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Laboreal

On-line version ISSN 1646-5237

Laboreal vol.12 no.1 Porto July 2016

https://doi.org/10.15667/laborealxii0116lc 

EDITORIAL

 

Editorial

Editorial

Editorial

Editorial

 

Liliana Cunha

Centro de Psicologia da Universidade do Porto

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Universidade do Porto Rua Dr. Manuel Pereira da Silva 4200-392 Porto, Portugal

lcunha@fpce.up.pt

 

 

A Laboreal propõe neste número de julho um debate que se im- põe retomar e renovar, e que constituiu o mote de mais um dos- sier temático, consagrado ao tema “os equipamentos de prote- ção individual (EPI): protetores, mas nem sempre”.

Ora preconizado de forma normalizada e neutra face às situações concretas de trabalho, ora perspetivado como um mal menor, o uso dos EPI e o seu estatuto de “proteção” branqueia não raras vezes uma ameaça invisível, somente desvelada na descoberta da atividade de trabalho e no diálogo com os trabalhadores que os usam, como é transversalmente ilustrado nos artigos apresen- tados no âmbito deste dossier.

É inegável a existência hoje de mais alternativas e de mais as- petos a considerar na escolha dos EPI's. Não obstante, os con- tributos dos autores referenciados neste número da Laboreal questionam se a escolha não poderá ser, antes de mais, analisar o trabalho, ouvir os seus protagonistas, compreender os paradoxos que o uso dos EPI muitas vezes entrevê (entre proteger e perigar). Sustenta-se, assim, que os conhecimentos científicos nesta maté- ria não podem ser considerados à margem de uma reflexão sobre as condições em que são produzidos - em função do acesso con- sentido ou não aos locais de trabalho, da escuta do ponto de vista dos trabalhadores, e mesmo da participação ou não dos atores da segurança e saúde no trabalho na arena das negociações sobre as políticas definidas.

Uma abordagem de terreno; a análise de diferentes atividades e riscos do trabalho; em diferentes geografias, reforçam a diversi- dade dos contributos apresentados no quadro deste dossier - que integra cinco “pesquisas empíricas” e um artigo enquadrado na rubrica “instrumentos de investigação” - cuja estrutura e apresentação mais detalhada é feita por Francisco Duarte, Laurence Théry e Carolina Ullilen.

O resumo de tese de Justine Arnaud remete-nos a uma discus- são sobre a noção de “ambiente capacitante”, entendido como a tradução, materializada em condições de trabalho concretas, de um compromisso entre a sustentabilidade dos sistemas de tra- balho, a saúde, a segurança e o desenvolvimento dos indivíduos. A abordagem metodológica preconizada na situação em análise, relativa a uma multinacional francesa no momento crítico da im- plementação de Centros de Serviços Partilhados (CSP), constitui exemplo da forma como é pensada a conceção de ambientes ca- pacitantes e, a longo prazo, organizações capacitantes.

Régis Ouvrier-Bonnaz, responsável pela rubrica “textos histó- ricos”, propõe-nos um texto de Maurice Reuchlin, de 1978. Não só corresponde à vontade de homenagear um dos maiores psicó- logos de Século XX, recentemente falecido, como pronuncia uma interpelação que mantém toda a sua atualidade - o debate entre uma “psicologia do laboratório” e uma “psicologia do terreno” -, trespassando a mera ideia de investigação em lugares distintos. É uma discussão que se mantém contemporânea, como reforça Jacques Leplat no seu comentário sobre este texto, mesmo que em moldes diferentes… atravessando tão frequentemente a “dé- marche do investigador”, e no que ele pode configurar como res- posta aos ditames da “ciência aplicada”.

Chegamos ao dicionário e encontramos, sem surpresa pela or- dem prosseguida, as letras “O” e “P”. Podemos, talvez, ser sur- preendidos pela ousadia na escolha das palavras… Em primeiro lugar, porque “oit” não é uma palavra, e porque Augusto Rogério Leitão nos desafia a compreender “o edifício político-institucio- nal” e ação da OIT, na defesa dos direitos da.o.s trabalhadora.e.s., a par da sua evolução contextualizada em momentos históricos distintos, e remetendo-nos a escalas de análise distintas. E, em segundo lugar, porque “preguiça” é uma vil palavra, que não se pronuncia, que se silencia no trabalho e entre os que sobre ele trabalham. Utopia, ou não… Suzana Albornoz fala-nos de um direito à preguiça…! Ou melhor, o direito à conceção de um outro mundo possível no trabalho.

Contamos neste número, uma vez mais, com a colaboração de um número significativo de membros dos Comités da revista no processo de peritagem – mais ainda dos colegas Fausto Mascia, Sophie Prunier-Poulmaire, Raoni Rocha, Edison Renato Silva e Ana Luisa Telles. A todos, um forte agradecimento.

A todos os leitores, fica então o convite a uma proposta de leitura destes contributos, com a convicção também de que permitirão uma reflexão para além do que aqui se anuncia…

 

Pelo Comité Editorial de Laboreal, Liliana Cunha

 

Como referenciar este artigo?

Cunha, L. (2016). Editorial. Laboreal, 12 (1), 7-8. http://dx.doi.org/10.15667/laborealxii0116lc

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