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Motricidade

versión impresa ISSN 1646-107X

Motri. v.3 n.2 Santa Maria da Feira abr. 2007

 

Zonas alvo de treino em diferentes ergómetros

 

César Chaves, Rui Garganta, Jorge Roig

 

IPVC, ESE, departamento de Motricidade Humana

Viana do Castelo, Minho, Portugal.

E-mail: cesarchaves@ese.ipvc.pt

 

Introdução: O exercício cardiovascular tem-se constituído como um dos meios fundamentais para a promoção da saúde e bem-estar das populações. As possibilidades para a sua aplicação são cada vez mais variadas, sobretudo nos ginásios, onde é usual o recurso a diversos tipos de ergómetros, seja na sala de cardiofitness ou nas aulas de grupo de cariz aeróbio. Neste sentido, uma ajuda fundamental é facultada pelos programas de treino, que, actualmente, permitem considerar os objectivos e as limitações de cada indivíduo, potenciando os benefícios do exercício e minimizando o tempo necessário para o alcance dos mesmos. Consequentemente, têm sido desenvolvidas a nível global, diversas linhas orientadoras para a realização da actividade física aeróbia. Instituições de referência, como o American College of Sports Medicine (ACSM), a American Heart Association (AHA), o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o Department of Human and Health Services (DHHS), o Institute of Medicine (IOM), o National Association for Sport and Physical Education (NASPE), o National Institutes of Health (NIH), o Surgeon General e o United States Dietary Guidelines (USDG), entre muitas outras, propõem várias directrizes, algumas das quais tendo inclusivamente em conta diferentes populações e patologias tentando, desta forma, personalizar e potenciar cada vez os programa de exercícios. De uma forma geral, estas instituições sugerem a exercitação numa dada percentagem de um valor de referência (frequência cardíaca máxima – FCmáx e/ou consumo máximo de oxigénio – VO2máx), variável em função do objectivo pretendido. Estes intervalos percentuais, vulgarmente designados por “zonas alvo de treino”, são ainda baseados em função do limiar de lactato ou ventilatório. Todavia, esta estimativa é efectuada de forma indiferenciada, não contemplando as contingências específicas de cada ergómetro ou modo de exercício, que se sabe serem capazes de condicionar o comportamento das respostas fisiológicas e, assim, não corresponder aos objectivos de quem o pratica.

Objectivo: identificar e comparar os valores da FCmáx, do VO2máx e do limiar ventilatório (LV), em quatro ergómetros utilizados para o treino cardiovascular.

Metodologia: a amostra é constituída por 6 sujeitos adultos com idades médias de 30 ± 8 anos, fisicamente activos e aparentemente saudáveis. Todos os sujeitos realizaram testes de esforço máximo em condições estandardizadas, nos ergómetros testados (tapete rolante “Stex”, modelo “7020 T”; bicicleta “SciFit”, modelo “Iso 1000”; elíptica “Pulse”, modelo “280 F”; manivela “SciFit”, modelo “Pro 1000”), não sendo especializados em nenhum deles. A duração de todos os testes foi definida em 10 minutos e a sua maximalidade confirmou-se pela constatação de um platô na curva do consumo de oxigénio, um quociente respiratório superior a 1,10, percepção subjectiva máxima de esforço através da escala de Borg adaptada e concentração de lactato sanguíneo pós-esforço superior a 8 mmol/l. As variáveis em análise foram a frequência cardíaca máxima (FCmáx), a frequência cardíaca ao limiar ventilatório (FCLim), (com recurso a um cárdio-frequencímetro da marca “Polar”), o consumo máximo de oxigénio (VO2máx) e o consumo de oxigénio ao limiar ventilatório (VO2Lim), (através do oxímetro “Cortex”, modelo “2000”, com registos de respiração a respiração). A análise das diferenças entre os indicadores avaliados, foi efectuada a partir da ANOVA (Analysis of Variance) de medidas repetidas, recorrendo ao teste multivariado com a sugestão de Lambda de Wilks. No caso de se registarem diferenças com significado estatístico, as múltiplas comparações foram realizadas através do “teste de Bonferroni”. O nível de significância foi mantido em 0,05.

