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Relações Internacionais (R:I)

versão impressa ISSN 1645-9199

Relações Internacionais  no.56 Lisboa dez. 2017

https://doi.org/10.23906/ri2017.56a05 

ELEIÇÕES NA EUROPA PÓS-CRISE

Eleições no Reino Unido: Efeitos Brexit e austeridade produzem surpresa eleitoral

General Election in the United Kingdom: Brexit and Austerity Lead to Electoral Surprise

 

Eunice Goes

Universidade de Richmond, Queen’s Road, Richmond TW10 6JP | eunicegoes@yahoo.co.uk

 

RESUMO

Os resultados das eleições legislativas britânicas de 2017 foram surpreendentes. Contrariando as tendências das sondagens, o eleitorado negou uma maioria ao Partido Conservador. Este viu-se forçado a formar um governo minoritário que conta com o apoio pontual do Partido Democrático do Ulster. Em contrapartida, o Partido Trabalhista ultrapassou as expectativas ao obter o seu melhor resultado desde 2005. Este artigo tem como objectivo analisar os resultados destas eleições e argumenta que o efeito do Brexit bem como o impacto das políticas de austeridade foram os principais factores que influenciaram as escolhas dos eleitores nestas eleições.

Palavras-chave: Brexit; eleições, austeridade, conservadores, trabalhistas.

 

ABSTRACT

When the British Prime Minister Theresa May called an early election for the 8th of June of 2017 she was expecting her a party to win a landslide majority. But voters had other ideas. As a result, the Conservative Party its majority in the House of Commons and was forced to celebrate a confidence and supply agreement with the Northern Irish Democratic Unionist Party. Labour, on the other hand had much better results than expected. This article seeks to explain what is behind these astonishing results. It will argue that to a certain extent the 2017 general election was a ‘Brexit election’, however, other factors, namely the impact of austerity policies influenced voting behaviour.

Keywords: Brexit, elections, austerity, conservatives, Labour.

 

No dia 18 de Abril, a imprensa britânica foi chamada ao Número 10 de Downing Street. A primeira-ministra, Theresa May, tinha uma comunicação importante a fazer. Em tom grave e urgente, May anunciou eleições antecipadas para 8 de Junho. Apesar de esta possibilidade ter sido o foco de rumores desde o Outono, este anúncio surpreendeu as classes políticas britânica e europeia. Afinal, as últimas eleições legislativas tinham tido lugar em 2015 e o Reino Unido tinha começado o difícil e complicado processo de secessão da União Europeia (UE).

Mas May tinha boas razões para a sua decisão. Desde a sua tomada de posse como primeira-ministra que a maioria das sondagens mostrava que os conservadores estavam 20 pontos percentuais à frente do Partido Trabalhista. As mesmas sondagens revelavam que Theresa May era uma primeira-ministra popular e bastante mais credível que o líder da oposição, Jeremy Corbyn1. Além disso, as duas eleições intercalares de Stoke on Trent e Copeland, realizadas em Fevereiro, mostraram que o Partido Trabalhista atravessava uma crise existencial e que se preparava para uma derrota histórica. Em suma, tudo indicava que os conservadores iam obter uma vitória bastante confortável.

Os resultados das eleições sugerem que estas expectativas se baseavam em pressupostos errados. O Partido Conservador foi o partido mais votado, atraindo 42,4 por cento dos votos, mas não ganhou uma maioria de assentos parlamentares. Para controlar uma maioria na Câmara dos Comuns os conservadores precisavam de eleger pelo menos 326 deputados. Na realidade, o partido só conseguiu eleger 319 deputados.

Despojada da sua maioria parlamentar, Theresa May viu-se forçada a celebrar um acordo com o Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte. Em troca de apoio parlamentar para peças legislativas importantes como o Orçamento de Estado e toda a legislação relativa ao Brexit, Theresa May comprometeu-se a transferir somas substanciais para o orçamento do governo autónomo da Irlanda do Norte.

Em contrapartida, o Partido Trabalhista, liderado por Jeremy Corbyn, foi tratado como o verdadeiro vencedor das eleições. Desafiando as suas próprias expectativas, os trabalhistas obtiveram 40 por cento dos votos (um aumento de 11 pontos percentuais em relação aos resultados obtidos em 2015) e elegeram 262 deputados (30 mais do que os eleitos dois anos antes).

As surpresas das eleições legislativas de 2017 não se ficaram por aqui. O partido eurocéptico populista UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) teve resultados desastrosos, atraindo apenas 1,8 por cento dos votos. Para os liberais democratas os resultados foram igualmente decepcionantes: o partido atraiu apenas 7,4 por cento dos votos.

Este artigo tem como objectivo explicar os resultados surpreendentes das eleições legislativas de 2017 e defende que o efeito do Brexit bem como das políticas de austeridade são os principais factores que influenciaram as escolhas dos eleitores no dia  8 de Junho. Para demonstrar este argumento, o artigo começará por analisar o contexto político em que as eleições se desenrolaram. A seguir, e tendo em conta o efeito decisivo da campanha, o artigo explicará em traços gerais a estratégia eleitoral dos dois principais partidos. A terceira parte do artigo fará uma análise detalhada dos resultados à luz do «efeito Brexit» e do «efeito austeridade».

 

O PRELÚDIO DAS ELEIÇÕES

No Verão de 2016, Theresa May foi nomeada primeira-ministra em circunstâncias extraordinárias. No dia 23 de Junho, 2016 por cento dos eleitores britânicos votaram para sair da UE num referendo nacional. Os resultados do referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE tiveram o efeito dum choque eléctrico. Ninguém esperava este resultado. A vitória do «Remain» era dada como certa por toda a classe política britânica e europeia. Estupefacto com o resultado inesperado do referendo, o então primeiro-ministro, David Cameron, anunciou a sua demissão.

