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Relações Internacionais (R:I)

versão impressa ISSN 1645-9199

Relações Internacionais  no.50 Lisboa jun. 2016

 

POPULISMO E MIGRAÇÕES

 

Partidos de extrema-direita e a gestão da crise do asilo na Europa: O caso francês

 

João Carvalho

Doutorado em Políticas Públicas pela Universidade de Sheffield. É investigador no CIES – IUL. Autor de diversos artigos científicos em revistas internacionais e do livro Impact of Extreme Right Parties on Immigration Policy: Comparing Britain, France and Italy (Routledge 2016, 2.ª edição). As suas principais linhas de investigação consistem na política das migrações internacionais, partidos de extrema-direita, política comparada.

 

RESUMO

Este artigo explora a relação entre a evolução eleitoral de um partido de extrema-direita e a gestão da atual crise do asilo observada ao nível europeu por parte de um Estado-Membro da União Europeia, em particular no caso francês. Neste intuito, a investigação examina a evolução eleitoral da Frente Nacional, bem como as diversas mutações ao nível ideológico observadas neste partido. As ambiguidades identificadas na gestão da crise do asilo ao nível externo por parte do Presidente François Hollande e do Governo francês são associadas à ameaça eleitoral de Marine Le Pen nas eleições presidenciais de 2017.

Palavras-chave:Frente Nacional, crise do asilo, Marine Le Pen, François Hollande.

 

ABSTRACT

This article explores the electoral development of an extreme right party and the management of the contemporary asylum crisis in Europe by one of the member states of the European Union, in particular France. With this purpose, the research examines the electoral development of the Front National and the ideological shifts within this party. The ambiguity identified on the management of asylum at the external level by President François Hollande and the French government are associated with the electoral threat posed by Le Pen at the 2017 presidential elections.

Keywords:Front National, asylum crisis, Marine Le Pen, François Hollande.

 

INTRODUÇÃO

A crise do asilo observada na Europa desde 2014 colocou enorme pressão sobre os governos dos estados-membros da União Europeia (UE). A deslocação de milhares de cidadãos estrangeiros oriundos de países devastados por conflitos armados, tais como a Síria, o Afeganistão, o Iraque ou a Eritreia (aos quais se juntam imigrantes de outras nacionalidades), tem sido acompanhada por imagens de caos nos países limítrofes da UE que estão sujeitos a forte pressão externa, tal como a Grécia e a Hungria. As estatísticas disponíveis revelam que a ue acolheu 280 mil requerentes de asilo, enquanto este número ascendeu a 1,255 milhões em 2015. A elevada intensidade deste fluxo imigratório paralisou por completo o sistema de gestão de asilo europeu estabelecido pelo Tratado de Dublin e expôs a falta de preparação dos estados europeus para lidar com este fenómeno.

A dimensão europeia da crise do asilo obrigou a Comissão Europeia (CE) e o seu presidente Jean-Claude Juncker a intervir na gestão dos fluxos imigratórios através da proposta de um plano de ação apresentado aos estados-membros a 23 de abril de 2015. Entre outras medidas, este plano continha um mecanismo de recolocação de requerentes de asilo instalados em Itália e na Grécia entre os restantes 26 estados-membros da UE. No entanto, esta medida foi acolhida com intensa oposição por diversos governos nacionais, em particular os do Reino Unido, da Hungria e da Polónia. Em consequência das divergências entre os estados-membros, a crise do asilo continua a ser caracterizada na atualidade pela ausência de uma política comum e do princípio de solidariedade.

A persistência da crise do asilo na agenda mediática dos estados europeus tem vindo a ser capitalizada ao nível político por partidos que lideram a oposição ao desenvolvimento de fluxos imigratórios. É o caso dos partidos de extrema-direita, que se distinguem das restantes famílias partidárias pelas suas posições anti-imigração e a negação do princípio de igualdade. Em detrimento do antissemitismo evidenciado no passado, os partidos de extrema-direita nos sistemas políticos da Europa Ocidental têm progressivamente redirecionado a sua xenofobia para a religião muçulmana e adotado a islamofobia como um dos seus fundamentos ideológicos. A origem da maioria dos requerentes de asilo em países árabes tem vindo assim a alimentar as campanhas xenofóbicas dos partidos de extrema-direita.

Na atual conjuntura, os partidos de extrema-direita europeus têm observado um crescimento eleitoral significativo e ressurgido em contextos políticos nos quais estavam relegados ao ostracismo. Na Áustria, o candidato do Partido da Liberdade (FPÖ) foi o mais votado com 36,4 por cento do total de votos observados na primeira volta das eleições presidenciais em abril de 2016, um resultado inédito desde a Segunda Guerra Mundial. Na Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) alcançou resultados históricos nas eleições em três estados germânicos em 2016, principalmente na região da Saxónia onde foi o segundo partido mais votado após ter recolhido 24,2 por cento dos votos. Na Suécia, o partido Democratas Suecos (SD) registou um crescimento substancial nas sondagens eleitorais e atingiu um pico de popularidade em dezembro de 2015 com 18,9 por cento das intenções de voto para as eleições parlamentares.

