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Observatorio (OBS*)

versão On-line ISSN 1646-5954

OBS* vol.8 no.4 Lisboa dez. 2014

 

O vínculo do jornalista com o ambiente expresso em um jornal local: uma análise de discurso envolvendo o Pantanal brasileiro

The link between the journalist and the environment as expressed in a local newspaper: a discourse analysis involving the Brazilian Pantanal

 

Ana Maria Dantas de Maio*

* Jornalista do Núcleo de Comunicação Organizacional da Embrapa Pantanal - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Parque Estação Biológica - PqEB s/nº. Brasília, DF - Brasil - CEP 70770-901. (anamaio@uol.com.br)

 

RESUMO

A comparação entre a cobertura jornalística sobre o Pantanal brasileiro praticada por um jornal local e por um veículo da grande imprensa revela diferenças e semelhanças que podem contribuir para o entendimento da questão local. A metodologia da análise de discurso auxilia na descoberta dos contextos e das relações sociais que envolvem o jornalismo de proximidade. Conclui-se que, nas matérias avaliadas, a cobertura da mídia próxima é mais comprometida com a questão local e que o vínculo do jornalista com o ambiente não deve ser ignorado.

Palavras-chave: Mídia local; Pantanal; comunicação; jornalismo de proximidade; análise de discurso.

 

ABSTRACT

A comparison of newspaper coverage of the Brazilian Pantanal by a local newspaper and a main media vehicle reveals similarities and differences that may contribute to the understanding of a local issue. The methodology of discourse analysis helps in the discovery of contexts and social relationships involving proximity journalism. Our conclusion from the news stories that were researched is that coverage by local media is more committed to indigenous issues and that the journalist's ties with the environment should not be ignored.

Key-words: Local media; Pantanal; communication; proximity journalism1; discourse analysis.

 

Introdução

O Pantanal brasileiro mantém uma relação com a mídia, especialmente depois da exibição da novela “Pantanal”2, produzida pela extinta TV Manchete em 1990, e com grande repercussão não apenas no Brasil, mas também no exterior. Durante esses 24 anos, o bioma vem ocupando espaço nas emissoras de televisão e rádio, revistas, jornais, cinema e internet. Mas há algumas diferenças na forma como a mídia local e a grande mídia cobrem aquela região.

O objetivo desse artigo é tão somente avaliar as diferenças e semelhanças do discurso jornalístico produzido por um veículo local e por um jornal da chamada grande imprensa sobre o bioma. Pelo recorte realizado não é viável traçar generalizações, mas surgem alguns indicadores de como os discursos local e nacional são construídos pela imprensa. Os resultados da análise de discurso dos jornais Diário Corumbaense, de Corumbá (MS) e Folha de S.Paulo, de São Paulo, podem contribuir para as pesquisas relacionadas à caracterização da mídia local e à dinâmica dos jornais de interior. Embora este trabalho contemple os dois veículos para que se tenha um parâmetro de comparação, a análise é feita à luz dos estudos de mídia local e jornalismo de proximidade. O foco não está na grande imprensa, que aqui figura como coadjuvante.

Antes de apresentar os fundamentos teóricos e metodológicos, convém fazer uma breve incursão sobre o Pantanal. Para os brasileiros que vivem distantes e se alimentam do repertório midiático sobre o local, é provável que a imagem daquela região se restrinja à beleza cênica de um santuário ecológico – muito verde, animais selvagens e abundância de água. Para quem vive, trabalha ou mantém algum vínculo com o bioma, a percepção é outra. Esses atores têm consciência da fragilidade daquele ambiente e, até pela proximidade física, sentem-se, de certa forma, responsáveis pela conservação e pelo uso sustentável da terra.

O Pantanal está incorporado à vida desses sujeitos como uma área de biodiversidade rica – protegida pelo isolamento geográfico e dificuldade de acesso – e qualidade de vida precária (principalmente na área rural)3. Ali são praticadas atividades econômicas adaptadas à região, como a pecuária, o turismo e a pesca. No entanto, os riscos que rondam a planície pantaneira também incomodam seus habitantes. O discurso adotado pelos veículos locais ora defende o desenvolvimento regional a qualquer custo, ora apoia a preservação deste Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera. No caso específico dos textos aqui avaliados, nota-se que o jornal Diário Corumbaense assume a defesa incondicional do bioma quando o vê ameaçado.

 

Como e por quê: a análise discursiva

Tentar compreender a polifonia que compõe os discursos midiáticos e as posições ideológicas assumidas pelos jornais justifica a escolha da análise de discurso como suporte teórico-metodológico para avaliar parte de seus conteúdos. “A análise de discursos não se interessa tanto pelo que o texto diz ou mostra, pois não é uma interpretação semântica de conteúdos, mas sim em como e por que o diz e mostra” (Pinto, 1999, p. 23).

