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versão impressa ISSN 1646-107X

Motri. vol.14 no.1 Ribeira de Pena maio 2018

 

ARTIGO ORIGINAL   |   ORIGINAL ARTICLE

 

Fatores que levam os idosos a prática da hidroginástica

 

Factors that lead elderly to practice hydrogymnastics

 

 

Rômulo Vasconcelos Teixeira1; Willamy de Sousa Lima2; Lucas Norberto de Andrade3; Francisco Clineu Queiroz França4

1Centro Universitario Estacio do Ceará

Correspondência para

 

 


RESUMO

O objetivo do presente estudo foi investigar os principais motivos que levam idosos a buscar a hidroginástica como prática de atividade física. Foram investigados 60 indivíduos idosos de ambos os sexos que praticantes de hidroginástica. Pôde-se observar uma discrepância com relação ao gênero dos participantes, onde 86,7% do público era formado por mulheres e apenas 13,3% por homens. Pôde-se concluir que, a indicação médica foi a principal razão que levam os idosos a buscarem a prática da hidroginástica (56,7%).

Palavras-chave: idoso, envelhecimento, atividade física.


ABSTRACT

The objective of the present study was to investigate the main reasons that lead elders to seek hydrogymnastics as a practice of physical activity. We investigated 60 elderly individuals of both sexes who practice water aerobics. There was a discrepancy with respect to the gender of the participants, where 86.7% of the audience was women and only 13.3% were men. It could be concluded that the medical indication was the main reason that lead the elderly to seek the practice of water aerobics (56.7%).

Keywords: elderly, aging, physical activity.


 

 

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um procedimento ininterrupto que segundo Nóbrega et al. (1999) ocorre um declínio gradativo dos processos fisiológicos. Reforçando a mesma ideia Shephard (2003) afirma que, o envelhecimento é um processo sucessivo que influencia gradativamente as funções fisiológicas, psicológicas e sociológicas no decorrer da vida. E de acordo com Farinatti (2008), envelhecer é uma exibição imprecisa do qual o estado que se faz referência é de difícil discernimento, sendo pleonástico afirmar que há declínios fisiológicos com o envelhecimento. Desta forma, deve-se repensar o papel dos idosos, de tal forma que eles possam viver por seus próprios meios ou facilitando o acesso à ajuda, caso seja necessário.

Shephard (2003) afirma que, a prática regular de atividade física pode desacelerar o período de tempo em que a capacidade funcional dos idosos decline até a iniciação da fase crítica, que seria a perca da independência. Corroborando com essa ideia, Farinatti (2008) assegura que, existem vários pontos fundamentais para a promoção da saúde, e um desses pontos seria o exercício de todas as capacidades dos indivíduos.

Para Cerri e Simões (2007), os exercícios promovidos na hidroginástica interferem em inúmeras capacidades físicas tais como flexibilidade, coordenação motora, resistência muscular localizada, além de promover a sociabilização a partir do momento em que essa atividade é realizada em grupos. Corroborando com essa ideia, Paula e Paula (1998) afirmam que, com ênfase, ou como prioridade, devem se trabalhar exercícios que buscam amplitude, coordenação e a ação dos grandes grupos musculares, onde os movimentos necessitam de um predomínio de simplicidade e equilíbrio.

Estudos tais como Cheik et al. (2003), Freitas et al. (2007) e Pedrinelli, Garcez-Leme, e Nobre (2009), foram realizados nos últimos anos a fim de indicar os principais motivos da procura de idosos a programas de exercícios físicos, entretanto, em nenhum desses estudos, foi encontrado o porquê da busca da hidroginástica como modalidade física. Observando a preocupação que este público vem possuindo para manter um estilo de vida ativo surge como questionamento, compreender os fatores que levam os idosos escolherem a prática da hidroginástica dentre os diversos programas de exercícios direcionados para a manutenção da sua saúde. Com isso em função da notoriedade e dos possíveis benefícios a saúde que essa atividade acarreta aos seus praticantes, observamos ser pertinente investigar a prática de tal modalidade.

O presente estudo apresentou como objetivo identificar o principal motivo que levam os idosos a procura da hidroginástica como forma de atividade física.