Em paralelo, a gestão da crise do asilo por parte dos governos dos diversos estados-membros tem sido influenciada pelo contexto político observado ao nível interno e subsequentemente pela presença dos partidos de extrema-direita nos sistemas partidários europeus. A consolidação e a crescente ameaça eleitoral destes partidos políticos estão intimamente relacionadas com as dificuldades observadas ao nível da UE para estabelecer um consenso relativamente à resposta a adotar face à crise do asilo. Estas dificuldades refletem de certa forma o desacordo observado entre a França e a Alemanha na gestão desta crise, países cujas relações bilaterais são recorrentemente consideradas como o motor da integração europeia. Como veremos adiante, a relutância do Presidente François Hollande e do Governo francês em cooperarem com a política liberal encetada pela chanceler Angela Merkel tem contribuído para o isolamento do Governo alemão no plano diplomático europeu.

Neste contexto de impasse a nível europeu, o objetivo deste artigo consiste em explorar a relação entre a evolução eleitoral do partido Frente Nacional (FN) no sistema político francês e a gestão da crise do asilo por parte do atual Presidente e governo da República Francesa. Entre outros fatores, a postura do Presidente Hollande está relacionada com a ameaça encabeçada pela atual líder da FN, Marine Le Pen, às suas perspetivas de reeleição nas eleições presidenciais de 2017. No intuito de compreendermos a dimensão deste desafio, este artigo propõe uma análise da evolução da FN desde a sua formação à atualidade. A contextualização apresentada nas próximas secções foca o desenvolvimento eleitoral deste partido bem como os seus principais fundamentos ideológicos, principalmente em relação à questão da imigração. Por fim, a última secção deste artigo irá analisar a relação entre a dinâmica eleitoral apresentada pela FN e a ambiguidade demonstrada pela França na gestão da crise do asilo.

 

A CRIAÇÃO E ASCENSÃO DA FN NO SISTEMA PARTIDÁRIO FRANCÊS

A FN foi fundada em 1972 sobre a liderança de Jean Marie Le Pen em conjunto com membros do grupo de direita radical denominado Ordre Nouveau. Inicialmente, o programa eleitoral deste partido propunha uma síntese entre o nacionalismo revolucionário e a ideologia conservadora para alcançar uma terceira via entre o capitalismo e o comunismo. No plano social, a fn enfatizava a sua oposição ao desenvolvimento de fluxos imigratórios e às reduzidas taxas de natalidade, que obrigavam ao recrutamento de trabalhadores estrangeiros. Porém, os resultados eleitorais iniciais da FN não ultrapassaram 1,3 por cento dos votos obtidos nas eleições para o Parlamento Europeu (PE) em 19791. A fraca implantação eleitoral traduziu-se na ausência da FN das eleições presidenciais de 1981 por não ter garantido as 500 assinaturas de eleitos locais imprescindíveis para ir a votos. No início da década de 1980, Le Pen aproveitou a saída de membros da Ordre Nouveau e a morte do dirigente François Duprat para consolidar a sua liderança e reformular as propostas eleitorais da FN.

Após um longo período de ostracização no sistema político francês, a FN iniciou o seu processo de implantação no sistema partidário francês na década de 1980. O primeiro sucesso eleitoral foi observado nas eleições autárquicas da cidade de Dreux (no departamento de Eure-et-Loire) em 1983, nas quais o secretário-geral da fn, Jean Pierre Stirbois, obteve 16,7 por cento dos votos na primeira volta. Este resultado motivou os líderes dos partidos RPR e UDF a formar uma coligação eleitoral com a FN que venceu a segunda volta destas eleições locais. Consequentemente, Stirbois foi nomeado para o conselho municipal permitindo à FN celebrar o seu primeiro triunfo eleitoral ao nível local. A participação na coligação eleitoral permitiu à FN melhorar os seus níveis de respeitabilidade entre o eleitorado francês e de visibilidade em termos mediáticos2.

A ascensão eleitoral da FN ao nível nacional teve início nas eleições para o pe em 1984, em que obteve 10,95 por cento do total de votos. Dois anos depois, a fn foi amplamente beneficiada pela introdução do sistema eleitoral proporcional (substituindo o sistema eleitoral maioritário assente em duas voltas eleitorais) nas eleições legislativas de 1986, a qual foi decidida pelo Presidente François Mitterrand. Através desta alteração, o Presidente francês procurava dividir o voto nos partidos de direita em benefício do seu próprio partido de centro-esquerda. Consequentemente, a FN recolheu 14,6 por cento dos votos e formou um grupo parlamentar composto por 35 deputados na Assembleia Nacional. Nas eleições presidenciais de 1988, Le Pen obteve 14,6 por cento do total de votos na primeira volta, resultado esse que demonstrava a consolidação da implantação eleitoral da FN no sistema partidário francês.

