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Revista Nutrícias

versão On-line ISSN 2182-7230

Nutrícias  no.25 Porto maio 2015

 

A Importância da Revista Nutrícias no Âmbito Nacional e Internacional das Ciências da Nutrição

 

Helena Ávila1

1Directora da Revista Nutrícias entre 2012 e 2013

 

A sucessão de diversas efemérides em anos recentes, sejam o 20.º aniversário da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, os 40 anos da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, os 25 anos da Semana de Ciências da Nutrição da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto ou a 25.ª edição da Revista Nutrícias, são marcos que devem ser registados e comemorados, pelo que felicito a Associação Portuguesa dos Nutricionistas e os órgãos da Revista Nutrícias por esta iniciativa, bem como todos os que acreditaram, iniciaram e deram continuidade a este ambicioso projecto. Estas datas devem ser lembradas, não por uma questão de vénia, louvor ou agradecimento a quem de direito, embora isso esteja implícito e o reconhecimento a terceiros seja um sinal de elevação intelectual e de maturidade profissional e humana. Mas, o que é mais relevante é o facto de assinalarem a origem de uma ideia, uma vontade, uma convicção tão renovadora, arrojada e necessária, que muitos outros que se lhe seguiram não tiveram nem quiseram outra opção, que não a de lhe dar continuidade. A uns coube o mérito de percepcionarem um meio em falta para o melhor desenvolvimento e comunicação das ciências da nutrição; a outros, não menos notável, coube o talento de não se deixarem fatigar pela força da inércia, mas sim de acarinharem, ano após ano, e com igual empenho, robustez e capacidade, o que um dia outros iniciaram. É com esta harmonia e união de vontades do génio fundador e da persistência e consistência dos continuadores, que se conseguem grandes feitos. Numa época em que sobressaem valores como a inovação, o empreendedorismo e a criatividade, é importante notarmos que estes não rimam apenas com individualismo, pois que se tornam meros foguetes efémeros se não forem prosseguidos por outros, menos relevados nos tempos que correm, é certo, mas que urge assumir sem preconceitos, como sejam a constança e a fidelidade às ideias, aos projectos e às pessoas. O processo de indexação da revista à SciELO (Scientific Electronic Library) Online teve início em Setembro de 2011, requerendo um notável esforço de adequação aos critérios requeridos para aceitação, verificáveis na avaliação da “qualidade científica” e da “qualidade técnica dos arquivos”. Como resposta à primeira etapa, procedeu-se, entre outras, à abertura institucional do Conselho Científico a novos peritos, através do convite e mobilização de especialistas de inegável mérito e reconhecimento, conferindo ao mesmo uma composição pluri-disciplinar e que incorpora elementos de origem nacional e internacional. Como resultado, o Conselho Científico é constituído actualmente por um painel de especialistas de diferentes áreas, entre os quais a quase totalidade de Nutricionistas doutorados portugueses, perfazendo mais de 60 revisores, garantindo-se assim um processo de arbitragem por pares e de aprovação dos artigos segundo as metodologias mais exigentes. A segunda fase, que consiste na adaptação da versão em papel ou online da revista para a sua disponibilização em formato digital, é um processo muito trabalhoso mas praticamente invisível. Contudo, a sua importância é fundamental, viabilizando a pesquisa temática propriamente dita e a atribuição da produção científica aos seus autores, instituições e país de publicação. Pode a Associação Portuguesa dos Nutricionistas orgulhar-se também de editar uma revista que possibilita a inclusão de artigos bilingue. Este facto, que não é de somenos importância, poderá ser alvo de melhor aproveitamento por investigadores e instituições. A Revista Nutrícias é uma publicação com características únicas em Portugal e não tem, deve admitir-se, sem com isso beliscar a sua excelência e importância, a atenção e a projecção que merece. As coisas são o que delas fazemos. Por vicissitudes várias – e creio que as principais serão a desatenção e o descuido – ainda não colhe a primazia para publicação de estudos científicos, mormente por parte dos Nutricionistas, sendo preterida por vezes, por publicações de não superior relevância. Ainda não existe uma cultura, que é necessário acarinhar, de as teses de licenciatura, mestrado, doutoramento ou outros estudos serem a sua procedência de alimentação preferencial, perdendo-se como fonte de evidência científica, de referenciação e até do conhecimento, trabalhos notáveis e a muitos necessários. A promoção da saúde e a sustentabilidade da profissão também passam seguramente por aqui. Ainda que a divulgação da ciência e o acesso à mesma ocorra a uma escala planetária, são várias as razões que justificam a publicação e consequente divulgação de estudos em publicações nacionais, desde logo pelas particularidades culturais, socioeconómicas, genéticas e ambientais da nossa população. Outro aspecto prende-se com a qualidade do ensino e da prática das ciências da nutrição em Portugal, conferente da distinta abrangência que os profissionais da nutrição imprimem no seu desempenho, nem sempre manifestada em trabalhos externos. Quantos já não se depararam com situações de escassez de informação sobre a prática da nutrição em Portugal, ou com dúvidas sobre a natureza fidedigna e completa de alguns dados, ou dificuldade em encontrar estudos que permitam a comparação e discussão dos resultados encontrados? Pode-se ainda acrescentar o recurso a terminologia importada e não fixada e a observações descontextualizadas e que não espelham a nossa realidade, por inexistência de referências mais ajustadas. Como resultado de alguma inércia na escrita e partilha do conhecimento, a tomada de decisões político-estratégicas, sociais ou de gestão, esbarra por vezes na falta de dados, evidências e estudos que permitam uma sustentação científica. Por outro lado, é difícil, em circunstâncias particulares, fundamentar a relevância da prática profissional e dos seus resultados e mais-valias, em análises de nível qualitativo e quantitativo, quer por estas serem diminutas ou inexistentes, quer por se encontrarem dispersas. Não é de garantir a manutenção da Revista Nutrícias que falo, pois isso não se afigura minimamente em risco, mas sim da importância de que se reveste a sua existência. Se cada um dos mais de 1800 Nutricionistas portugueses publicasse um artigo, e considerando-se cinco artigos publicados nos quatro números anuais da Revista Nutrícias, estariam assegurados noventa anos de edições contínuas. São números que valem muito pouco de per si, até porque a Revista Nutrícias é uma revista aberta a vários domínios de investigação e de actividade profissional, mas que ajudam a compreender a sua dimensão. Assim, não é o que lhe podemos dar, mas sim o que ela pode e deve representar. O estado do actual desenvolvimento das ciências da nutrição em Portugal precisa ser vertido na sua publicação científica de maior relevância e projecção. Tivemos a honra e a oportunidade de apresentar a Revista Nutrícias em alguns fóruns científicos e profissionais, de cariz internacional, e podemos dar testemunho do excelente impacto causado, referindo-se à sua qualidade gráfica, de revisores e conteúdos, natureza bilingue e capacidade de distribuição e divulgação, dado tratar-se de uma publicação gratuita. Talvez que esta data seja também um marco importante para o modo como encaramos a Revista Nutrícias. Ela merece-o e seria uma mais-valia para todos os Nutricionistas e estudiosos das ciências da nutrição. Parabéns à Associação Portuguesa dos Nutricionistas.

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