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Relações Internacionais (R:I)

versão impressa ISSN 1645-9199

Relações Internacionais  no.60 Lisboa dez. 2018

https://doi.org/10.23906/ri2018.60a04 

A ORDEM INTERNACIONAL PÓS-AMERICANA

 

A Turquia e a luta pela relevância num mundo «pós-americano»

Turkey and the struggle for relevance in a «post-American» world

 

Laura Bastos

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra | Av. Dr. Dias da Silva 165, Coimbra | laurabastos4@gmail.com

 

RESUMO

A Primavera Árabe arrasou com a retórica promovida por Ancara de que a Turquia seria um ator central no Médio Oriente – um modelo democrático, capaz de contribuir para a paz na região. Nos anos que se seguiram, a política externa do país caracterizou-se pela falta de uma linha orientadora e pela resposta de curto prazo aos desenvolvimentos no Médio Oriente. Atualmente, sob a presidência de Recep Tayyip Erdogan, a Turquia tenta restabelecer-se, abandonando o idealismo da política externa de Davutoglu. Nesse sentido, Ancara aposta na aliança estratégica com diversos atores, como a Rússia, mas não abandona as tradicionais alianças com os Estados Unidos ou com a União Europeia.

Palavras-chave: Turquia, política externa, Rússia, Estados Unidos.

 

ABSTRACT

The Arab Spring shattered Ankara’s discourse that presented Turkey as a key actor in the Middle East and a democratic model that would contribute for peace in the region. In the following years, Turkish foreign policy was defined by a lack of a clear guideline and for short term responses to the events in the Middle East. Currently, under the presidency of Recep Tayyip Erdogan, Turkey is trying to reestablish itself, leaving behind the idealism of Davutoglu’s foreign policy. Ankara focuses now on strengthening strategic alliances with several actors, namely with Russia, but Turkey doesn’t abandon the alliances with the United States or the European Union.

Keywords: Turkey, foreign policy, Russia, United States of America.

 

«Antes que seja tarde demais, Washington precisa de abandonar a ideia errada de que a nossa relação pode ser assimétrica e aceitar que a Turquia tem alternativas. A não reversão desta posição de unilateralismo e desrespeito vai obrigar-nos a procurar novos amigos e aliados»1. Estas palavras, escritas pelo Presidente da República da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, num artigo de opinião publicado pelo jornal The New York Times em agosto de 2018, demonstram que Ancara não considera a aliança com os Estados Unidos como a única forma de garantir a sua segurança. A liderança turca parece estar convencida de que o mundo assiste à emergência de uma nova ordem internacional, na qual os Estados Unidos perderam o seu lugar central e dividem agora o pódio com outras potências2. A perda da hegemonia americana e a emergência de um mundo «pós-americano»3 é também na verdade um tema debatido nas relações internacionais4.

Sendo assim, Ancara tenta agora assegurar a sua posição ao estabelecer alianças estratégicas não só com os Estados Unidos5, mas também com a Rússia6, o Irão (sobretudo no que respeita à Guerra da Síria)7 ou mesmo com a China8. Para isso, e depois do colapso da política externa desenhada por Ahmet Davutoglu – que apostava na capacidade da Turquia em ser um modelo democrático para o Médio Oriente –, Ancara volta-se de novo para uma política externa assente no seu hard power9, ou seja, na sua capacidade de coagir10 através da força militar. Erdogan quer incrementar a competência militar da Turquia, não só para aumentar a capacidade de resposta do país a ameaças exteriores mas também para assegurar o seu lugar como ator influente no Médio Oriente11.

É sobre este reposicionamento da Turquia que este artigo se debruça, analisando em primeiro lugar o fim do idealismo de Davutoglu na política externa e os desenvolvimentos políticos internos que o acompanharam, como o crescente nacionalismo no discurso de Erdogan. Em seguida, é colocada sob escrutínio a crescente aliança da Turquia com a Rússia, o Irão ou a China, tendo em conta a tentativa de Ancara em aliar-se a novos centros de poder numa nova ordem global. Por fim, este artigo reflete sobre as implicações destes desenvolvimentos para as relações da Turquia com os Estados Unidos, a nato e a União Europeia (UE).

 

A «ERA PÓS-DAVUTOGLU»

De acordo com Fuat E. Keyman12, o afastamento de Ahmet Davutoglu do cargo de primeiro-ministro, em 2016, marca o fim definitivo de uma era na política externa da Turquia. Davutoglu foi o autor do conceito de «Profundidade Estratégica», que influenciou decisivamente a política externa do Governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP13, na sigla turca). Segundo Davutoglu, a Turquia teria o potencial para ser um ator central na região, não apenas uma ponte entre o Ocidente e o Oriente mas um centro com relações de cooperação com todos os países vizinhos14. Daí que, nos primeiros mandatos do Governo do AKP, Ancara tenha tentado reatar relações com a Grécia, a Síria ou até a Arménia, e estabelecer laços positivos com a UE, a Rússia, os Balcãs, a Ásia Central e o Médio Oriente.

