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Laboreal

On-line version ISSN 1646-5237

Laboreal vol.13 no.2 Porto Dec. 2017

https://doi.org/10.15667/laborealxiii0217cg 

EDITORIAL

Editorial

 

Cecilia De la Garza [1] & Mario Poy [2]

[1] EDF R&D, Département PERformance et prévention des Risques Industriels du parC par la simulLation et les EtudeS (PERICLES) – Groupe Facteurs Humains et Organisationnels. 7, Av. Gaspard Monge 91120 Palaiseau France

cecilia.de-la-garza@edf.fr

[2]Universidad de San Andrés, Centro de Investigaciones por una Cultura de Seguridad Industrial Vito Dumas 284 , B1644BID - Victoria, Buenos Aires Argentina.

mpoy@udesa.edu.ar

 

 

Caros leitores da Laboreal,

Como todos os anos, e esperando que sejam por muitos mais, é um prazer apresentar-vos o número de dezembro da Laboreal. Tal como em todos os números da revista, é com enorme agrado que vos apresentamos uma série de artigos particularmente interessantes, nas várias secções da revista.

Na secção de pesquisas empíricas poderão aceder à leitura de três artigos: no primeiro, intitulado, “Entre a (pre)determinação e as possibilidades de regulação: uma proposta metodológica para interpretar a adoção e uso de tecnologias enquanto escolhas organizacionais”, Daniel Silva e Ricardo Vasconcelos propõem uma discussão sobre a tecnologia a partir de diferentes perspetivas, seguida de um estudo numa empresa química, onde aplicaram a Matriz de Análise do Trabalho e de Riscos Ocupacionais para Supervisores, Chefes e Estruturas de Apoio (MATRIOSCA), com o objetivo de articular duas noções chave em termos de saúde e segurança no trabalho: a formação e a transformação das condições de trabalho.

O segundo, um artigo de Cláudia Pereira e Marta Santos, analisa “O processo de regulação da atividade de professores de Educação Visual e Tecnológica: análise sobre o impacto da Reestruturação Curricular de 2012 em Portugal ”. A originalidade deste artigo é o facto de abordar o estudo de uma população pouco estudada, a dos professores. No trabalho realizado, as autoras mostram como estes profissionais sofrem alterações estruturais que afetam a sua atividade em termos de carga de trabalho, horários, programas de ensino, entre outras, que têm de enfrentar sozinhos. Através da análise da atividade e de entrevistas sobre o trabalho, com o objetivo de explorar os impactos sobre a saúde destes profissionais, as autoras identificam regulações individuais e coletivas para compensar as referidas alterações.

Finalmente, o terceiro artigo de Joana F. Ramalho e Lúcia Simões Costa apresenta os resultados de um estudo sobre “Os fatores psicossociais de risco na atividade de técnicos superiores de segurança no trabalho”, que questiona a influência destes fatores e das suas consequências, em termos de saúde, nesta categoria profissional. Através de um inquérito autoadministrado a 101 técnicos superiores de segurança no trabalho, a investigação coloca em evidência que a exposição a ritmos intensos de trabalho, normas e prazos de entrega rígidos, bem como a falta de perspetiva de evolução de uma carreira profissional afetam significativamente estas pessoas. Ainda que os resultados devam ser observados com precaução, devido à dimensão da amostra e às dificuldades encontradas para poder aceder às reais situações de trabalho dos técnicos, tais resultados estão em linha com os obtidos em estudos semelhantes no Brasil e em França.

Mudando totalmente de setor e incidindo sobre a segurança industrial, o resumo de tese proposto por Johanna Mérand aborda o tema da “Fiabilização das decisões na sala de controlo de uma central nuclear: o papel da argumentação na resolução coletiva de problemas”. A autora propõe um modelo para a análise da argumentação na atividade de resolução de problemas durante as sessões de simulação de gestão de acidentes numa sala de controlo de uma central nuclear, estudando o funcionamento de duas equipas de operação, com constituições diferentes. O modelo permite colocar em evidência as diversas formas de argumentação e as suas variações consoante a organização das equipas, ainda que a autora sugira que, por se tratar de tendências e de atividades altamente complexas, os resultados devam ser utilizados como complemento de outros estudos.