Porém, a bancada parlamentar da FN foi dissolvida após a reintrodução do sistema eleitoral maioritário com duas voltas pelo primeiro-ministro Jacques Chirac nas eleições legislativas de 1988. Apesar de ter obtido 9,8 por cento dos votos na primeira volta destas eleições, a FN apenas conseguiu eleger um deputado devido aos constrangimentos institucionais impostos pelo sistema eleitoral. A iniciativa de Chirac foi acompanhada pela escalada da hostilidade da FN ao sistema partidário francês, o qual era caracterizado por Le Pen como sendo dominado pelo «gangue dos quatro». Em paralelo, Le Pen proferiu diversas declarações antissemitas em público para reforçar a sua hegemonia sobre a extrema-direita francesa, tais como a classificação do extermínio dos judeus como um «detalhe da história». Nas eleições para o pe de 1989, a fn recolheu 11,73 por cento dos votos, um ligeiro crescimento em comparação a 1984 apesar da forte abstenção eleitoral verificada.

 

A ESTRATÉGIA DE CONQUISTA DE PODER DE LE PEN NA DÉCADA DE 1990

No início da década de 1990, a FN preparou uma nova estratégia política com o objetivo de conquistar o poder. Na perspetiva de Le Pen, a defesa do cristianismo e da identidade francesa era a única alternativa à hegemonia do Partido Socialista (PS) e aos defensores de uma sociedade cosmopolita e multirracial. A queda do Muro de Berlim em 1989 obrigava a FN a redefinir o seu inimigo externo, até então constituído pela ameaça comunista liderada pela União Soviética. Desta forma, os efeitos sociais da imigração e a ameaça deste fenómeno social para a identidade nacional tornaram-se um dos temas principais das campanhas eleitorais da FN. No referendo sobre o Tratado de Maastricht em 1992, Le Pen denunciava o processo de integração europeu como um «suicídio nacional» que representava a ruína da França. Consequentemente, a oposição à ueem defesa de um nacionalismo exclusivista e da soberania da pátria tornou-se outro dos pilares ideológicos da FN.

Nas eleições legislativas de 1993, a FN obteve 12,68 por cento dos votos na primeira volta, ultrapassando o Partido Comunista Francês (PCF), resultado que confirmava o crescimento eleitoral deste partido de extrema-direita relativamente a 1988. Este sucesso estava relacionado com a reforma ideológica apresentada no manifesto eleitoral intitulado «300 medidas para o renascimento da França», que indicava o abandono das políticas neoliberais adotadas no passado em favor de um nacionalismo económico. A fn apresentava-se como a defensora da França contra o capitalismo internacional propondo medidas protecionistas de âmbito económico e a adoção de políticas de preferência nacional. Esta proposta de caráter xenofóbico tornou-se uma bandeira eleitoral da FN e propunha a discriminação positiva dos cidadãos franceses relativamente a estrangeiros no acesso aos serviços públicos, segurança social, mercado de trabalho e de habitação. Esta transformação destinava-se a consolidar a sua implantação eleitoral entre as classes trabalhadoras, um processo político denominado de gauche-lepénism (lepenismo de esquerda)3.

O nível de apoio eleitoral registado ao longo da década de 1990 confirmava o sucesso da nova estratégia política da fn. Nas eleições para o pe de 1994, o partido recolheu 10,6 por cento dos votos, enquanto Le Pen obteve 15,3 por cento do total de votos na primeira volta das eleições presidenciais de 1995 que traduziam o apoio de 4,38 milhões de cidadãos franceses. Este resultado histórico da fn foi acompanhado por outro recorde eleitoral nas eleições legislativas de 1997, nas quais alcançou 15,24 por cento do total de votos registados na primeira volta. A posição da fn como o terceiro maior partido a nível nacional e o segundo maior partido de direita tornou-se incontestável. O crescimento eleitoral do partido de Le Pen era associado ao aumento da saliência da imigração entre as principais preocupações do eleitorado e da sua desconfiança relativamente ao sistema político nacional.

O estado de graça da fn prolongou-se às eleições regionais de 1998, nas quais este partido obteve 15,27 por cento do total de votos e conseguiu eleger mais conselheiros regionais que o partido centrista União pela Democracia Francesa (UDF) e um pouco menos que o partido de centro-direita Reagrupamento para a República (RPR). Consequentemente, os partidos moderados necessitavam de realizar acordos eleitorais com a FN para vencerem o centro-esquerda na segunda volta. Esta iniciativa era apoiada por parte da direção da FN encabeçada por Bruno Mègret, o número dois do partido, mas o líder Le Pen vetou a moderação da sua oposição ao sistema partidário francês. O conflito sobre a estratégia política na direção culminou com a purga dos apoiantes de Mégret da FN em dezembro de 1998, facto que teve repercussões diretas a curto prazo. Nas eleições para o PE em 1999, a FN registou uma quebra eleitoral significativa após ter recolhido 5,7 por cento do total de votos, representando um terço dos votos observados em 1994. Este evento suscitou sérias dúvidas sobre a capacidade da fn em manter a sua posição de terceira força política na década de 2000.