A Turquia tentou ainda enaltecer o seu papel nas relações internacionais, ao apresentar-se como um país capaz de promover a paz global. Tendo em conta as suas características geográficas e históricas, a Turquia teria uma ligação única aos países à sua volta, países esses cruciais para determinar o futuro das relações internacionais15. Neste sentido, a Turquia participou em várias tentativas de mediação de conflitos, como, por exemplo, ao unir-se com o Brasil para tentar resolver a questão do Irão e da energia nuclear16.

Apesar disso, estas aspirações foram derrotadas com os acontecimentos da Primavera Árabe com os quais se tornou claro que Ancara não tinha qualquer poder de influência para garantir a paz na região. A Turquia perdeu aliados, como o Presidente egípcio Morsi ou o emir do Qatar, Al Thani, ao mesmo tempo que os seus inimigos, como o regime militar no Egito ou Assad na Síria, permanecem no poder. Além disso, o poder de mediação de Ancara foi posto em causa à medida que o Irão e a Arábia Saudita começaram a competir pelo controlo da região17.

O maior exemplo da incapacidade de Ancara na mediação de conflitos na região foi sem dúvida o caso sírio. Ancara tentou convencer Damasco a reformar o regime mas em vão, passando a apoiar a sua oposição18. Esta posição fez com que a Turquia estivesse em lados opostos da Rússia e do Irão, o que veio complicar as relações com ambos. Na verdade, a intervenção da Rússia e do Irão na Síria, a posição incerta da Administração norte-americana, a competição entre o Irão e a Arábia Saudita, o apoio turco à Irmandade Muçulmana e consequente antagonismo com os países do Golfo, fez com que a Turquia se encontrasse «num confronto de múltiplas frentes contra interesses curdos, russos, iranianos, ocidentais e árabes, além de conflitos de longa duração com Israel, Iraque, Arménia e Grécia na sua vizinhança»19 20.

A par dos acontecimentos além-fronteiras, foram vários os eventos que conturbaram a política interna do país. À repressão violenta dos protestos do Parque Taksim Gezi em 2013, seguem-se escândalos de corrupção envolvendo o Governo, o crescente autoritarismo do AKP e de Erdogan21, atentados terroristas, o colapso das negociações de paz com o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) e o reacender do conflito curdo, a tentativa de golpe de Estado de julho de 2016 e, finalmente, a transformação do sistema político turco de parlamentar para presidencial.

Os problemas internos fizeram com que as respostas na política externa, no período depois da Primavera Árabe, se tenham caracterizado pela sua natureza ad hoc22 e de curto prazo, ao mesmo tempo que as decisões na política externa se tornaram mais pessoais e, também por isso, mais dependentes da política interna23. Erdogan tomou conta da política externa, estabelecendo ligações pessoais com outros líderes políticos, incluindo visitas e chamadas telefónicas regulares, e estabelecendo uma ligação direta entre a sua agenda de política interna e as decisões que tomou na política externa24. De acordo com Bülent Aras25, «o seu discurso nacionalista-conservador em casa determinou o tom das relações exteriores, e na tentativa de vitórias na política externa, tornou-se mais fácil manter relações com líderes iliberais e mais complicado manter relações estáveis e sustentáveis com países ocidentais»26.

As relações difíceis com os Estados Unidos ou a UE são de facto acompanhadas pelo discurso nacionalista, anti-Ocidente e antiamericano do Governo do AKP e de Erdogan27, consolidado após a tentativa de golpe de Estado em julho de 2016, que Ancara acredita ter sido planeada pelo Movimento Gülen (inspirado em Fethullah Gülen, anterior aliado de Erdogan). A não condenação imediata da tentativa de golpe de Estado por parte dos países ocidentais fez com que a ideia de falta de compaixão do Ocidente com o povo turco apenas se agravasse, deixando o Ocidente e a Europa, face à população turca, sem autoridade moral para condenar a purga política que se seguiu28. Esta purga incluiu não só membros do Movimento Gülen, mas também jornalistas ou académicos que se opunham ao partido no poder29. Além disso, o Governo do AKP tentou ligar o PKK ao Movimento Gülen30, juntando assim os dois inimigos do Estado turco.

A aproximação à ala nacionalista do AKP foi impulsionada pelas eleições em junho de 2015, nas quais o partido perdeu a maioria absoluta. Nesta altura, o AKP perdeu o voto dos curdos, que apoiaram o Partido Democrático dos Povos31 (HDP, na sigla turca), e o voto ultranacionalista, descontentes com a forma como o AKP lidava com o conflito curdo32. Erdogan voltou-se para o voto nacionalista e prometeu acabar com a ameaça separatista curda, aproveitando o retorno do conflito depois de dois anos de cessar-fogo33. Desta feita, o discurso nacionalista de Erdogan e do AKP é hoje uma realidade e o sucesso do partido assenta «numa perspetiva conservadora-nacionalista que se alimenta de sentimentos nacionalistas e nacionalistas turcos e olha para o Presidente Erdogan como o líder natural do partido e da nação»34 35 .

