo a fonte da Samaritana, em Xabregas, como se tivessemos a rodo especimens d'aquelle genero architectonico»123. O monumento original em pedra foi removido, mas da fonte continuou a brotar água, e ainda funcionava em meados do século XX! (Figura 6)

 

 

 

O RIO DE XABREGAS E A ABUNDÂNCIA DE ÁGUA NO VALE DE XABREGAS

A existência de um rio ou ribeiro que corria perto da fonte da Samaritana (e também do Convento da Madre de Deus de Xabregas e do Convento de São Francisco de Xabregas) e de uma praia perto, é atestada por várias fontes. Na Crónica de frei (fr.) Jerónimo de Belém, ao explicar e discutir a origem do nome de Chelas e de Xabregas, referia que no bairro de Xabregas existiam no passado e ao seu tempo, «lavandeiras» que lavavam a

sua roupa em hum Ribeiro, que corre contiguo á fonte da Samaritana, aliás Fonte Fotina; e tendo nelle suas pedras para baterem a roupa, como sejão mais as que lavão do que as pedras do Lavadouro, se desavem [sic] muitas vezes sobre as posturas; e travando entre si contendas, como nos mostra a quotidiana experiencia, succedeo em algumas occasiões acudir gente para apartar as brigas; e porque lhes dizia Deixa brigas em tosco Portuguez, daqui se derivou o titulo, que se foi corrompendo na palavra, Denxabregas, e hoje se conhece melhor por Xabregas. Outra razão concorria tambem, e concorre hoje, para as dissensões entre as mesmas Lavadeiras; e he, que concluida a lavaje da roupa, a levão a córar á praya, onde fazem suas demarcações, a que ellas chamão pôr o Rey, com suas balizas; e se alguma se intrometteo a tomar o sitio de outra, aqui são as contendas, que pelo menos se não chegão ás do cabo, com desentoadas vozes se castigão muito bem; e como em hum, e outro lugar concorrião pessoas e aparta-las, dizendo Deixa bregas, ou Deixa brigas, ficou por aresto o nome124.

O rio de Xabregas desaguava no Tejo. No ano de 1557 ocorreu uma «horrorosa tempestade». O Convento de São Francisco foi inundado pelas águas do Tejo: «comunicava-se o mar [o rio Tejo] ainda naqueles tempos com o ribeiro, que corre junto á fonte da Samaritana, por onde entrava, e entrou muitos annos depois, hum braço delle [Tejo]»125.

A abundância de água no vale de Xabregas, fornecida pelo rio de Xabregas e pela fonte da Samaritana, permitia a existência de hortas e pomares como nos relata fr. Jerónimo de Belém na sua crónica. Quando D. Leonor de Avis determinou a conversão do antigo Paço Real em convento para os franciscanos, promoveu a construção de uma horta e depois, já no reinado de D. João III, «juntamente da horta, de que se fez hum divertido jardim para seu recreyo»126. Apesar do processo de industrialização que, a partir da segunda metade do século XIX, foi transformando o sítio de Xabregas, até meados do século XX, esta região manteve uma assinalável presença de hortas e quintas com produção agrícola só possível com alguma abundância de água127.

 

POR ONDE CORRIA O RIO DE XABREGAS?

Na Carta topographica de Filipe Folque, baseada em levantamentos feitos em 1856-1858128 e no respetivo Atlas129, no sítio de Xabregas, entre o largo do Marquês de Nisa e a Fábrica de Tabaco (que ocupava o Convento de São Francisco de Xabregas), uma parte do curso do rio (de Xabregas) já não se encontra à superfície. Todavia, todo este sítio de Xabregas permanecia com uma reduzida ocupação de prédios urbanos, sendo a maior parte do espaço ocupado por prédios rústicos, como há muito tempo acontecia (Figura 7).

 

 

Na Carta chorographica dos terrenos à volta de Lisboa, de Filipe Folque130, encontramos assinalado o rio de Xabregas que corria pelo vale de Chelas e desaguava no Tejo em Xabregas, passando por baixo da linha de caminho de ferro. Devido à urbanização que ao longo dos tempos foi ampliando a área urbana de Lisboa, a «quase totalidade» desta «antiga rede de drenagem foi literalmente engolida pelo alcatrão e pelo betão», não se encontrando modernamente à vista131. Por esta razão, quando ocorrem níveis elevados de pluviosidade, durante algum tempo, geram-se inundações perto da foz do rio. Sabemos que a zona de Xabregas foi a terceira do concelho de Lisboa que mais inundações teve entre 1918/19 e 1997/98 – 123 (Figura 8), atingindo a água uma altura de 130 cm132. No século XX, foi uma das áreas mais perigosas em termos de inundações da cidade de Lisboa133. No Relatório de caracterização biofísica de Lisboa (2010, 4.6) foi classificada como «muito vulnerável a inundações».