Na secção de textos históricos, Jean-Luc Tomás e Maria Ianeva deleitam-nos com uma recensão muito interessante do texto de Jean-Maurice Lahy, “O sistema Taylor e a fisiologia do trabalho profissional”, que faz uma crítica ao taylorismo (ao mesmo tempo que o apresenta) e propõe um verdadeiro enfoque de fisiologia do trabalho. No seu comentário “J.-M. Lahy crítico de Taylor, um recurso para pensar o trabalho hoje?” Tomás e Ianeva evocam a trajetória vital de Lahy, da sua formação e do desenvolvimento das suas investigações, ambas particularmente originais no que diz respeito à evolução do trabalho. Os autores realçam, além disso, como a análise do trabalho, elemento essencial para Lahy, continua a ser uma ferramenta muito poderosa para as ciências humanas e sociais, quando se pretende entender os vínculos e as interações entre os trabalhadores e o seu contexto de trabalho, tendo em conta a fisiologia e os processos cognitivos empregues em, e para a, realização da atividade de trabalho.

No dicionário são propostas duas definições das letras U e V, associando-as, respetivamente, às noções de: Urgência e Violência.

Através de uma análise cuidada do primeiro conceito, Cecilia De la Garza permite-nos compreender a especificidade do mesmo, bem como as relações que estabelece com conceitos vizinhos como é o caso de emergência. Após uma genealogia breve e precisa do conceito e do seu alcance, a autora extrapola-o para o mundo do trabalho e mais concretamente para a segurança laboral e industrial. Recorrendo a exemplos precisos em ambos os campos, delimita com toda a pertinência o perímetro e os pontos de contacto entre “urgência” e “emergência”, aos quais também associa um terceiro elemento: a “crise” (a sua gestão) no contexto das indústrias de alto risco.

Na sua caracterização do conceito de Violência no trabalho, Laerte Idal Sznelwar distingue dois tipos de situações de violência. O primeiro tipo são as situações em que a “violência” pode ser o objeto da atividade de trabalho, como ocorre no caso dos profissionais de segurança pública, quando se trata de proteger outras pessoas. O segundo tipo descreve o efeito produzido pelos dispositivos organizacionais de que os trabalhadores sofrem como consequência das condições de trabalho, tal como mostrado, por exemplo, pelos vários estudos realizados nas atividades de serviços. Em ambos os casos, a violência aparece como um risco para a saúde e a segurança do indivíduo, tanto em termos psíquicos como físicos.

Este número mostra novamente, através dos diferentes artigos, que as condições de trabalho têm de ser (re)pensadas e (re)concebidas, considerando os impactos sobre a saúde e a segurança numa perspetiva de desenvolvimento sustentável dos atores centrais do mundo do trabalho. Deste modo, é urgente abordar os diferentes tipos de violência que caracterizam o mundo do trabalho contemporâneo.

Gostaríamos de agradecer aos autores pela sua participação neste número, bem como aos membros dos comités da revista. Desejamos ainda agradecer a valiosa colaboração, no papel de avaliadores, aos nossos colegas, Marcelo Figueiredo, Mary Yale Neves, Anísio Araújo, Mario Cesar Ferreira e Marcel Turbiaux. Este agradecimento é extensível também a Patricio Nusshold e João Viana Jorge pelas suas traduções. Muito obrigado por ajudarem a tornar este novo número da revista uma realidade.

Finalmente, gostaríamos de vos anunciar que no próximo ano serão integrados novos elementos nesta codireção, que ajudarão a sustentar o crescimento e a responder aos novos desafios da revista.

Votos de uma excelente leitura.

 

Cecilia De la Garza e Mario Poy

 

COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO?

De la Garza, C., & Poy, M. (2017). Editorial. Laboreal, 13 (2), 7-8. http://dx.doi.org/10.15667/laborealxiii0217cg

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