 

A VITÓRIA PÍRRICA DA FN NA DÉCADA DE 2000

Apesar do impacto negativo da cisão interna verificada no final da década de 1990, a FN beneficiou de um contexto bastante favorável nas eleições presidenciais de 2002 propiciado pelo longo período de coabitação entre o Presidente Jacques Chirac e o primeiro-ministro Lionel Jospin do PS. Nestas circunstâncias, a FN provocou um «terramoto político» em França quando Le Pen foi anunciado como o segundo candidato mais votado na primeira volta e a eliminação do candidato socialista Jospin da segunda volta. Desta forma, a FN recolheu 16,8 por cento do total de votos na primeira volta e superou os 16,2 por cento obtidos por Jospin, enquanto Chirac obteve 19,9 por cento4.

O resultado eleitoral de Le Pen na primeira volta das eleições presidenciais refletiu os elevados padrões de fidelização do eleitorado da FN, os quais tinham sido perturbados pela cisão interna nos finais dos anos 1990. Porém, a segunda volta da eleição presidencial de 2002 converteu-se num referendo sobre a legitimidade democrática de Le Pen, enquanto Chirac se apresentava como o defensor da República Francesa contra o extremismo da FN. Consequentemente, o Presidente francês foi reeleito com 82,2 por cento do total de votos na segunda volta enquanto Le Pen obteve 17,8 por cento desses votos. O candidato da FN revelou-se assim incapaz de expandir o seu nível de apoio na sociedade francesa para além dos setores tradicionais da extrema-direita. Este fracasso incentivou a direção da FN a identificar um défice de credibilidade e de cultura de governo que teriam de ser minimizados no futuro para permitir a sua expansão eleitoral.

Nas eleições legislativas de 2002, a FN obteve 11,4 por cento dos votos na primeira volta, tendo sido prejudicada pela forte oposição do eleitorado francês a um novo período de coabitação que incentivou o voto útil. A vitória pírrica de Le Pen em 2002 suscitou o debate interno sobre a sucessão na liderança política no Congresso da fn em 2003. A preferência de Le Pen recaía sobre a sua filha, Marine Le Pen, a qual era conhecida pelas suas posições islamofóbicas, bem como pela defesa da feminização e modernização da FN. A ascensão de Marine na hierarquia da direção da fn teve o efeito de dividir o partido, diminuindo substancialmente o nível de coesão exibido ao longo da década de 2000. Nas eleições para o pe de 2004, a FN obteve 9,81 por cento do total de votos e elegeu sete deputados para este órgão supranacional.

A vitória do «Não» no referendo sobre o Tratado Constitucional Europeu em maio de 2005 providenciou uma rara vitória para a FN. Ao longo da campanha eleitoral para este referendo, Le Pen representou a UE e o processo de integração europeu como ameaças fatais à soberania da nação francesa. A questão da sucessão de Le Pen ficou adiada com o anúncio da sua recandidatura às eleições presidenciais de 2007. A campanha eleitoral da FN para este escrutínio eleitoral foi caracterizada por uma tentativa de distanciar o partido das posições extremistas do passado e conciliar a tradição republicana francesa com o seu programa eleitoral. Desta forma, Le Pen terminou o seu discurso de arranque da campanha eleitoral a convidar os cidadãos franceses de origem estrangeira a apoiar o seu partido sem reservas. Esta nova conceção da cidadania francesa contrariava as suas antigas propostas para anular todas as naturalizações concedidas após 1974. Outro sinal da moderação crescente da fn consistiu na ausência de referências ao binómio imigração-identidade nacional, enquanto as políticas de preferência nacional mantiveram-se como bandeira eleitoral.

Esta mudança foi associada com a crescente influência de Marine dentro da fn e da hegemonia do seu projeto para contrariar a diabolização do seu partido na opinião pública francesa. Face a um candidato de centro-direita, Nicolas Sarkozy, que adotou a crise da identidade nacional francesa como umas das suas principais bandeiras eleitorais, Le Pen teve uma postura passiva convencido que os eleitores franceses iriam preferir a versão original em vez da sua cópia. No entanto, a FN registou o seu pior resultado eleitoral em eleições presidenciais desde o início da década de 1980 após ter obtido 10,4 por cento dos votos na primeira volta de 2007. Este fracasso revelou a incapacidade de Le Pen em manter o apoio de metade dos seus eleitores de 2002, grande parte dos quais transferiu o seu voto para o candidato de centro-direita em 2007. Perante dois candidatos (Le Pen e Sarkozy) que apresentavam propostas eleitorais semelhantes em temas como a imigração, os eleitores franceses optaram por apoiar o candidato classificado com maiores níveis de competência para implementar o seu programa eleitoral em detrimento de Le Pen.