Apesar de Erdogan ser já o líder do Governo de facto, a mudança no sistema político turco de parlamentar para presidencial, depois de um referendo em abril de 2017, onde 51 por cento da população esteve a favor desta mudança36, formalizou a transferência de poderes para as mãos deste líder, resultando também numa transformação das instituições políticas no que se refere à política externa. Na chegada ao poder, Erdogan tomou uma série de medidas que exacerbaram o poder da presidência neste domínio.

Em primeiro lugar, Erdogan anulou a legislação que decretava os deveres e a autoridade do chefe das Forças Armadas que passam agora a estar sob a alçada do Ministério da Defesa37. Além disso, o Presidente aboliu o Conselho Supremo Militar, que determinava as promoções na carreira militar, que estarão agora sob o escrutínio de Erdogan. Por último, Erdogan determinou o fim do Conselho de Segurança Nacional, muitas vezes criticado por ser o instrumento com o qual as Forças Armadas detinham poder sobre o Governo38. As alterações no sistema militar vêm modificar o que já vinha a ser uma realidade na Turquia: o fim do poder militar sobre o sistema político.

Ao assumir a presidência, Erdogan propõe-se a abandonar o idealismo na política externa e a retornar a uma política baseada no realismo39. Erdogan parece também ter restringido as respostas emotivas na política externa turca, evidentes em casos como a insistência na oposição a Assad, a Netanyahu ou a Putin, nomeadamente por ocasião do ataque a um avião de combate russo em novembro de 201540. A aposta no hard power é também reconhecível na recente incursão militar turca na Síria, em Afrin e Idlib. Apesar disso, a construção da Turquia como país pacífico e humanitário continua presente na questão do acolhimento dos refugiados sírios no território turco. De acordo com Fuat E. Keyman41, a política externa da Turquia reflete hoje um «realismo moral»42, referindo o apoio aos refugiados como prova da sua posição humanitária. O apoio aos refugiados sírios é também referido por Bülent Aras43, ao sublinhar que a ajuda humanitária continua a ser um dos pontos mais fortes da política turca, sendo que organizações turcas estiveram também envolvidas em crises humanitárias fora do país, como na Somália ou em Myanmar. O próprio Erdogan continua a reafirmar que a Turquia é um parceiro importante na resolução de conflitos internacionais, como a Síria ou o Iraque, tal como afirmou na sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 201844.

 

NOVOS ALIADOS

Pouco depois da publicação do artigo de opinião de Erdogan no The New York Times, onde este desafiou a aliança com os Estados Unidos, ameaçando com a procura de alternativas e novos aliados, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo realiza uma visita oficial à Turquia, onde se encontrou com o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Çavusoglu, para discutir o futuro da Síria. Esta visita reiterou a aproximação entre Ancara e Moscovo, uma vontade já expressa anteriormente por Erdogan45.

A boa relação sustentada por Ancara e Moscovo na primeira década do século XXI foi abalada pela posição que ambos assumiram relativamente à guerra na Síria: Erdogan estava contra Assad e Putin a seu favor. Esta disputa teve o seu culminar com o abate de um avião militar russo pelas forças turcas, referido anteriormente. Este incidente fez com que Moscovo impusesse sanções económicas à Turquia, além de lançar uma propaganda anti-Erdogan46. Depois disso, Erdogan apresentou as suas desculpas a Putin e o primeiro-ministro de então, Binali Yildirim, iniciou, em junho de 2016, um processo de normalização das relações com a Rússia47. Um mês depois, Putin condenou prontamente a tentativa de golpe de Estado na Turquia, ao contrário dos Estados Unidos ou da UE48.

Mais tarde, a aproximação de Ancara a Moscovo foi impulsionada pela necessidade da Turquia em combater o seu isolamento no Médio Oriente49. Sem o apoio firme dos Estados Unidos (que, pelo contrário, passaram a apoiar as forças curdas), a crescente rivalidade entre poderes sunitas e xiitas (Arábia Saudita e Irão) e o antagonismo com os países do Golfo e o Egito, a Turquia encontrava-se sem alternativas na região50. É hoje claro que a Turquia e a Rússia se aliaram para resolver o conflito sírio. Juntamente com o Irão, os dois países estabeleceram o processo de Astana em janeiro de 2017 cujo objetivo seria acabar com o conflito na Síria51. Mais recentemente, a Turquia e a Rússia discutiram o destino de Idlib e concordaram em construir uma zona desmilitarizada entre as forças de Assad e os rebeldes antirregime por forma a proteger a população52.

