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Laboreal

On-line version ISSN 1646-5237

Laboreal vol.13 no.2 Porto Dec. 2017

https://doi.org/10.15667/laborealxiii0217cdg 

O DICIONÁRIO

 

Urgência

Urgencia

Urgence

Urgency

 

Cecilia De la Garza

EDF R&D, Département PERformance et prévention des Risques Industriels du parC par la simulLation et les EtudeS (PERICLES) – Groupe Facteurs Humains et Organisationnels. 7, Av. Gaspard Monge 91120 Palaiseau France

cecilia.de-la-garza@edf.fr

 

A tradução deste texto para português foi realizada por Marta Santos.

 

 


Ao refletir sobre a palavra “urgência” e os quatro idiomas referidos na Laboreal, imediatamente ressalta o facto de que em francês, a palavra “urgência” engloba duas noções que são a de “urgência” e a de “emergência”, o que não acontece nem em espanhol, nem em português, nem em inglês. Partindo dessa observação, nesta definição propõe-se uma reflexão relacionando e diferenciando esses dois conceitos que, de facto, estão frequentemente relacionados.

Urgência, do latim urgens, urgente, de urgere, urgir, que instiga, ou requere pronta atenção ou requere atenção sem demora. Algo que deve resolver-se de forma imediata (Diccionario de la Real Academia Española (REA), tradução livre; Villalibre Calderón, 2013).

Do ponto de vista da saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define a urgência como o surgimento fortuito, em qualquer lugar ou atividade, de um problema de causa diversa e gravidade variável que gera a consciência de uma necessidade iminente de atenção por parte do sujeito que o sofre ou de sua família.

Ao analisar estas duas definições, a principal questão aqui é o despoletar de um evento inesperado, que surpreende, danifica, gera tensão e que, em todo o caso, necessita de alguma ação. O sujeito ou um grupo de sujeitos encontram-se perante a necessidade iminente de agir.

Enquanto a “emergência” vem do vocábulo latino emergens, emergir, irromper, germinar (diccionario de la REA, tradução livre). O uso mais comum deste termo refere-se a um acidente ou a um acontecimento que se apresenta de maneira abrupta e que, geralmente, requere algum tipo de ação para evitar ou minimizar os danos, para controlar a situação. A emergência é definitivamente um evento que implica um desastre consumado ou potencial.

Do ponto de vista da saúde, para a OMS, emergência é aquele caso em que a falta de assistência conduziria à morte em minutos, em que a aplicação dos primeiros socorros por qualquer pessoa é de importância vital. E a OMS distingue distintos níveis de classificação de emergência, o que significa que segundo a gravidade do evento, o tipo de ação, os meios e apoios a utilizar serão adaptados (Villalibre Calderón, 2013).

Aqui, a noção que se destaca é o tempo: o tempo limitado para agir que aparece como uma condição sine qua non para salvar um ferido, uma pessoa doente. Ou a falta de tempo para agir antes que a situação se agrave. Para além disso, outro ponto importante é o de definição de níveis de gravidade e associar meios e apoios adequados para os enfrentar.

Podemos evocar alguns exemplos para transpor as noções de urgência/emergência para o meio laboral e industrial. A queda de um operador de um andaime causará um acidente grave e, portanto, criará uma situação de urgência, tanto para a atenção requerida de maneira imediata para o trabalhador, e uma emergência quanto aos meios necessários que devem ser implementados para atender o trabalhador sem perder tempo. Esta emergência será uma resposta adaptada, que tem que ter sido, pelo menos em parte, antecipada em termos de planos de prevenção. Num outro contexto, a ativação inesperada de um alarme numa sala de controlo criará uma situação de urgência para os operadores, os quais terão que aplicar um procedimento e regras de segurança específicas e, segundo a gravidade do alarme, desencadear um plano de emergência. Este plano de emergência tem que ter sido antecipado, tal como na situação anterior, em termos de planos de prevenção, definindo a sequência de ações a desenvolver para o controlo inicial das emergências.

De certa forma nestes contextos laborais, a urgência implica alguma ação da parte dos sujeitos e leva a uma emergência, podendo significar a entrada numa situação crítica ou numa crise. É preciso identificar rapidamente: quem ou o que está afetado? de que maneira? quem e que fazer? de que forma? como? E, em que lugar?

Se para alguns trabalhadores as urgências e emergências são a sua atividade de trabalho quotidiana, como os bombeiros, serviços de urgências dos hospitais, ou em meio militar, os tropas ou os pilotos de guerra durante uma missão, na maioria dos casos não se pode saber em que momento, nem como, se pode produzir a urgência. Por outro lado, se pode ser prevista, então, no âmbito laboral, existem em todo tipos de empresas os planos de emergência. Planos de emergência significa também formação e treino de diversas ordens do pessoal que deverá intervir na gestão de uma crise a todos os níveis.

Com efeito, numa situação profissional, a urgência, ou seja, a situação de rutura, gera surpresa perante um evento inesperado, e implica a saída de um estado conhecido e estável, necessitando de uma tomada de consciência de uma mudança da situação e a necessidade de agir, portanto, de uma tomada de decisão. A urgência põe assim o indivíduo e/ou o coletivo de trabalho numa situação de emergência a qual cria uma emoção. Segundo a capacidade de reação de cada indivíduo e/ou coletivo, a emoção poderá ser controlada ou agravada por outros eventos, como uma incompreensão por parte do indivíduo, colocando-o assim numa situação crítica. A capacidade dos indivíduos e coletivos gerirem urgências, isto é, uma crise, não é inata e necessita de formação específica.

Urgência, emergência e crise, são, então, três noções interrelacionadas no âmbito laboral e em particular nas indústrias de alto risco.

 

Referências bibliográficas

OMS (2017). Definición de emergencias de grado 3 y 2 de la OMS. Consultado em 16/09/2017, de: http://www.who.int/hac/donorinfo/g3_contributions/es/         [ Links ]

Real Academia Española (2017). Diccionario de la Real Academia Española. Consultado em 21/10/2017, de: http://dle.rae.es/?id=b9PI6Iy         [ Links ]

Villalibre Calderón, C. (2013). Concepto de urgencia, emergencia y catástrofe y desastre: revisión histórica y bibliográfica. Trabajo de fin de master de análisis y gestión de emergencia y desastre. Facultad de Medicina, Universidad de Oviedo. http://digibuo.uniovi.es/dspace/bitstream/10651/17739/3/TFM%20cristina.pdf         [ Links ]

 

COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO?

De la Garza, C. (2017). Urgência. Laboreal, 13 (2), 67-69. http://dx.doi.org/10.15667/laborealxiii0217cdg

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