A sua decisão teve o efeito imediato de desencadear uma eleição para a liderança do Partido Conservador. Mas o choque do resultado do referendo e da decisão de Cameron provocou alguma confusão no partido. A verdade é que nenhum dos candidatos – mesmo aqueles que há anos se tinham posicionado como potenciais líderes – estava preparado para esta eleição. Figuras políticas como Boris Johnson (um dos favoritos do partido) foram obrigados a retirar-se da corrida antes de esta ter começado, porque os seus rivais atraíram mais nomeações. Outros, como Andrea Leadsom, estavam tão pouco preparados para o nível de exposição pública que uma carreira política na linha de frente acarreta, que abandonaram a corrida antes de esta estar concluída. A única candidata que conseguiu destacar-se foi Theresa May. Ao lado dos seus rivais, May aparentava calma, transmitia a ideia de competência, e parecia ter a estratégia apropriada para negociar a retirada do Reino Unido da UE. Com os seus rivais fora do caminho, May foi «coroada» líder do Partido Conservador em Julho de 2016

Nos primeiros meses da sua liderança, Theresa May não desiludiu o seu partido. Assim que chegou a Downing Street, May anunciou a sua visão, que definiu de «arrojada, nova e positiva», para mudar o Reino Unido2. Esta visão tinha como objectivo sarar as feridas do referendo sobre a participação na UE e de responder às preocupações dos eleitores com o impacto social, económico e cultural da globalização.

Mas se as palavras da primeira-ministra eram tranquilizadoras a verdade é que May não tinha a menor ideia sobre como negociar a retirada do Reino Unido da UE. O seu Governo encontrava-se profundamente dividido sobre a questão. Se figuras como o chanceler do Tesouro, Philip Hammond, eram a favor da permanência do Reino Unido no mercado único, outros, como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, ou o ministro do Comércio, Liam Fox, defendiam um corte radical com a UE.

Nos primeiros meses do seu Governo, May tentou gerir as tensões no seu gabinete com declarações ambíguas sobre o Brexit. Mas, em Janeiro, a primeira-ministra revelou finalmente qual o destino das negociações para a saída da UE. Num discurso em Lancaster House, May anunciou que o seu Governo não desejava uma «participação parcial na UE, ou uma participação associada na UE, ou algo que nos deixe meio dentro ou meio fora»3. Em suma, May deixou claro que a sua intenção era a de negociar um «Brexit duro». Este anúncio foi bem recebido pelos eurocépticos militantes do seu partido e do seu Governo mas chocaram a comunidade empresarial, os partidos da oposição e os poucos deputados conservadores que lamentam o Brexit.

Em finais de Março, e num evento altamente coreografado, May accionou o artigo 50.º do Tratado de Lisboa. Este gesto desencadeou o processo de retirada do Reino Unido da UE e que, segundo estipula o tratado, deverá estar concluído em Março de 2019. O problema é que nessa altura May não podia contar com o apoio de toda a bancada parlamentar conservadora para a sua estratégia. Num partido conhecido pelas suas tendências rebeldes e pela sua devoção à tradição de sacrificar líderes no altar da fé eurocéptica4, uma maioria de 16 deputados era claramente insuficiente para garantir a aprovação de toda a legislação relativa ao Brexit.

Os desafios da aritmética parlamentar, por um lado, e a possibilidade sedutora de poder aumentar a sua maioria na Câmara dos Comuns, por outro, estão na base da sua decisão de anunciar eleições antecipadas. Mas May necessitava de uma razão patriótica para as justificar face ao eleitorado. Acusando os partidos da oposição de «fazer jogos» e de fomentar a divisão em Westminster, May pediu ao eleitorado britânico um mandato que a colocasse numa posição de força nas negociações com a UE.

 

UMA CAMPANHA TRANSFORMADORA

Convencidos de que Theresa May era um trunfo eleitoral5, os estrategas do Partido Conservador optaram por uma campanha de estilo presidencial. May iria liderar os principais eventos da campanha dando pouco espaço para as outras estrelas do partido partilharem a luz da ribalta. Os outdoors da campanha conservadora deixavam claro que o partido era apenas um acessório da liderança de Theresa May. Na verdade, os materiais de campanha referiam-se aos membros do Governo como a «Equipa de Theresa May».

Nas primeiras semanas de campanha, este estilo presidencialista parecia estar a funcionar. Pelo menos as sondagens continuavam a apontar para uma vitória conservadora bastante folgada. Mas já nessa altura havia sinais de que a campanha conservadora tinha alguns problemas. A repetição constante do slogan «forte e estável», a forma como May evitava contactos espontâneos com eleitores, bem como as suas respostas mecânicas a perguntas dos jornalistas começaram a testar a paciência da opinião pública e dos media. O seu estilo robótico tornou-se tão notório que a imprensa satírica começou a chamar «Maybot» à primeira-ministra.

A campanha eleitoral conservadora sofria de outros problemas. Na verdade, ninguém parecia estar preparado para sete semanas de campanha. Por exemplo, os estrategas Lynton Crosby e Jim Messina, cujos conselhos contribuíram para a vitória de Cameron em 2015, não foram consultados sobre a data das eleições6. Isto quer dizer que Theresa May convocou as eleições sem ter dado ao partido a oportunidade de fazer o trabalho de campo necessário para perceber os principais temas que preocupavam os eleitores nas várias regiões e nações do país. A falta de preparação também se fez sentir ao nível da selecção dos candidatos parlamentares. Esta foi feita de forma desorganizada e excessivamente controlada pelo centro do partido, o que gerou ressentimentos nas sedes locais conservadoras7.

