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Revista de Gestão Costeira Integrada

versão On-line ISSN 1646-8872

RGCI vol.13 no.1 Lisboa mar. 2013

https://doi.org/10.5894/rgci373 

ARTIGO / ARTICLE

Análise da evolução da linha de costa entre as Praias do Futuro e Porto das Dunas, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), estado do Ceará, Brasil *

Analysis of the shoreline evolution between the Future and Porto das Dunas Beaches, Fortaleza Metropolitan Region (FMR), Ceará State, Brazil

 

Márcia Thelma Rios Donato Marino @, 1, George Satander Sá Freire 2

@ - Corresponding author: marino@unifor.br

1 - Universidade Federal do Ceará (UFC), Campos do Pici, Bloco 912, CEP 60455-760 / Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Campus da UNIFOR, Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz, CEP 60.811-905, Fortaleza, Ceará, Brasil.

2 - Universidade Federal do Ceará (UFC), Departamento de Geologia, Laboratório de Geologia Marinha, Campos do Pici, Bloco 912, CEP 60455-760, Fortaleza, Ceará, Brasil

 

RESUMO

Zonas costeiras estão incluídas entre os ambientes mais dinâmicos existentes em nosso planeta e vêm sofrendo com o avanço e o recuo da linha de costa, mudando sua posição constantemente em várias escalas temporais. Essas áreas possuem alto potencial urbanístico e turístico, e a expansão urbana crescente e desordenada é um problema, com inúmeros exemplos de impactos de erosão costeira sobre cidades e balneários, além de perdas de importantes habitats. O mapeamento sistemático da linha de costa e o acompanhamento de suas mudanças representam ferramentas para a geração de informações de grande valor para o planejamento e gerenciamento costeiro, pois fornecem subsídios para o estabelecimento das variações temporais da linha de costa. Nesse sentido foi realizada uma avaliação da linha de costa em quatro trechos do litoral leste da Região Metropolitana de Fortaleza, a partir da análise multitemporal de imagens de sensoriamento remoto e de fotografias aéreas associadas a técnicas de geoprocessamento, abrangendo períodos de 38, 31, 8 e 7 anos, de forma a contemplar a escala interdecadal e interanual. As taxas de avanço e recuo da linha de costa foram obtidas utilizando-se a extensão Digital Shoreline Analysis System para o software ArcGIS 10.0, integrando dados georreferenciados, entre os anos de 1972 e 2010. Os resultados evidenciam que a variabilidade da linha dessa área apresenta-se bastante instável em sua totalidade. Da praia Porto das Dunas até a margem esquerda do rio Pacoti definiu-se um estágio erosivo, taxa de variação média de -3,53m/ano e -17,67m em 5 anos; entre a foz do rio Pacoti e a praia da Abreulândia, observaram-se índices de erosão média de -0,31m/a e -2,18m em 7 anos; a praia da Abreulândia até a desembocadura do rio Cocó apresentou tendência erosional média de -0,07m/ano e -2,59m, em 38 anos, caracterizando uma estabilidade nesse setor, provavelmente, devido ao cordão descontínuo de arenitos de praia paralelo à costa; a Praia do Futuro apresenta uma tendência fortemente progradante, média de +1,43m/ano e +54,33m, em 38 anos. O equilíbrio dinâmico costeiro de toda a área pesquisada tem sido fortemente influenciado pelo crescimento urbano e exponencial, onde é necessária para a implantação das estruturas antrópicas a desconfiguração morfológica e soterramento de alguns ecossistemas, p. ex., faixa praial, campo de dunas e planície flúvio-marinha (estuários). O impacto nesse ambiente implica na supressão de sedimentos que seriam transportados para a praia, para a zona estuarina e para a deriva litorânea, alimentando também outros setores circunvizinhos. A elaboração de uma base multitemporal de imagens de satélite e fotografias aéreas em ambiente de Sistemas de Informações Geográficas favoreceram a identificação e compreensão da dinâmica natural e ambiental das áreas analisadas, sendo essenciais como subsídio às tomadas de decisões acerca do uso e gestão sustentável desses setores. Trata-se de uma importante ferramenta no planejamento e intervenção ambiental, sobretudo por indicar facilmente as tendências de recuo e/ou progradação de uma região ao longo dos anos.

Palavras-chave: Dinâmica costeira, erosão costeira, gerenciamento costeiro e geoprocessamento.

 

ABSTRACT

Coastal areas are included among the most dynamic environments existing on our planet and have been suffering with the advance and retreat of the coastline, constantly changing its position on various time scales. These areas have high tourism and urban potential, and the disorderly urban sprawl is a growing problem, with numerous examples of impacts of coastal erosion on cities and resorts, in addition to loss of important habitats. The systematic mapping of the coastline and monitoring its changes represents tools for generating of valuable information for planning and coastal management because they provide subsidies for the establishment of temporal variations of the shoreline. This study is about a shoreline variation analysis at inter decadal and inter annual scales involving 38, 31, 7 and 5 years time span evaluation in four sections of the east coast of the Metropolitan Region of Fortaleza, from the analysis of multitemporal remote sensing images and aerial photographs associated with geoprocessing techniques. The rates of advance and retreat of the shoreline were obtained using the Digital Shoreline Analysis System, software for ArcGIS 10.0, integrating georeferenced data, between 1972 and 2010.The results show that the dynamics of this coastal area has become quite unstable in its entirety. From Porto das Dunas beach to the left margin of Pacoti river it was set up an erosion stage on an average of – 3,53m/year and -17.65m in 5 years. It was possible to set the erosive stage of Porto das Dunas beach to the left edge of the Pacoti river as uncritical in the face of changing trends retreat. Through on-site observations, it can be seen that fixed structures built on the dunes, on the beach strip or offshore represent obstacles to the continuous mobility of the sands, interfering in the dynamic replacement and sediment transport. This fact could be confirmed when the sediment balance of the monitored points had considerable losses over the deposition. Important to mention that the dunes migration reaches the lower estuary of the Pacoti River, providing a source of longshore supplier through estuarine dynamics. Between the mouth of the Pacoti river and Abreulândia beach it was observed erosion rates, average of -0,31m/year and -2.18m in 7 years. This erosion process is associated with the increase of buildings installed in unsuitable areas, already suffering from the occupation of fixed and mobile dunes and praial erosion track in this sector of the coast. However, this retrogradation shows to be not very expressive with respect to time and factors, which may be associated with the presence of cord discontinuous sandstones beach (beachrocks) parallel to the coastline, which protects praial range of the power erosional of waves .From Abreulândia beach from to the mouth of the Cocó river showed erosional average of -0.07m/year, -2,59m in 38 years, roughly speaking, the process of erosion can be linked together with a reflection of the reduction in the flow of the Pacoti river basin for estuarine region, as a result of artificial dams along its present route, plus the reduction of aeolian sediment delivery deposits in the estuarine zone, caused by reduce of sands mobility, a consequence of accelerated and disorderly installation of numerous anthropogenic structures in the high beach and dune fields in sectors 1 and 2 in the barlamar zone. Featuring stability in this sector, probably due to discontinuous cord beachrocks parallel to the coast. Praia do Futuro beach has a strong progradational average of +1.43m/year, +54.33m in 38 years. The standard deviation of this cell is shown in two scales fairly representative expressing significant mobility of the shoreline along the profiles. This process is possibly associated with the major dynamic players operating in this edge exposed, morphodynamic character ranging from intermediate to dissipative, in some points reflective, in the E-W direction, and normal orientation to the direction of incidence of the dominant action of the winds and waves. It is worth mentioning the presence of the Titanzinho spike located in the terminal portion of the Praia do Futuro Beach, a structure that prevents the continuity of the sediment transport by longshore drift and leads to the beach nourishment. The coastal dynamics balance of the entire surveyed area has been heavily influenced by urban growth and it´s exponentially impact, where it is necessary for the deployment of anthropogenic structures the morphologic deconfiguration and burial of some ecosystems, for example, stretch of the beach, dunes field and fluvial-marine plain. The impact in this environment involves the sediment removal that would be transported to the beach, to the estuarine zone and the littoral drift, feeding also other surrounding areas. Developing a multitemporal base of satellite images and aerial photographs in an environment of Geographic Information Systems facilitated the identification and understanding of the dynamics of natural and environmental analyzed areas, being essential as input to decision making about the use and sustainable management of these sectors. It is an important tool in planning and environmental intervention, particularly easily indicating trends easily retreat and /or progradation of a region over the years.