Nesse caso, o método pode contribuir para o entendimento das relações que se estabelecem entre o jornal local e o ambiente. Permite que se conheçam as vozes que fomentam o discurso e as intencionalidades nem sempre explícitas. O contexto espacial e temporal torna-se tão relevante quanto a mensagem, pois dele depende a seleção das fontes, da linha editorial, da imagem, das palavras utilizadas, das informações omitidas (o não-dito), da diagramação e do espaço ocupado pela matéria.

O repertório e a posição ideológica do autor do discurso (ou enunciador) também terão reflexos diretos na composição discursiva, assim como as características do próprio suporte, no caso, a imprensa.

Nenhum discurso é, em princípio, totalmente autônomo, monológico e monofônico. Suportado por toda uma intertextualidade, o discurso não é dito por uma única voz, mas por muitas vozes, geradoras de textos que se entrecruzam no tempo e no espaço, a tal ponto que, muitas vezes, se faz necessária uma escavação linguístico-semiótica para recuperar a significação profunda dessa polifonia. (Blikstein, 2006, p. 122)

Qualquer gênero discursivo pode ser analisado. A ideia de comparar o discurso midiático local com o da grande mídia tem como propósito ampliar o conhecimento sobre as características do jornal local. O que o faz diferente? Que semelhanças existem entre os dois tipos de veículos? Que vozes ganham espaço no jornal do interior? Que papel assume esse veículo diante de um ambiente tão singular como o Pantanal brasileiro? O foco é a mídia local, porém, a análise do discurso de um grande jornal é importante para contrapor as perspectivas, os olhares, o lugar de fala.

“Em análise de discurso se considera que o que define o sujeito é o lugar do qual ele fala em relação aos diferentes lugares de uma formação social” (Orlandi, 2001, p. 109). Assim, para entender os sentidos construídos é necessário pensar sua relação com o próprio contexto e com outras formações discursivas.

A pesquisa bibliográfica complementa a metodologia, especialmente nos temas ligados à mídia local, ao jornalismo de proximidade, à questão local, ao Pantanal e à análise de discurso. Foi realizada uma entrevista semiestruturada com um dos repórteres mais antigos do Diário Corumbaense para a obtenção de informações sobre o veículo e sobre a cobertura do Pantanal. A permanência desta autora durante cinco anos no município de Corumbá justifica não apenas o interesse pelo tema, como também a vontade de compartilhar o conhecimento acumulado com seus pares.

O processo de escolha dos textos avaliados começa pela procura de um tema que tenha sido tratado pelas duas categorias de mídia. Como a cobertura do Pantanal pela grande imprensa é menos comum, foi nos sites dos grandes jornais que se iniciou a busca pelas matérias. Foram consultados os sites dos jornais Valor Econômico, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo, sendo que nesse último foram localizadas as reportagens que serão avaliadas. A primeira matéria trata de um caso em que cientistas foram presos por supostamente realizarem pesquisas no bioma sem as devidas autorizações, porém, anos depois foram absolvidos pela Justiça. A outra reportagem trata da cheia atípica do Pantanal em 2011, que provocou prejuízos de milhões de reais aos produtores rurais e deixou várias fazendas isoladas.

Na mídia local, foram consultados três sites que mantêm redações em Corumbá: o Diário Corumbaense (único com versão impressa), o Capital do Pantanal e o Corumbá Online. A opção pelo primeiro se justifica pela localização das reportagens que tratavam dos mesmos assuntos previamente selecionados na Folha de S.Paulo.

O Diário Corumbaense começou a circular no município de 100 mil habitantes em 4 de maio de 2007. A direção geral é da jornalista Rosana Nunes, proprietária do veículo. Em 2009 foi lançada a versão online do jornal, que contempla um volume de conteúdo bem maior que o impresso. A redação é composta por quatro jornalistas (incluindo a diretora) e um fotógrafo. O Diário circula com 12 a 16 páginas, de segunda a sexta-feira, com tiragem aproximada de 2 mil exemplares. É um dos dois jornais diários impressos de Corumbá.

A Folha de S.Paulo pertence ao Grupo Folha, dirigido pela família Frias. A história desse conglomerado de mídia começa em 1921, mas o jornal passou a existir em 1960. É o veículo impresso de maior circulação do país, com tiragem média de 300 mil exemplares. O grupo emprega cerca de 9 mil funcionários e defende uma linha editorial pluralista e apartidária. Foi o primeiro jornal da América Latina a implantar a figura do ombudsman, um profissional pago para criticar o jornalismo da empresa e defender a posição dos cidadãos4.

