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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

versão impressa ISSN 2182-5173

Rev Port Med Geral Fam vol.32 no.6 Lisboa dez. 2016

 

CARTA À DIRECTORA

Suplementação de vitamina D na gravidez: qual a evidência?

Vitamin D supplementation during pregnancy: what is the clinical significance?

Raquel Olivença, Vanessa Mendes, Mónica Martins e Liliana Castanheira

Médicas Internas de Medicina Geral e Familiar. USF Dafundo

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence


 

Resposta ao autor do artigo - Revisão por pares: para melhorar o manuscrito?

No volume 32, nº 4, de julho/agosto de 2016, foi publicado no Clube de Leitura o artigo Suplementação de vitamina D na gravidez: qual a evidência?, da nossa autoria, tendo este sido objeto de carta à directora de um colega, a qual consideramos essencial responder.

Queremos agradecer, antes de mais, o comentário enviado e também a transparência da RPMGF neste processo. Acreditamos que a discussão interpares construtiva é fundamental e permite a nossa evolução enquanto profissionais de saúde. Assumirmos os nossos erros permite aprender com eles.

De facto, verificaram-se algumas omissões, não identificadas durante o processo de revisão interpares. Desta forma, importa clarificar o primeiro e terceiros parágrafos:

• O novo programa nacional de vigilância da gravidez de baixo risco recomenda a suplementação de várias vitaminas e minerais (ácido fólico, iodo, ferro).1 A suplementação com vitaminas na gravidez não é consensual, sendo diferentes as recomendações das principais guidelines europeias. No que se refere à suplementação com vitamina D, a Organização Mundial da Saúde não recomenda a sua suplementação por rotina. Por sua vez, segundo a National Institute for Health and Care Excellence, as mães devem ser informadas sobre os benefícios da manutenção dos níveis de vitamina D durante a gravidez e aleitamento, para a sua saúde e a do seu bebé, sendo recomendada a administração diária de 10µg de vitamina D, integrada no Healthy Start multivitamin supplement, atualmente recomendado e comparticipado pelo National Health System.2-3

• Por ser um tema pertinente e muito atual, relemos criticamente a revisão sistemática da Cochrane, tendo esta avaliado quinze ensaios clínicos aleatorizados ou quasi-aleatorizados, em que a maioria apresenta fraca qualidade metodológica.

Em síntese, é de evidenciar que as principais conclusões do Clube de Leitura publicado não se alteraram. Não é conhecida a segurança da toma de vitamina D na gravidez, sendo insuficiente a evidência sobre os seus efeitos adversos, ou potenciais riscos, para determinar com segurança a sua administração como suplemento na gravidez.

Adicionalmente, é de referir que concordamos com o colega, sobre o facto de a vitamina D ser única. No entanto, é de referir, sobre esta questão, o artigo Vitamin D deficiency: is there really a pandemic?, publicado no The New England Journal of Medicine. Neste artigo é evidenciada a conclusão de que a maioria da população tem deficiência em vitamina D, baseada na interpretação incorreta e na aplicação desadequada do valor de 20 ng/ml, definido pelo Institute of Medicine, em 2011, como valor apropriado.4

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Direção-Geral da Saúde. Programa nacional para a vigilância da gravidez de baixo risco (Internet). Lisboa: DGS; 2015. Available from: http://www.dgs.pt/em-destaque/programa-nacional-para-a-vigilancia-da-gravidez-de-baixo-risco.aspx        [ Links ]

2. World Health Organization. Guideline: vitamin D supplementation in pregnant women (Internet). Geneva: WHO; 2012 (cited 2016 Aug 10). ISBN 9789241504935. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/85313/1/9789241504935_eng.pdf         [ Links ]

3. National Institute for Health and Care Excellence. Antenatal care for uncomplicated pregnancies (Internet). London: NICE; 2016. Available from: https://www.nice.org.uk/guidance/cg62        [ Links ]

4. Manson JA, Brannon PM, Rosen CJ, Taylor CL. Vitamin D deficiency: is there really a pandemic? N Engl J Med. 2016;375(19):1817-20.         [ Links ]

 

Endereço para correspondência | Dirección para correspondencia | Correspondence

E-mail: rakel_simon@hotmail.com

 

Conflito de interesses

As autoras declaram não ter conflitos de interesse.

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