A tentativa de resolver o conflito sírio aproximou também a Turquia do Irão, apesar de ambos terem estado em lados opostos no início do conflito, devido ao apoio turco às forças da oposição. Atualmente, os interesses turcos e iranianos convergem na luta contra a influência das Forças Democráticas Sírias, que Ancara considera terem ligações ao PKK. Por sua vez, o Irão quer afastar os Estados Unidos da região, o que significa também um enfoque no território controlado pelas Forças Democráticas Sírias53.

O Presidente turco desafiou também a posição de Washington quando, após o Presidente Trump ter imposto tarifas à importação do aço turco, o que provocou mais uma crise na lira turca, disse que a Turquia tinha tido importantes progressos económicos na relação com a Rússia, o Irão, a China e alguns países europeus54. No mesmo sentido, Erdogan apelou aos líderes dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para que a Turquia se juntasse à organização durante a cimeira do grupo em julho de 2018 em Joanesburgo55, enquanto há muito anunciou uma eventual participação da Turquia na Organização de Cooperação de Xangai56. Ancara e Pequim afirmaram também que estão dispostos a cooperar no setor da segurança e da defesa57.

Apesar destes sinais, a total viragem da Turquia para os seus novos aliados não é certa58. Ancara tem laços económicos e geopolíticos com os seus parceiros ocidentais que fazem com que Erdogan não esteja disposto a tomar medidas drásticas contra estes59. Além disso, não é garantido que os eventuais novos aliados da Turquia conseguirão substituir os laços económicos com a UE, por exemplo, ou que os seus interesses irão convergir, como no caso dos interesses russos no Médio Oriente60.

 

ANCARA E WASHINGTON

A relação entre Ancara e Washington nem sempre foi fácil. Mesmo durante a Guerra Fria, quando a Turquia se tornou um aliado dos países ocidentais, os dois países entraram em desacordo, nomeadamente quanto à invasão do Norte de Chipre pelas forças turcas. Além disso, a Turquia desafiou os Estados Unidos, quando, em 2003, o Parlamento não permitiu que as bases e portos militares turcos fossem utilizados pelas tropas americanas durante a invasão do Iraque61.

Recentemente, uma série de eventos voltou a pôr em risco a aliança. Em primeiro lugar, depois da tentativa de golpe de Estado de 2016, Ancara exige a extradição de Fethullah Gülen, acusado de ser responsável pelo ataque, dos Estados Unidos, mas Washington tem-se recusado62. Além disso, o caso de Reza Zarrab continua a ser um ponto de tensão entre os dois países. Reza Zarrab é um negociante turco-iraniano que foi acusado pelas autoridades norte-americanas de violar as sanções americanas ao Irão. Disto foi também acusado Hakan Atilla, responsável no banco estatal Halkbank, que Ancara exige agora que seja libertado63.

Finalmente, o caso do pastor americano Brunson, detido na Turquia e acusado de cooperar com o Movimento Gülen e o PKK (como referimos anteriormente, acusações de cooperação com o movimento e com a organização curda acabaram por se fundir no pós-golpe de Estado), tem dificultado ainda mais as relações entre Washington e Ancara. Brunson foi finalmente libertado em outubro, depois de dois anos na prisão64. No entanto, o caso provocou a retaliação de Washington, sendo que Trump ordenou a imposição de tarifas à Turquia65. A imposição de tarifas ao aço vindo da Turquia pela Administração Trump pôs o país numa situação económica bastante precária, o que inadvertidamente acabou por provocar uma reaproximação de Ancara aos líderes europeus que disponibilizaram ajuda financeira.

No meio desta tensão entre os dois países, Ancara parece acreditar que a Administração norte-americana acabará por ceder, uma vez que julga também que a Turquia irá desempenhar um papel de relevância no futuro das relações internacionais66. Sendo assim, a liderança turca não pretende abandonar a aliança com Washington, mas também não quer continuar numa relação que considera assimétrica. Por sua vez, Washington decidiu assumir uma posição firme em relação a Erdogan e tenta demonstrar que Ancara terá de sofrer consequências pela detenção de cidadãos norte-americanos, pela compra de armamento russo, e por ignorar as sanções dos Estados Unidos ao Irão67.

Na segunda metade de 2018, ocorre ainda um outro evento que envolve Washington e Ancara: a morte do jornalista Jamal Khashoggi no consulado da Arábia Saudita em Istambul. Erdogan utilizou esta oportunidade para enaltecer o seu papel nas relações internacionais e não deixou de referir o caso até que a Arábia Saudita foi forçada a admitir que o jornalista tinha sido morto68. Ancara chegou mesmo a acusar Washington de querer evitar o confronto com a Arábia Saudita neste caso, sendo que Numan Kurtulmus, secretário-geral adjunto do AKP, apelidou a reação de Trump de «cómica»69, uma vez que o Presidente americano apenas declarou que o príncipe saudita talvez soubesse ou não do assassinato, mas não dando importância ao caso e reiterando a ligação dos Estados Unidos à Arábia Saudita70.