Keywords: Coastal dynamics, coastal erosion, coastal management and geoprocessing.

 

1. INTRODUÇÃO

Zonas costeiras estão incluídas entre os ambientes mais dinâmicos existentes em nosso planeta. Áreas onde é possível observar a interface continente–oceano–atmosfera apresentam um equilíbrio dinâmico coordenado pelas variações energéticas dos processos naturais de diferentes escalas espaciais e temporais.

Sob o ponto de vista estrutural, dentre os vários tipos morfológicos de regiões costeiras, as que apresentam formação geológica recente (pleistocênica e holocênica) são as mais sensíveis e dinâmicas. Incluem-se as planícies costeiras e seus subambientes: lagoas costeiras, lagunas, estuários, planícies fluviomarinhas, praias, entre outros.

O desenvolvimento e a importância dessas zonas são expressos pela sua ocupação, vez que 1,2 bilhões de pessoas vivem nos primeiros 100km de distância da linha de costa e nas altitudes inferiores a 100m e onde a densidade populacional é cerca de três vezes maior do que a média global (Small & Nicholls, 2003). A expansão urbana desordenada sobre elas já é um problema conhecido em todo o mundo, com inúmeros exemplos de impactos de erosão costeira sobre cidades e balneários, além de perdas de importantes habitats de alta produtividade biológica.

A linha de costa é um elemento geomorfológico que apresenta alta dinâmica espacial decorrente de respostas a processos costeiros de diferentes magnitudes e frequências. Suas mudanças de posição são de natureza complexa, envolvendo diversos processos ligados às variações do nível do mar (em curto e longo prazo), balanço de sedimentos, movimentos tectônicos e reológicos, e antrópicos (Camfield & Morang, 1996).

As praias arenosas são utilizadas pelo homem para diversos fins, destacando aqueles de natureza recreacional e turística. A crescente demanda por tais usos nos municípios litorâneos induz muitas vezes a um desenvolvimento sem planejamento, desconsiderando a natureza móvel e dinâmica da linha de costa.

O mapeamento sistemático dessa linha e o acompanhamento de suas mudanças representam ferramentas para a geração de informações de grande valor para o planejamento e gerenciamento costeiro, pois fornecem subsídios para o estabelecimento de faixas de recuos (setback) da zona litorânea, permitem a determinação de áreas de risco de erosão costeira e contribuem também com informações para a implantação de obras de intervenção direta na linha de costa (guias correntes, molhes, engordamento de praia etc.) (Anders & Byrnes, 1991; Crowell et al., 1991).

Estudos envolvendo a determinação das taxas de recuo de linha de costa vêm sendo realizados desde a segunda metade do século passado, utilizando para tal os mais diversos métodos de comparação cartográfica, medições diretas em fotografia aérea vertical, medições periódicas no terreno, técnicas fotogramétricas, utilização de imagens de satélite etc., visando como resultado final, considerando a degradação da zona costeira, à obtenção de previsões dinâmicas do comportamento da linha de costa (Short & Trembanis, 2004; Calhaghan et al., 2009).

Em estudos de monitoramento costeiro, a existência de imagens de sensores remotos de diferentes épocas converte a análise multitemporal em uma excelente ferramenta para auxiliar estudos geomorfológicos costeiros, ao estender informações pontuais de uma área para um contexto geográfico, possibilitando o entendimento da história evolutiva desses sistemas (Trebossen et al., 2005, Chu et al., 2006).

Nas últimas décadas, as técnicas de mapeamento da linha de costa têm apresentado grande evolução relacionada ao rápido avanço tecnológico, popularização dos sistemas de informação geográfica e cartografia digital, e estendendo-se também às formas de obtenção de dados pela incorporação de novas tecnologias, tais como DGPS e Sensores Laser (LIDAR) (Leatherman, 2003).

As causas de erosão costeira são amplamente discutidas em nível mundial (Bruun, 1962; Bird, 1985) e nacional (Souza & Suguio, 2003; Dillenburg et al., 2004; Dominguez, 2007), sendo que dois importantes processos são apontados como principais causadores do fenômeno: a elevação do nível do mar e o balanço sedimentar negativo. Vale ressaltar o livro Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro, organizado pelo Prof. Dieter Muehe, e publicado pelo Ministério do Meio Ambiente, no qual, além de seu valor acadêmico, possibilitou o aprofundamento de pesquisas por todo o litoral brasileiro, relevante instrumento para os gestores públicos e para os tomadores de decisão, nas questões que envolvam o desenvolvimento urbano nas zonas costeiras, o ordenamento das atividades produtivas e a preservação e conservação dos biomas naturais (Muehe, 2006).

As estimativas do Painel Internacional de Mudanças Climáticas apontam que a elevação do nível do mar para o final do século XXI (2090-2099), relacionada ao período 1980-1999, segundo a faixa base do modelo, excluindo rápidas mudanças dinâmicas futuras no fluxo de gelo, e a incerteza do aquecimento projetado com estes cenários, sinalizam para um NMM variando entre 0,18m a 0,59m até 2100, mas podendo apresentar valores divergentes devido aos fatores regionais e, desta forma, em um cenário otimista os valores variaram de 0,18m a 0,38m, realista de 0,21m a 0,48m e no pessimista 0,26m a 0,59m. Esses valores já apresentam a aceleração levando em consideração a expansão térmica, a fusão de glaciares de montanha e de calotas glaciárias, a capa de gelo da Groelândia, a capa de gelo da Antártica e o total da superfície de gelo (IPCC, 2007).

Desde a década de 1970, geólogos, geógrafos e oceanógrafos vêm realizando estudos para tentar compreender os processos agentes da dinâmica costeira das praias do estado do Ceará. Esses estudos apresentam aspectos sobre a compartimentação territorial e gestão da zona costeira, zoneamentos geoambientais, controle neotectônico, evolução geológica e sedimentológica das praias, aspectos morfodinâmicos e geoquímicos das praias oceânicas e estuarinas. Em relação à plataforma continental interna, ressaltam-se estudos geomorfológicos e de impactos ambientais nas praias e a evolução da dinâmica costeira com uso do sensoriamento remoto. Dentre os quais, citam-se a título exemplificativo: Freire, 1989; Maia, 1998; Silva et al., 2000; Campos & Polette, 2003; Lehugeur et al., 2003; Branco, 2003; Albuquerque & Pinheiro, 2005; Branco et al., 2005, dentre outros.

A planície costeira dos municípios de Aquiraz e Fortaleza, dentro do perímetro estudado, apresenta a foz dos rios Pacoti e Cocó, que contribuem para a dinâmica da área. As ligações com o mar, durante períodos de intensa pluviosidade, provavelmente, são responsáveis por transportar quantidades significativas de sedimentos para a zona de arrebentação, participando de forma ativa no balanço de sedimentos da costa da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), principalmente, dos locais adjacentes às desembocaduras.

A faixa de praia da RMF é afetada por um número muito grande de fatores, alguns de origens naturais (flutuações do nível do mar, tectonismo, transporte sedimentar costeiro e dinâmica da zona de arrebentação), outros relacionados com as intervenções humanas na zona costeira (drenagens, aterramento de praias, construção de espigões, muros de contenção etc.).

Dentro desse contexto, o presente artigo objetiva a determinação do comportamento da linha de costa em trechos do litoral leste da Região Metropolitana de Fortaleza, a partir da análise multitemporal de imagens de sensoriamento remoto e fotografias aéreas, que se mostra como uma ferramenta valiosa para a projeção e predição do comportamento desses ecossistemas às respostas do meio físico à introdução de elementos antrópicos e à dinâmica natural, ferramenta já utilizada por Farias & Maia (2010). Dessa forma, pretende-se contribuir com a geração de conhecimentos e informações necessárias do meio físico, auxiliando na consolidação de processos e metodologias que possam ser aplicados no planejamento e gestão, o que é fundamental para futuros diagnósticos que visem ao aproveitamento sustentável dessas regiões.

 

2. Área de estudo

A faixa litorânea do estado do Ceará possui uma extensão linear de 573 km, apresentando duas direções principais: ESE e NW, com traços avançados de retificação. As direções supracitadas só chegam a ser interrompidas por algumas pontas e promontórios, como, por exemplo, a ponta do Mucuripe na área de estudo. A paisagem é composta principalmente de praias arenosas, campos de dunas, estuários com manguezais, lagoas costeiras, falésias e tabuleiros (Campos & Polette, 2003).

Segundo os autores deste artigo, a zona costeira da área de estudo é representada por um empilhamento estratigráfico que compreende dois domínios geológicos: unidade basal e planície costeira. A unidade basal é constituída pela unidade litoestratigráfica Vulcânica-Alcalina, Terciária (Oligoceno-Mioceno), representada pelo morro Caruru; e pela Formação Barreiras, Tércio-Quaternários (Mioceno-Pleistoceno), constituída pelos sedimentos dos Tabuleiros Pré-Litorâneos. A planície costeira compreende Depósito aluvial (Quaternário/Pleistoceno); Depósitos litorâneos - Arenito de praia (Quaternário/Plioceno), Fluviolacustre, Paludial, Eólico e Marinho praial do Holoceno. Os sedimentos da planície costeira foram originados a partir de processos gravitacionais gerados por oscilações climáticas relacionadas às flutuações relativas do nível do mar ocorridas durante o Quaternário.

A planície costeira encontra-se em contato direto com as águas do oceano Atlântico sul. As ondas que banham a área apresentam um forte componente de leste com direções variando entre os quadrantes E-NE e E-SE, mantendo uma estreita relação com as direções predominantes dos ventos, os quais são responsáveis pela configuração das dunas litorâneas pretéritas e atuais. Segundo Albuquerque et al. (2006), a incidência de ondas ao longo da costa resulta em um componente residual e transporte preferencial de sedimentos na direção SE-NW.

O clima da RMF, segundo a classificação de Koppen, é do tipo tropical chuvoso (Aw’), apresentando uma forte irregularidade pluviométrica no decorrer do ano. As chuvas se concentram em cerca de 90% no primeiro semestre do ano, tendo seu ápice nos meses de março a maio (INMET, 2011).

As águas superficiais da área abrangem parte de três principais cursos fluviais formados pelos rios Pacoti, Cocó e Coaçu, que fazem parte da Bacia Metropolitana, definida pela SRH (Secretaria de Recursos Hídricos - Ceará, 2005). Esses rios têm suas nascentes em terrenos cristalinos. Segundo Ribeiro (2001), esses cursos de água estão classificados como intermitentes, com fluxo de escoamento no período chuvoso, esgotando parcialmente as lâminas d’água com o fim das precipitações.

Na configuração atual da faixa litorânea entre as praias do Futuro e Porto das Dunas, todo o seu entorno está sujeito à atuação de agentes dinâmicos que podem induzir mudanças em curto prazo, entre eles destacam-se as ondas e marés, as correntes e os ventos.

O vento é um dos agentes mais ativo, pois controla a formação de correntes costeiras e ondas, além do transporte de sedimentos para a formação dos depósitos eólicos de toda a zona costeira, pela deflação dos sedimentos do perfil praial. Segundo os dados da Fundação Cearense de Meteorologia – FUNCEME, no que diz respeito ao regime de ventos, de fevereiro a abril, possuem uma velocidade média de 3,7m/s, procedentes de nordeste, com menores intensidades detectadas no mês de março. Morais (1980) relatou que a partir de maio ocorre uma intensificação gradativa dos ventos, atingindo valores máximos no mês de setembro com 7,2m/s, e maior intensidade, com média de 6,8 m/s, no período de agosto a novembro.

