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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto

versión impresa ISSN 1645-0523

Rev. Port. Cien. Desp. v.8 n.1 Porto abr. 2008

 

Formação de mestres e doutores: Exigências e competências[1]

 

Jorge Olímpio Bento

 

Universidade do Porto, Faculdade de Desporto

 

 

RESUMO

O avanço de uma versão da globalização, manifestamente marcada pela prevalência exclusiva das leis do mercado e dos correspondentes interesses economicistas, a crise da ética e da moral, bem como a implementação do dito Processo de Bolonha colocam às instituições universitárias graves desafios. Entre eles emerge a renovação da missão da Universidade e das relações desta com a sociedade.

A formação de quadros, nomeadamente a de mestres e doutores, deve ter em conta as preocupações suscitadas pela conjuntura normativa que estamos a viver. É nesta conformidade que são apontadas algumas competências, exigências e obrigações que devem balizar essa formação.

Palavras-chave: universidade, missão, ética, mestres, doutores, formação, competências, exigências.

 

 

ABSTRACT

Forming Masters and PhD: Demands and competences

The advance of a globalization version manifestly marked by the exclusive prevalence of the market laws and the relating economic interests, the ethics and moral crisis, as well as the Bologna Process implementation places to the university institutions severe challenges. Among them the renewal of the mission of University and its relations with society emerges.

The formation of the boards, namely of masters and PhD, must reflect the concerns caused by the normative conjuncture that we are living. It is in this conformity that some abilities, requirements and obligations are pointed that must mark out such formation.

Key-words: university, mission, ethic, masters, PhD, formation, competences, demands

 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

 

NOTAS

 

[1]Este texto constitui uma revisão da abordagem acerca do mesmo tema, publicada na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, número especial, Dezembro 2007.

[2]Bauman, Zygmunt (2007). Tempos Líquidos. ZAHAR – Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro.        [ Links ]

[3] Neave, Guy (1995). On visions, short and long. In: Higher Education Policy, Vol.8, nº4, 1995.

[4] Bento, Jorge Olímpio (2004). Desporto Discurso e Substância. Editora Campo das Letras, Porto.

[5] Ortega y Gasset, José (1999). Missão da Universidade. Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

[6] Ibidem

[7] Há quem chame mediocracia ao actual estado da democracia. Com isso traz-se à colação não só a sua conformação à mediocridade do poder exercido pelos media, como também a imbecilidade cultural e moral que estes induzem nos indivíduos. Também há quem use a grafia demo-cracia. Como se sabe, a democracia é o governo do povo, segundo a etimologia grega do termo; ao dividir a palavra está-se a sugerir a sua perversão e a evidenciar o poder do demo.

[8] Marina, José António (1997). Ética para Náufragos. Editorial Caminho, Lisboa.

[9] Marina, José António (1997). Ética para Náufragos. Editorial Caminho, Lisboa.

[10] Ventura, Francisco (1939). Jornada de Sísifo: sonetos. Lisboa: Tip. Imp. Baroeth.

[11] Ferry, Luc: Aprender a Viver. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

[12] Bloom, Harold: Onde Encontrar a Sabedoria? Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

[13] Pablo Neruda afirmou de modo radical: “Só a poesia é clarividente”. No fundo esta tese, transposta para o contexto aqui em apreço, implica que a formação e a ciência devam colocar-se ao serviço da poesia ou assumir-se como uma arte poética, isto é, devam ser entendidas como um instrumento para projectar clarividência sobre a vida, para desvendar e tocar, transformar e afeiçoar a sua substância e o seu encanto e mistério. Para a esclarecermos e levarmos o melhor e mais elevadamente possível.

[14] Edmund Husserl refere que “a filosofia é uma ginástica intelectual terrível que você faz para conseguir ver aquilo que, desde sempre, estava na cara”.

Luc Ferry atribui à filosofia três dimensões: uma teórica, incumbida de esclarecer a natureza e estrutura do mundo no qual a nossa vida se cumpre, procurando destacar “o essencial do mundo, o que nele é mais real, mais importante, mais significativo”; uma prática, ligada à esfera ética, voltada para os outros e para as normas de trato e relacionamento humanos; uma terceira direccionada para a questão da salvação ou da sabedoria, isto é, para uma forma sábia, feliz e livre, da vida. (Ibidem)

Por sua vez, Fernando Savater divide a filosofia em duas partes: indagação e medicina.

Enquanto indagação, suscita aquelas perguntas mais gerais que almejam alcançar uma visão de conjunto, laica e racional, do que somos, do que fazemos e do que nos rodeia.

Enquanto medicina, visa combater, com armas críticas, as superstições, os dogmas e juízos obsoletos que atormentam o indivíduo desejoso de ser livre em todas as épocas.

[15] Savater, Fernando (1991). Ética Para Um Jovem. Editorial Presença, Lisboa.

[16] “A verdadeira filosofia é a que nos permite reaprender a ver o mundo” - assim o disse Merleau-Ponty. A esta asserção pode juntar-se uma outra de Lewin: “Não existe nada mais prático do que uma boa teoria”.

Ambas as afirmações nos lembram quão necessárias são a filosofia e a teoria para enfrentar os problemas práticos da vida.

[17] