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Relações Internacionais (R:I)

versão impressa ISSN 1645-9199

Relações Internacionais  n.24 Lisboa dez. 2009

 

Nota introdutória

 

Samuel Huntington (1927-2008) distinguiu-se como um dos mais influentes politólogos norte-americanos. No entanto, a polémica também envolveu a sua vida académica: Huntington ficou conhecido por um dos seus trabalhos menores, O Choque das Civilizações, e o sucesso deste clássico instantâneo relegou para segundo plano as suas grandes reflexões publicadas em Political Order in Changing Societies (sobre a relação entre o desenvolvimento e a participação política no contexto da ordem internacional) e The Soldier and the State (aquele que ainda é considerado o tratado central sobre as relações civis-militares).

Em O Choque das Civilizações, Huntington argumenta que os conflitos pós Guerra Fria já não serão entre Estados-Nação. A unidade clássica das relações internacionais desaparece para dar lugar ao confronto entre civilizações (com base na pertença religiosa). Dois factores catapultaram este estudo para o sucesso. Em primeiro lugar, não havia uma tese conservadora para contrapor o “Fim da História”. Huntington forneceu à América mais céptica o argumento pessimista que não existia nos anos 1990. Em segundo lugar, a tese de Huntington pareceu confirmar-se nos ataques do 11 de Setembro. Circunstancialmente, um argumento que poderia ter passado despercebido, tornou-se parte de pensamento Ocidental das últimas décadas.

 A R:I gostaria de contribuir para que os seus leitores tivessem uma visão abrangente da herança de Huntington. Para isso, convidou um conjunto de investigadores a ler algumas das obras do autor. Vasco Rato reflecte sobre o pensamento de Huntington na obra Political Order in Changing Societies (1968), reforçando o argumento de que continua a ser um livro de leitura obrigatória e que o famoso «choque das civilizações» é um livro menor. The Third Wave: Democratization in the Late Twentieth Century(1991) é revisitado por Cláudia Almeida e Isabel Alcario que evidenciam a actualidade do estudo realizado por Huntington. Nesta obra é evidente o interesse do autor pelos processos de democratização em curso, tendo em conta o alargado estudo que faz em algumas dezenas de países com vista a compreender a origem desses movimentos. Ivan Nunes trata o polémico O Choque das Civilizações (1996), retratado aqui como um livro importante dada a visão atemporal do seu autor. O último livro publicado por Samuel Huntigton, Who Are We? The Challenges to America’s National Identity (2004), é aqui interpretado por Teresa Botelho que realça contudo uma abordagem insuficiente à identidade americana, centrando-se nos imigrantes.

Com estas leituras a R:I pretende dar continuidade ao debate em torno do pensamento de Samuel Huntington fomentando a apresentação de ideias e visões diferentes sobre as várias dimensões da ciência política.