O partido também não estava preparado para a campanha eleitoral no terreno. Na verdade, e apesar de ser o partido britânico com os cofres mais fundos, os conservadores estavam em desvantagem em relação aos trabalhistas. Com menos de 150 mil militantes (os trabalhistas tinham mais de 550 mil)8, o partido tinha poucos voluntários para conduzir a importante campanha porta-a-porta. Finalmente, o partido não concebeu a estratégia mediática mais eficaz. Se, por um lado, Theresa May evitou contactos e entrevistas com os media tradicionais, por outro, a campanha nas redes sociais foi desastrosa9.

Se a campanha conservadora surpreendeu pela falta de preparação e de energia, a dos trabalhistas surpreendeu pelas razões opostas. O Partido Trabalhista conduziu uma campanha enérgica que teve o efeito de mobilizar o entusiasmo de milhares de apoiantes. A equipa de conselheiros de Jeremy Corbyn concebeu uma campanha astuta que enfatizou as qualidades do líder – e em particular o seu à-vontade com eleitores e a sua reputação de ser um político «autêntico» e «honesto» – mas que o protegeu da hostilidade dos media e de alguns segmentos do eleitorado.

A verdade é que o Partido Trabalhista não cometeu o erro de conduzir uma campanha presidencial. O líder participou em comícios e eventos de campanha onde havia a certeza de que seria recebido com entusiasmo. Tendo em conta que os meios de comunicação social tradicionais acompanham normalmente os líderes partidários durante toda a campanha, o objectivo desta táctica era o de obter uma cobertura mediática positiva. Imagens de Corbyn a ser recebido em salas cheias de apoiantes entusiastas, ou a conversar animadamente com membros do público, foram utilizadas pelas televisões nacionais e pela imprensa em geral, e contribuíram para criar uma atmosfera positiva em torno da campanha trabalhista. Mas o partido teve o cuidado de convocar personalidades trabalhistas populares como o presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, ou dos deputados Keir Starmer e Emily Thornberry, para acções de campanha, em particular nas zonas do país onde Corbyn era impopular.

Para além da campanha no terreno, os trabalhistas investiram numa estratégia de comunicação social bastante eficaz. Desde o início, a equipa de Corbyn decidiu ignorar os media tradicionais para se concentrar numa campanha sofisticada nas redes sociais. Com a ajuda de um novo software, o partido conseguiu alcançar eleitores em circunscrições marginais com mensagens personalizadas, que eram enviadas para as suas contas no Facebook ou no Snapchat10. Além disso, vídeos irreverentes realizados pelo partido e também pelo movimento social de apoio a Corbyn, Momentum, que promoviam as propostas do partido e que apareceram na plataforma YouTube ou em sites de informação locais também ajudaram o partido a atrair o apoio de eleitores mais jovens (nomeadamente, o apoio de estudantes universitários e de jovens profissionais) que de uma maneira geral obtêm a sua informação nas redes sociais11.

Mas a equipa de Corbyn também queria mobilizar eleitores jovens que até então nunca tinham votado. A campanha #Grime4Corbyn, organizada pelos artistas de música grime, Novelist, Akala, Stormzy e jme, foi fundamental para obter esse apoio12. Num vídeo que foi visto por milhares de jovens eleitores, Corbyn e o artista jme discutiram o impacto das políticas de austeridade sobre os jovens, bem como o veganismo e a crise da habitação13. Este tipo de diálogo demonstrou a capacidade do líder trabalhista de comunicar com as gerações mais jovens.

O activismo nas redes sociais teve um efeito positivo na campanha de rua. O entusiasmo e dinamismo da campanha trabalhista nas redes sociais atraiu centenas de voluntários para a campanha. Com a ajuda de movimentos sociais de esquerda como o Momentum e o Compass, que recrutaram muitos voluntários, o partido conseguiu montar uma campanha eficaz e, acima de tudo, barata. Estes voluntários entusiastas passaram grande parte das sete semanas da campanha a deslocar-se para as circunscrições-chave do partido com o fim de convencer eleitores cépticos ou a votar trabalhista ou pelo menos a registar-se nos cadernos eleitorais, e a construir uma impressionante base de dados sobre o eleitorado.

As diferenças de estilo e de eficácia das campanhas trabalhista e conservadora não escaparam ao olhar dos eleitores e da imprensa. Ao fim de algumas semanas de campanha ficou claro que o estilo presidencial dos conservadores não combinava com a personalidade tímida e reservada de Theresa May. Mas os sinais de alarme só começaram a soar na semana em que os programas eleitorais foram publicados.

Ignorando a tendência das sondagens, o eleitorado britânico decidiu responder de forma previsível e racional aos dois programas eleitorais. O tom optimista e generoso do programa trabalhista foi muito bem recebido pela opinião pública. A verdade é que o programa fazia uma série de propostas concretas – como o aumento do salário mínimo, a abolição das propinas para o ensino superior, investimentos na saúde e na educação, a nacionalização dos caminhos-de-ferro, entre outras medidas – que prometiam melhorar a vida dos eleitores que mais tinham sofrido com as medidas de austeridade do governo conservador.

Em contraste total com os trabalhistas, os conservadores apresentaram um programa eleitoral que teve o efeito de, para utilizar as palavras de Paul Webb e Tim Bale, «repelir os eleitores»14. De facto, o programa eleitoral de Theresa May propunha mais cortes na despesa pública, bem como eliminar o almoço gratuito nas escolas primárias, cortar nos subsídios para os reformados, reformar o financiamento dos cuidados paliativos dos idosos através do que ficou conhecido como o «Imposto à Demência»15. Em suma, não havia uma única proposta que sugerisse que a vida dos britânicos iria melhorar num governo liderado por Theresa May. A única proposta positiva era a possibilidade de um novo voto sobre o direito a caçar raposas com cães, proposta que tinha o mérito de agradar à pequeníssima minoria de caçadores de casaca vermelha.