Em questão está ainda o papel da Turquia na nato, sobretudo depois de Ancara insistir em obter o sistema de mísseis S-400 à Rússia, incompatível com o da nato 71. A compra do armamento russo pode ser vista como uma tentativa de Ancara em proteger o seu próprio território, uma vez que a liderança turca não sente apoio por parte da nato para lidar com as ameaças securitárias decorrentes do conflito sírio72.

 

ANCARA E BRUXELAS

A ajuda financeira prestada pelos líderes europeus por ocasião da imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos foi um sinal positivo das relações entre a Turquia e a UE após anos de afastamento.

Depois de um período de avanço na integração europeia da Turquia, nos primeiros anos de mandato do AKP, entre 2002 e 2005, as negociações voltaram a um impasse, não só porque o Governo do AKP deixou de avançar com reformas necessárias para que isso acontecesse, mas também porque ambos os lados não chegaram a acordo em assuntos centrais, como a questão cipriota. Atualmente, Bruxelas admite que as negociações com a Turquia estão num impasse73 e o próprio Erdogan fala em referendo para decidir se a Turquia deve persistir na sua candidatura74.

A retórica contra a UE é incentivada pelo Presidente turco que, como referimos anteriormente, utiliza um discurso de tom nacionalista e enaltece a sua imagem como líder da nação contra as forças estrangeiras que querem impedir o seu sucesso75. Uma das referências mais emblemáticas do líder turco neste sentido é referir-se aos Estados Unidos e à Europa como «George» e «Hans» em tom de desafio76. No mesmo tom, Erdogan chegou mesmo a acusar alguns líderes europeus de «nazi» por terem cancelado comícios para o referendo de 2016 nos seus países77.

Apesar disso, tendo em conta o realismo que Erdogan sublinha na política externa que pretende seguir, o mesmo aplica à relação com a UE, e aparenta investir mais nas relações bilaterais com os mais importantes países europeus78. Tal como nas relações com Washington, a candidatura turca à UE parece estar por um fio, mas, no entanto, nenhuma das partes dá um passo definitivo nessa direção79.

Por sua vez, os países europeus parecem estar recetivos a manter uma relação de parceria com a Turquia em certas matérias, como os refugiados e as questões energéticas. Deste modo, a relação tornou-se agora mais negocial que assente em valores comuns80.

 

CONCLUSÃO

Se a Turquia parece hoje ter uma atitude desafiante face aos Estados Unidos e a instituições internacionais, como a nato ou a UE, é também em parte devido à posição inconsistente de Washington e de Bruxelas. Tendo em conta o apoio americano às forças curdas na Síria e a incapacidade de Ancara em influenciar os desenvolvimentos políticos no Médio Oriente a seu favor, a Turquia foi forçada a procurar novos aliados, como a Rússia e o Irão. Erdogan precisa de garantir a segurança da Turquia para cumprir as promessas com as quais conseguiu a transição para o sistema presidencialista81 e, para isso, irá apostar em alianças estratégicas que o possam assegurar.

Por outro lado, a falta de apoio dos Estados Unidos ou da UE, que apenas adia a questão da candidatura turca, alimenta o discurso nacionalista de Erdogan sobre o qual este tem consolidado o seu autoritarismo. No entanto, mesmo acreditando que o poder americano está em decréscimo, Ancara não desiste totalmente das relações com os seus parceiros ocidentais, uma vez que não tem garantias de que a parceria com a Rússia, o Irão ou a China seja totalmente sustentável.

 

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Data de receção: 30 de outubro de 2018 | Data de aprovação: 2 de dezembro de 2018

 

NOTAS

1 Tradução livre da autora. No original: «Before it is too late, Washington must give up the misguided notion that our relationship can be asymmetrical and come to terms with the fact that Turkey has alternatives. Failure to reverse this trend of unilateralism and disrespect will require us to start looking for new friends and allies». ERDOGAN, Recep T. – «Erdogan: how Turkey sees the crisis with the U.S.». In New York Times. 10 de agosto de 2018. (Consultado em: 6 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.nytimes.com/2018/08/10/opinion/turkey-erdogan-trump-crisis-sanctions.html.

2 DANFORTH, Nick – «Trump, Erdogan and the new global order». In New York Times. 30 de agosto de 2018. (Consultado em: 6 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.nytimes.com/2018/08/30/opinion/trump-erdogan-turkey-america-.html; ÇELIK, Ömer – «The future of Turkey-EU relations in a time of global uncertainty». In Turkish Policy Quaterly. Istambul. Vol. 17, N.º 1, 2018, pp. 15-25.