 

O local, o patrimônio e a mídia

O jornalista Marcelo Fernandes, que atua no Diário Corumbaense desde seu lançamento e na imprensa de Corumbá desde 2001, declara que tenta praticar um jornalismo isento e meramente informativo na cobertura sobre o Pantanal. “Mas consigo ver que tem o lado afetivo de quem vai cobrir, até porque a gente é daqui”, afirma5.

O sentimento de pertença está associado não apenas à proximidade imediata, mas ao processo de construção de uma identidade comum que se dá a partir de um engajamento. De acordo com Castells (1999, p. 79), “as pessoas precisam participar de movimentos urbanos (não exatamente revolucionários), pelos quais são revelados e defendidos interesses em comum, e a vida é, de algum modo, compartilhada, e um novo significado pode ser produzido”. A interação dos jornalistas com o ambiente, neste caso, estabelece um vínculo que se manifesta na vida cotidiana e na atividade profissional envolvendo o bioma. O Pantanal assume, assim, características de objeto local.

Desta forma, chegamos a uma definição do local que não faz dele nem uma necessidade antropológica nem um conteúdo herdado e inevitável, mas uma forma social que constitui um nível de integração das ações e dos atores, dos grupos e das trocas. Essa forma é caracterizada pela relação privilegiada com um lugar, que varia em sua intensidade e em seu conteúdo. A questão se desloca então da definição substancial do local à articulação dos diferentes lugares de integração, à sua importância, à riqueza de seu conteúdo. (Bourdin, 2001, p. 56)

O mesmo autor acrescenta que as figuras contemporâneas da localidade são marcadas pelo patrimônio, mesmo que ele exista para produzir algum sentido. “A referência patrimonial, por mais fabricada que seja [...], constitui um meio de ‘fazer localidade’ particularmente eficaz” (Bourdin, 2001, p. 120). Neste caso, o Pantanal se reafirma como patrimônio local, responsável pelo sentimento de pertença gerado espontaneamente nos habitantes de seu entorno ou que mantenham algum envolvimento com a região.

Os movimentos ambientais locais podem contribuir para explicar essa identificação, pois, segundo Castells (1999, p. 81), “esses movimentos apresentam uma natureza defensiva e reativa, preocupando-se exclusivamente com a conservação de seu próprio espaço e ambiente imediato”. As contribuições de Peruzzo (2002, p. 53) sobre mídia comunitária e mídia local permitem caracterizar o local como

um espaço determinado, um lugar específico de uma região, no qual a pessoa se sente inserida e partilha sentidos. É o espaço que lhe é familiar, que lhe diz respeito mais diretamente, muito embora as demarcações territoriais não lhe sejam determinantes.

É neste contexto que atuam as chamadas mídias locais. As redações promovem a cobertura de um espaço determinado, geralmente “excluído” ou pouco explorado pela grande imprensa. Os assuntos tratados nos grandes meios costumam ter sua repercussão local ou regional veiculada na localidade. A mesma autora acrescenta como características da mídia local a gestão do tipo burocrático tradicional, a exploração do local como nicho de mercado, a produção do jornalismo por especialistas contratados, o controle dos espaços abertos aos cidadãos, entre outras (Peruzzo, 2002, pp. 60-61).

Embora tenha sido superada a ideia de local atrelada a um território, há quem defenda que a localização estabelece uma relevante inter-relação entre a mídia e seu conteúdo. “Nesta ligação conceptual entre a sua localização territorial e a territorialização dos seus conteúdos que a imprensa regional e local constrói a sua razão de ser, a sua especificidade e sua força” (Camponez, 2002, p. 110). O autor é um dos responsáveis pela retomada do conceito de jornalismo de proximidade, desvinculado da aproximação geográfica ou territorial, mas associado à questão da identidade. Peruzzo complementa essa ideia, resgatando a noção de um novo tipo de território. “Dimensões como as de familiaridade no campo das identidades histórico-culturais [...] e de proximidade de interesses [...] são tão importantes quanto as de base física” (Peruzzo, 2005, p. 74).

Já Fernandes (2004, pp. 6-7) aponta que o conceito de proximidade implica duas dimensões: a temática e a geográfica.

A primeira, a temática, supre a necessidade de grupos que buscam trocar informações, têm afinidades por temas os mais diversos e expectativas em comum [...]. A segunda, a geográfica, diz respeito à proximidade espacial, que está inserida de modo direto na convivência cotidiana das pessoas, gerando um grau de interação e afetividade ainda maiores.

No caso estudado, a abordagem geográfica da proximidade contempla exclusivamente a cobertura jornalística local, enquanto a dimensão temática tem potencial para despertar interesses além do espaço físico. Ao estudar o localismo em jornais do interior, Dornelles (2010, p. 238) observa que “é determinante o papel que a geografia desempenha na definição de informa­ção local”. Para a autora

Essa ancoragem da imprensa local sobre o território/conteúdo, que estamos salientando, parece evidenciar que a imprensa local constrói a sua razão de ser, a sua especificidade e a sua for­ça entre a sua localização territorial e a territoria­lização dos seus conteúdos. (Dornelles, 2010, p. 239)

Observa-se que a proximidade geográfica proporciona o engajamento e a construção de identidades comuns, assumindo a condição de facilitadora desse processo. Há, no entanto, uma característica do jornalismo de proximidade que o diferencia de outras práticas jornalísticas: a forma distintiva de posicionar-se perante os acontecimentos. Para Camponez (2012, p. 43),

impõe-se reconhecer que o jornalismo de proximidade surge intimamente ligado a questões epistemológicas e éticas, que não é possível iludir, relacionadas, nomeadamente, com o estatuto da verdade e da objetividade no jornalismo, com a importância da proximidade como uma forma diferente de olhar o mundo, ou com a função social das notícias.

Essa “forma diferente de olhar o mundo” está intrinsecamente ligada ao sujeito da comunicação, no caso, o enunciador, e às suas condições de trabalho. “A cultura profissional dos jornalistas e a organização do trabalho e dos processos produtivos, inter-relacionados, interferem diretamente na elaboração das mensagens que serão levadas até o público” (Costa, 2005, p. 110). Ou seja, o repertório e as convicções do profissional não podem ser menosprezados, bem como o ambiente de trabalho que, no interior, difere bastante das redações de grandes jornais das capitais. Essa distinção se dá principalmente em termos de tamanho, estrutura, remuneração e relações sociais na redação6.

Ainda são embrionários os estudos que inter-relacionam a comunicação e o Pantanal, embora alguns pesquisadores venham se debruçando sobre o tema nos últimos anos. Um deles é o jornalista Eron Brum que, em conjunto com a pesquisadora Gladis Linhares, tem acumulado um conhecimento específico sobre mídia e Pantanal. Os dois admitem que “muito pouco se sabe a respeito da presença da mídia, sua ação, influência no receptor em áreas isoladas, em particular no Pantanal” (Brum; Linhares, 2007, p. 6). No entanto, esses autores já comprovam que

a contribuição da mídia para a disseminação do conhecimento do bioma Pantanal não passa, ainda, de simples notícias descompromissadas com o meio ambiente. [...] De modo geral as reportagens – especialmente em jornais, revistas e TVs – exploram as suas riquezas, apenas registram as tragédias (queimadas, assoreamento dos rios, erosão, pesca predatória), tudo de forma mais ou menos superficial. (Brum & Linhares, 2007, p. 3)

Eles não são os únicos a vislumbrar esse discurso. “É o Pantanal paradisíaco, marcado por mistérios, formas de vida rudimentares, que mais uma vez desperta o interesse da mídia, ávida por modelos exóticos” (Bigatão, 2009/2010, p. 5). De fato, a imagem de “santuário ecológico” tem sido perpetuada pela grande mídia. Entretanto, o mesmo não ocorre quando o jornalismo local dedica seu espaço ao bioma, como veremos a seguir.

 

A afetividade implícita

Localizado na região central da América do Sul, o Pantanal se espalha por dois Estados brasileiros: Mato Grosso do Sul (65%) e Mato Grosso (35%). Ocupa ainda uma parte do território da Bolívia e do Paraguai. A pecuária de corte é a principal atividade econômica praticada na região, considerada a maior planície inundável do planeta.

Rica em biodiversidade, 95% da área do Pantanal pertence a proprietários rurais, o que confere a eles um papel preponderante na tomada de decisões sobre o uso e ocupação da terra. Os produtores tradicionais e seus peões sabem que não adianta contrariar o regime de seca e de cheia que caracteriza a planície. Por isso, há quase 300 anos se adaptaram ao bioma, que atualmente é o mais conservado do país7. Pesquisa recente indica que 87% da vegetação nativa do Pantanal está intacta8.

Por reconhecer esse papel conservacionista dos pecuaristas pantaneiros, o tratamento dado a eles pela mídia local tem sido diferenciado em relação à imagem que a grande imprensa constrói. O próprio espaço ocupado pelo representante da categoria em uma das matérias locais avaliadas revela mais que a simples questão de proximidade: a voz concedida a ele demonstra uma relação de respeito. Trata-se de um contraponto à versão disseminada pelos grandes veículos de comunicação, como a revista Carta Capital, com sede em São Paulo, que generaliza a caracterização dos pecuaristas brasileiros:

O que incomoda os pecuaristas brasileiros é a imagem que o mundo faz deles – cada vez pior à medida que os negócios prosperam. Não se conformam com as críticas pesadas de ambientalistas, autoridades da saúde, procuradores de Justiça, grupos vegetarianos e até mesmo de outros produtores rurais, que os consideram a parte mais retrógrada do agronegócio. São acusados de desmatar a Amazônia e o Cerrado, contribuindo decisivamente para as mudanças climáticas globais, consumir água em excesso, poluir os rios, contaminar as áreas de pastagens, lavagem de dinheiro e de fazerem mal à saúde. Procuram um meio de serem vistos como empreendedores responsáveis, capazes de gerar quase 10% da riqueza nacional, dólares para a balança comercial e empregos nos confins do território brasileiro. (Cintra, 2010)

Este tratamento diferenciado em relação à enunciação que envolve a figura do pecuarista é um dos pontos que serão abordados nas análises de discurso a seguir.

Diário Corumbaense: Cheia no Pantanal

O repórter Marcelo Fernandes, mencionado acima, entrevistou o então presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Raphael Kassar, para produzir o texto “Cheia pode provocar reação em cadeia e causar calamidade”. A matéria circulou durante a cheia de 20119, no dia 28 de março. O material avaliado aqui está disponibilizado no site do Diário Corumbaense10.

A escolha da palavra “calamidade” para compor o título é expressiva. Comumente utilizado para caracterizar situações de desastres naturais, o verbete confere à frase o sentido de gravidade do fenômeno. O mesmo pode ser observado no uso da expressão “reação em cadeia”, indicando que outros efeitos podem surgir a partir da enchente. O tom alarmante do título é um convite tentador aos interlocutores que apreciam notícias sobre catástrofes e combina com a foto de maior destaque: cinco bovinos com parte dos corpos embaixo da água, aparentemente tentando encontrar uma área mais seca (cf. Figura 1).

 

 

É possível que a imagem tenha sido produzida durante o transporte de animais para regiões mais altas, mas como a operação de salvamento não está exposta (não se veem peões e cavalos conduzindo o gado), fica a impressão de que a água chegou de repente e que os bois vão morrer afogados. De fato, animais morreram durante aquela enchente11.

A fotografia logo abaixo é do pecuarista entrevistado, sentado em frente a uma mesa, manipulando papéis e com expressão séria e preocupada. O enunciado reflete em vários momentos essa inquietação: “o problema enfrentado pela classe ‘é sério’”; “outra questão que já começa a tirar o sono dos pecuaristas é a possibilidade de demissões no setor”; “o problema é sério, não podemos brincar”; “não quero pensar no que pode acontecer”; “a situação hoje é muito preocupante para todos os produtores”, entre outras.

Aliás, o foco da matéria deste jornal local é a questão social, com ênfase para o desemprego que poderá ser provocado pela cheia. Em nenhum momento a reportagem expressa quantos trabalhadores serão demitidos do universo de 6 mil funcionários diretos atuando na pecuária. A chamada “reação em cadeia”, citada anteriormente, evidencia que o caos social poderá ter consequências na economia local. O enunciador chega a utilizar no lide a expressão “calamidade social”, reforçando a preocupação com o desemprego.

Raphael Kassar é a única fonte entrevistada pelo Diário Corumbaense para essa matéria. O discurso do jornal avaliza a demanda dos pecuaristas, que apontam a necessidade de empréstimos subsidiados do poder público para compensar parte dos prejuízos. O jornal concentra a divulgação de dados técnicos de um laudo sobre as perdas no final do texto, após o intertítulo “Reflexos na pecuária”. Falta clareza nessas descrições, pois em apenas dois parágrafos, 12 expressões numéricas se acumulam em meio às informações sobre bezerros, matrizes, taxas de natalidade e mortalidade etc. Essa construção dificulta o entendimento para o público leigo, que pode se perder na leitura e interpretação dos dados.

Folha de S.Paulo: Cheia no Pantanal

A matéria da Folha de S.Paulo sobre a cheia de 2011 no Pantanal foi produzida pela repórter Natália Cancian, diretamente da redação na capital paulista, e circulou na sessão “Commodities”, do caderno “Mercado”, de 24 de março daquele ano. Diferentemente da cobertura feita pelo Diário Corumbaense, o foco é econômico e os protagonistas são os bois, o que se manifesta já pela elaboração do título “Cheias no Pantanal obrigam 70% do rebanho bovino a se deslocar”. A versão analisada neste trabalho é a impressa, acessada por meio do site da Folha (cf. Figura 2)12.

