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Motricidade

Print version ISSN 1646-107X

Motri. vol.5 no.4 Vila Real Dec. 2009

 

Balanço do ano editorial

 

Com o presente número completamos o primeiro ano de gestão editorial da Revista Motricidade. Assim, julgamos ser da maior relevância destacar alguns aspectos que permitem reforçar a nossa confiança na consolidação e no acentuar da melhoria na qualidade científica e técnica. Para este efeito, iniciaremos por descrever, de forma breve, a avaliação que a Scielo-Portugal fez da nossa revista aquando da apresentação do seu relatório de actividades. Seguidamente, apresentaremos um conjunto de reflexões sobre o que aprendemos ao longo deste ano.

No final do ano de 2009, em Lisboa, teve lugar uma reunião com os 27 editores das revistas científicas que integram a Scielo-Portugal. Esta foi uma reunião rica em conteúdos, na medida em que tornou possível aos participantes ficarem mais atentos aos múltiplos aspectos que, gradualmente, transformam o processo de edição de revistas científicas num mercado, tal como qualquer outro. Tenhamos por referência o crescimento da Scielo e como esta base, cada vez mais, se constitui como fonte de indexação de referência internacional e como a sua intervenção possibilita e reforça o uso da língua portuguesa na produção e divulgação do conhecimento científico. Neste aspecto a Scielo constitui-se como um resistente ao processo de colonização intelectual, incentivado por aqueles que, talvez por ignorância, continuam a promover a divulgação do conhecimento produzido através dos produtos comercializados por empresas multinacionais e de língua inglesa.

No que se refere aos dados do relatório constatámos que a Scielo-Portugal, no seu todo, foi consultada mais de 5 milhões de vezes. Já a Revista Motricidade apresentou um crescimento expressivo, como o identificam os números: o total de consultas em 2008 foi de 15 612, mas em 2009, no ano a partir do qual a nossa gestão passou a ter efeito, o total de visitas incrementou exponencialmente para 122 612. Importa esclarecer que estas são visitas contabilizadas apenas pela Scielo e que não inclui as que foram feitas directamente ao website da Motricidade e que totalizaram 17 824 downloads. Assim, no ano que agora termina excedemos as 140 436 visitas, uma vez que do relatório da Scielo não constaram os dados relativos às visitas dos meses de Abril e Setembro, por falha no sistema.

Para além destes números, que consideramos encorajadores, há ainda a salientar o crescimento nas submissões de artigos e neste foi possível destacar a preferência de alguns dos investigadores de maior renome na comunidade científica Lusófona em publicar na Motricidade. Infelizmente, com este aumento de pedidos de publicação, também o número de rejeições aumentou. Presentemente, cerca de 60% dos artigos submetidos são rejeitados logo na primeira apreciação editorial, e isto não necessariamente por falta de qualidade dos conteúdos, mas mais pela forma pobre, e por vezes descuidada, como os autores optam por escrever os seus trabalhos. Do balanço que fazemos, parece-nos ser importante destacar três aspectos:

(i) Dado o volume de manuscritos submetidos não é viável manter equipas editoriais reduzidas, a trabalhar a custo zero e, ao mesmo tempo, manter a periodicidade da publicação regularizada. O volume de trabalho é grande e a dedicação às tarefas tem um custo elevado para os membros da equipa editorial, nomeadamente no que se refere à progressão nas suas carreiras académicas, pois falta-lhes o tempo necessário para se dedicarem aos seus próprios projectos de investigação. 

(ii) Por outro lado, há que considerar que o processo de revisão entre pares se alicerça no princípio da solidariedade, ou seja, ninguém é pago para rever trabalhos e dar pareceres. Uma das consequências deste facto é que nem todos dedicam a atenção e o cuidado necessário para garantir qualidade às revisões que fazem. Isto é algo que requer ser revisto, na nossa opinião com alguma urgência, e assim procuraremos agir.

(iii) Tendo em consideração a qualidade dos manuscritos submetidos, torna-se evidente a necessidade das instituições de ensino superior repensarem a importância que, efectivamente, pretendem dar à investigação científica. Caso a pesquisa científica seja tida como importante, somos da opinião que devem ser integradas unidades curriculares (disciplinas) nos cursos de graduação e pós-graduação que visem ensinar os discentes a organizar, formatar e escrever trabalhos científicos.

Na realidade ninguém nasce ensinado. Isto, quando aplicado ao processo de produtividade científica é, aproximadamente, o mesmo que aceitar que os formandos lendo artigos aprenderão como os escrever. Mas, infelizmente, não é assim que a aprendizagem se faz, mais ainda quando os próprios professores nunca aprenderam a escrever trabalhos científicos e, por esta razão, no seu todo, acabam sendo inconsistentes na tolerância aos erros cometidos pelos alunos quando lhes submetem manuscritos com falhas tanto no que se refere à estrutura dos trabalhos como aos detalhes de formatação que devem ser aplicados. Esta é uma situação que resulta de, entre outros aspectos, uma mensagem que os professores por vezes tentam fazer passar afirmando que o importante é o que se diz e não a forma como se diz. Esta é uma prática que poderá funcionar na sobrevivência académica dos alunos ao longo da sua formação, mas que não é compatível com critérios editoriais que se pautem pelo rigor e qualidade de conteúdo científico dos manuscritos. Importa tornar claro que é da maior importância a forma como se apresentam os resultados obtidos na pesquisa, para aumentar as probabilidades de publicar em revistas de qualidade.  

Quando assumimos responsabilidade editorial era nosso desejo ter uma intervenção de carácter pedagógico proporcionando o apoio necessário aos que nos honravam enviando os seus trabalhos para serem publicados na Motricidade. A prática demonstrou que os nossos esforços eram inglórios, daí a sugestão feita para que seja dada formação sobre estas matérias ao nível do ensino superior.

Face às exigências que se impõem, para o ano de 2010, novas regras serão aplicadas. Para os que connosco colaboram no processo de manutenção e melhoria da qualidade terão de existir formas de compensação e aos que nos escolhem para publicar os seus trabalhos será solicitado apoio explícito para tornar possível este nosso humilde contributo para o reforço da divulgação do conhecimento científico em língua portuguesa.

Para além disto, e estando a Revista Motricidade atenta ao constante renovar da comunidade científica nas áreas das ciências do Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano, constitui um dos propósitos deste periódico formular um convite, aberto aos cientistas e demais interessados, a integrarem o corpo de revisores/referees da nossa revista, desde que evidenciem alguma experiência de investigação e/ou produtividade científica.

 

José Vasconcelos-Raposo, Helder Miguel Fernandes, Daniel Almeida Marinho e Carla Maria Teixeira

Editores da Revista Motricidade

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