3 No original: «Post-American».

4 NYE, Joseph S. – «The twenty-first century will not be a “post-American” world». In International Studies Quarterly. Vol. 56, 2012, pp. 215-217.

5 KEYMAN, Fuat E. – «A new Turkish foreign policy: towards proactive “moral realism”». In Insight Turkey. Vol. 19, N.º 1, 2017, pp. 55-69.

6 ISSAEV, Leonid – «Is Turkey really looking for alternatives to the West?». Al Jazeera. 17 de agosto de 2018. (Consultado em: 26 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.aljazeera.com/indepth/opinion/turkey-alternatives-west-180817121235970.html

7 AHMADIAN, Hassan – «Will Iran, Turkey jointly confront US influence east of Euphrates?». Al-Monitor. 3 de outubro de 2018. (Consultado em: 26 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.al-monitor.com/pulse/originals/2018/10/iran-turkey-syria-pyd-sdf-us-presence-east-euphrates-idlib.print.html

8 GURCAN, Metin - Following deals with Russia, Turkey now expands military cooperation with China. (Consultado em: 26 de novembro de 2018). Disponível em: www.al-monitor.com/pulse/originals/2018/08/turkey-china-intensifying-defense-security-partnership.html.

9 KEYMAN, Fuat E. – «A new Turkish foreign policy».

10 NYE, Joseph S. – Soft Power. Nova York: Public Affairs, 2004.

11 IDIZ, Semih – «After Erdogan’s win, what’s next for Turkey’s foreign policy?». Al-Monitor. 3 de julho de 2018. Disponível em: https://www.al-monitor.com/pulse/originals/2018/07/turkey-what-will-happen-to-ties-with-west-in-new-system.html.

12 KEYMAN, Fuat E. – «A new Turkish foreign policy».

13 No original: «Adalet ve Kalkinma Partisi».

14 DAVUTOGLU, Ahmet – «Turkish foreign policy vision: an assessment of 2007». In Insight Turkey. Vol. 10, N.º 1, 2008, pp. 77-96.

15 ENTREVISTA a Ahmet Davutoglu. Cairo Review. Egito. 12 de março de 2012.

16 BARRIONUEVO, Alexei; ARSU, Sebnem – «Brazil and Turkey near nuclear deal with Iran». In New York Times. 16 de maio de 2010. (Consultado em: 24 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.nytimes.com/2010/05/17/world/middleeast/17iran.html.

17 KURU, Ahmet – «Turkey’s failed policy toward the Arab Spring: three levels of analysis». In Mediterranean Quarterly. Vol. 26, N.º 3, 2015, pp. 95-116.

18 KARDA¸s,¸saban – «Turkey and the Arab Spring: coming to terms with democracy promotion?». German Marshall Fund. 27 de outubro de 2011. Disponível em: http://www.gmfus.org/publications/turkey-and-arab-spring-coming-terms-democracy-promotion.

19 No original: «in immediate multi-frontal confrontation against Kurdish, Russian, Iranian, Western, and Arab interests as well as long-time accumulated conflicts with Israel, Iraq, Armenia, and Greece in its broader neighborhood».

20 ARAS, Bülent – «Turkish foreign policy after July 15». Istanbul Policy Center. Fevereiro de 2017. Disponível em: http://ipc.sabanciuniv.edu/wp-content/uploads/2017/02/Turkish-Foreign-Policy-After-July-15_Bulent-Aras.pdf.

21 SOMER, Murat – «Understanding Turkey’s democratic breakdown: old vs. new and indigenous vs. global authoritarianism». In Southeast European and Black Sea Studies. Vol. 16, 2016, pp. 481-503. doi: https://10.1080/14683857.2016.1246548.

22 DALACOURA, Katerina – «A new phase in Turkish foreign policy: expediency and AKP survival». Istituto Affari Internazionali. Fevereiro de 2017. Disponível em: https://www.iai.it/en/pubblicazioni/new-phase-turkish-foreign-policy-expediency-and-AKP-survival..

23 ARAS, Bülent – «Turkish foreign policy after July 15».

24Ibidem.

25Ibidem.

26 No original: «His nationalist-conservative discourse at home set the tone for foreign relations, which in pursuit of foreign policy victories made it easier to engage illiberal leaders and proved thorny in sustaining stable relations with Western countries».

27 HOFFMAN, Max; MAKOVSKY, Alan; WERZ, Michael – «What Turkey’s political changes mean for US-Turkish relations». Center for American Progress. 31 de julho de 2018. (Consultado em: novembro de 2018). Disponível em: https://www.americanprogress.org/issues/security/reports/2018/07/31/454214/turkeys-political-changes-mean-u-s-turkish-relations/ .

28 DALAY, Galip – «Turkey-EU relations: dysfunctional framework, status anxiety». Brookings. 15 de fevereiro de 2018. (Consultado em: 7 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.brookings.edu/opinions/turkey-eu-relations-dysfunctional-framework-status-anxiety.

