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Relações Internacionais (R:I)

versão impressa ISSN 1645-9199

Relações Internacionais  n.22 Lisboa jun. 2009

 

O pesadelo de Pandora: a Guerra Fria e o mundo pós-colonial

Rui Aballe Vieira*

 

ODD ARNE WESTAD

The Global Cold War: Third World Interventions and the Making of Our Times

Cambridge,

Cambridge University Press,

2007, 484 páginas

 

Odd Arne Westad lecciona História Internacional na prestigiada lse (London School of Economics and Political Science), onde também dirige o Cold War Studies Programme. Se bem que a história da Guerra Fria constitua o seu território intelectual, Westad tem dedicado especial atenção a temas geograficamente localizados, entre os quais se destaca a China dos anos que medeiam entre os tempos da guerra civil e a fase em que Pequim passa a reivindicar um novo papel no contexto global, sem esquecer a cisão sino-soviética1.

A sua produção bibliográfica abriu novas perspectivas no campo dos estudos da Guerra Fria graças à sábia utilização de recursos documentais colhidos em arquivos de países do antigo bloco socialista, previamente inacessíveis aos investigadores ocidentais. Westad é também um dos editores da revista Cold War History, estando neste momento a coordenar, com Melvyn P. Leffler, a obra The Cambridge History of Cold War. Este currículo, associado ao facto de estarmos em presença de um poliglota, explica em parte a enorme força transversal e abrangência do objecto da presente recensão, construído a partir de um vastíssimo corpus de fontes primárias.

The Global Cold War: Third World Interventions and the Making of Our Times representa o resultado de anos de investigação. O meio académico recebeu a obra com grande entusiasmo, saudando-a como exemplo especialmente bem conseguido da nova historiografia da Guerra Fria que aos poucos tem vindo a relativizar as teses triunfalistas e atlântico-cêntricas de alguns autores conservadores2. No espaço de apenas um ano após a primeira edição foi triplamente premiada, conquistando o Bancroft Prize, o APSA Michael Harrington Award e o Akira Iriye International History Book Award. O número comparativamente elevado de edições estrangeiras atesta o êxito do livro. Vertido em nove línguas até 2008, cremos poder afirmar que The Global Cold War está a caminho de se converter num trabalho de referência sobre o meio século que deu forma ao mundo em que vivemos.

 

ESCLARECIMENTOS E REDEFINIÇÕES

O livro desiludirá quem nele espere encontrar ecos de uma ideia preconcebida, segundo a qual muitos dos líderes e elites locais do Terceiro Mundo não teriam sido mais do que meros joguetes das duas superpotências, no conflito travado entre ambas à escala global. O autor apresenta argumentos convincentes a favor de uma perspectiva distinta, em que as ambições das elites locais desempenharam um papel nada negligenciável na gestão do relacionamento interessado dos seus governos com os Estados Unidos ou a URSS.

Em termos de estrutura e apresentação, o aspecto mais desconcertante prende-se com a ausência de bibliografia organizada, omissão incompreensível numa obra publicada pela prestigiada cup. Tentar encontrar uma referência converte-se num exercício fastidioso, que exige passar a pente fino o dédalo das numerosas notas aos capítulos.

A primeira parte, de natureza introdutória, é constituída por três capítulos em que o autor se entrega à tarefa de descodificar vários conceitos essenciais para a continuidade da narrativa. Segundo uma acepção corrente no hemisfério norte, a expressão «Terceiro Mundo» sintetiza uma visão estereotipada do Sul, de vincada carga pejorativa, à qual são associados males crónicos como o subdesenvolvimento e a incapacidade de autogoverno. Westad discute alguns significados alternativos da expressão e usa-a constantemente ao longo do livro, talvez em reacção contra o lugar-comum atrás mencionado, mas igualmente por afinidade com as raízes francófonas da mesma e a implícita analogia com a locução «Tiers État», empregue durante o Ancien Régime para designar o estamento mais numeroso da sociedade. À sua semelhança, os países do Terceiro Mundo pretendiam fazer ouvir a sua voz, guiados por ideais generosos de justiça, paz e cooperação, entre povos irmanados por um património comum de resistência anticolonial. Este internacionalismo pós-colonial constituiu um dos princípios ideológicos subjacentes ao nascimento do Movimento dos Não-Alinhados, na esteira de Bandung e do grande optimismo que rodeou a conferência afro-asiática. Outro aspecto importante deste posicionamento passava pelo desejo de equidistância face aos dois grandes blocos capitaneados pelas superpotências.

Em sentido estrito, Westad define o Terceiro Mundo como o conjunto de países que, em África, na Ásia e na América Latina, viveram sob dominação colonial, formal ou informal (não apenas europeia ocidental, mas também russa e americana), experiência que condicionou todos os aspectos da vida das respectivas sociedades, nas suas vertentes económica, política e cultural (p. 3).

Por «intervenção», o autor entende todo o esforço intencional empreendido por um Estado no sentido de condicionar ou influenciar directamente a trajectória política, económica ou militar de outras nações.

A autoria da expressão «Guerra Fria» pertence a George Orwell, que a usou para descrever o estado de hostilidade crescente entre os Estados Unidos e a União Soviética após a vitória dos Aliados na Europa, em 1945. Contudo, e à semelhança de outros autores, entre os quais se contam alguns representantes da nova historiografia da Guerra Fria3, Westad faz recuar as suas origens a 1917 e à introdução, com a vitória da revolução bolchevique, de um novo elemento de instabilidade no sistema mundial, que desafiava directamente o conceito de modernidade representado pelos Estados Unidos, num processo que remeteu as velhas potências europeias para segundo plano, descredibilizadas pela hecatombe da Grande Guerra.

O foco habitual da atenção dos estudos sobre a Guerra Fria (na duração que lhe é habitualmente atribuída, dos anos de 1940 a 1991) centra-se no hemisfério norte. Neste trabalho, esta leitura é invertida, sendo-lhe contraposta uma transferência do eixo da narrativa para os países pós­coloniais em vias de desenvolvimento. Em resposta às críticas de alguns colegas, que vislumbram em The Global Cold War um eurocentrismo às avessas4, Westad replicou nunca ter sido sua intenção desmerecer as questões europeias, mas sim alertar a comunidade de estudiosos da Guerra Fria para a necessidade de reequacionar a análise do problema em termos verdadeiramente globais5.

Consciente de que nem todos os conflitos ocorridos no Terceiro Mundo entre a primeira vaga da descolonização e o fim da Guerra Fria são mensuráveis pela mesma bitola, Westad concentra-se naqueles em que o intervencionismo externo desempenhou um papel central. Assim, os casos em que as especificidades regionais exerceram uma influência mais significativa (são apontados os exemplos das guerras israelo-árabes e indo-paquistanesas), merecem um tratamento menos aprofundado.

 

SEMENTES IDEOLÓGICAS DOS INTERVENCIONISMOS

Os dois primeiros capítulos da obra são consagrados às origens e evolução histórica das doutrinas intervencionistas que condicionaram a política pós-colonial americana e soviética no Terceiro Mundo, nos anos de 1970-1980.

No primeiro («The empire of liberty: American ideology and foreign interventions», pp. 8-38), o autor faz recuar as origens do intervencionismo americano à infância da República e aos tempos da independência e dos founding fathers. A eles remonta também um conjunto de ideias – liberdade, progresso, cidadania – que contribuíram de forma significativa para a construção do discurso nacional. Todavia, este quadro ideológico será completado pela reacção às alternativas de modernização, de inspiração marxista, que ganham consistência a partir de 1917. O anticomunismo constituirá um dos esteios inamovíveis da ­política externa americana nas décadas seguintes, a ponto de se sobrepor, para Westad – e este tem sido um dos aspectos mais contestados da sua argumentação – a considerações de cariz estritamente económico. Neste sentido, o peso relativo das motivações ideológicas na conduta de sucessivas administrações americanas adquire uma importância comparável à que moverá os responsáveis soviéticos durante toda a Guerra Fria.

O capitalismo e o comércio livre, por parte dos Estado Unidos, e a mensagem messiânica do comunismo soviético, são apresentados como os principais motores da acção das superpotências e do seu intervencionismo à escala global, embora relativizados face a imperativos geoestratégicos e às respectivas políticas de alianças. Paralelamente, são fornecidos argumentos convincentes sobre um aspecto comum à natureza de ambos os estados, próximo do proselitismo religioso, que implicava a crença na validade – e infalibilidade – universal de uma série de princípios ideológicos, a que muitas elites do hemisfério sul demonstrariam ser permeáveis.

A génese do intervencionismo soviético e, com ele, do próprio Estado nascido da revolução e da vitória sobre os exércitos brancos na guerra civil russa, é explorada em profundidade no segundo capítulo («The empire of justice: Soviet ideology and foreign interventions», pp. 39-72), onde Westad argumenta de modo convincente a favor da existência de uma linha de continuidade entre a política externa adoptada pelos bolcheviques e o projecto imperial czarista, pan-eslavo e messiânico, que percorre todo o século XIX, validado por uma lógica de expansão contínua e conquista territorial que entrará em colapso com a derrota humilhante frente ao Japão em 1904-1905 e os sérios reveses sofridos na I Guerra Mundial, que ditarão o fim da monarquia russa e do ensaio de democracia parlamentar que dele emerge. Westad não se deixa seduzir, no entanto, por analogias com a Roma antiga, apesar da existência de paralelos curiosos, como a crença das elites russas (fossem elas «ocidentalizantes» ou «eslavófilas») na missão civilizadora do império junto dos povos recém-conquistados da Ásia Central ou do Cáucaso. O que muda, na óptica do autor, é a abordagem ao «atraso» dos povos asiáticos, que passa a ser norteada por imagens de modernização e ruptura com um passado feudal e teocrático.

O declínio da influência da Comintern no Terceiro Mundo entre 1928 e a sua dissolução em 1943, num acto de complacência táctica de Estaline perante os anglo-americanos, seria compensado pela influência crescente da teoria marxista no seio dos movimentos de resistência antiocidental, pois muitos dos seus líderes tinham militado nas fileiras daquela.

Por outro lado, a perspectiva de um mundo capitalista em que as velhas rivalidades imperiais seriam substituídas por uma realidade unipolar dominada pelos Estados Unidos, é descrita como algo que inquietou seriamente os decisores soviéticos à medida que a II Guerra Mundial se aproximava do fim. Para Westad, este receio estava intimamente ligado à obsessão com a segurança territorial, que, aliás, terá levado Estaline a afiançar que a implantação de regimes comunistas na Europa Oriental obedecia à necessidade de criar um cordão sanitário ao longo das fronteiras ocidentais da urss, e não a um intuito deliberado de desencadear processos revolucionários nesses países.

 

DO ANTICOLONIALISMO AO MUNDO PÓS-COLONIAL

O terceiro capítulo («The Revolutionaries: anti-colonial politics and transformations», pp. 73-109), é essencial para a compreensão das análises monográficas realizadas nos seis seguintes. Nele são dissecados a génese dos primeiros movimentos eficazes de resistência contra o colonialismo, a partir da I Guerra Mundial, e os anos de consolidação que se lhe seguem até à primeira grande onda de independências após 1945, bem como o seu posicionamento no quadro de reordenamento estratégico dos primeiros tempos da Guerra Fria.

Um momento importante no despertar das consciências no Terceiro Mundo, tal como Westad faz questão de frisar, ocorre por ocasião da carnificina de 1914-1918, que arruína o capital de superioridade moral reivindicado pelas potências coloniais (p. 79). As elites indígenas deixarão de alimentar ilusões a respeito dos europeus e da sua suposta legitimidade para administrar os vastos territórios que se encontravam sob a sua tutela. Em consequência disso, além de questionar de modo cada vez mais veemente a autoridade das metrópoles, avançam para o passo seguinte, que consistirá em planear o derrube dos poderes imperiais e a sua substituição por alternativas locais.

Nas suas fases iniciais, os movimentos de libertação seguiram uma política de alianças pragmática, que os levou a procurar auxílio junto de quem combatia as potências coloniais (por vezes outras potências coloniais), inaugurando um padrão que se repetiria durante a II Guerra Mundial e nas décadas seguintes. Entre 1914 e o início dos anos de 1920, a atenção dos nacionalistas dos países coloniais dirige-se primeiro para a Alemanha, e depois, por esta ordem, para os Estados Unidos do Presidente Wilson e, por fim, para os bolcheviques. A aproximação a Moscovo acentuar-se-á a partir de 1918, ao verificar-se que os vencedores não tencionavam cumprir as promessas ventiladas nas conferências de paz de Paris6. Um dos apóstolos da independência indiana, Mahabhendra Nath Roy, contemporâneo de Nehru, que mais tarde viria a ocupar um papel proeminente no seio da Comintern, é apontado por Westad como exemplo do pragmatismo atrás referido, por ter começado a carreira ao serviço da causa tentando obter apoio alemão durante a I Guerra Mundial.

As figuras de Roy e Nehru são particularmente relevantes porque sintetizam os dois grandes caminhos seguidos pela resistência anticolonial nas décadas seguintes, dividida entre aqueles que preferiam a via marxista e os nativistas. Se os primeiros optaram por um corte resoluto com o passado, associado ao atraso secular, a formas de produção primitivas e à incapacidade de sacudir o jugo europeu, preferindo direccionar todos os esforços para os tempos vindouros, mediante um processo de modernização à imagem e semelhança do que fora feito na Rússia pelos bolcheviques, os segundos consideravam que as tradições religiosas e culturais – compreendidas à luz de um passado idealizado – constituíam um antídoto vigoroso contra os processos de assimilação e aculturação impostos pelos europeus, e um catalisador da acção dos nacionalistas rumo à autodeterminação total, num futuro livre de qualquer sujeição à influência estrangeira.

As duas tendências ambicionavam conquistar a modernidade, embora com uma diferença substancial: a primeira encarava o Estado como um produto da própria revolução socialista, sem a qual qualquer processo de emancipação nacional estaria incompleto, ao passo que na segunda, o Estado devia reintegrar as tradições locais, para proceder à reconstrução da sociedade, da economia e da capacidade militar.

Contudo, a evolução política dos movimentos revolucionários anticoloniais, fossem eles de inspiração comunista ou nativista, não sucedeu em ambiente estanque. Assim, do final dos anos de 1940 até meados da década seguinte, ela acompanha e informa o nascimento de novos estados no Terceiro Mundo, em plena fase de internacionalização da Guerra Fria e do conflito bipolar, no qual os países pós-coloniais participarão de modo crescente dos anos de 1960 em diante.

Por outro lado, para Westad, os nacionalismos que emergem nos países colonizados são indissociáveis do contexto local, enquanto consequência do próprio domínio colonial. Os conceitos de Nação e Estado moderno são, por assim dizer, importações, que os nacionalistas procurarão ajustar às suas necessidades. Esta constatação reflecte-se, por exemplo, no entusiasmo com que os regimes sucessores retomaram elementos herdados dos últimos tempos da presença europeia, entre os quais se incluíam a crença em projectos grandiosos, a ideia de que o desenvolvimento económico incessante constitui uma meta imperiosa, e a mobilização de massas.

 

UMA HERANÇA SOMBRIA

Países como a Argélia nos anos que se seguem à independência, o Egipto de Nasser, a Indonésia de Sukarno ou a Zâmbia de Kaunda, eram governados por estadistas que viam na experiência soviética um modelo, fascinados pela pujança tecnológica e científica de um país onde uma parte considerável da população estivera submetida a um regime de servidão quase medieval à distância de apenas algumas gerações. A prática de modernização a grande velocidade seguida na urss fornecerá também o mote para os principais objectivos imediatos perseguidos por muitas das primeiras nações pós-coloniais. Entre estes, o autor salienta a construção de um tecido industrial, a reforma agrária (de que cita vários exemplos, com efeitos desastrosos a curto prazo) e uma política das nacionalidades, considerada fundamental para acomodar complexas tramas étnicas e religiosas dentro das fronteiras herdadas da era colonial.

Alguns capítulos de The Global Cold War são devedores de obras que entretanto alcançaram o estatuto de referência sobre os respectivos temas. O caso mais óbvio é talvez o do livro de Piero Gleijeses sobre a intervenção cubana na guerra civil em Angola e o seu papel decisivo na sobrevivência do mpla à frente dos destinos do país, que Westad cita com a devida vénia («The crisis of decolonization: Southern Africa», pp. 207-249)7.

Westad é implacável nas suas conclusões. As intervenções das superpotências jamais ocorreram de modo desinteressado, arrastando consigo toda a sorte de presentes envenenados para os países receptores. No seu entender, correspondem a um prolongamento do colonialismo europeu, redefinido num quadro de rivalidade imperial estritamente bipolar. Neste sentido, defende existir um paralelismo entre o chamado novo imperialismo de finais do século XIX e inícios do século XX, e as políticas intervencionistas levadas a cabo durante a Guerra Fria, a ponto de descrever esta como «uma continuação do colonialismo através de meios muito pouco diferentes» (p. 396). Os seis últimos capítulos, redigidos em jeito de case studies com uma minúcia de alta relojoaria, seguem-lhes o rasto ao longo de um eixo Norte-Sul, em Cuba, no Vietname, na América Central, na África Austral, no Corno de África, no Irão e no Afeganistão. De um modo geral, a luta pela supremacia entre os Estados Unidos e a urss, disputada em campos de batalha onde cruzaram armas por procuração, mas também – aqui permitimo-nos tomar de empréstimo a feliz expressão de Melvyn P. Leffler – nas almas dos povos das nações pós-coloniais, através de programas de modernização impostos a sociedades tradicionais que haviam emergido há pouquíssimo tempo do torpor colonial, produziu um nefasto cortejo de devastações, catástrofes humanitárias e profundo ressentimento, cujos efeitos perdurarão ainda por muitos anos na forma como o Terceiro Mundo percepciona o hemisfério norte.

 

NOTAS

1 Cf., nomeadamente, Cold War and Revolution: Soviet-American Rivalry and the Origins of the Chinese Civil War, 1944-46 (Nova York: Columbia University Press, 1993); Decisive Encounters: The Chinese Civil War, 1946-50 (Palo Alto: Stanford University Press, 2003); e ainda, coordenado por Westad, Brothers in Arms: The Rise and Fall of the Sino-Soviet Alliance, 1945-1963 (Palo Alto/Washington, Stanford U.P./Woodrow Wilson Center, 1998) A esta listagem podemos ainda acrescentar os seguintes títulos: Reviewing the Cold War: Approaches, Interpretations (dir. de Westad), Theory. Londres: Routledge, 2000; The Cold War: A History in Documents and Eyewitness’ Accounts. Oxford: Oxford U. P., 2003 (com Jussi Hanhimäki).

2 Um bom exemplo da historiografia de registo mais tradicional, concentrada na experiência americana da Guerra Fria e devedora de um modelo explicativo da vitória de Washington sobre os soviéticos baseado na superior eficiência do mercado e na difusão da democracia liberal por todo o mundo, encontra-se na obra de John Lewis Gaddis, professor em Yale (e historiador dilecto da Administração Bush), quase uma antítese do livro de Odd Arne Westad (The Cold War: A New History. Nova York: Penguin Press, 2005).

3 Melvyn P. Leffler, Sergei Radchenko (colega de Westad na lse) ou Michael Jabara Carley, entre outros.

4 Nomeadamente de Natalia Yegorova, directora do Centro de Estudos da Guerra Fria do Instituto de História da Academia Russa das Ciências, e William Hitchcock, professor na Temple University e especialista no papel desempenhado pela França durante o período em apreço:. [Disponível em: http://www.h-net.org/%7Ediplo/roundtables/PDF/GlobalColdWar-Roundtable.pdf, pp. 22-28 e pp. 13-16.]

5 Ibidem, p. 30.

6 A subsequente redefinição do xadrez geopolítico apenas consagrou a autodeterminação de povos europeus, previamente administrados pelos extintos impérios centrais, no Centro e Leste do continente, com especial incidência nas regiões danubianas.

7 Gleijeses, Piero – Conflicting Missions: Havana, Washington and Africa, 1959-76. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2002

 

* Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, mestrando em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.