As sondagens revelam que a publicação dos programas eleitorais foi um momento de viragem na campanha. A vantagem dos conservadores começou a evaporar-se. Em contrapartida, os media começaram a concentrar-se no «efeito Corbyn». Por seu lado, o movimento nas sondagens começou a afectar o comportamento dos líderes partidários.

Encorajado pelo movimento das sondagens, Corbyn sentiu-se tão confiante que decidiu aceitar o convite para participar num debate televisivo para o qual tinha sido convidado no início da campanha, mas que inicialmente tinha recusado. May, por seu lado, parecia cada vez mais insegura e mecânica. Quando a primeira-ministra disse a uma jornalista que a maior travessura que fizera na sua vida fora correr num campo de trigo quando era criança, os «memes» nas redes sociais a ridicularizá-la não se fizeram esperar.

Na semana anterior às eleições, a empresa de estudos de mercado YouGov publicou uma sondagem que previa que nenhum partido ganharia uma maioria de lugares na Câmara dos Comuns. Os resultados das eleições revelam que esta previsão estava correcta, mas na altura nem os partidos nem outras empresas de sondagem lhe deram valor.

 

UMA ELEIÇÃO SURPREENDENTE

O primeiro sinal de que as previsões e cálculos das empresas de sondagens e dos estrategas dos partidos estavam errados surgiu às 22 horas da noite de eleições. A sondagem à boca de urna, conduzida pela empresa YouGov e analisada por um grupo de politólogos chefiada por John Curtice, previa que nenhum dos partidos obteria uma maioria parlamentar. A sondagem previa a eleição de 314 deputados conservadores e 266 trabalhistas (uma maioria parlamentar requer um mínimo de 326 deputados).

Poucas horas depois, a contagem dos votos confirmou que a sondagem à boca de urna tinha acertado em cheio. Pela segunda vez em sete anos, o eleitorado britânico surpreendeu as empresas de sondagem, os políticos e toda uma geração de politólogos, ao negar uma maioria aos dois principais partidos16. Os conservadores perderam 13 assentos parlamentares bem como a sua maioria apesar de terem obtido os seus melhores resultados desde 1992, ganhando 42,4 por cento dos votos.

Nestas circunstâncias, a derrota trabalhista teve um forte sabor a vitória. Como a Tabela 1 revela, o Partido Trabalhista liderado por Jeremy Corbyn ganhou 40 por cento dos votos e elegeu 262 deputados. Os resultados trabalhistas foram particularmente positivos nas zonas do país que tinham votado «Remain» no referendo do ano anterior. Em algumas destas zonas, os deputados trabalhistas consolidaram as suas maiorias, mas o partido também fez conquistas eleitorais em circunscrições que historicamente sempre tinham sido dominadas pelo Partido Conservador17. Foi o caso de circunscrições como Kensington e Chelsea, Battersea e Canterbury.

 

 

O mais surpreendente nestes resultados foi o regresso à política bipartidária. Pela primeira vez desde as eleições legislativas de 1979, os dois principais partidos atraíram mais de 80 por cento dos votos (82,3 por cento). Recorde-se que nas eleições de 2015 os dois partidos não atraíram mais do que 67,2 por cento dos votos.

Os resultados obtidos pelos pequenos partidos confirmam esta tendência. Nas eleições de 2017 os partidos mais pequenos obtiveram apenas 17,5 por cento dos votos. Estes resultados representam uma queda em popularidade substancial em relação aos votos obtidos em 2015. Nessas eleições, os pequenos partidos obtiveram 32,6 por cento dos escrutínios.

Este fenómeno pode ser explicado pelo posicionamento ideológico dos dois principais partidos. Contrariando a tendência das últimas duas décadas de convergência ideológica, os trabalhistas apresentaram um programa eleitoral claramente social-democrata. O trabalho de investigação conduzido por Sara Hobolt e James Tilley sugere que quando há convergência ideológica entre os dois principais partidos a popularidade dos pequenos partidos aumenta18. Se aplicarmos a lógica deste argumento aos resultados de 2017 pode-se concluir que a maior divergência ideológica entre os conservadores e os trabalhistas conduziu à queda de popularidade dos pequenos partidos.

Os liberais-democratas, que decidiram focar a sua campanha eleitoral na promessa de um segundo referendo sobre a UE, conseguiram aumentar o número de deputados de oito para 12, mas obtiveram apenas 7,4 por cento dos votos. Estes resultados sugerem que a decisão de promover um novo referendo sobre a UE não foi popular. Por outro lado, os liberais-democratas ainda estão a pagar o preço de terem participado num governo de coligação (2010-2015) com os conservadores, que, entre outras medidas, implementou cortes significativos nos serviços públicos e triplicou o custo das propinas de acesso ao ensino superior.

Mas os liberais-democratas não foram os únicos a obter resultados decepcionantes. Os Verdes perderam quase metade dos votos obtidos em 2015 (uma descida de 3,8 por cento para 1,6 por cento dos votos), mas retiveram a sua única deputada, Caroline Lucas. A análise dos resultados eleitorais conduzida por Ed Fieldhouse e Chris Prosser sugere que um número significativo de eleitores liberais-democratas e verdes votaram no Partido Trabalhista em 201719 .

