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Revista Lusófona de Educação

versão impressa ISSN 1645-7250

Rev. Lusófona de Educação  n.13 Lisboa  2009

 

As explicações em estudo de caso: alguns dados da cidade de Aquarela

 

Jorge Adelino Costa, António Neto-Mendes & Alexandre Ventura*

 

As explicações, não obstante tratar-se de uma actividade ainda na sombra, constituem hoje um fenómeno crescentemente globalizado, cujas dimensões económico-financeiras, políticas e pedagógicas se encontram ainda longe de uma análise e reflexão suficientemente sustentadas. Se o recurso por parte dos alunos ao apoio particular (familiares, colegas, amigos, ou mesmo professores) sempre constituiu uma realidade presente nos processos de aprendizagem, o desenvolvimento exponencial que o mercado das explicações atingiu nas últimas décadas infligiu-lhe contornos bem diferentes, com o “explicador doméstico” tradicional a ceder lugar à empresa, ao grupo económico e às variadíssimas situações de franchising que se multiplicam por milhares de centros espalhados por todo o mundo. Neste artigo, pretendemos apresentar alguns dados da investigação que temos vindo a desenvolver sobre o assunto, nomeadamente os resultados de questionários aplicados a alunos do 12º ano das escolas do ensino secundário de uma cidade portuguesa, a Cidade Aquarela. Problematizaremos, ainda, esta questão através das repercussões que o fenómeno introduz no quadro das políticas educativas e suas implicações nos resultados escolares dos alunos. Se, nos anos sessenta, Bourdieu e Passeron nos apresentaram os “herdeiros”, hoje, estaremos perante “novos herdeiros”, pois estes alunos, para além da detenção do tal capital cultural de que falavam os autores, usufruem, simultaneamente, de mais aprendizagens requeridas pela escola que oficialmente frequentam, através de estratégias privadas complementares que fazem valer como vantagem competitiva na concorrência com os seus colegas menos favorecidos pela dupla herança familiar.

Palavras-chave: Explicações; mercado; escolas; sucesso; herdeiros

 

Private Tutoring as a subject in a case study: some results from Aquarela City

Although private tutoring is an activity still in the shadows, it is today an increasingly globalized phenomenon, whose economical-financial, political and pedagogical dimensions are still faraway from a thorough analysis and reflection. If students resorting to tutoring (family members, classmates, friends, and even teachers) has always constituted a reality present in the learning process, the exponential development that the private tutoring market has known in the last decades has given it very different contours, with the traditional “domestic tutor” being replaced by firms, economical groups and several types of franchising situations that are multiplied by thousands of centres that can be found across the world. In this text we aim to present some data gathered in the research that we have been conducting on this matter, namely the results of questionnaires filled out by 12th year students attending the secondary schools located in a Portuguese city, which we have named Aquarela City. We will also analyse the repercussions that the phenomenon introduces into the field of educational policies and its implications in students’ school results. If, in the sixties, Bourdieu and Passeron introduced us to the “heirs”, today, we have before us the “new heirs”, as these students, besides possessing the cultural capital discussed by these authors, have, simultaneously, access to more of the learning that is required by the school that they officially attend, through complementary private strategies that they use as a competitive edge in the competition with classmates that are less favoured by this double family inheritance.

Keywords: private tutoring; market; schools; success; heirs

 

Introdução

O recurso, por parte dos alunos, a terceiros no sentido de melhorar os resultados escolares não constitui propriamente novidade: os familiares, os colegas, os amigos, os vizinhos e mesmo os próprios professores sempre desempenharam esta função1. Aquilo que surge como novidade nos dias de hoje é o recurso sistemático, massivo, incentivado e, de certa maneira, já naturalizado a esta actividade, pela via da oferta e da procura, e o desenvolvimento exponencial que este mercado das explicações atingiu nas últimas décadas. Ou seja, o “explicador doméstico”, tradicional, cedeu lugar à empresa, ao grupo económico e às variadíssimas situações de franchising que se multiplicam por milhares de centros espalhados por todo o mundo e que questionam as políticas educativas e a escola formal.

Foram também estas as mudanças com que nos deparámos em Portugal – acrescidas do facto de se tratar de uma problemática esquecida da investigação da especialidade, bem como das preocupações, pelo menos explícitas, dos políticos e dos actores escolares em geral – que nos incentivaram a desenvolver investigação neste domínio.

Antes de mais, convém esclarecer que entendemos as explicações “como práticas q ue correspondem a um serviço privado e remunerado, exercidas, geralmente, por professores fora da escola, visando a melhoria do desempenho académico, que se têm desenvolvido de uma forma extraordinária desde a década de 80 do século XX em praticamente todo o Mundo” (Costa, Mendes & Ventura, 2003: 56).

Foi, então, a partir de 2001 que, na Universidade de Aveiro, iniciámos a investigação nesta área – muita da qual se encontra disponível no sítio do nosso projecto2 – constituindo objectivo central de estudo proceder à análise do fenómeno das explicações na Cidade Aquarela. É nesta cidade – Aquarela é nome fictício de uma cidade do território continental português com uma população a rondar os 100.000 habitantes – que procuramos, em jeito de estudo de caso, avaliar a dimensão do fenómeno das explicações, quer no que diz respeito à oferta (número e tipo de explicadores e de centros de explicações), quer, principalmente, no que se relaciona com os alunos que frequentam estes serviços privados.

Os Explicadores na Cidade Aquarela

Do levantamento efectuado num dos estudos sobre a oferta de explicações na Cidade Aquarela (Silveirinha & Costa, 2007), constatámos que, em 2006, a cidade dispunha: i) em termos de Explicadores públicos, de quinze (15) Centros de Explicações e de cinco (5) Escolas de Línguas (quer num caso, quer noutro, trata-se de empresas que têm ao seu serviço vários explicadores); ii) no que diz respeito aos Explicadores domésticos, cento e trinta e dois (132) indivíduos exerciam esta actividade3, conforme se pode ver no Quadro 1.

 

Quadro 1. Oferta de explicações e níveis de ensino leccionados na Cidade Aquarela

 

Relativamente ao tipo de oferta apresentada pelos explicadores públicos, os dados mostram que, dos quinze (15) centros de explicações analisados, as explicações ao ensino secundário estão presentes em 80% dos centros; segue-se com 66% o 3º ciclo do ensino básico; 60% dos centros oferecem explicações para nível universitário; em percentagem igual, encontram-se os centros que dão explicações ao 2.º ciclo do ensino básico; por último, 33,3% dos centros trabalham com o 1.º ciclo do ensino básico.

Quanto aos explicadores domésticos, o levantamento efectuado aponta para um total de cento e trinta e dois (132). Tal como nos centros de explicações, a oferta é grande e abrange diferentes áreas curriculares e níveis de ensino. Metade dos explicadores, 50%, lecciona o nível secundário; 3% lecciona o nível universitário; 9% o 3.º ciclo; 7,5% o 2.º ciclo, e apenas 2,2% o 1.º ciclo. Em 28% dos dados recolhidos não nos foi possível identificar os níveis de ensino leccionados.

Relativamente às disciplinas sobre as quais incide esta actividade, no caso dos centros de explicações, estes proporcionam explicações a todas as disciplinas do currículo escolar. No que diz respeito aos 132 explicadores domésticos identificados, em 83,3% dos casos (correspondendo a 110), conseguimos reconhecer as disciplinas que leccionam, constatando-se que a disciplina com maior número de explicadores é a Matemática (31,8%); em segundo lugar aparece a Física e a Química, com 22,7%; e em terceiro lugar, o Inglês, com 10%.

De acordo com a análise que efectuámos em trabalho anterior (Ventura, Neto-Mendes, Costa & Azevedo, 2006), também aqui nos deparamos com a oferta de explicações quer como actividade principal, caso dos explicadores que fazem parte dos centros de explicações (os públicos), quer como actividade secundária, a dos explicadores domésticos.

Os alunos que frequentam explicações na Cidade Aquarela

Uma outra vertente do estudo, que podemos considerar a principal, centra-se na análise e tratamento de um inquérito por questionário que é aplicado, anualmente, desde 2002, a todos os alunos que se encontram a terminar o 12º ano de escolaridade4 nas quatro escolas secundárias da Cidade Aquarela. O questionário referido é composto por 27 questões, na sua maioria de resposta fechada e de escolha múltipla. Nele é pedido aos alunos para indicarem elementos relativos à sua caracterização pessoal, como o género e o agrupamento da estrutura curricular (área de especialização) do ensino secundário que frequentam; elementos que se prendem com a caracterização da família, como o grau de instrução dos pais e sua ocupação profissional; elementos relacionados com a escola que frequentam, como a principal razão que os levou a matricularem-se naquela escola e a sua opinião em relação à turma em que estão inseridos; aspectos relacionados com o processo de ensino e aprendizagem, em que se colocam sobretudo questões relativas à frequência de explicações; e, por fim, elementos que dizem respeito às intenções de prosseguimento de estudos no Ensino Superior.

Neste artigo, vamos socorrer-nos dos dados mais recentes que temos tratado: os respeitantes aos anos lectivos de 2004/2005 e 2005/2006 (refira-se que, desde 2001/2002, tendo em conta uma média anual de 500 questionários respondidos, já recolhemos e tratámos mais de 3000 questionários).

Os Quadros 2 e 3 dão-nos uma panorâmica global do fenómeno das explicações na Cidade Aquarela no que diz respeito especificamente aos alunos do 12º ano de escolaridade que, no final dos anos lectivos de 2004/2005 e 2005/2006, frequentavam as quatro escolas secundárias da localidade em questão (como se depreenderá, os nomes com se identificam as escolas são também fictícios).

 

Quadro 2: Os alunos do 12º ano e as explicações: resultados das 4 escolas em 2004/2005

 

Quadro 3: Os alunos do 12º ano e as explicações: resultados das 4 escolas em 2005/2006

Verifica-se uma percentagem elevada de alunos que frequentam explicações, já que, à excepção da Escola Amarela em 2005/2006 (e mesmo esta a aproximar-se do valor apresentado pelas restantes), em todas as outras são mais de 50% os alunos com explicações a pelo menos uma disciplina.

Estes dados permitem-nos inferir que as explicações não constituem um fenómeno pontual e de dimensão reduzida, mas assumem um pendor bem significativo, designadamente no ano de escolaridade aqui em análise, o 12º. Constata-se, ainda, que são as escolas em que as habilitações dos pais dos alunos são de nível mais elevado aquelas em que as explicações atingem valores superiores, o que nos remete para a questão dos “herdeiros” de que daremos conta no ponto seguinte.

No que diz respeito ao tempo gasto, à excepção da Escola Rosa em 2004/2005 (que ultrapassa esses valores), a maioria dos alunos dedicava entre uma e três horas por semana a explicações. É de salientar, no entanto, a percentagem de alunos que frequentava entre quatro e dez horas de explicações por semana, taxa essa que regista valores sempre acima dos 30%.

Relativamente à despesa mensal com explicações, os alunos indicam-nos que despendem entre 71€ e 210€ por semana, à excepção da Escola Amarela em 2005/2006 (onde metade dos alunos gastava até 70€).

Em relação ao impacto das explicações nos resultados dos alunos, se excluirmos a Escola Amarela em 2004/2005, em todas as outras mais de 80% dos alunos que frequentavam explicações afirmaram que estas lhes tinham permitido obter melhores classificações.

Se atentarmos à última coluna dos quadros apresentados, notamos que a maioria dos alunos inquiridos mostrava interesse por realizar estudos ao nível do ensino superior. A Escola Amarela, contudo, continua a manter valores distintos das anteriores5.

Um outro aspecto que interessa referir é o que se relaciona com as disciplinas mais procuradas pelos alunos. Embora os dados não constem dos Quadros indicados, a Matemática é a disciplina mais procurada pelos alunos a que se seguem a Física, a Química e a Geometria Descritiva (por exemplo, em 2005/2006, a Matemática foi referida em primeiro lugar com as seguintes percentagens: 58% na Escola Azul, 81% na Escola Rosa, 86% na Escola Verde e 72% na Escola Amarela).

Explicações e “novos herdeiros” na Cidade Aquarela

Em meados dos anos sessenta, Bourdieu e Passeron (1964) apresentaram-nos os “herdeiros”: os alunos provenientes das classes mais favorecidas que já chegavam à escola possuidores de uma herança cultural sintonizada com a cultura académica escolar (nomeadamente em termos de linguagem e de valores), ou seja, que dispunham, contrariamente aos alunos filhos das classes desfavorecidas, de um capital cultural que lhes permitia adaptarem-se mais facilmente às exigências escolares. Os dados que temos recolhido no âmbito dos nossos estudos sobre as explicações (o perfil dos alunos e das famílias, a escolha das escolas, o tempo e os encargos financeiros despendidos em explicações, os resultados, as expectativas futuras, etc.) aproximam-se, também, globalmente, da tese dos autores franceses.

Contudo, procurámos desenvolver uma análise mais pormenorizada, no sentido de saber se as explicações nos colocam perante “novas heranças”. Ou seja, se, para além da detenção do tal capital cultural de que falavam os autores (“primeira herança”), estes alunos usufruíam, como complemento das aprendizagens oferecidas pela escola regular, de “mais ensino” através de estratégias privadas dirigidas para os serviços de explicações (“segunda herança”). Para o efeito, relacionámos a frequência de explicações por parte dos alunos com as habilitações académicas de nível superior dos pais.

Os dados com que nos deparámos na nossa investigação e que transcrevemos no Quadro 4 parecem confirmar esta hipótese. Assim, se já os Quadros anteriores (2 e 3) nos mostravam que a percentagem de alunos com explicações é claramente superior nas escolas em que as habilitações dos pais dos alunos inquiridos revelavam, em termos globais, um maior nível de habilitações académicas, a análise particularizada dos alunos que frequentam explicações, presente no Quadro 4, torna esta relação mais precisa e percentualmente ainda mais notória.

 

Quadro 4: Curso superior dos pais e frequência de explicações: alunos do 12º ano – 2005/2006

 

Partindo dos resultados do nosso questionário no ano lectivo de 2005/2006, e utilizando como variável a existência de pelo menos um dos progenitores com curso superior (bacharelato, licenciatura, mestrado ou doutoramento), verificamos (Quadro 4) que, na média das quatro escolas, 76% dos pais com curso superior têm os filhos a frequentar explicações. No caso dos pais sem curso superior, embora o valor seja digno de registo, essa pontuação baixa para os 52%. Numa leitura semelhante de tipo inverso (pela ausência desta actividade junto dos jovens inquiridos), verifica-se que apenas 24% dos pais com curso superior não se socorrem desta oferta educativa para os seus filhos, contra 48% dos pais sem curso superior.

Os dados apontam-nos, portanto, para a importância que assume nesta matéria (como em outras, aliás) a variável familiar, especificamente a origem sócio-cultural das famílias dos alunos, já que dispomos de uma relação francamente positiva entre as habilitações académicas de nível superior dos pais e a frequência de explicações por parte dos seus educandos. Também aqui poderíamos incluir as palavras de Sá e Antunes, no sentido de “estarmos perante um acesso desigual a um bem fundamental – a educação – sobretudo nas suas fileiras mais apetecidas; desigualdades que parecem penalizar os grupos que já sofrem de outras penalizações” (2007: 154).

Por outras palavras, uma análise que eleja o princípio da equidade como elemento principal na avaliação do acesso dos alunos aos bens educativos não poderá esquecer esta “nova herança” de que desfrutam os grupos mais favorecidos quando, para além da cultura escolar que herdaram do seu meio familiar, recebem também uma “outra escola”, outros professores, outros processos e técnicas de ensino que reforçam a sua posição na comparação e na competição com os seus colegas não favorecidos pela dupla herança familiar.

Nota final

Os dados que temos vindo a recolher na Cidade Aquarela sobre as explicações dão-nos conta de uma actividade em franco desenvolvimento neste contexto geográfico, à semelhança da globalização que o fenómeno evidencia nos mais diversos cenários mundiais.

O reconhecimento desta realidade leva-nos a equacionar diversas problemáticas como as que dizem respeito: i) aos princípios da educação democrática e equitativa, já que o desafio da construção de uma escola de qualidade para todos parece estar ainda mais posto em causa; ii) ao princípio da igualdade de oportunidades dos alunos no acesso aos bens educativos, em particular no que se reporta aos seus resultados académicos (agravado no caso dos sistemas educativos que seleccionam os estudantes através das classificações nos exames); iii) à própria disparidade regional da oferta de explicações, se compararmos, por exemplo, a oferta presente nos meios urbanos com a dos rurais; iv) ao impacto financeiro que o fenómeno acarreta para os orçamentos das famílias (as famílias de baixos rendimentos não têm acesso a este mercado) e para a gestão diária do tempo dos alunos; v) às questões pedagógicas com que, perante a situação, se debatem os professores na gestão da sala de aula e dos processos de ensino e aprendizagem; vi) aos processos de avaliação das escolas e à construção e publicitação dos conhecidos rankings, sendo o fenómeno das explicações mais um dos elementos de enviesamento destes resultados; vii) ou mesmo, à própria configuração da escola actual que, enquanto organização (“ainda” com professores...) se poderá traduzir em mera agência de legitimação e de certificação de conhecimentos obtidos “à sua margem”.

As explicações constituem, por todo este conjunto de razões, uma problemática que não pode continuar na sombra da investigação educacional e das políticas educativas. Se com a nossa investigação, com o esforço de desocultação que representa, pudermos contribuir para uma maior consciência social e educativa deste fenómeno já terá valido a pena.

 

Notas

1 O presente artigo constitui um produto do projecto de investigação intitulado: Xplika – O mercado das explicações, a eficácia escolar e o sucesso dos alunos. Projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pelo Programa Operacional Ciência e Inovação 2010.

2 Ver: http://www2.dce.ua.pt/xplika/default.asp.

3 Para efeitos de análise, classificámos os explicadores em dois grupos que apelidámos explicadores domésticos e explicadores públicos. No contexto do presente trabalho, os explicadores ‘domésticos’ constituem o grupo que se caracteriza por ser formado exclusivamente por professores que, simultaneamente, leccionam em escolas públicas e dão explicações em casa. Com origem na expressão latina ‘intra domesticos parietes’ (isto é, dentro das paredes de casa), reportamo-nos àqueles profissionais cuja actividade principal é a de professor mas que, simultaneamente, nas horas vagas, desempenham outra função, a de explicadores. Os explicadores ‘públicos’ constituem o grupo daqueles que se dedicam à actividade de explicador, mas enquadrados formalmente pelos centros de explicações; estamos, neste caso, em presença daqueles profissionais que (fora do espaço doméstico e manifestamente presentes na “praça pública”) dão explicações em centros de explicações (Silveirinha e Costa, 2007).

4 A opção pelo 12º ano de escolaridade justifica-se, não só pelo facto de se tratar do ano terminal do ensino secundário, mas também pela existência dos exames nacionais a realizar no final do ano, dos quais depende o acesso ao ensino superior. Na altura em que iniciámos o estudo (2002) os exames de acesso ao ensino superior apenas tinham lugar no 12º ano.

5 Embora não estejamos aqui a realizar uma análise “mais fina”, ao nível de cada escola em particular, alguns dos valores menos expressivos patenteados em alguns itens pela Escola Amarela deverão ser analisados, não só pelo facto de os pais destes alunos serem detentores de habilitações académicas menos elevadas, mas também porque se trata de uma escola com uma percentagem importante dos alunos do 12º ano matriculados em cursos profissionalizantes.

 

Referências bibliográficas

Bourdieu, P. & Passeron, J. (1964). Les Héritiers: Les étudiants et la culture. Paris: Ed. de Minuit.

Costa, J., Ventura, A. & Neto-Mendes, A. (2003). As explicações no 12º ano – contributos para o conhecimento de uma actividade na sombra. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, 2/2003, 55-68.

Neto-Mendes, A., Costa, J., Ventura, A. & Azevedo, S. (2007). La industria de las clases particulares: de la actividad liberal a la franquicia de las multinacionales. Actas do Congresso Pedagogía 2007 – Encuentro por la unidad de los educadores. Havana, 29 de Janeiro a 2 de Fevereiro de 2007 [publicação em CD-ROM).

Sá, V. & Antunes, F. (2007). Públicos e (des)vantagens em educação: escolas e famílias em interacção. Revista Portuguesa de Educação, 20(1), 129-161.        [ Links ]

Silveirinha, T. & Costa, J. (2007). As explicações na perspectiva da oferta: alguns dados de um estudo de caso. IV Congresso Luso-Brasileiro de Política e Administração da Educação e III Congresso Nacional do Fórum Português de Administração Educacional. Lisboa, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação [aguarda publicação nas Actas].

Ventura, A., Neto-Mendes, A., Costa, J. & Azevedo, S. (2006). El fenómeno del apoyo al aprendizaje fuera de la escuela visto a través de un análisis comparado. Profesorado. Revista de currículum y formación del profesorado, 10(2). Disponível em http://www.ugr.es/~recfpro/rev102ART2port.pdf. Retirado em 3/10/2007.

 

*Departamento de Ciências da Educação, Universidade de Aveiro.

jcosta@dce.ua.pt