 

 

 

ONDE SE ENCONTRAVA O HORTO BOTÂNICO DE XABREGAS DE GABRIEL GRISLEY?

Na segunda edição dos Desenganos para a medicina, Grisley, no prólogo ao leitor (diferente do da primeira edição), fornece-nos a chave para a localização do seu horto botânico, ao referir que se encontrava «em hũa horta em o vale de Enxabregas»134 (Figura 9).

 

 

Se atentarmos às linhas de água que chegam a Xabregas135 e à antiga rede de drenagem136, é possível reconstituir o que seria provavelmente o curso do rio de Xabregas no século XVII (Figura 10).

 

 

Considerando que não é possível cultivar plantas, na escala que Grisley menciona, e num clima como o de Lisboa, sem ter acesso a água abundante durante uma boa parte do ano, parece-nos muito provável que o Horto Botânico de Xabregas de Gabriel Grisley se localizasse perto da foz do rio de Xabregas e da fonte da Samaritana, e ainda dos conventos da Madre de Deus e de São Francisco de Xabregas (Figura 10). Esta zona faz parte do «sistema húmido» regional, que integra as áreas correspondentes às linhas de água, as áreas adjacentes e as bacias de receção de águas pluviais. São zonas de uma maior humidade do solo que aumenta à medida que se desce para a zona inferior da bacia hidrográfica (Relatório de caracterização biofísica de Lisboa, 2010, 3.6). Esta zona tem não só abundância de água como condições edáficas propícias para a cultura de plantas. É um local onde se acumulam os materiais transportados das cotas mais elevadas, sendo formado por «solos aluvionares» e «areias do Vale de Chelas», com alta permeabilidade e elevada aptidão para a produção de biomassa (Relatório de caracterização biofísica de Lisboa, 2010, 4.1-4.3).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No seu conjunto, todos os elementos apresentados confluem no apoio à interpretação de que o Horto Botânico de Xabregas de Gabriel Grisley se localizava perto da foz do rio de Xabregas e dos conventos da Madre de Deus e de São Francisco de Xabregas (Figura 10, perto de A e B). A biografia de Grisley é muito mal conhecida, podendo alguns elementos ser retirados das suas próprias obras publicadas. A criação de um primeiro horto botânico deve remontar à década de 1610. As primeiras edições dos Desenganos para a medicina e do Viridarium lusitanicum foram publicadas por Grisley em 1656 e 1660, respetivamente. É muito provável que nesta altura ainda estivesse a funcionar o Horto Botânico de Xabregas, mas não sabemos por quanto tempo mais. Os jardins botânicos de Lisboa (Ajuda) e de Coimbra foram estabelecidos nas décadas de 1760-1770 por iniciativa do marquês de Pombal e sob a direção de Domenico Vandelli. Vandelli conhecia muito bem a obra de Grisley, dado que publicou uma adaptação do Viridarium lusitanicum em 1789. É assim de admitir que, de alguma forma, o Horto Botânico de Xabregas o influenciasse na conceção dos jardins de Lisboa e de Coimbra. Todavia, a «escala» destes dois jardins setecentistas, em particular do de Lisboa, muito longe estavam do horto de Grisley, dado que neles se cultivava um elevado número de plantas vindas de vários continentes137.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FONTES

Arquivo Municipal de Lisboa

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Gravura em madeira do monumento em pedra da fonte da Samaritana. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/BAR/000969.

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Livro 4º de assentos do Senado, f. 98.

Livro 1º de consultas e decretos de D. Sebastião, doc. 1a e 1c, f. 8-8v., CHR 43 [A rainha D. Catarina autoriza a Câmara a emprestar 300.000 reais ao Convento de Xabregas para realizar obras no mosteiro].

Livro 1º de consultas e decretos de D. Sebastião, doc. 34, f. 51-51v., CHR 43 [O cardeal D. Henrique ordena a construção de um cais junto do Mosteiro da Madre de Deus, em Xabregas, e define como deve ser paga a obra].

Livro 5º de registo de consultas e decretos de D. Pedro II, doc. 267, f. 236v.-237v. [Consulta sobre a água de Xabregas].

NOVAIS, Mário - Gravura do Convento de São Francisco de Xabregas. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/MNV/001755.