29 ÖZDEMIR, Ça?gri – «Post-coup Turkey: journalists, public employees under fire». Deutsche Welle. 15 de julho de 2017. (Consultado em: 25 de novembro de 2018). Disponível em: https://p.dw.com/p/2gT0X.

30 AKTAN, Irfan – «What’s behind AKP allegations of Gulen-PKK ties?». Al-Monitor. 15 de agosto de 2016. (Consultado em: 25 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.al-monitor.com/pulse/originals/2016/08/turkey-why-erdogan-wants-link-gulen-PKK.html.

31 No original: «Halklarin Demokratik Partisi».

32 MISTZAL, Blair – «Erdogan victorious in Turkey election». Bipartisan Policy Center. 2 de novembro de 2015. (Consultado em: 25 de novembro de 2018). Disponível em: https://bipartisanpolicy.org/blog/erdogan-AKP-victorious-turkey-election/.

33Ibidem.

34 No original: «The ideational and emotional cement of all this is supplied by a conservative-nationalist worldview that draws on Islamic sentiments and Turkish nationalism and looks to President Erdogan as the natural leader of the party and the nation».

35 ESEN, Berk; GUMUSCU, Sebnem – «Turkey: how the coup failed». In Journal ofDemocracy. Vol. 28, N.º 1, 2017, pp. 59-73.

36 SHAHEEN, Kareem – «Erdogan clinches victory in Turkish constitutional referendum». In The Guardian. 16 de abril de 2017. (Consultado em: 25 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2017/apr/16/erdogan-claims-victory-in-turkish-constitutional-referendum.

37 GURCAN, Metin – «Erdogan makes major security changes as he starts new term». Al-Monitor. 17 de julho de 2018. (Consultado em: 5 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.al-monitor.com/pulse/originals/2018/07/turkey--revamping-national-security-apparatus.print.html.

38Ibidem.

39 IDIZ, Semih – «After Erdogan’s win, what’s next for Turkey’s foreign policy?».

40 DALACOURA, Katerina – «A new phase in Turkish foreign policy».

41 KEYMAN, Fuat E. – «A new Turkish foreign policy».

42 No original: «Moral Realism».

43 ARAS, Bülent – «Turkish foreign policy after July 15».

44 ÇANDAR, Cengiz – «Erdogan scores points in his foreign policy gamble». Al-Monitor. 29 de outubro de 2018. (Consultado em: 23 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.al-monitor.com/pulse/originals/2018/10/turkey-syria-saudi-arabia-khashoggi-affair-istanbul-summit.print.html.

45 ISSAEV, Leonid – «Is Turkey really looking for alternatives to the West?».

46 BAEV, Pavel K.; KIRISÇI, Kemal – «An ambitious partnership – The serpentine trajectory of Turkish-Russian relations in the era of Erdogan and Putin». Brookings. Setembro de 2017. Disponível em: https://www.brookings.edu/research/an-ambiguous-partnership-the-serpentine-trajectory-of-turkish-russian-relations-in-the-era-of-erdogan-and-putin/.

47 DEMIRTAS, Serkan – «Normalization with Russia has begun: Turkish PM». In Hurriyet Daily News. 29 de junho de 2016. (Consultado em: 26 de novembro de 2018). Disponível em: http://www.hurriyetdailynews.com/normalization-with-russia-has-begun-turkish-pm-101023.

48 BAEV, Pavel K.; KIRISÇI, Kemal – «An ambitious partnership».

49 ARAS, Bülent – «Turkish foreign policy after July 15».

50Ibidem.

51 «DEEPENING Turkey-Russia relations gain new dimensions». In Daily Sabah. (Consultado em: 26 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.dailysabah.com/diplomacy/2018/08/27/deepening-turkey-russia-relations-gain-new-dimension.

52 WINTOUR, Patrick – «Russia and Turkey to set up Idlib buffer zone to protect civilians». In The Guardian. 17 de dezembro de 2018. (Consultado em: 26 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2018/sep/17/russia-and-turkey-to-set-up-idlib-buffer-zone-to-protect-civilians.

53 AHMADIAN, Hassan – «Will Iran, Turkey jointly confront US influence east of Euphrates?».

54 TOKSABAY, Ece; GUMRUKCU, Tuvan – «Turkey’s Erdogan calls on Turks to buy lira for “national battle”». Reuters. 10 de agosto de 2018. (Consultado em: 26 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.reuters.com/article/us-turkey-currency-erdogan-lira/turkeys-erdogan-calls-on-turks-to-buy-lira-for-national-battle-idUSKBN1KV1AP.

55 MUNYAR, Vahap – «Erdogan suggests adding “t” to brics». In Hurriyet Daily News. 29 de julho de 2018. (Consultado em: 27 de novembro de 2018). Disponível em: http://www.hurriyetdailynews.com/erdogan-suggests-adding-t-to-brics-135160.