A outra surpresa das eleições foi a queda espectacular do UKIP. Recorde-se que nas eleições de 2015 o UKIP foi o terceiro partido mais votado atraindo 12,6 por cento dos votos. Dois anos mais tarde, o mesmo partido só conseguiu atrair 1,8 por cento de votos. Vários factores explicam este declínio tão acentuado. Em primeiro lugar, os resultados do referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE roubaram ao partido a sua principal missão. Em segundo lugar, desde o referendo que o partido está profundamente dividido acerca do seu futuro. Ora, a sucessão de líderes e as disputas públicas entre as várias facções prejudicam a imagem do partido. Em terceiro lugar, o facto de o Governo May ter optado por uma estratégia de «Brexit duro» também afectou o UKIP: muitos dos seus eleitores de 2015 votaram nos conservadores em 201720.

O contexto extraordinário destas eleições também teve um impacto na taxa de participação que aumentou para 69 por cento, a maior taxa de participação registada no Reino Unido desde 1997. É provável que a saída iminente da UE tenha encorajado muitos eleitores a votar. Por outro lado, o maior distanciamento ideológico entre os principais partidos teve o efeito de mobilizar novos eleitores ou de eleitores que até então nunca tinham votado21.

 

COMPREENDER OS RESULTADOS

Os resultados das eleições de 2017 revelaram um eleitorado volátil e dividido ao nível geracional, habilitações académicas, geografia e classe social. Para compreender a importância destas novas clivagens é importante considerar o impacto do fenómeno de globalização no sistema partidário. Como Kriesi et al. explicaram, a globalização criou «vencedores» e «derrotados» na sociedade, e o antagonismo entre estes dois grupos manifesta-se a vários níveis, nomeadamente nos planos económico, social e político.

Assim, os «derrotados» da globalização, que são normalmente eleitores mais velhos e com menos qualificações académicas, tendem a votar em partidos que defendem o proteccionismo económico, políticas de controlo da imigração, ideias de soberania nacional, e valores autoritários. Em contrapartida, os «vencedores» da globalização, que tendem a ser jovens com qualificações universitárias e que vivem em zonas urbanas, estão mais inclinados a votar em partidos que são europeístas, que apoiam a imigração, valores cosmopolitas, feministas, libertários, e tendem a defender (mas nem sempre de forma acrítica) o comércio livre22.

Ora, estas tendências foram reproduzidas nas eleições de 2017. A análise conduzida pela empresa de sondagens YouGov revela que 60 por cento dos eleitores da faixa etária dos 18-24 anos votaram no Partido Trabalhista, e que 69 por cento dos eleitores com mais de 70 anos de idade votaram no Partido Conservador. Na verdade, como mostra a Figura 1, a idade média do eleitor conservador situa-se nos 47 anos, enquanto o eleitor médio trabalhista tem menos de 44 anos23.

 

 

Juntamente com a idade, a formação académica é uma das principais variáveis capazes de prever o comportamento eleitoral no Reino Unido. A análise da YouGov mostra que 49 por cento dos eleitores licenciados votaram no Partido Trabalhista e apenas 32 por cento votaram nos conservadores. Em contrapartida, 55 por cento dos eleitores que apenas terminaram a educação secundária votaram no Partido Conservador, enquanto 32 por cento votaram trabalhista24. A localização geográfica dos eleitores também ajuda a melhor compreender os resultados das eleições. As zonas urbanas e etnicamente mais diversas votaram de uma maneira geral no Partido Trabalhista, enquanto as zonas rurais e suburbanas tenderam a votar no Partido Conservador25.

Estas tendências semelhantes também foram identificadas no referendo sobre a UE. Em termos de idade, a esmagadora maioria dos jovens votou para permanecer na UE, enquanto a maioria dos eleitores com mais de 50 anos votou para sair da UE26. Em termos de qualificações académicas, 70 por cento dos eleitores «Leave» tinham concluído a educação secundária e 68 por cento dos que votaram «Remain» eram licenciados27.

 

O FACTOR BREXIT

Os resultados eleitorais sugerem que vários factores influenciaram as escolhas dos eleitores britânicos, entre os quais se destaca o factor Brexit. Se por um lado não há dados suficientes que demonstrem que as eleições produziram um «realinhamento Brexit»28, não há dúvida de que a decisão de abandonar a UE foi um factor de peso para muitos eleitores. De resto, como disseram Will Jennings e Gerry Stoker, os factores de longo prazo (e em particular o impacto da globalização) que ajudam a explicar o voto a favor do Brexit estavam presentes nas eleições de 201729 . Como já foi referido neste artigo, as clivagens sociais da actual sociedade britânica reflectem atitudes populares radicalmente diferentes em relação à questão da participação do Reino Unido no projecto europeu30.

O apuramento das eleições revela ainda que os melhores resultados do Partido Trabalhista foram obtidos em zonas do país que votaram «Remain», mas curiosamente nas circunscrições trabalhistas que votaram «Leave» no referendo de 2016, o voto nos trabalhistas não sofreu uma queda. Na verdade, nalgumas destas zonas os trabalhistas aumentaram as suas maiorias31. Só no Nordeste da Inglaterra e nas Midlands é que o Partido Trabalhista perdeu votos nas zonas «Leave». Estes resultados sugerem que a posição ambígua de Jeremy Corbyn relativamente à questão europeia ajudou o partido a conquistar o apoio de eleitores anti e pró-Brexit.

Em contrapartida, os conservadores obtiveram resultados muito diferentes. Segundo Matthew Goodwin e Oliver Heath, o Partido Conservador só conseguiu capitalizar a sua posição em favor de um Brexit «duro» nas zonas do país que registaram as taxas mais elevadas de voto a favor da saída da ue no referendo de 201632. Ora, isto significa que enquanto o Labour obteve ganhos em zonas que votaram «Leave» e «Remain», os conservadores obtiveram bons resultados nas zonas «Leave» mas obtiveram resultados desastrosos nas zonas «Remain». Daqui pode-se concluir que o partido pagou um preço elevado pela decisão de focar a campanha na tentativa de neutralizar o UKIP.