 

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Submissão/submission: 20/11/2017

Aceitação/approval: 13/04/2018

 

 

NOTAS

1Em particular, os mosteiros beneditinos. Na Regra de São Bento, um dos capítulos estabelecia a necessidade de cuidar dos enfermos num local próprio e de um religioso dedicado a esse serviço. Com base nesta norma, surgiu a figura do irmão enfermeiro e das celas para enfermos, a que se seguiram as enfermarias, as boticas e os hortos medicinais (CABRAL, 2010, p. 48).

2Elliott (2011).

3Cabral (2010, 2018).

4Das primeiras edições comentadas impressas da matéria médica de Dioscórides destacam-se: de Otho Brunfels, In Dioscoridis historiam plantarum certissima adaptatio (1543) e de Valerius Cordus, Annotationes in Dioscorides de materia medica libros, com edições póstumas em 1549 e 1561.

5As primeiras traduções da matéria médica de Dioscórides para línguas vernáculas foram feitas para italiano, por Pietro Andrea Mattioli em 1544, e para espanhol, por Andrés Laguna em 1555.

6Pires (1984).

7Os primeiros jardins botânicos foram criados em Itália – Pádua, Pisa e Florença em 1545, e Bolonha em 1568, e depois na Holanda, Alemanha e França. Na Península Ibérica, o primeiro jardim botânico foi fundado por Andrés Laguna em Aranjuez, no século XVI (Cabral, 2010, p. 68-69).

8Cabral (2010).

9Cabral (2010, 2018).

10 GRISLEY (1656, p. 3v.).

11Grisley (1656, prólogo).

12Grisley (1656, p. 4f.). Grisley chama corretamente a atenção para o facto de uma planta fresca ser muito mais fácil e segura de reconhecer e identificar do que uma planta seca e fragmentada, como as que se vendiam nas boticas.

13Grisley (1656, p. 4f.).

14Grisley (1656, p. 3f.).

15Grisley (1656, p. 4f.).

16Grisley (1656, p. 3f.).

17Grisley (1656, p. 3v.).

18Os primeiros herbários formaram-se em Itália nas décadas de 1520-1540, por iniciativa de Lucas Ghini. O herbário constituiu uma ferramenta indispensável no avanço da Botânica, dado que permitia ter sempre acessível para estudo um repositório da diversidade do mundo vegetal (Cabral, 2010, p. 67-68).

19Grisley (1656, prólogo).

20«Pois há nella [Horto Botânico] muitas plantas da Frigida zona, que pella maior parte de baixo da neve se crião lá» (Grisley, 1656, p. 3v.).

21«Sobre que alguns armárão logo a duvida (sabe Deos com que zelo) se nascerião neste clima as plantas das partes do Norte?» (Grisley, 1656, p. 3f.).

22Grisley (1656, p. 3v.).

23«Nisto se fundou a Magestade del Rey Dom João IV, nosso senhor, quando despois de ter noticia, & estar bem inteirado, do proveito, utilidade que ao bem commum podia resultar do conhecimento das ervas, me fez merce da administração de hũa horta» (Grisley, 1669, prólogo ao leitor).

24Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Registo Geral de Mercês, Mercês da Torre do Tombo 1641/1654, liv. 19, f. 402v.-403, PT/TT/RGM/Q/0019/341455.

25Período de regência de D. Luísa de Gusmão (novembro de 1656 a junho de 1662), durante a menoridade de D. Afonso VI. D. Pedro II foi regente de seu irmão Afonso VI, entre 1667 e 1683.

26ANTT, Registo Geral de Mercês, D. Afonso VI, liv. 3, 1657, p. 247v., PT/TT/RGM/A/001-0003_m0502.tif.

27Arquivo Municipal de Lisboa (AML), Livro 4º de assentos do Senado, f. 98.

28«A primeira parte deste Desengano consiste no pouco conhecimento da vista de vinte ervas, muito principaes na materia medicinal; como quer os antigos, modernos acharão sempre as virtudes dellas mui certas na sua praxi, está o engano na troca, porque em lugar destas vinte legitimas, vendem usão aqui outras tantas succedaneas, que não somente não correspondem na qualidade, mas antes algũas são totalmente contrarias na virtude; pello que não ha que esperar senão se acerte na cura; & se o doente não alca[n]ça a saude, ou talvez lhe sobrevenhão accidentes, sintomas não esperados, de que resulta tanto desprezo da nobre Botanica» (Grisley, 1669).

29Artemisia abrotanum L.