Resultados: obtidos sugerem que: a) de uma forma geral, os valores alcançados nas variáveis em análise, nos diferentes ergómetros, são substantivamente distintos (quadros 1 e 2). Os mais elevados são geralmente obtidos no tapete rolante, seguido da elíptica, do ciclo-ergómetro e, por último, da manivela. É possível detectar diferenças com significado estatístico entre o tapete e todos os ergómetros e entre a elíptica e a manivela (quanto à FCmáx e à FCLim), entre manivela e todos os ergómetros (VO2máx) e entre a manivela e o tapete e elíptica, e entre tapete e bicicleta (VO2Lim).

 

Quadro 1: Comparação das FCmáxE (frequências cardíacas máximas de esforço), com as FCmáxT (frequências cardíacas máximas teóricas – através da fórmula “220-idade”) obtidas por cada indivíduo em cada ergómetro e a diferença entre as duas (dif.).

 

Tapete

Elíptica

Bicicleta

Manivela

FCmáxE

FCmáxT

|dif.|

FCmáxE

FCmáxT

|dif.|

FCmáxE

FCmáxT

|dif.|

FCmáxE

FCmáxT

|dif.|

a

189

197

|8|

183

197

|14|

178

197

|19|

170

197

|27|

b

192

176

|16|

180

176

|4|

185

176

|9|

173

176

|3|

c

191

188

|3|

180

188

|8|

180

188

|8|

159

188

|29|

d

194

188

|6|

191

188

|3|

185

188

|3|

182

188

|6|

e

193

197

|4|

187

197

|10|

171

197

|26|

180

197

|17|

f

211

194

|17|

204

194

|10|

188

194

|6|

194

194

|0|

 

 Quadro 2: Resumo dos resultados encontrados das diferentes variáveis para cada ergómetro.

 

FCmáx

FCLim

VO2máx

VO2Lim

Tapete

195

184

52

48

Elíptica

188

165

52

42

Bicicleta

181

161

46

37

Manivela

176

151

39

29

 

b) A utilização de fórmulas teóricas (neste caso “220-idade”) para a predição da FCmáx deve ser evitada, dado o seu erro significativo em relação à FCmáxE (quadro 1). Pelos pontos anteriores se conclui que as zonas alvo de treino deverão ser necessariamente distintas, para cada ergómetro, ainda que o objectivo se mantenha o mesmo.

Sugestões: para a aplicação dos resultados obtidos (com base na FC): Para uma correcta prescrição do exercício em diferentes ergómetros, sugerimos que: 1) se determine as FCmáx alcançadas em cada ergómetro, ou apenas num deles, sendo as outras extrapoladas através da consulta do quadro 3; e 2) se determine a percentagem da FCmáx a que ocorre o LV em cada ergómetro, pela consulta do quadro 4.

 

 Quadro 3: Estimativa da correspondência entre as frequências cardíacas máximas obtidas nos vários ergómetros.

 

Elíptica

Bicicleta

Manivela

Tapete

96%

93%

90%

Elíptica

 

96%

94%

Bicicleta

 

 

97%

 

 Quadro 4: Percentagem da frequência cardíaca máxima a que ocorre o limiar ventilatório em cada ergómetro (PerFCmáx).

 

PerFCmáx

Tapete

94

Elíptica

88

Bicicleta

89

Manivela

86

 

Conclusões: As recomendações para a prescrição do exercício e respectivas zonas alvo de treino, deverão considerar cada ergómetro ou modo de exercício, atendendo a que as FCmáx e/ou o VO2máx e o momento de ocorrência do LV são distintos entre a maioria dos ergómetros, condicionando a efectividade do treino.

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