A crise eleitoral da FN repetiu-se nas eleições legislativas de 2007, nas quais recolheu apenas 4,3 por cento do total de votos registados na primeira volta. Os fracos resultados eleitorais implicaram uma redução das subvenções financeiras concedidas pelo Estado francês na ordem dos 60 por cento, o que motivou uma crise financeira. No entanto, a sucessão de Marine como líder da fn foi reforçada pelos resultados obtidos pela sua candidatura nas eleições legislativas, nas quais se qualificou para a segunda volta após ter obtido 24,4 por cento dos votos no círculo eleitoral de Hénin-Beaumont. Nas eleições para o PE de 2009, a FN recolheu 6,3 por cento dos votos após uma campanha eleitoral focada na oposição ao desenvolvimento dos fluxos imigratórios e da globalização. O fraco desempenho eleitoral no final da década de 2000 fomentou um intenso debate em torno do potencial declínio da FN e do seu desaparecimento do sistema partidário francês, dúvidas essas que seriam dissipadas a curto prazo.

 

MARINE NA LIDERANÇA E A RECUPERAÇÃO ELEITORAL DA FN

No congresso da FN realizado em março de 2011, Marine sucedeu a Le Pen na liderança do partido. No seu discurso de investidura, a nova líder anunciou a transformação da FN para «renovar, abrir e aumentar a sua eficácia» com o objetivo de promover uma «estratégia para conquistar o poder». Causando o desconforto de alguns delegados ao Congresso, Marine citou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e apresentou a FN como um grande partido republicano5. Este discurso delineava os contornos de um projeto de renovação e moderação ideológica com o objetivo de distanciar a FN da família partidária da extrema-direita. Em paralelo, a FN beneficiou de uma ampla cobertura mediática focada no projeto de desdiabolização encetado pela nova líder. Porém, esta mudança ao nível de discurso não foi acompanhada por mudanças radicais em termos do programa político deste partido.

Nas eleições presidenciais de 2012, a FN focou inicialmente a sua campanha eleitoral em questões relacionadas com a economia. As principais propostas de Marine incluíam o fim da participação da França na zona euro e a recuperação da soberania nacional através da introdução do franco, de controlos fronteiriços e de tarifas sobre as importações. Numa segunda fase da campanha eleitoral, Marine tornou a privilegiar questões relacionadas com imigração, segurança e ordem pública. As políticas de «preferência nacional» que simbolizam a xenofobia da FN tiveram um amplo destaque no programa eleitoral. A campanha eleitoral da FN seria ainda beneficiada pelos ataques terroristas em Marselha cometidos pelo cidadão francês Mohamed Merah. Este incidente foi aproveitado por Marine para associar imigração e islão ao terrorismo, o qual simbolizava o avanço do fascismo verde na França, questionando ainda: «Quantos Mohamed Merah chegam diariamente a França em barcos e aviões.»6

Neste contexto favorável, a candidatura de Marine recolheu 17,9 por cento dos votos registados na primeira volta. Por sua vez, o Presidente incumbente Sarkozy obteve 27,18 por cento enquanto o candidato do partido socialista François Hollande foi o vencedor da primeira volta com 28,63 por cento dos votos. O resultado eleitoral da fn era impressionante relativamente ao passado, atendendo aos 6,5 milhões de votos obtidos por Marine em 2012 em comparação com os 4,8 milhões de votos alcançados por Le Pen em 20027. A crise eleitoral evidenciada nas eleições presidenciais de 2007 estava assim ultrapassada pela nova líder. Nas eleições legislativas de 2012, a fn procurou capitalizar a crescente popularidade de Marine e alcançou 13,6 por cento dos votos na primeira volta. Desta forma, a fn conseguiu qualificar 60 dos seus 571 candidatos nos diferentes círculos uninominais para a segunda volta contra os candidatos dos partidos moderados. Ademais, dois desses candidatos – Gilbert Collard e Márechal Le Pen – foram eleitos para a Assembleia Nacional concedendo a rara oportunidade de a FN obter representação ao nível parlamentar.

O sucesso eleitoral alcançado pela FN nas eleições presidenciais e legislativas de 2012 prosseguiu nas seguintes eleições de segunda ordem. A campanha eleitoral para as eleições para o PE em 2014 focou-se na oposição da FN ao processo de integração europeu e à criação da moeda única. Segundo Marine, a UE seria um pesadelo e a FN consistia no único partido que poderia salvar os europeus. No contexto de uma forte abstenção eleitoral, a FN foi o partido mais votado nas eleições para o PE de 2014, tendo obtido 24,86 por cento dos votos e eleito 24 deputados para este órgão supranacional. Os resultados eleitorais históricos foram interpretados por Marine como o desejo de os eleitores franceses estabelecerem um «protecionismo inteligente, o fim da imigração, o controlo das fronteiras, e o patriotismo económico»8.