30Artemisia absinthium L.

31Berberis vulgaris L.

32Cyclamen balearicum Willkomm.

33Eruca vesicaria (L.) Cav.

34Pistacia lentiscus L.

35Achillea millefolium L.

36Polygonum persicaria L. (nome atual: Persicaria maculosa Gray).

37Saponaria officinalis L.

38Salvia verbenaca L.

39«Contem este canteiro por seus alfobres quarenta plantas mui celebradas dos antigos approvadas dos modernos pellas grandiosas virtudes que nellas sempre experimentarão, como pella pouca curiosidade, grande discuido, as deixarão murchar nos nomes, he bem que se digão as virtudes dellas para que não fiquem de todo em mortorio; o engano está no segundo requisito, que he o disconhecimento nos nomes proprios» (Grisley, 1669, p. 13).

40Alchemilla vulgaris L.

41Atriplex hortensis L.

42Polygonum bistorta L. (nome atual: Persicaria bistorta (L.) Samp.).

43Anthriscus cerefolium (L.) Hoffm.

44Taraxacum officinale (L.) Weber ex F.H.Wigg. (nome atual: Taraxacum campylodes G.E.Haglund).

45Gentiana lutea L.

46Gratiola officinalis L.

47Glechoma hederacea L.

48Eupatorium cannabinum L.

49Ocimum basilicum L.

50«Neste fortissimo canteiro temos duzentas differentes ervas, que são as que estão em uso quotidiano; ainda q[ue] sejão conhecidas de vista, pelos nomes proprios, com tudo da confusão que fazem, das virtudes dellas nasce hum engano esplicado que vem a ser de mais damno que os enganos dos outros dous canteiros atraz; porque usamos a erva por amor de sua virtude, não por amor do nome, ou conhecimento de vista […] Em muitas afirmão virtudes contrarias. Em algũas receão de qualidades imaginadas; principalmente as primeiras, fazendo as tão quentes, que metão medo; duvidando das occultas. E para que se de o seu a seu donno, os desejosos de saberem a verdade, fiquem desenganados, declaremos as virtudes proprias de cada hũa, confirmando as por razão, experiencia, authoridade dos Authores antigos, modernos, confrontando as com os debuxos, nomes, descripção, & melhor com a vista, nesta orta Real de Xabregas» (Grisley, 1669, p. 31).

51Oxalis acetosella L.

52Adiantum capillus-veneris L.

53Vitex agnus-castus L.

54Agrimonia eupatoria L.

55Allium sativum L.

56Althaea officinalis L.

57Anethum graveolens L.

58Pimpinella anisum L.

59Apium graveolens L.

60Aristolochia longa L. (nome atual: Aristolochia fontanesii Boiss. Reut.).

61 Laguna (1555).

62Grisley (1656, prólogo).

63Grisley (1656, prólogo).

64Grisley (1656, p. 3f.).

65Grisley (1656, p. 4v.).

66Grisley (1660).

67Lima (1764).

68Lima (1764, p. 226). Depois de ter criticado negativamente as obras de Grisley e considerado que era «pois necessaria huma obra aonde se encontre huma descripção exacta das plantas, os seus diversos nomes, analyses, principios constitutivos, e virtudes mais constantes» e prometendo «hum catalogo das Plantas do nosso Reino», o autor limita-se a descrever três plantas medicinais, num «Catalogo Alfabetico das Plantas, que nascem no Reino de Portugal» (Lima, 1764, p. 366-385).

69Brotero (1804, p. iv-v).

70p. 7.

71Francisco de Hollanda (1879).

72Francisco de Hollanda (1879, p. 11).

73Costa (1712, p. 373-374).

74Costa (1712, p. 372).

75Costa (1712, p. 374).

76Portugal e MATOS (1974, p. 102).

77Portugal e Matos (1974, p. 102).

78Portugal e Matos (1974, p. 102).

79Portugal e Matos (1974, p. 116).

80 Casada com Álvaro Gonçalves de Ataíde, 1.° conde de Atouguia (Portugal e Matos, 1974, p. 112).

81A origem dos nomes de Chelas e de Xabregas foi explicada por fr. Jerónimo de Belém na Crónica da Província dos Algarves: «Chamou-se este sitio com tradição immemorial Val de Chelas; porque principiando nelle, termina no Mosteiro das Religiosas da Ordem Canonica de Santo Agostinho. Derivou-se o titulo de Achilles, do qual dizem estivera alli escondido por ordem de Thetis, sua mãy, por causa do vaticinio, que tivera de acabar a vida na guerra de Troya. Declinou depois este mesmo titulo no de Enxobregas, Deixabregas, e hoje vulgarmente Xabregas» (Belém, 1753, p. 139).