O peso do factor Brexit é surpreeendente. Afinal, os dois principais partidos evitaram falar sobre as negociações com a UE durante a campanha eleitoral. Esta acabou por ser dominada quase exclusivamente por questões domésticas como o estado dos serviços públicos, a habitação e a imigração. Mas se os partidos evitaram falar sobre o Brexit a verdade é que este factor pesou nas escolhas de muitos eleitores. Um estudo de opinião pública conduzido pelo British Election Study da Universidade de Manchester perguntou a 30 mil pessoas qual era «o assunto mais importante que confronta o país». Mais de 30 por cento dos inquiridos referiram Brexit ou a UE33.

 

O FACTOR AUSTERIDADE

Mas se o Brexit foi um factor importante nestas eleições, considerações sobre a economia e o impacto das políticas de austeridade também influenciaram as escolhas de muitos eleitores. A literatura académica sobre o voto económico, e que analisa a relação entre noções subjectivas de bem-estar e comportamento eleitoral, sugere que avaliações egocêntricas sobre políticas públicas influenciam o comportamento eleitoral34. Esta teoria sugere que os eleitores cujo padrão de vida se deteriorou no período imediatamente anterior às eleições tenderão a punir o partido do governo; em contrapartida, os eleitores cujo padrão de vida melhorou no mesmo período tenderão a votar a favor do partido do governo.

Os dados do think tank Resolution Foundation parecem confirmar a existência de um voto económico em 2017. Estes dados revelam que os rendimentos dos agregados familiares na faixa etária com mais de 60 anos cresceram nove por cento desde o início do milénio, mas os rendimentos dos agregados familiares da faixa etária entre os 25-44 anos estavam abaixo dos valores registados antes da crise de 200835. Ora, a esmagadora maioria dos eleitores com mais de 60 anos votou nos conservadores, enquanto os eleitores da faixa etária 25-45 anos votaram no Partido Trabalhista.

Para compreender este efeito é importante ter em conta que as eleições tiveram lugar após sete anos de cortes significativos na despesa pública. Estes sete anos também foram caracterizados por estagnação salarial, pelo aumento da inflação e por crescimento económico incipiente. A maior parte dos eleitores, especialmente aqueles com jovens famílias ou familiares idosos, sentiram os efeitos dos cortes na despesa pública pois depararam-se com listas de espera para aceder a cuidados médicos, com encerramentos de bibliotecas públicas, com cortes significativos nos orçamentos das escolas e com a deterioração gradual da infra-estrutura pública. O British Social Attitudes Survey de 2017, que foi conduzido no segundo semestre de 2016, revelou que os eleitores estavam saturados com as políticas de austeridade. Pela primeira vez desde 2008 (o ano da Grande Recessão), 48 por cento dos inquiridos defendiam o aumento dos impostos para financiar os serviços públicos, e 42 por cento eram a favor de maior redistribuição de riqueza dos mais ricos para os mais pobres36.

Estas considerações económicas também se manifestaram no referendo sobre a UE. Como Helen Thompson frisa, o referendo teve lugar num contexto macroeconómico em tudo semelhante ao registado em 201737. Ora, este quadro macroeconómico influenciou os resultados do referendo. De acordo com dados da Joseph Rowntree Foundation, de uma maneira geral os agregados familiares mais pobres votaram «Leave»38. Além disso, como referiu Jonathan Hopkin, as considerações económicas são visíveis na geografia do voto Brexit: «o voto a favor do “Remain” registou maiorias confortáveis não apenas em Londres mas também noutras cidades prósperas como Oxford, Cambridge e Brighton», enquanto «percentagens elevadas do voto “Leave” registaram-se predominantemente nas zonas mais pobres das antigas zonas industriais de Inglaterra e do País de Gales»39.

Em suma, tanto o referendo sobre a participação do Reino Unido na UE como as eleições de 2017 reflectiram reacções do eleitorado às grandes transformações económicas, sociais e culturais que afectaram a sociedade britânica nas últimas três décadas.

 

CONCLUSÃO

Os resultados das eleições de 2017 foram um choque para o Partido Conservador. A primeira-ministra Theresa May esperava ganhar uma maioria absoluta nestas eleições, mas na verdade o seu partido não ganhou sequer uma maioria de lugares na Câmara dos Comuns. Estes resultados transformaram a posição da primeira-ministra. De uma posição de força, May é agora refém do seu partido.

A mensagem das eleições é particularmente preocupante para os conservadores. Se a idade média do eleitor típico conservador é de 59 anos, isto quer dizer que o partido enfrenta uma crise existencial. Por seu lado, as dificuldades dos trabalhistas com esta faixa etária questionam a sua capacidade para ganhar uma maioria parlamentar nas próximas eleições. A verdade é que apesar de os dois principais partidos terem aumentado as suas percentagens de voto, nenhum conseguiu ganhar uma maioria parlamentar num sistema eleitoral concebido para gerar maiorias absolutas.

Mas independentemente das novas estratégias eleitorais que os dois partidos necessitam de desenvolver para voltarem a ganhar eleições, o seu futuro imediato vai ser decidido pelos resultados das negociações com Bruxelas para a saída do Reino Unido da UE. Ora, estas prometem ser muito tumultuosas. Theresa May, cuja autoridade política ficou bastante diminuída a seguir às eleições, vai ter de recorrer a todo o seu talento político para conseguir unir as facções rivais do seu partido, que encaram o Brexit de forma radicalmente diferentes. Na verdade, a guerra civil no Partido Conservador é tão intensa que a hipótese de novas eleições antes da conclusão das negociações com a UE não é de excluir. Mas mesmo que Theresa May consiga concluir as negociações com Bruxelas em 2019, a questão europeia vai continuar a dividir o Partido Conservador e a influenciar a política britânica por muitas mais décadas. 