Em relação às velocidades das correntes de vento na região pesquisada, observa-se que seguem um padrão inverso ao pluviométrico, apresentando velocidades baixas na estação de alta pluviosidade, meses de janeiro a junho, registrado nas alturas de 0,5m, valores entre 0,09 e 3,33m/s; 1,0m, velocidades variando de 1,23 a 7,22m/s; e 2,0m, na ordem de 1,34 a 6,96m/s. Enquanto na estação de estiagem, meses de julho a dezembro, obtendo-se as mais altas velocidades, sendo notado nas alturas de 0,5m, valores entre 1,38 e 6,82m/s, a 1,0m, leituras de 2,60 a 10,0m/s, e a 2,0m, 3,39 a 12,4m/s.

Maia (1998) verificou através de flutuadores que a velocidade das correntes próximas à linha de costa de Fortaleza variou de 0,24 e 0,3m/s, e normal à costa velocidades entre 0,23 e 0,58m/s. Segundo os registros analógicos mensais do marégrafo instalado no Porto do Mucuripe, entre 2010-2011 a amplitude máxima da maré foi de 3,1m, na maré de sizígia de setembro/2010 e 3,0m em setembro/2011, enquanto a amplitude mínima de 2,3m ocorreu na quadratura de janeiro/2010 e 2,4m em janeiro/2011 (DHN, 2010-2011). O regime de maré é definido como do tipo semidiurno, com duas preamares e duas baixa-mares, em um dia lunar (24h e 50min), com amplitude de maré na faixa de 2,0 a 4,0m, classificada como mesomaré.

As observações de campo tomadas entre agosto de 2010 e agosto de 2011, mostraram que a altura significativa das ondas variou de 0,2 a 1,2m, valor médio de 1,03m, com ondas incidindo obliquamente à costa, ângulo variando de 40º a 80º, provenientes preferencialmente de NE. O período médio das ondas foi de 7,87s.

A figura 1 apresenta os setores contemplados pela pesquisa desenvolvida. Foram selecionadas quatro áreas, sendo estas: a) praia Porto das Dunas (Beach Park), no município de Aquiraz, até a desembocadura do rio Pacoti; b) desembocadura do rio Pacoti – COFECO (Colônia de Férias da Companhia Energética do Ceará) - Praia da Abreulândia; c) Praia da Abreulândia até a desembocadura do rio Cocó; e e) desembocadura do rio Cocó - Praia do Futuro.

 

Figura 1

 

3. Material e métodos

A análise destas áreas foi efetuada utilizando técnicas de geoprocessamento, considerando, na escolha dessas regiões, o nível de resolução das imagens e fotografias aéreas disponíveis.

Em alguns casos, foram estudadas regiões que correspondem a uma curta escala temporal, devido à ausência de fotografias aéreas que delimitassem, com nível de acuidade necessária, a linha de costa.

Todas essas áreas foram escolhidas tomando por base o histórico da ocupação urbana acelerada e de forma desordenada nessas regiões nas últimas décadas.

Para um melhor embasamento dos resultados apresentados, criou-se um banco de dados com a sistematização das informações e dados coletados em campo, gerados em laboratório e conjugados com as metodologias de Dal Cin & Simeoni (1994), Mallmann (2008), Mazzer (2007) e Castilhos (1995), efetuando-se uma análise preliminar para caracterizar os setores pesquisados quanto aos riscos e vulnerabilidade à erosão costeira, morfodinâmica, ocupação antrópica, extensão, entre outros (Tabela 1).

 

Tabela 1

 

3.1. Processamento Digital de Imagens

As imagens de satélite em meio digital possuem dados acerca de corpos físicos contidos sobre a superfície terrestre, que podem ser identificados por intermédio do processo de classificação. Esse processo baseia-se na distinção de diferentes alvos que possuem comportamentos espectrais diferenciados, que permitem a sua identificação. A classificação digital de imagens associa cada pixel a uma determinada feição terrestre, obtendo-se como resultado a identificação e extração de informações da área desejada, sendo indispensável em qualquer projeto de classificação e mapeamento envolvendo informações obtidas por meio de sensoriamento remoto (Farias, 2006).

O estudo da evolução da linha de costa no litoral leste de Fortaleza constou de informações extraídas por interpretações de imagens de sensores remotos e fotografias aéreas obtidas junto ao banco de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e à Diretoria do Serviço Geológico (DSG) do Ministério do Exército do Brasil. Foram utilizadas imagens do satélite Quickbird (Figura 2), com resolução espacial de 0,61 metros, adquiridas pelo satélite nos dias 15 de setembro de 2003 e 31 de outubro de 2008. As fotografias aéreas em preto e branco são datadas de 1972, com escala de 1:8.000, e ortofotocartas de 2010, escala de 1:2.000.

 

 

Em estudos que envolvem análise multitemporal de qualquer ambiente na superfície terrestre, fotografias áreas antigas (Figura 3) se tornam ferramenta muito importante, pois, além de suprirem a falta de imagens de satélite de décadas passadas, são adquiridas em escalas espaciais de semi-precisão à precisão, o que torna o trabalho mais confiável, e representam uma forma rápida e relativamente econômica para a  obtenção de informações fundamentais para o planejamento e gerenciamento ambiental.

 

 

3.2. Delimitação da Linha de Costa

O conceito de linha de costa é extremamente amplo, embora sob o ponto de vista físico a linha de costa corresponda, essencialmente, à linha de interface entre a terra e a água. Devemos entender a linha de costa como um limite móvel, cuja posição espacial é variável a todas as escalas temporais. Os critérios que a definem devem por isso ser rigorosos, de forma a tornar comparáveis os resultados obtidos. Naturalmente que, consoante o tipo de costa em estudo, esta mobilidade pode traduzir-se em movimentos de apenas alguns milímetros por ano ou serem da ordem de vários metros. Deve-se ponderar por isso qual o proxy (referência) mais adequado, tendo em conta, naturalmente, o rigor posicional pretendido (Oliveira, 2005).

Segundo Muehe (2011), é adequado considerar como linha de costa os contatos morfológicos identificáveis no campo e em imagens, como por exemplo, a escarpa da pós-praia em contato com a retroterra ou a base da duna frontal, como referência para o estabelecimento da largura de faixas de não edificação, principalmente quando a variabilidade morfodinâmica das áreas analisadas for pequena. A definição de linha de costa nas fotos, aerofotos e imagens utilizadas adota o critério de linha de preamar média (LPM), a qual é determinada pela linha de sedimentos secos/sedimentos molhados. De acordo com Crowell et al. (1991), Anders & Byrnes (1991) e Leatherman (2003), a LPM representa uma boa opção como indicador da linha de costa, por representar melhor as posições de máximas variações durante o dia da obtenção da aerofoto, minimizando erros de variações diurnas (Figura 4).

 

 

Desse modo, as linhas de costa foram delimitadas através de um processo de vetorização, visando a quantificar variações dinâmicas e auxiliar na consolidação de uma metodologia de análise, a partir de uma série multitemporal de dados remotos em ambiente de Sistemas de Informações Geográficas (SIG).

 

3.3. Aplicação do DSAS (Digital Shoreline Analysis System)

A integração dos dados georreferenciados, a partir das imagens de satélite e fotografias aéreas, utilizando software ArcGIS 10.0 [3], proporcionou o cálculo das taxas de avanço e recuo da linha de costa na área de trabalho, entre os anos de 1972 e 2010.

As taxas referidas foram obtidas utlilizando o DSAS versão 4.2 (Thieler et al., 2009), que consta de uma aplicação gratuita de software que funciona dentro da Environmental Systems Research Institute (ESRI) software Sistema de Informação Geográfica (ArcGIS). Ele calcula as estatísticas de taxa de mudança para uma série temporal de dados vetoriais da linha de costa. Os dados de entrada DSAS são gerados dentro de um geodatabase, que também serve como local de armazenamento para a classe de recurso do software gerando transects e tabelas relacionadas com os resultados estatísticos. É exigido também que os dados sejam gerados em unidades de metro de um sistema de coordenadas projetadas, UTM (Universal Transversa of Mercator). Para este trabalho foi utilzado o datum horizontal SAD 69 na Zona 24 Sul UTM.

O DSAS utiliza-se de vários métodos estatísticos para realizar o cálculo da variação das taxas de recuo e avanço da linha de costa. Os métodos se baseam nas diferenças entre as posições da linha de costa ao longo do tempo. As taxas relatadas são expressadas em metros de mudança ao longo dos transects por ano. Os dois métodos estatísticos utilizados neste trabalho foram o EPR (End Point Rate) e o LRR (Linear Regression Rate). Cada método possui seu princípio para calcular as taxas de mudança da linha de costa.

O método EPR faz os cálculos de variação dividindo a distância do movimento pelo tempo decorrido entre a linha (shoreline) mais antiga e a mais atual (Thieler et. al., 2009). Ou seja, é uma relação espaço e tempo, onde é medida a distância em metros entre as duas linhas, que em seguida é dividida pelo intervalo de tempo existente entre as duas linhas, a antiga e a nova, tendo assim um produto com unidade em m/ano. A maior vantagem do método EPR é sua facilidade da computação e exigência mínima de dados. Bastam apenas duas linhas para que seja efetuado o cálculo das taxas de variação. A desvantagem principal existe, quando mais de duas linhas são usadas, pois as informações existentes nas outras linhas não são consideradas. Porém, isso não descaracteriza os resultados.

O método LRR calcula as taxas de recuo e avanço através da regressão linear simples, considerando, para a realização do cálculo, os desvios existentes ao longo de cada linha de costa. A vantagem do método é que ele utiliza todos os transects para efeito de cálculo, utlizando-se de conceitos estatísticos.

Para cada região/setor pesquisado foram gerados e enumerados transectos paralelos entre si, com comprimentos e espaçamentos variados, traçados perpendicularmente a partir de uma linha de base offshore, utilizando-se imagens de satélite e/ou fotografias aéreas (Tabela 2).

 

Tabela 2

 

Foram calculadas a variação em distância entre as posições de linha de costa, bem como as taxas anuais de variação da linha de costa para cada transecto em quatro períodos de tempo: 1972-2010 e 1972-2003, representando escalas interdecadais, 2003-2008 e 2003-2010, correspondendo às escalas interanuais, variando entre os setores estudados, em virtude do nível de resolução das imagens e fotografias aéreas disponíveis.

 

4. Resultados

Na expressão dos resultados, as variações negativas e positivas da linha de costa correspondem, respectivamente, aos deslocamentos da linha de costa no sentido do continente e do oceano. Os resultados apresentados referem-se aos setores/segmentos praiais.

A seguir, para cada uma das praias, são apresentados os resultados das análises de variações médias da linha de costa e de extensão da faixa praial de cada setor, nas escalas interdecadal e interanual, bem como os resultados das variações transversais para cada segmento e o erro padrão (Tabelas 3 e 4).

 

4.1 Análise da Região Costeira entre a Praia Porto das Dunas (Beach Park) e a Desembocadura do Rio Pacoti (Setor 1)

A faixa praial deste setor é uma típica orla exposta, que se estende por 2,5m, em orientação SE-NW. Seu estado morfodinâmico é dissipativo a intermediário, apresentando grau alto de exposição às ondas e nível de ocupação variando de alto a nulo (Tabela 1). Na escala interanual, em todos os transectos pode ser evidenciado um caráter erosivo entre Setembro de 2003 e Outubro de 2008, indicado através de uma média geral de recuo na ordem de -3,53m/ano (±1,09), com valores mínimos de -6,03m/ano e máximo de -1,02m/ano, segundo o método EPR (Tabela 3, Figuras 5 e 6).

 

 

Figura 6

 

Para o trecho estudado, foi observado que, para o intervalo de 5 anos, a linha de costa recuou, em média, -17,65m (±5,43) em direção ao continente, entretanto, sem provocar prejuízos significativos para a população local e para os proprietários de comércios e casas de veraneio. Logo, a partir dos resultados obtidos, é possível definir o estágio erosivo da praia Porto das Dunas como pouco crítico frente às tendências evolutivas de recuo.

Essa área é caracterizada por uma faixa contínua com zona de estirâncio reduzida e ausência de pós-praia pontualmente, praticamente retilínea, com exceção de alguns cordões descontínuos de arenitos de praia (beachrocks) presentes na desembocadura do rio Pacoti à sotamar. A região da alta praia possuía um processo de transporte sedimentar bastante intenso, porém, nas quatro últimas décadas vem sendo barrado em grande parte por empreendimentos (sofisticada infraestrutura turística com hotéis, pousadas, resorts, clubes de golfe, bares, restaurantes e um aglomerado de condomínios residenciais), os quais ocupam regiões importantes para a dinâmica dessa área, inclusive a planície de deflação, culminando com processos erosivos. Esses processos foram observados in loco e analisados por meio de perfis praiais desenvolvidos perpendicularmente à linha de costa, além do monitoramento eólico realizado com armadilhas de sedimentos instaladas nas zonas de pós-praia e de estirâncio, durante o período da pesquisa e, posteriormente, comparados com pesquisas pretéritas desenvolvidas neste setor e em áreas adjacentes, demonstrando o déficit sedimentar.

Os dados corroboram com os estudos desenvolvidos por Oliveira e Meireles (2010) na Prainha, à barlamar da praia Porto das Dunas, nos quais verificaram que o volume sedimentar entre os meses de janeiro a março de 2008 a deposição foi de 59,92m3, enquanto que no mês de maio houve uma perda de 44,18m3, ou seja, o balanço sedimentar foi deficitário em 50,50m3. No segundo semestre é novamente depositado com menor retirada no mês de novembro em um déficit de 12,54m3. Comparando aos meses entre janeiro e março de 2009 o balanço sedimentar foi de um acréscimo de 47,39m3, menor que em 2009.