 

 

O subtítulo e o olho13, que antecedem o texto, mantêm o discurso focado na economia: “Parte do gado, já fraca, morre no trajeto; prejuízos são estimados pela Embrapa em R$ 190 mi” e “Sindicato de Corumbá, um dos maiores polos pecuaristas do país, diz que ‘daqui a pouco vai faltar boi para abater’”. Essa tripla composição (título, subtítulo e olho) expõe a ideia de uma cheia atípica, mas mantém as consequências no âmbito dos animais: eles serão deslocados, eles estão morrendo, eles deixarão de ser abatidos.

A declaração do presidente do Sindicato Rural de Corumbá de que “vai faltar boi para abater” sugere o efeito para o consumidor: poderá faltar carne bovina. Apenas depois do intertítulo “Perdas futuras”, o enunciador explicita outra dedução, a de que a carne poderá ficar mais cara. Não há menção sobre as ameaças de desemprego.

O tratamento dado aos números do laudo técnico sobre a cheia é mais suave. Mesmo quem não entende de pecuária saberá que a redução da taxa de natalidade de 56% para 46% representa 38 mil bezerros a menos. A jornalista se preocupou em traduzir os dados técnicos e estatísticos para que o leitor comum pudesse compreendê-los. Os elementos numéricos foram distribuídos ao longo do texto, minimizando o impacto dessas informações mais frias e pesadas.

Outro diferencial da reportagem da Folha de S.Paulo é a quantidade de fontes entrevistadas. Ao sindicalista Raphael Kassar foi concedido apenas um parágrafo. A repórter também ouviu a chefe da Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), órgão responsável pelo laudo, e um pecuarista que teve cinco fazendas alagadas. Essa diversificação de fontes permite conhecer outros olhares sobre o fato, embora o espaço disponibilizado a cada um dos entrevistados seja limitado. O processo de produção de notícias implantado na Folha de S.Paulo engessa o espaço da diagramação e os textos precisam se adequar ao tamanho pré-estabelecido14. Nos jornais de interior, a flexibilidade para lidar com os espaços é maior, pois geralmente a diagramação é definida após a produção do texto e das imagens.

A fotografia selecionada pela Folha é um discurso à parte. Em preto e branco, ela mostra a condução de uma boiada por uma estrada que aparece com as duas margens alagadas. A tomada aérea permite uma visualização mais aberta e mais completa do ambiente, contrastando com a imagem fechada (foco nos cinco bois) publicada pelo Diário Corumbaense. Além dos peões montados em seus cavalos e acompanhando o rebanho, dois veículos aparecem na imagem: um deles, maior, aparentemente auxilia a comitiva. O outro carro provavelmente segue viagem pela rodovia e precisou passar pela boiada em velocidade reduzida, um risco comum durante o período de cheias na região.

A qualidade da fotografia, feita por um profissional do jornal Correio do Estado, com sede na capital sul-mato-grossense, Campo Grande, justifica a publicação em quatro colunas e altura correspondente a quase um quarto da página. Não seria exagero inferir que o jornal optou por abrir a página com essa matéria em função da rica linguagem visual. A polifonia no discurso da Folha contempla a plasticidade, manifestada na busca de harmonia entre visual, conteúdo e inteligibilidade. A comparação das imagens reflete o discurso a distância da Folha (foto aberta, feita do alto) e o discurso de proximidade do Diário Corumbaense (gado próximo, no mesmo nível).

Diário Corumbaense: Absolvição de pesquisadores

O autor da matéria “Justiça absolve americanos e brasileiros detidos por pesquisa no Pantanal”15 é Rodrigo Nascimento, free-lancer que presta serviços ocasionais ao Diário Corumbaense. O texto, rico em detalhes, foi publicado na edição de 4 de setembro de 2012.

No título, o autor afirma que os cientistas haviam sido detidos por pesquisas no Pantanal, embora ao longo do discurso essa acusação específica esteja ausente. Ao optar por essa informação no título, o jornal alerta para o risco de que estrangeiros utilizem o bioma para pesquisas ilegais – e o jornal assume a função de sentinela.

Ele abre a matéria expondo os nomes dos seis pesquisadores norte-americanos e brasileiros que haviam sido detidos três anos antes sob as acusações de crime contra o patrimônio e atividades lesivas ao meio ambiente16. São tantos nomes e sobrenomes que a informação principal, a absolvição, se perde no parágrafo inicial. O resgate da história nas linhas seguintes valoriza as suspeitas.

Os equipamentos apreendidos com os pesquisadores compõem a linguagem visual do enunciado. Amontoado em uma sala, o material é exibido junto ao emblema da Polícia Federal, responsável pela apreensão e pela prisão. A foto, recuperada do arquivo do jornal, não apresenta personagens (cf. Figura 3), caracterizando um discurso visual pouco expressivo, exceto pela voz concedida à polícia.

 

 

A leitura permite concluir que o texto é construído a partir da sentença judicial. Não há entrevistas nem repercussões. O veículo não manifesta o “outro lado” da notícia, ou seja, a posição dos pesquisadores configura-se no discurso como o não-dito.