A pedido da autora o texto não adopta as normas do Novo Acordo Ortográfico.

 

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Data de recepção: 25 de Setembro de 2017 | Data de aprovação: 30 de Outubro de 2017

 

NOTAS

1 SMITH, Matthew – «Theresa May is Britain’s most popular politician». In YouGov. 15 de Junho de 2016. (Consultado em: 29 de Setembro de 2017). Disponível em: https://yougov.co.uk/news/2016/08/15/theresa-may-more-popular-jeremy-corbyn-among-tradi/.

2 MAY, Theresa – «2016 speech to launch leadership campaign». 11 de Julho de 2016. (Consultado em: 4 de Outubro de 2017). Disponível em: http://www.ukpol.co.uk/2016/07/11.

3 MAY, Theresa – «The Government’s negotiating objectives for exiting the EU». In gov.uk. 17 de Janeiro de 2017. (Consultado em: 15 de setembro de 2017). Disponível em: https://www.gov.uk/government/speeches/the-governments-negotiating-objectives-for-exiting-the-eu-pm-speech.

4 A questão europeia custou as carreiras políticas dos antigos líderes conservadores e primeiros-ministros Margaret Thatcher, John Major e David Cameron.

5 SMITH, Matthew – «Theresa May is Britain’s most popular politician».

6 MCTAGUE, Tom, COOPER, Charlie, e DICKSON, Annabelle – «How Theresa May lost it». In Politico.co.uk. 7 de Junho de 2017. (Consultado em: 12 de Setembro de 2017). Disponível em: http://www.politico.eu/article/how-theresa-may-lost-it-uk-election-brexit-jeremy-corbyn-jim-messina-lynton-crosby-uk-sarah-palin-campaign/.

7 Numa entrevista, a primeira-ministra Theresa May admitiu esse erro. LORD HOWARD – «Theresa May: We’ve got to make the case for free markets all over again. That message has been lost». In House Magazine. 28 de Setembro de 2017. (Consultado em: 7 de Outubro de 2017). Disponível em: https://www.politicshome.com/news/uk/house/house-magazine/89347/theresa-may-%E2%80%9 Cweve-got-make-case-free-markets-all-over-again.

8 Estes números são apenas uma estimativa baseada em números oficiais divulgados pelo Partido Conservador em 2013. No Outono de 2017, especialistas académicos do partido estimavam que o partido não teria mais de 100 mil militantes. KEEN, Richard, e AUDICKAS, Lukas – «Membership of UK political parties». In House of Commons Briefing Paper No. SN05125. 1 de Setembro de 2017. Londres: House of Commons Library, 2017, pp. 7-14.

9 MARGETTS, Helen – «Why social media may have won the 2017 general election». In The Political Quarterly. Vol. 88, N.º 3, Julho-Setembro de 2017, p. 387. Ver também Waterson, Jim – «The Conservatives’ social media game is absolutely terrible». In BuzzFeed. 4 de Outubro de 2017. (Consultado em: 7 de Outubro de 2017). Disponível em: https://www.buzzfeed.com/jimwaterson/the-conservatives-social-media-game-is-absolutely-terrible?utm_term=.dumbMBQgy#.lwJ52gKrP.

10 SMITH, Matthew – «Theresa May is Britain’s most popular politician».

11 MARGETTS, Helen – «Why social media may have won the 2017 general election». In The Political Quarterly. Vol. 88, N.º 3, Julho-Setembro de 2017, p. 387.

12 AWATE, Maxta, KRUCIAL, e Six – «#Grime4Corbyn: grime artists explain why they backed Labour». In The Guardian. 13 de Junho de 2017.

13 BOWMAN, Benjamin – «Young voters are on the march – here’s how to keep them coming back for more». In The Conversation. 5 de Outubro de 2017. (Consultado em: 11 de Outubro de 2017). Disponível em: http://theconversation.com/young-voters-are-on-the-march-heres-how-to-keep-them-coming-back-for-more-84748.

14 BALE, Tim, e WEBB, Paul – «“Honey, I shrunk the majority”: Theresa May and the Tories». In Political Insight. 1 de Setembro de 2017, p. 21.

15 Esta proposta visava encontrar um sistema de financiamento sustentável para os cuidados paliativos que na verdade significava que pacientes de doenças degenerativas financiariam parte dos seus cuidados paliativos através da venda póstuma das suas propriedades.

16 Em 2010, as empresas de sondagem falharam em prever a ausência de uma maioria parlamentar; em 2015, as sondagens enganaram-se outra vez. Enquanto as sondagens apontavam para uma pluralidade (mas não maioria) conservadora, o Partido Conservador ganhou uma maioria.

17 HEATH, Oliver, e GOODWIN, Matthew – «Why Theresa May’s gamble at the polls failed». In LSE Politics and Policy Blog. 12 de Julho de 2017. (Consultado em: 19 de Setembro de 2017). Disponível em: http://blogs.lse.ac.uk/politicsandpolicy/why-theresa-mays-gamble-at-the-polls-failed.

18 HOBOLT, Sara A., e TILLEY, James – «Fleeing the centre: the rise of challenger parties in the aftermath of the eurocrisis». In West European Politics. Vol. 39, N.º 5, p. 972.