Os atentados terroristas contra o jornal satírico Charlie Hebdo, em janeiro de 2015, foram interpretados por Marine como uma declaração de guerra do islamismo radical ao seu país. Porém, Marine rejeitou estabelecer a associação entre os cidadãos franceses de religião muçulmana e os ataques terroristas para promover a sua imagem presidencial. Em paralelo, a líder da FN recuperou a associação entre terrorismo e imigração para mobilizar o eleitorado de extrema-direita, tal como tinha efetuado em 20129. Em reação aos ataques terroristas em Paris em novembro de 2015, Marine propôs um referendo sobre a pena de morte. A líder da FN congratulou ainda o Presidente da República pela instituição do «estado de emergência e dos controlos fronteiriços, bem como a sua proposta de revisão constitucional que previa a retirada da dupla nacionalidade a indivíduos condenados por crime de terrorismo.

A intensificação da crise do asilo em 2015 foi interpretada por Marine como imigração destinada a repovoar a Europa, uma vez que os refugiados políticos seriam uma «ultraminoria» em contraponto à larga incidência de imigrantes clandestinos. Por conseguinte, os municípios controlados pela FN tinham indicações explícitas para recusarem a instalação destes supostos imigrantes clandestinos nas suas localidades. Os efeitos da entrada maciça de refugiados eram comparados às consequências das invasões bárbaras do século IV nos discursos eleitorais da FN. A questão do asilo tornou-se num dos principais tópicos da campanha eleitoral da FN para as eleições regionais de dezembro de 2015. Num contexto dominado pelos ataques terroristas de Paris, a FN atingiu 27,96 por cento dos votos registados na primeira volta contra os 26,89 por cento obtidos pela coligação de partidos de centro-direita e os 23,33 por cento do ps. Apesar deste pico eleitoral histórico, a FN não conseguiu ser o partido mais votado em qualquer dos círculos eleitorais regionais na segunda volta, dada a falta de acordos eleitorais com os partidos moderados. Portanto, a FN fracassou em conquistar qualquer uma das presidências das 13 regiões metropolitanas.

Os ataques sexuais em Colónia na celebração do Ano Novo de 2016 foram aproveitados por Marine para denunciar o fim dos direitos das mulheres nas sociedades europeias em consequência da crise do asilo na Europa. A xenofobia cultural baseada na defesa da identidade nacional foi definitivamente relegada por parte da nova liderança da FN, processo esse que tem sido acompanhado por uma crescente xenofobia em relação à religião muçulmana, que supostamente representa uma ameaça ao republicanismo francês e aos direitos das mulheres. Em paralelo, o discurso anti-imigração manteve-se como uma das principais bandeiras políticas deste partido sob a liderança de Marine, em conjunto com a oposição ao processo de integração europeia liderado pela UE. Neste contexto, a próxima secção irá explorar a gestão da crise do asilo pelo Presidente François Hollande e o Governo francês, expondo as ambiguidades observadas relativamente aos planos da CE para enfrentar este problema.

 

A GESTÃO DA CRISE DO ASILO PELO PRESIDENTE HOLLANDE

As eleições presidenciais de 2012 foram marcadas pelo regresso do centro-esquerda à Presidência francesa, sucesso esse que foi reforçado pelo triunfo do PS nas eleições legislativas. A vitória do candidato do PS com mais 1,1 milhões de votos que o candidato de centro-direita traduziu a mobilização do eleitorado de esquerda, bem como a transferência de votos de eleitores centristas e de extrema-direita em seu favor na segunda volta. Desta forma, as estimativas apresentadas pelos estudos eleitorais apontam que 1,1 milhões de eleitores que apoiaram a FN na primeira volta tenham votado a favor de Hollande na segunda volta10. Portanto, a vitória do candidato do PS deve-se a uma coligação eleitoral heterogénea do ponto de vista ideológico, que privou o Presidente francês de um estado de graça entre a opinião pública. Além disso, o seu mandato eleitoral supunha um equilíbrio bastante precário entre as prioridades políticas distintas do eleitorado de centro-esquerda e de extrema-direita.

Efetivamente, o mandato do Presidente Hollande tem-se distinguido dos seus predecessores pelos níveis de popularidade muito reduzidos que o tornam o Presidente mais impopular da história da V República Francesa. Esta tendência teve uma breve inversão após os atentados de Paris em novembro de 2015, mas os efeitos deste evento tiveram um caráter de curto prazo. Entre julho de 2012 e janeiro de 2016, os níveis de popularidade do Presidente francês diminuíram 32 pontos percentuais nas sondagens efetuadas pelo barómetro TNS Sofres. Em resposta a esta tendência e ao fraco desempenho do PS nas eleições autárquicas de 2014, o Presidente Hollande decidiu promover o ministro da Administração Interna, Manuel Valls, ao posto de primeiro-ministro em abril de 2015. 

O novo chefe do Governo francês tinha sido o candidato da ala direita do PS nas eleições primárias deste partido em 2011, nas quais apresentou um programa político bastante próximo das propostas da FN em matéria de gestão de fluxos imigratórios.