 

MÉTODO

A amostra deste estudo foi constituída por homens e mulheres idosos com idade igual ou superior há 60 anos praticantes de hidroginástica há pelo menos 3 meses com frequência semanal mínima igual a 2 dias. Todos os indivíduos participantes do estudo concordaram com o mesmo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário contendo oito perguntas de múltipla escolha, sendo uma direcionada a caracterizar o sexo do participante e as demais perguntas geradoras foram: 1 - Há quanto tempo ppratica hidroginástica; 2 - Quantas vezes por semana pratica hidroginástica; 3 - Qual o principal motivo para ter iniciado a prática de hidroginástica; 4 - Se acredita que a hidroginástica melhora suas atividades da vida diária; 5 - Se continua a possuir motivação para praticar tal modalidade; 6 - Em caso positivo, o que mais he motiva; e por fim 7 - Se acredita que a hidroginástica o auxilia na socialização. Os dados obtidos através do questionário foram organizados e tabulados em planilha SPSS 23.0®, sendo realizada a estatística descritiva através de frequência, média e desvio padrão.

Com a finalidade de legitimar a pesquisa, todos os devidos cuidados éticos foram considerados e respeitados como bem-estar físico, social e psicológico dos participantes, de acordo com as Resoluções Éticas Brasileiras, em especial a Resolução 466/2012 do CNS. Todos os participantes concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde foi esclarecido para os mesmos que todas as informações seriam sigilosas e o anonimato do participante preservado, é relevante salientar que todos os participantes receberam informações acerca das investigações realizadas pelo pesquisador, especialmente como se daria a coleta de dados, assegurando que os riscos na atuação no referido estudo seriam minimizados ao máximo.

 

RESULTADOS

Foram investigados 60 indivíduos que praticam regularmente a hidroginástica, sendo destes 8 (13,3%) homens e 52 (86,7%) mulheres com idades a partir dos 60 anos. Entre os homens a média de idade foi de 74,3±8,9 anos, e entre as mulheres a média de idade foi de 66,7±5,5 anos. A média de tempo de pratica de hidroginástica variou entre 3 meses a 5 anos, e a frequência semanal de treino variou de 2 a 5 dias. Analisando a pergunta geradora (Quadro 1), 56,7% dos praticantes afirmam ter iniciado a hidroginástica obedecendo ordens médicas, 23,3% como prevenção de doenças, 8,3% como forma de reabilitação, 6,7% por outros motivos e 5% como estética. Todos os 60 participantes do estudo garantem ter notado evoluções nas suas atividades da vida diária (AVDs) com a prática da hidroginástica, assim como todos afirmaram que a hidroginástica auxilia na socialização por ser uma atividade realizada em grupo. No Quadro 2 encontramos os fatores motivacionais evidenciados pelos idosos para a prática da hidroginástica.

 

DISCUSSÃO e CONCLUSÕES

O resultado obtido de 56,7% dos indivíduos em iniciarem a prática de hidroginástica devido ordens médicas pode ser avaliada segundo Cerri e Simões (2007), devido a fácil adaptação dessa modalidade para as pessoas da terceira idade a ponto de ser indicada. A hidroginástica vem sendo muito recomendada para pessoas com dores e limitações articulares, principalmente para o público idoso. Poyhonen et al. (2002) afirmam que, o exercício realizado na água minimiza o impacto nas articulações, além de proporcionar uma resistência ao movimento, ocasionando melhora da aptidão física em geral, onde a água é o único ambiente em que os exercícios possuem ações da gravidade diminuídas.

Passos et al. (2008) afirmam que, a hidroginástica oferece diversos benefícios expressivos para o desenvolvimento das atividades da vida diária. Corroborando com essa ideia Kuwano e Silveira (2002) asseguram que, a hidroginástica contribui na preservação da independência do idoso em relação às atividades da vida diária, onde os idosos notam as vantagens proporcionadas pelo exercício físico.

Segundo Rheinheimer (2010), a motivação é o fator fundamental na adesão e comprometimento do público da terceira idade quando se trata de atividade física. Os fatores motivacionais evidenciados podem ser classificados segundo Mazo, Meurer e Benedetti (2009) como de motivação intrínseca ou extrínseca, apresentando condutas autônomas com relação à prática de exercícios físicos. Para Freitas et al. (2007), aprender diversas e novas atividades concebem aspectos de importância para a aderência de pessoas idosas a um programa de atividade física, além de favorecerem o contato social e melhora da autoestima.