56 «FED up with EU, Erdogan says Turkey could join Shanghai bloc». Reuters. 20 de novembro de 2016. (Consultado em: 27 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.reuters.com/article/us-turkey-europe-erdogan/fed-up-with-eu-erdogan-says-turkey-could-join-shanghai-bloc-idUSKBN13F0CY.

57 GURCAN, Metin – «Following deals with Russia, Turkey now expands military cooperation with China». Al-Monitor. 3 de agosto de 2018. (Consultado em: 26 de novembro de 2018). Disponível em: www.al-monitor.com/pulse/originals/2018/08/turkey-china-intensifying-defense-security-partnership.html.

58 ISSAEV, Leonid – «Is Turkey really looking for alternatives to the West?».

59 KIRISÇI, Kemal – «Turkey might not like the West, but needs it». Brookings. 30 de agosto de 2018. Disponível em: https://www.brookings.edu/blog/order-from-chaos/2018/08/30/turkey-might-not-like-the-west-but-needs-it/

60 Ibidem.

61 HALE, William – Turkey, the US and Iraq. Londres: London Middle East Institute, 2007.

62 «TRUMP: us not considering Fethullah Gülen’s extradiction to Turkey». Al Jazeera. 17 de novembro de 2018. (Consultado em: 26 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2018/11/trump-fethullah-gulen-extradition-turkey-181117191054955.html.

63 IDIZ, Semih – «Is Turkey’s “strategic partnership” with America coming to an end?». Al-Monitor. 15 de agosto de 2018. (Consultado em: 6 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.al-monitor.com/pulse/originals/2018/08/turkey-united-states-is-strategic-partnership-ending.print.html.

64 «ANDREW Brunson: Turkey releases US pastor after two years». BBC. 12 de outubro de 2018. (Consultado em: 23 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-europe-45841276.

65 RUBIN, Jennifer – «Turkey’s Erdogan stirs the pot». (Consultado em: 28 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.washingtonpost.com/.

66 DANFORTH, Nick; GINGERAS, Ryan – «Into the abyss: Turkish impressions of a US-Turkish break». Bipartisan Policy Center. 17 de agosto de 2018. (Consultado em: 6 de novembro de 2018). Disponível em: https://bipartisanpolicy.org/blog/into-the-abyss.

67 DANFORTH, Nick – «Trump, Erdogan and the new global order».

68 ÇANDAR, Cengiz – «Erdogan scores points in his foreign policy gamble».

69 «TURKEY attacks Trump’s “comic” stance on Khashoggi killing». In The Guardian. 21 de novembro de 2018. (Consultado em: 23 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2018/nov/21/turkey-attacks-trump-comic-stance-on-khashoggi-killing.

70Ibidem.

71Ibidem.

72 SLOAT, Amanda – «The West’s Turkey conundrum». Brookings. Fevereiro de 2018. Disponível em: https://www.brookings.edu/research/the-wests-turkey-conundrum.

73 BECHEV, Dimitar – «What lies beneath hostile rhetoric in Turkish-EU relations?». Al Jazeera. 10 de julho de 2018. (Consultado em: 8 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.aljazeera.com/indepth/opinion/lies-hostile-rhetoric-turkish-eu-relations-180617164432287.html.

74 «ERDOGAN says he will consider referendum on Turkey’s EU bid». Reuters. 4 de outubro de 2018. (Consultado em: 29 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.reuters.com/article/us-eu-turkey-erdogan/erdogan-says-he-will-consider-referendum-on-turkeys-eu-bid-idUSKCN1ME26K.

75 BECHEV, Dimitar – «What lies beneath hostile rhetoric in Turkish-EU relations?».

76Ibidem.

77 «MERKEL tells Turkey’s Erdogan to stop Nazi taunts». BBC. 20 de março de 2017. (Consultado em: 29 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-europe-39331336; «TURKEY’S Erdogan calls Dutch authorities “Nazi remnants”». BBC. 11 de março de 2017. (Consultado em: 29 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-europe-39242707.

78 IDIZ, Semih – «Is Erdogan aiming to end Turkey’s dream of EU membership?». Al-Monitor. 17 de outubro de 2018. (Consultado em: 7 de novembro de 2018). Disponível em: https://www.al-monitor.com/pulse/originals/2018/10/turkey-is-erdogan-aiming-to-end-eu-membership-bid.print.html.

79Ibidem.

80 BECHEV, Dimitar – «What lies beneath hostile rhetoric in Turkish-EU relations?».

81 PITEL, Laura – «Erdogan tightens grip on power as he is sworn in as president». In Financial Times. (Consultado em: 3 de dezembro de 2018). Disponível em: https://www.ft.com/content/01fb1546-8376-11e8-96dd-fa565ec55929.

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