Folha de S.Paulo: Absolvição de pesquisadores

A reportagem da Folha de S.Paulo17 sobre o mesmo tema também é rica em detalhes. Ela foi produzida por Rodrigo Vargas, um colaborador do jornal em Cuiabá (MT), e publicada na editoria de “Ambiente” apenas na versão online do jornal no dia 3 de setembro de 2012, sem fotografias (cf. Figura 4). Acompanhando a cobertura anterior, da época da prisão, verifica-se que esse profissional já havia produzido outras reportagens, nas quais assinava como Agência Folha. A distância entre Cuiabá e Corumbá é de aproximadamente 620 quilômetros.

 

 

O título utilizado pelo jornal não menciona a questão da pesquisa científica: “Justiça absolve geólogos presos no Pantanal sob suspeita de crime ambiental”. Mas a informação no texto parece mais completa que a do jornal local, pois cita que os suspeitos foram acusados de usurpar o patrimônio da União, crime ambiental e condução de pesquisas sem autorização. Também é informação exclusiva da Folha a de que os americanos tiveram seus passaportes retidos por mais de um mês.

Assim como no Diário Corumbaense, o enunciado produzido por Rodrigo Vargas é construído com base na sentença judicial, sem entrevistas. Mas ele recupera uma declaração anterior feita pelo coordenador do trabalho no Pantanal, o geólogo Mário Luís Assine, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), tentando justificar a “falha” na regularização da atuação dos estrangeiros, garantindo a manifestação do “outro lado”.

O discurso da Folha aprofunda informações sobre a pesquisa dos geólogos, dizendo que eles tentavam encontrar registros de alterações climáticas ocorridas naquela região nos últimos 30 mil anos investigando material depositado no fundo das lagoas. Outra afirmação relevante é que houve mudança de procurador do caso e o novo encarregado entendeu não haver crime na conduta dos denunciados. Esse pode ter sido, inclusive, o motivo da absolvição. O jornal também publica os nomes dos acusados, mas no terceiro parágrafo, sem tanto alarde.

A leitura das duas reportagens, a da grande imprensa e a da mídia local, permite verificar que os enunciados apresentam informações repetidas e exclusivas. Não se percebe na Folha a mesma postura de vigilância do Diário Corumbaense. A cobertura feita pelo jornal paulista parece mais técnica e menos comprometida com a questão local. Mesmo neste segundo caso, a Folha demonstra a preocupação com as pesquisas sem autorização, entretanto, trata os suspeitos com mais sobriedade.

 

Semelhanças e diferenças

As reportagens avaliadas pela análise de discurso contemplam situações de ameaça à região. Não cabe juízo de valor para determinar se o jornalismo praticado pelo veículo local é melhor ou pior que o de um grande jornal. As coberturas têm características distintas e algumas similaridades, como o nível de detalhamento e profundidade das matérias. O objetivo deste relato é tão somente contribuir com as pesquisas que procuram desvendar as peculiaridades da mídia local.

O veículo com sede em Corumbá mostra um jornalismo rico em detalhes e aprofundado, apropriando-se de um tom próximo ao sensacionalista como forma de despertar a atenção dos interlocutores para as ameaças ao bioma. O Diário Corumbaense opta por reportagens baseadas em fontes únicas, valorizando a opinião representativa de uma liderança local, especialmente na matéria sobre a cheia. Em comparação com o veículo da grande imprensa, sua abordagem em relação a dados estatísticos se mostra mais confusa.

Um dos aspectos mais interessantes levantados pela análise de discurso é o direcionamento editorial para a questão local, que fica evidente no tratamento dado pelos dois jornais em relação às consequências da cheia. O jornal local explicita a preocupação com a falta de empregos que a enchente causará e seus efeitos sociais. O veículo representante da grande mídia foca sua inquietação no risco de faltar carne para abastecer o mercado nacional. Os posicionamentos, embora diferentes, são legítimos.

A Folha de S.Paulo apresenta enunciados com fontes diversificadas e mais objetividade nas informações. Trabalha com clareza os dados técnicos, especialmente os elementos numéricos. A contextualização da matéria para o leitor de outras regiões do Brasil é também uma característica apontada pela análise, como se observa na identificação do local: “um dos maiores polos pecuaristas do país”. Assim como o jornal local, a cobertura da Folha revela-se rica em detalhes. A linguagem visual disponibilizada na versão impressa é jornalisticamente mais expressiva.

 

Considerações finais

O sentimento de pertença que envolve o Pantanal é compartilhado pelos atores que mantêm algum vínculo social com aquela região e que, de certa forma, se apropriam dela, seja pela proximidade física, seja pela existência de uma identidade e significados comuns. Formalmente, o bioma é declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco18, no entanto, para quem o vivencia diariamente, ele se torna patrimônio local, digno de proteção.