82Belém (1753, p. 138).

83Costa (1712, p. 373).

84AML, Livro 3º de assentos do Senado, doc. 165, f. 90.

85Portugal e Matos (1974, p. 112).

86Soledade (1705, p. 121); Conceição (1740, p. 40); Sousa… [et al.] (2005, p. 313-314).

87Soledade (1705, p. 122).

88Soledade (1705, p. 122); Belém (1753, p. 138).

89Soledade (1705, p. 132).

90Soledade (1705, p. 132).

91Soledade (1705, p. 132).

92Portugal e Matos (1974, p. 113).

93Portugal e Matos (1974, p. 113).

9494 Leal (1874, p. 245).

95A bula do papa Júlio II data de 15 de maio de 1508, tendo a ocupação do convento pelas primeiras religiosas ocorrido a 18 de julho de 1509 (Portugal e Matos, 1974, p. 110); Soledade (1709, p. 66).

96Soledade (1709, p. 65).

97Francisco de Hollanda (1879, p. 11).

98AML, Livro 1º de consultas e decretos de D. Sebastião, doc. 34, f. 51-51v..

99 Costa (1712, p. 373).

100Soledade (1709, p. 68).

101A origem do nome foi explicada por fr. Fernando da Soledade na Historia Serafica (SOLEDADE, 1709, p. 67).

102Conceição (1740, p. 142); Soledade (1709, p. 64-84); SOUSA… [et al.] (2005, p. 328-329).

103AML, Livro 1º de consultas e decretos de D. Sebastião, doc. 1a e 1c, f. 8-8v..

104Portugal e MATOS (1974, p. 111).

105Belém (1753, p. 185-186).

106Leal (1874, p. 175).

107Diogo Soares era secretário do Conselho de Portugal em Madrid.

108Oliveira (1887, p. 570-571).

109Oliveira (1894, p. 453).

110Os herdeiros de Diogo Soares eram os seus filhos António Soares de Melo (e mulher), Miguel Soares de Melo e Pedro Soares de Melo (Oliveira, 1894, p. 453).

111Oliveira (1894, p. 453).

112Pedro Barbosa de Sá, cónego, foi o procurador do proprietário e seu cunhado, Diogo Soares (Oliveira, 1894, p. 453).

113Documentação referente a este assunto no AML datada de 11 de setembro de 1682: AML, Livro 5º de registo de consultas e decretos de D. Pedro II, doc. 267, f. 236v.-237v.; Oliveira (1894, p. 453).

114Leal (1874, p. 175).

115E próximo do Convento de São Francisco, de acordo com a já referida crónica de Belém (1753, p. 185-186).

116Leal (1874, p. 175).

117Oliveira (1896, p. 365).

118Oliveira (1896, p. 365).

119Para a Freguesia de Santa Engrácia, além da fonte da Samaritana, é referida a fonte da Bica do Sapato, «na estrada, e caminho que vay do Caes dos Soldados para Santa Apolonia da banda do Norte» (Portugal e MATOS, 1974, p. 116), portanto fora do sítio de Xabregas.

120Portugal e Matos (1974, p. 117).

121Em 1852, foi aberto concurso para a construção do troço entre Lisboa e Santarém. Em maio de 1853, era assinado o contrato com a Hardy Hislop, representante da Companhia Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal. A empreitada foi concedida a Waring Brothers & Shaw, tendo os trabalhos começado em maio de 1853, no Beato. A primeira secção da via, entre Lisboa e o Carregado, num total de 30 quilómetros, foi aberta em outubro de 1856 (Torres, 1958).

122 Leal (1874, p. 175).

123Castilho (1893).

124Belém (1753, p. 139).

125Belém (1753, p. 187).

126Para «recreyo» de Martinho, filho de Francisco de Castelo-Branco, camareiro-mor de D. João III (Belém, 1753, p. 147).

127Silva (2016, p. 147).

128FOLQUE (1882).

129FOLQUE (1858-1909).

130Folque (1856).

131OLIVEIRA (2003, p. 85).

132OLIVEIRA (2003, p. 113, 116).

133OLIVEIRA (2003, p. 149).

134134 GRISLEY (1669, prólogo ao leitor).

135LISBOA. Câmara Municipal - Relatório de caracterização biofísica de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal, 2010. p. 3-4.

136OLIVEIRA (2003, p. 86).

137CABRAL (2018).

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