Em 2011, Valls tinha proposto o estabelecimento de um sistema de quotas para gerir os diferentes fluxos imigratórios em função da origem dos imigrantes em detrimento do universalismo imposto pelo republicanismo inerente à Constituição francesa. A nomeação do novo primeiro-ministro era assim acompanhada de expetativas de uma gestão dos fluxos imigratórios de âmbito bastante restritivo. A emergência da crise do asilo em finais de 2014 e no início de 2015 apresentou-se assim como um dos principais desafios colocados ao novo primeiro-ministro no contexto do elevado crescimento eleitoral por parte da FN. Porém, a gestão desta crise por parte do Governo francês ao nível europeu foi marcada por forte ambiguidade com grandes repercussões nas relações bilaterais entre a França e a Alemanha.

No início de maio de 2015, o ministro da Administração Interna, Bernard Cazeneuve, reconheceu a influência do Governo francês sobre o plano inicial da CE para enfrentar a crise do asilo, para além de concordar em absoluto com a repartição dos requerentes de asilo entre os diversos estados-membros da UE. No entanto, estas afirmações foram prontamente contrariadas pelo primeiro-ministro que declarou a sua rejeição de um sistema de quotas, medida essa que nunca teria correspondido às posições oficiais do Governo francês. Em visita oficial à Alemanha, o Presidente Hollande recusava aplicar o termo de quotas no acesso ao direito de asilo, mas também apoiava uma melhor repartição dos requerentes de asilo entre os países europeus. Portanto, a abordagem inicial do Governo francês ficou caracterizada por forte incoerência e transpareceu uma face dupla: ao nível europeu aceitava o estabelecimento do mecanismo de recolocação dos refugiados, enquanto ao nível nacional adotava uma postura de oposição relativamente a essa mesma proposta.

Estas contradições e a rejeição de quotas de asilo impostas pela ue podem ser associadas ao crescimento eleitoral da FN nas eleições europeias de 2014. Tal como um ministro francês admitia ao jornal Le Monde: «nós não designamos os problemas, falamos de migrantes quando a maioria são refugiados», acrescentando que «o receio na escolha das palavras reflete uma vitória da extrema-direita sobre este tema»11. A imposição do acolhimento de um contingente de refugiados à França pela CE poderia ser utilizado como um argumento adicional para a campanha eleitoral da FN. No entanto, o choque provocado pela disseminação da fotografia do corpo de Aylan Kurdi numa praia da Turquia nos meios de comunicação internacionais forçou o Governo francês a alterar a sua posição. Sem mencionar a palavra «quota», o Presidente francês emitiu uma carta conjunta com a chanceler Merkel na qual declarava aceitar a proposta de um mecanismo permanente e obrigatório para a recolocação dos refugiados no início de setembro de 2015.

O eixo franco-alemão, considerado o motor da integração europeia, parecia assim ter recuperado a união evidenciada no passado. Todavia, as propostas do presidente da CE para uma repartição de 40 mil requerentes de asilo na Grécia e Itália foram vetadas por países da Europa do Leste, em particular a Hungria, a Polónia e a Eslovénia. Ademais, o consenso observado entre o Presidente francês e a chanceler alemã sobre a questão do asilo foi novamente abalado no início de 2016. Após o fracasso observado ao nível europeu, o Governo de Angela Merkel anunciou unilateralmente a disponibilidade da Alemanha para acolher cerca de 500 mil refugiados em setembro de 2015. Esta estimativa foi posteriormente aumentada para cerca de um milhão de refugiados pela chanceler em finais de 2015.

Esta opção política do Governo alemão acabou por ser comentada pelo primeiro-ministro Valls numa visita oficial a esse país, na qual afirmou que a Europa não podia acolher mais refugiados. No rescaldo dos atentados de Paris e das eleições regionais de 2015, Valls reafirmou a sua oposição a um mecanismo permanente de relocalização dos refugiados a nível europeu e assumiu o compromisso de não acolher mais de 30 mil refugiados. Em entrevista com a imprensa alemã, o primeiro-ministro considerou a gestão da crise do asilo de Merkel como «justificável a curto prazo, mas insustentável a longo prazo», numa crítica incomum às opções da chanceler alemã. Contrariamente às normas diplomáticas, Valls ironizou ainda sobre a potencial candidatura de Merkel a Nobel da Paz em contraste com os resultados alcançados pela sua intervenção12. O primeiro-ministro associava ainda a perceção de uma perda de controlo das fronteiras ao nível europeu e o crescimento dos partidos populistas, considerando que as portas abertas aos refugiados da Europa poderiam destruir as fundações da UE.

O discurso crítico e alarmista do primeiro-ministro francês tinha como audiência o eleitorado francês, em particular de extrema-direita, mas teve um efeito desastroso sobre as relações franco-germânicas. Entre a abertura unilateral da Europa aos refugiados encetada pela chanceler alemã e a pressão eleitoral exercida pela FN, o primeiro-ministro francês optou por enfatizar a sua oposição ao acolhimento de refugiados bem como a sua relutância em aceitar a intervenção da UE na gestão desta com caráter vinculativo. A intervenção de Valls na Alemanha dividiu ainda o seu próprio partido em campos opostos, com a ala esquerda do partido a considerar a proposta do encerramento das fronteiras europeias aos refugiados como incompatível com a tradição do país que constitui o berço da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em consequência da relutância do Governo francês em abandonar as suas posições restritivas, a França e a Alemanha têm sido incapazes de alcançar um consenso na gestão da crise do asilo ao nível europeu. Esta desunião terá mesmo forçado a chanceler alemã a procurar outras soluções, tal como o acordo entre a UE e a Turquia sobre o fluxo de refugiados.