O transporte eólico potencial calculado para a região de Fortaleza - a partir dos dados climatológicos e considerando que nos dias com precipitação significativa não existe transporte, apresentam taxas médias de 59 e 51m3/m.ano, respectivamente para as regiões de Iguape, à jusante da área pesquisada e Fortaleza. Estas taxas foram definidas para as zonas de dunas, onde existe uma grande disponibilidade de material com condições adequadas à mobilização eólica; no caso dos perfis de praia, a disponibilidade não é a mesma, e observa-se em geral que o transporte eólico ocorre durante 6 horas por dia, associado às condições de maré vazante, sendo a magnitude da ordem de 15% a 20% do transporte potencial (Meireles & Maia, 2003).

A dinâmica dos sedimentos, impulsionada pelas correntes de deriva litorânea, movimenta as areias preferencialmente de leste para oeste. Durante as marés baixas, esses sedimentos ficam expostos à ação dos ventos (erosão e transporte eólico) que, dependendo da velocidade, volume de areia e conformação da linha de costa, originam os campos de dunas móveis.

A região vem, ainda, apresentando um acelerado e desordenado crescimento urbano sobre o complexo de dunas (móveis, fixas e semifixas), descaracterizando sua morfologia e, principalmente, maximizando o impedimento do transporte de sedimentos provenientes da plataforma continental interna e da zona de estirâncio, fontes alimentadoras desses depósitos eólicos. A migração dessas dunas atinge o estuário inferior do rio Pacoti, constituindo uma fonte supridora da deriva litorânea através da dinâmica estuarina, processo que também vem sendo reduzido em razão da presença de estruturas antrópicas em seu curso e margens. Essa dinâmica costeira possivelmente representa, atualmente, a principal fonte de sedimentos, reguladora dos processos morfogenéticos e alimentadora do perfil de praia, controlando o incremento de eventos erosivos.

Desta forma, é de extrema importância planejar o ordenamento territorial dessa região litorânea, em virtude de suas condições ecodinâmicas instáveis e sua vulnerabilidade, no intuito de prevenir a intensificação da erosão em toda a praia. Assim, empreendimentos turístico-hoteleiros, condomínios habitacionais e comerciais, atividades extrativistas, mineração não controlada, loteamentos desordenados nas altas praias e implantações viárias nos complexos de dunas devem ser evitados. É necessário um controle dessa ocupação e a manutenção dos perfis, principalmente os próximos a ocupações em ambientes que deveriam ser de proteção, preservando o equilíbrio dinâmico costeiro, e não dificultando a remobilização de areias pela ação eólica nos intervalos de preamar e baixamar.

 

4.2 Análise da Região Costeira entre a Desembocadura do Rio Pacoti, COFECO e a Praia da Abreulândia (Setor 2)

O setor entre a desembocadura do rio Pacoti, COFECO e a praia da Abreulândia apresenta-se exposto às ondas, com cerca de 3,2km e orientação SE-NW (Tabela 1). Seu estágio morfodinâmico varia entre intermediário e dissipativo. A variação interanual (2003-2010), segundo o método ERP, apresentou taxa de -0,31m/ano (±0,94) e um recuo médio de -2,18m (±6,56) em 7 anos (Tabela 3).

As figuras 7 e 8 mostram que a região apresenta expressivos índices de erosão ao longo do trecho estudado, com valores mínimos de -3,63m/ano, com tendências máximas pontuais de deposição (+1,78m/ano).

 

 

Figura 8

 

Considerando a importância do sistema de drenagem do rio Pacoti nos processos costeiros, sua característica exorréica e de regime de escoamento intermitente sazonal, observa-se as planícies flúvio-marinhas e ecossistemas de manguezais pouco desenvolvidos. Ressalta-se que o médio curso e alto curso desse rio estão inseridos em um núcleo de semiaridez, o caudal é reduzido e controlado por um número significativo de barragens construídas para abastecimento. Segundo Morais et al. (2006), os efeitos na zona costeira podem ser observados na diminuição da função do espigão hidráulico, aceleração dos processos morfodinâmicos na foz, ampliação das áreas de influência longitudinal da maré salina, hipersalinização sazonal e diminuição do aporte de sedimentos argilo-siltosos na planície flúvio-marinha.

Meireles e Maia (2003) verificaram nestes ambientes que as taxas potenciais de material transportado por arraste de fundo, calculadas para o rio Pacoti durante um ano de grande vazão, mostram que este estuário aporta para a deriva litorânea entre 21.000 e 31.000m3/ano de sedimentos, com tamanho equivalente ao material presente na praia. A distribuição do transporte de fundo ao longo do ano é bastante irregular, com o aporte concentrado totalmente no primeiro semestre, quando as vazões são mais importantes. No segundo semestre, com a diminuição da vazão, os aportes para a praia são muito pequenos, com valores negativos nos meses de agosto a setembro, o que faz que o balanço sedimentar para este período seja nulo, sendo inclusive negativo nos anos com menores precipitações, quando o estuário funciona como uma armadilha de sedimentos. Ainda segundo esses autores, o transporte de material em suspensão apresenta uma variação sazonal, com valores positivos e de maior magnitude no primeiro semestre (17.782m3) e negativos no segundo (1.342m3), produzindo um balanço anual positivo da ordem de 16.000m3.

Esta região encontra-se a jusante (em termos de deriva) da desembocadura do rio Pacoti e a variação da linha de costa está, também, fortemente associada aos fatores já descritos no item 4.1, além da redução do aporte de sedimentos eólicos provenientes dos campos de dunas do Porto das Dunas à barlamar. Entretanto, quando as dunas móveis avançam para o interior do continente e alcançam a margem direita do estuário, são novamente transportadas para a faixa de praia.

Observou-se durante o período monitorado que, através da ação das marés e do processo de refração de ondas ocorre a formação de barras arenosas no leito do rio, assoreando e modificando a configuração do canal principal, e flechas na desembocadura do rio Pacoti (Figura 9).

 

 

Ressalta-se que durante o período de 7 anos a erosão média foi de -2,18m, uma caracterização não muito expressiva para o tempo considerado. Esse fato pode estar associado ao cordão descontínuo de arenitos de praia que está disposto paralelamente à costa, localizados principalmente junto à desembocadura do rio Pacoti, diminuindo o poder erosivo das ondas incidentes. Observou-se, ainda, que a ocupação das zonas de pós-praia é menos intensa em relação ao setor 1.

Neste caso verificou-se que o valor do desvio padrão é três vezes superior à média, denotando-se que o pequeno intervalo de tempo utilizado reflete uma influência maior das variações sazonais dos dados.