De acordo com Teixeira, Pereira e Rossi (2007) tal resultado pertinente a socialização, pode estar associada por ser uma modalidade com predomínio coletivo, proporcionando a interação entre os praticantes contribuindo desta forma para a socialização. Souza e Vendrusculo (2010) reiteram que, os idosos permanecem no programa de atividade física não somente pelos benefícios a saúde, mas também pelas oportunidades que a atividade física proporciona como desenvolvimento pessoal e a socialização.

A pesquisa verificou e identificou os fatores pelos quais pessoas idosas procuram a hidroginástica como forma de atividade física, apresentando a indicação médica como a principal razão que levam os idosos a buscarem a prática da modalidade. Observou-se também que a hidroginástica contribui para melhora das atividades da vida diária dos praticantes. Notou-se ainda que, todos os participantes mantêm-se motivados para a prática da atividade, expondo como principal razão que os motivam, o fato da prática ser realizada em grupo. Por fim foi observado que, a hidroginástica auxilia na socialização e na formação de amizade ente os idosos.

 

REFERÊNCIAS

Cerri, A. S., & Simões, R. (2007). Hidroginástica e Idosos: por que eles praticam? Revista Movimento, 13(1), 81-92.         [ Links ]

Cheik, N. C., Reis, I. T., Heredia, R. A. G., Ventura, M. L., Tufik, S., Antunes, H. K. M., & Mello, M. T. (2003). Efeitos do exercício físico e da atividade física na depressão e ansiedade em indivíduos idosos. Revista Brasileira Ciência e Movimento, 11(3), 45-52.         [ Links ]

Farinatti, P. T. V. (2008). Envelhecimento, promoção da saúde e exercício. Manole, São Paulo.

Freitas, C. M. S. M., Santiago, M. S, Viana, A. T., Leão, A. C., & Freyre, C. (2007). Aspectos motivacionais que influenciam a adesão e manutenção de idosos a programas de exercícios físicos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, 9(1), 92-100.         [ Links ]

Kuwano, V. G., & Silveira, A. M. (2002). A influência da atividade física sistematizada na autopercepção do idoso em relação às atividades da vida diária. Revista da Educação Física/UEM, 13(2), 35-39.         [ Links ]

Mazo, G. Z., Meurer, S. T., & Benedetti, T. R. B. (2009). Motivação de idosos para a adesão a um programa de exercícios físicos. Psicologia para América Latina, 18. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-350X2009000200005&lng=pt&tlng=pt.         [ Links ]

Passos, B. M. A., Souza, L. H. R., Silva, F. M., Lima, R. M., & Oliveira, R. J. (2008). Contribuições da hidroginástica nas atividades da vida diária e na flexibilidade de mulheres idosas. Revista da Educação Física, 19(1), 71-76.         [ Links ]

Paula, K. C., & Paula, D. C. (1998). Hidroginástica na terceira idade. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 4(1), 24-27.         [ Links ]

Pedrinelli, A., Garcez-Leme, L. E., & Nobre, R. S. A. (2009). O efeito da atividade física no aparelho locomotor do idoso. Revista Brasileira de Ortopedia, 44(2), 96-101.         [ Links ]

Poyhonen, T., Sipilã, S., Keskinen, K. L., Hautala, A., Savolainen, J., & Malkia, E. (2002). Effects of aquatic resistance training on neuromuscular performance in healthy women. Journal Medicine & Science in Sports & Exercise, 34(12), 2103-2109.         [ Links ]

Rheinheimer, M. (2010). A motivação de idosos à prática de atividades físicas (Monografia do Curso de Graduação em Educação Física). Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Shephard, R. J. (2003). Envelhecimento, atividade física e saúde. Editora Phorte, São Paulo.

Souza, D. L., & Vendrusculo, R. (2010). Fatores determinantes para a continuidade da participação de idosos em programas de atividade física: A experiência dos participantes do projeto “Sem Fronteiras”. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 24(1), 95-105.         [ Links ]

Teixeira, C. S., Pereira, E. F., & Rossi, A. G. (2007). A hidroginástica como meio para manutenção da qualidade de vida e saúde do idoso. Revista Acta Fisiátrica, 14(4), 226-232.         [ Links ]

 

Agradecimentos:
Nada a declarar
Conflito de Interesses:

Nada a declarar.
Financiamento:
Nada a declarar

 

 

Correspondência para: Centro Universitário Estácio do Ceará. Rua Eliseu Uchoa Beco, 600, Água Fria. CEP: 60810-270, Fortaleza, CE, Brasil. E-mail: prodamypn@hotmail.com

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