19 FIELDHOUSE, Ed, e PROSSER, Chris – «The Brexit election? The 2017 General Election in ten charts». 1 de Agosto de 2017. (Consultado em: 7 de Setembro de 2017). Disponível em: http://www.manchester.ac.uk/discover/news/the-brexit-election/.

20 MELLON, Jon, e PROSSER, Chris – «Has Brexit broken British voting?». In British Election Studies Blog. 21 de Abril de 2017. (Consultado em: 6 de Julho de 2017). Disponível em: http://www.britishelectionstudy.com/bes-findings/has-brexit-broken-british-voting/#.WV9rtojyvIU.

21 HEATH, Oliver, e GOODWIN, Matthew – «The 2017 general election, Brexit and the return to two-party politics: an aggregate-level analysis of the result». In The Political Quarterly. Vol. 88, N.º 3, Julho-Setembro de 2017, p. 351. Ver também HEATH, Oliver, e GOODWIN, Matthew – «Why Theresa May’s gamble at the polls failed».

22 KRIESI, Hanspeter, et al. – «Globalization and the transformation of the national political space: six European countries compared». In European Journal of Political Research. Vol. 45, N.º 5, p. 926.

23 CURTIS, Chris – «How Britain voted at the 2017 general election». In YouGov. 13 de Junho de 2017. (Consultado em: 7 de Julho de 2017). Disponível em: https://yougov.co.uk/news/2017/06/13/how-britain-voted-2017-general-election/.

24 Ibidem.

25 SURRIDGE, Paula – «Britain’s divide: diversity key to turnout rises?». In Medium Blog. 11 de Junho de 2017. (Consultado em: 20 de Junho de 2017.). Disponível em: https://medium.com/@psurridge/britains-divide-diversity-key-to-turnout-rises-a51626d5c969.

26 CLARKE, Harold D., GOODWIN, Matthew, e WHITELEY, Paul – Brexit: Why Britain Voted to Leave the European Union. Cambridge: Cambridge University Press, 2017, pp. 151-158. Ver também, CLARKE, Harold D., GOODWIN, Matthew, e WHITELEY, Paul – «Why Britain voted for Brexit: an individual-level analysis of the 2016 referendum vote». In Parliamentary Affairs. Vol. 70, N.º3, 2017, p. 458.

27 CURTICE, John – «Why leave won the uk’s eu referendum». In Journal of Common Markets Studies. Vol. 55, N.º S1, Setembro de 2017, p. 33. Ver também GOODWIN, Matthew J, e HEATH, Oliver – «Brexit vote explained: poverty, low skills and lack of opportunities». Joseph Rowntree Foundation. 31 de Agosto de 2016. (Consultado em: 7 de Julho de 2017). Disponível em: https://www.jrf.org.uk/report/brexit-vote-explained-poverty-low-skills-and-lack-opportunities?gclid=CMS12svs9tQCFaIW0wodVDsB7A.

28 JENNINGS, Will, e STOKER, Gerry – «Tilting towards the cosmopolitan axis? political change in England and the 2017 general election». In The Political Quarterly. Vol. 88, N.º 3, Julho-Setembro de 2017, p. 359.

29 Ibidem.

30 O estudo de opinião pública conduzido pelo NatCen mostra que o Partido Trabalhista obteve os melhores resultados nas zonas do país que registaram os votos mais elevados a favor do «Remain» no referendo de 2016. CURTICE, John – «Who voted Labour in 2017?». In NatCen Blog. 24 de Setembro de 2017. (Consultado em: 7 de Outubro 2017). Disponível em: http://natcen.ac.uk/blog/who-voted-labour-in-2017; Heath, Oliver, e Goodwin, Matthew – «The 2017 general election, Brexit and the return to two-party politics», p. ٣٥٢.

31 FORD, Robert – «The new electoral map of Britain: from the revenge of remainers to the upending of class politics». In The Observer. 11 de Junho de 2017. (Consultado em: 11 de Junho de 2017). Disponível em: https://www.theguardian.com/politics/2017/jun/11/new-electoral-map-for-britain-revenge-of-remainers-to-upending-class-politics.

32 HEATH, Oliver, e GOODWIN, Matthew – «The 2017 general election, Brexit and the return to two-party politics: an aggregate-level analysis of the result». In The Political Quarterly. Vol. 88, N.º 3, Julho-Setembro de 2017, pp. 345-358.

33 FIELDHOUSE, Ed, e PROSSER, Chris – «The Brexit election? The 2017 General Election in ten charts».

34 WHITELEY, Paul, et al. – Affluence, Austerity and Electoral Change in Britain. Cambridge: Cambridge University Press, 2013, pp. 234-235.

35 CORLETT, Adam, e CLARKE, Stephen – Living Standards 2017: The Past, Present and Possible Future of UK Incomes. Londres: Resolution Foundation, 2017, pp. 7-8.

36 HARDIN, Roger – «Key findings: a kind-hearted but not soft-centred country». In British Social Attitudes, N.º 34, 2017, p. 7. Disponível em: http://www.bsa.natcen.ac.uk/latest-report/british-social-attitudes-34/key-findings/context.aspx.

37 THOMPSON, Helen – «It’s still the 2008 crash». In The Political Quarterly. Vol. 88, N.º 3, Julho-Setembro de 2017, p. 393.

38 GOODWIN, Matthew J, e HEATH, Oliver – «Brexit vote explained».

39 HOPKIN, Jonathan – «When Polanyi met Farage: market fundamentalism, economic nationalism, and Britain’s exit from the European Union». In The British Journal of Politics and International Relations. Vol. 19, N.º 3, Agosto de 2017, p. 474. Ver também, HOBOLT, Sara B. – «The Brexit vote: a divided nation, a divided continent». In Journal of European Public Policy. Vol. 23, N.º 9, 2016, p. 1273.

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