As áreas geradoras de sedimentos que participam ativamente da dinâmica praial, relacionadas aos depósitos eólicos (dunas e faixa praial), margem direita dos estuários, deverão ser preservadas, de modo a manterem um contínuo fluxo de sedimentos na direção da linha de praia. Esse processo representa uma das principais medidas de planejamento e gestão da zona costeira para o setor.

 

4.3. Análise da Região Costeira entre a Praia da Abreulândia e a Desembocadura do Rio Cocó (Setor 3)

Essa região possui uma linha de costa com orientação SE-NW, com cerca de 3,2km de extensão. Apresenta estágio morfodinâmico entre dissipativo e intermediário, com exposição variando de alta a média (Tabela 1). Encontra-se inserida a jusante da desembocadura do rio Pacoti e a montante da foz do rio Cocó (Figuras 10 e 11), entre um complexo de dunas que vem sendo, historicamente, juntamente com as praias da Abreulândia e Sabiaguaba, atingidas por um processo de urbanização da orla, acarretando destruição das dunas por impermeabilização e retirada de areias (mineração) para a construção civil, porém com uma intensidade mais lenta comparativamente aos setores 1 e 2.

 

 

Figura 11

 

A tendência erosional foi detectada, conforme indicado através dos resultados obtidos (Tabela 3). A taxa média de variação da linha de costa em escala interdecadal foi de 0,05m/a (±0,15) para o período 1972-2003 e -0,07m/a (±0,11) entre 1972 e 2010, com os valores mínimos e máximos de: -0,19/0,29 e -0,33/0,13, para os respectivos períodos. Na escala interanual a taxa média foi de -0,59m/a (±0,58), entre 2003 e 2010, mínimo de -2,25 e máximo de +0,35, com um recuo médio de -4,12m (±4,09). Essa região também apresentou sensíveis índices de progradação, pontuais, principalmente no período entre 1972 e 2003, com uma acresção de +1,53m (±4,61), possivelmente, relacionados à presença do cordão descontínuo dos arenitos de praias (beachrocks), com extensão e largura bem mais representativa neste setor, impedindo o ataque direto das ondas sobre a linha de costa (Figura 11). Para o período de 38 anos o recuo foi da ordem de -2,59 (±4,07).

As bacias dos rios Pacoti (barlamar), e Cocó (sotamar) não foram suficientemente estudadas para compreensão dos fatores que influenciam no transporte de sedimentos. A grosso modo, o processo de erosão pode estar associado, conjuntamente, a um reflexo da redução das vazões da bacia hidrográfica do Pacoti para a região estuarina, em consequência dos barramentos artificiais presentes ao longo do seu percurso, além da redução do aporte de sedimentos dos depósitos eólicos na zona estuarina, causado pela redução da mobilidade das areias, consequência da instalação acelerada e desordenada de inúmeras estruturas antrópicas na alta praia e campos de dunas localizados nos setores 1 e 2 a barlamar. Porém, observou-se que a mobilidade das desembocaduras dos rios supracitados contribui para elevar o desvio padrão, já que está sujeita às variações sazonais da vazão, além das promovidas pelo mar.

O padrão de transportes de sedimentos se dá em função da energia disponível nos corpos d’água, a redução dos picos de cheias proporcionados pelos reservatórios (barramentos) reduz a energia disponível, assim, o transporte de sedimentos que antes era realizado em pulsos, quando as cheias ocorriam, encontra um obstáculo nas baixas velocidades dos reservatórios, esse fato produz um depósito de sedimentos na entrada dos reservatórios proporcionando um desequilíbrio na dinâmica costeira que causa erosão (Meireles & Maia, 2003).

Este setor apresenta características da dinâmica costeira semelhantes ao setor 2. Porém, atividades não planejadas podem modificar a dinâmica de transporte e morfologia das dunas. A fixação artificial, exploração mineral, desvio dos corpos dunares e retirada das areias para amenizar os impactos de avanço sobre vias de acesso, loteamentos e áreas agrícolas, poderão acelerar a movimentação, incrementar riscos de soterramento e acelerar a erosão costeira. Acompanhar a migração das dunas móveis é fundamental para aplicação de medidas de planejamento, gestão e normatização das diversas atividades socioeconômicas existentes e a serem desenvolvidas.

 

4.4. Análise da Região Costeira entre a Desembocadura do Rio Cocó até a Praia do Futuro Setor 4)

Esta região costeira caracteriza-se como uma orla exposta, que se estende por 6,2km com orientação SE-NW. Seu estado morfodinâmico varia de dissipativo a intermediário, em alguns locais aproxima-se do refletivo, apresentando alto grau de exposição às ondas e nível alto de ocupação antrópica (Tabela 1).

Pode ser evidenciada uma tendência generalizada de progradação de linha de costa com média de 1,49m/a (±0,61) e 1,43m/ano (±0,58) para os períodos interdecadais analisados; a progradação mostrou-se bastante significativa, 54,44m (±22,12) e 46,14m (±19,00), para o período de 38 anos e 31 anos, respectivamente. Na escala interanual a taxa de variação foi de 1,02m/a (±1,86), apresentando mínimo de -3,96 e máximo de +3,59; a variação da linha de costa apresentou uma progradação na ordem de 25,11m em 7 anos, com desvio padrão de ±13,05 (Tabela 3, Figuras 12 e 13).

 

 

Figura 13

 

O desvio padrão nesta célula mostra-se bastante representativo nas duas escalas, expressando significativa mobilidade da linha de costa ao longo dos perfis. Esse processo está possivelmente associado aos principais agentes dinâmicos atuantes nessa orla exposta, na direção E-W, e com orientação normal à direção de maior incidência da ação dominante dos ventos e das ondas. A presença do espigão do Titanzinho, localizado na porção terminal da Praia do Futuro, impede a continuidade do transporte de sedimentos pela deriva litorânea e acarreta o engordamento da praia.

Os maiores índices de deposição para o trecho estudado foram de +3,14 m/ano, obtido através do método LRR, seguido de +3,09m/ano para o método EPR, o que evidencia um forte caráter deposicional nos dois métodos adotados (Figura 13).