 

CONCLUSÕES

Este artigo explorou a relação entre o crescimento eleitoral da FN sobre a liderança de Marine Le Pen e a recente gestão da crise do asilo ao nível europeu por parte do Presidente e do Governo francês. Após um período de declínio eleitoral observado desde as eleições presidenciais de 2002, a FN tem registado um forte crescimento eleitoral sobre a liderança de Marine Le Pen em 2011. Na atualidade, Marine lidera em todas as sondagens sobre as tendências de voto para as eleições presidenciais de 2017 ultrapassando os eventuais candidatos de centro-direita e eliminando o Presidente Hollande da segunda volta eleitoral. Embora as hipóteses de Marine vencer numa segunda volta sejam bastante reduzidas, a potencial repetição do terramoto político de 2002 condiciona significativamente a gestão da crise do asilo por parte do Presidente Hollande e do Governo francês. Desta forma, a ameaça eleitoral da FN ao nível interno constitui um obstáculo saliente para as relações bilaterais entre a França e a Alemanha em matéria de asilo e subsequentemente à formação de um consenso alargado sobre os planos da CE sobre a repartição dos refugiados entre estados-membros.

Em paralelo, o artigo explorou as diversas mutações na base ideológica da FN desde a sua criação. Este partido foi pioneiro na família partidária de extrema-direita por ter adotado um modelo ideológico pós-industrial apoiado na xenofobia cultural em vez do darwinismo biológico característico da Segunda Guerra Mundial. Uma nova reforma ideológica tem sido promovida na FN sobre a liderança de Marine para desdiabolizar a imagem do seu partido, mantendo as suas posições anti-imigração. Este processo inclui o abandono da xenofobia cultural fundamentada na defesa da identidade nacional em favor de uma crescente islamofobia, insistindo na negação do princípio de igualdade. Desta forma, os indivíduos de religião muçulmana representam o novo inimigo externo da FN, partido que se apresenta como o principal defensor dos princípios da laicidade e igualdade inerentes à Constituição republicana francesa perante a ameaça islâmica. A investigação demonstra assim o dinamismo em termos ideológicos dos partidos de extrema-direita, o qual tem conhecido uma franca evolução ao longo do tempo.

 

BIBLIOGRAFIA

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SHIELDS, James – The Extreme Right in France. From Pétain to Le Pen. Oxon: Routledge, 2007.

 

Data de receção: 7 de março de 2016 | Data de aprovação: 16 de maio de 2016

 

NOTAS

1 SHIELDS, James – The Extreme Right in France. From Pétain to Le Pen. Oxon: Routledge, 2007.

2 CARVALHO, João – Impact of Extreme Right Parties on Immigration Policy. Comparing Britain, France and Italy. Oxon: Routledge, 2014.

3 PERRINEAU, Pascal – «The conditions for the re–emergence of an extreme right wing in France: the National Front, 1984–1998». In ARNOLD, E. (ed.) – The Development of the Radical Right in France: From Boulanger to Le Pen. Basingstoke: Macmillan, 2000, pp. 178-192.

4 CARVALHO, João – Impact of Extreme Right Parties on Immigration Policy.

5 SHIELDS, James – The Front National: From systematic Opposition to Systemic Integration. Modern and Contemporary France. 22 (4), 2014, pp. 491-511.

6 «Marine Le Pen fait l’amalgame entre immigration et terrorisme». In Libération. 25 de março de 2012.

7 MONDON, Aurelien – «The fn in the twenty-first century: from Pariah to Republican Democratic contender». In Modern and Contemporary France. Vol. 22, N.º 3, 2014, pp. 301-320.

8 GALIERE, Emmanuel – «Européennes 2014: Marine Le Pen triomphe et réclame une dissolution». In Le Figaro. Paris, 26 de maio de 2014.

9 FAYE, Olivier – «Marine Le Pen: «“La France n’est plus en sécurité»». In Le Monde. 14 de novembro de 2015. Disponível em: http://www.lemonde.fr/attaques-a-paris/article/2015/11/14/marine-le-pen-la-france-n-est-plus-en-securite_4810055_4809495.html#WiwP2w9lFBIbE2rG.99.

10 PERRINEAU, Pascal (ed.) – La décision électorale en 2012. Paris: Armand Colin, 2013.

11 «Migrants : le silence des partis politiques français». In Le Monde. 27 de agosto de 2015.

12 BONNEFOUS, Bastien – «Crise des réfugiés : Manuel Valls joue la fermeté face à Angela Merkel». In Le Figaro. 13 de fevereiro de 2016.

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