Assim, o Pantanal configura-se como um local, na medida em que existe um comprometimento de moradores e trabalhadores com aquele ambiente. Mais que um território delimitado em mapas, o local se transforma em “razão de ser”. Isso explica, em parte, a cobertura mais passional realizada pelo jornal local sobre dois eventos envolvendo o bioma, se comparada ao trabalho jornalístico realizado por um veículo da grande mídia.

A análise permite verificar que o comprometimento do jornal local com o Pantanal se expressa nos enunciados avaliados. O Diário Corumbaense assume a posição ideológica de guardião do bioma, alertando os leitores sobre os riscos que aquela região corre. O distanciamento físico não impediu que a Folha de S.Paulo cobrisse os dois eventos – até mesmo com a participação direta de profissionais daquela região. No entanto, o material analisado revela a preocupação do jornal em manter seu padrão visual e técnico na abordagem dos temas, menos comprometido com a questão local. Em outras palavras, o vínculo do enunciador com a localidade é uma variável que não deve ser desprezada nos estudos de mídia local.

 

Referências

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Date of submission: December 7, 2013

Date of acceptance: August 20, 2014

 

NOTAS

1 Tradução do conceito feita pela autora deste artigo.

2 Esta novela foi exibida três vezes pela televisão brasileira e é considerada por estudiosos da teledramaturgia uma produção “fora do padrão”. Foi a primeira novela que conseguiu abalar o monopólio da Rede Globo, no horário nobre, com altos índices de audiência. Para mais informações, ver Machado e Becker, 2008.

3 A precariedade deve ser entendida no sentido de investimentos insuficientes nas áreas de saúde, educação, saneamento básico e infraestrutura.

4 As informações sobre a Folha de S.Paulo foram obtidas no site da empresa. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/institucional/. Acesso em: 15 jan. 2013.

5 Entrevista concedida por telefone na manhã de 14 de janeiro de 2013.

6 A teoria do Newsmaking dá conta de explicar essas inter-relações entre o fazer jornalístico e o conteúdo das notícias. Não é nosso foco aprofundar nesta teoria da comunicação. Para mais informações sobre essa e outras teorias, cf. Martino (2009).

7 Essa informação é confirmada pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite (PMDBBS), desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente, através de cooperação técnica com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

8 Os dados são de uma pesquisa sobre desmatamento publicada em 2010 por cinco ONGs (Organizações não Governamentais) – WWF-Brasil, Ecoa, Avina, SOS Pantanal e Conservação Internacional.

9 Os períodos de cheia fazem parte do ciclo de inundação natural do Pantanal, com ocorrências anuais. No entanto, em 2011, a enchente causada pelas chuvas que afetaram o volume dos rios foi bem mais expressiva que nos anos antecedentes.

10 Disponível em: http://diarionline.com.br/index.php?s=noticia&id=28058. Acesso em 15 jan. 2013.

11 Laudo da Embrapa Pantanal previa a perda de 5% das vacas (matrizes) e de 10% dos bezerros que nasceriam durante a cheia, sem contar a queda da taxa de natalidade: 38 mil bezerros a menos para o rebanho.

12 Ver página B-9 do caderno Mercado. Disponível em: http://acervo.folha.com.br/fsp/2011/03/24/10/. Acesso em 15 jan. 2013.

13 Forma de diagramação que concentra uma expressão ou uma frase em meio ao texto, destacando-a com um tamanho maior de letras. A finalidade é chamar a atenção do leitor para esse destaque.

14 Informação obtida a partir de experiência profissional desta autora na Folha de S.Paulo. Já na década de 1990, o jornal havia implantado um sistema modular informatizado para a diagramação. Os textos e títulos deveriam se encaixar no espaço pré-determinado, com reduzidas possibilidades de alterações.

15 Disponível em: http://www.diarionline.com.br/?s=noticia&id=49052. Acesso em 15 jan. 2013.

16 Os pesquisadores foram detidos pela Polícia Federal na fazenda Santa Teresa, no Pantanal corumbaense, no dia 16 de junho de 2009. Segundo o jornal, a Polícia Federal os teria acusado de fazer pesquisa e lavra sem autorização do Ministério de Ciência e Tecnologia, Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e do Ibama, que são órgãos ambientais e minerais. O grupo estudava as variações climáticas na planície pantaneira e aquela seria a terceira viagem da pesquisa, iniciada em 2007.

17 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1147754-justica-absolve-geologos-presos-no-pantanal-sob-suspeita-de-crime-ambiental.shtml. Acesso em: 15 jan. 2013.

18 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

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