De acordo com Albuquerque (2008) em seus estudos na Praia do Futuro, entre setembro de 2004 e julho de 2007, foram observadas variações significativas dos sedimentos na face de praia e na zona de surfe. A região mais próxima à foz do rio Cocó é caracterizada por sedimentos grossos a finos (polimodais), com estágio morfodinâmico caracterizado como intermediário de baixa-mar, com tendências ao estágio refletivo e declividade variando entre 3,8º e 4,7º; a região central apresenta sedimentos bimodais do tipo areia média, enquadrou-se no estágio morfodinâmico terraço de baixa-mar, resultando na formação de bancos arenosos, assumindo um padrão dissipativo na baixa-mar e refletivo na preamar e declividade variando de 1,9º a 2,7º; e por último, a região próxima ao espigão do Titanzinho apresenta, predominantemente, sedimentos unimodais do tipo areia fina, de caráter mais dissipativo e declividade da face de praia com baixos valores (entre 0,3º e 1,4º). Segundo o autor, os valores modais são muito importantes para caracterizar a gênese dos sedimentos e o transporte, especialmente quando duas ou mais fontes estão contribuindo, p. ex., transportes litorâneo e eólico associados, ou ainda, quando há interrupção no transporte e caminhamento normal dos grãos de areia, modificando os níveis de energia. Ressaltou ainda que os percentuais de sedimentos grossos junto à foz do rio Cocó são bem definidos nos meses que correspondem ao período chuvoso e as populações sedimentares de diâmetro elevado são, em boa parte, oriundos de processos atribuídos à erosão dos arenitos de praia presentes na zona de espraiamento.

Conjugando os dados de Albuquerque (2008) às observações de campo e laboratoriais efetuadas, observou-se uma diminuição no padrão de declividade no sentido E-W, principalmente, no primeiro semestre, entre os meses de março a junho, período caracterizado por ondas mais energéticas, índices de precipitação altos e maiores variações no padrão hidrodinâmico.

Essa tendência fortemente progradacional para a Praia do Futuro pode estar associada aos principais agentes dinâmicos na zona costeira de Fortaleza, como as ondas, as correntes e os ventos Maia (1998) discute que, em curto prazo, uma série de variações interanuais está associada ao fenômeno El Niño, afetando fortemente o clima da região por uma diminuição da precipitação média, intensificação da velocidade dos ventos e, portanto, o aumento da altura significativa das ondas e da velocidade das correntes de deriva litorânea.

No que diz respeito ao comportamento dos sedimentos em suspensão observou-se que na Praia do Futuro, o fluxo de sedimentos na zona de surfe é maior nos pontos com características mais dissipativas e em localidades onde as feições de fundo (bancos arenosos e canais) são bem definidas. Em contrapartida, setores com características mais refletivas ou que se aproximam do estágio refletivo possuem um menor gradiente de transporte. Dessa forma, a grande turbulência associada à quebra das ondas possibilita os sedimentos mais finos permanecerem mais tempo na coluna d’água, sendo assim mais facilmente transportados pelas correntes costeiras no sentido E-W, engordando, principalmente, a porção terminal da Praia do Futuro junto ao espigão do Titanzinho.

O transporte potencial da deriva litorânea na região da Praia do Futuro (Fortaleza) é da ordem de 800.000 m3/ano, que transformando para carradas, corresponderia a quase 80.000 caminhões de areia (Meireles & Maia, 2003). Assim, o engordamento da parte terminal da praia do Futuro tem sua origem associada à interrupção da deriva litorânea de sedimentos pela construção do espigão do Titanzinho e à Ponta do Mucuripe, marco limitante entre os litorais leste e oeste do estado do Ceará.

 

Considerações finais

O presente trabalho comprovou que a variabilidade da linha de costa da região pesquisada apresenta-se bastante instável em sua totalidade, e que há uma tendência de avanço do mar da praia Porto das Dunas até a praia da Abreulândia, esta última com certa estabilidade devido ao cordão de arenitos de praia paralelo à linha de costa, o qual impede o ataque direto das ondas sobre a faixa praial. Já a Praia do Futuro apresenta uma tendência fortemente progradante, é alimentada pela erosão das praias situadas à barlamar e também dos beachrocks localizados nas desembocaduras dos rios Pacoti e Cocó. As areias resultantes são transportadas até o espigão do Titanzinho, que impede a continuidade do transporte e propicia o intenso acúmulo de sedimentos. Nessa área o bypass costeiro acha-se quase completamente erradicado em função da urbanização associada ao crescimento da cidade de Fortaleza em direção leste. Apesar dos impactos antrópicos o bypass litorâneo contínua ocorrendo, sendo responsável pelo assoreamento frequente do Porto do Mucuripe no extremo oeste da área.

Evidenciou-se, por meio dos levantamentos, das análises efetuadas e estudos comparativos com pesquisas desenvolvidas por outros pesquisadores, na área e em regiões circunvizinhas, que a tendência generalizada de déficit de sedimentos ao longo da zona litorânea estudada está relacionada à ocupação indevida e concentrada, principalmente, nas zonas de pós-praia e campo de dunas, impedindo o trânsito e aporte de sedimentos supridores desses ambientes. A médio e longo prazos deverá ser avaliada a possibilidade de incremento erosivo na Praia do Futuro, localizada no extremo ocidental da área investigada, em virtude das correntes de deriva litorânea e direção dos ventos no sentido E-W serem fatores controladores do transporte de sedimentos.

A elaboração de uma base multitemporal de imagens de satélite e fotografias aéreas em ambiente de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) favoreceram a identificação e compreensão da dinâmica natural e ambiental das áreas analisadas, sendo essenciais como subsídio às tomadas de decisões acerca do uso e gestão sustentável desses setores. Trata-se de uma importante ferramenta no planejamento e intervenção ambiental, sobretudo por indicar facilmente as tendências de recuo e/ou progradação de uma região ao longo dos anos. A escala interdecadal é relevante dentro do contexto histórico evolutivo da região, já as variações interanuais permitem avaliar a amplitude da extensão retrabalhada em curto período.

Ao longo das últimas décadas vem ocorrendo contínua transformação da região litorânea estudada em função de usos e ocupações indevidas, degradando o meio natural (ecossistemas) e social, sem preocupação com a sustentabilidade socioambiental da área. É necessário ampliar ações de políticas públicas, no intuito de redefinir as atividades de uso e ocupação da zona costeira por grandes empreendimentos, priorizando, localmente, a preservação e conservação das unidades morfológicas reguladoras de um aporte regular de sedimentos para o transporte eólico e deriva litorânea.

 

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Programa de Pós-graduação em Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) pela oportunidade de realização do referido estudo, ao Laboratório de Geologia Marinha Aplicada (LGMA-UFC) e ao Laboratório de Dinâmica Costeira do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR-UFC), na pessoa do Sr. Gleidson da Costa Gastão. Em especial à Profa. Dra. Loreci Gislaine de Oliveira Lehugeur (in memorian) por sua dedicação e compromisso profissional e ético, sempre dispensados em prol da ciência e da formação de qualidade dos seus alunos.

 

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* Submission: 22 October 2012; Evaluation: 24 November 2012; Reception of revised manuscript: 15 February 2013; Accepted: 5 March 2013; Available on-line: 20 March 2013

 

Notas

[3] - ARC GIS 10.0. (2010) - Software teaching lab pak arcinfo 10. Sistema Microsoft Windows 2000, XP 32 e 64 bits e 2003: Arc Editor – ESRI. Versão 10.0, idioma: pt. CD-ROM.

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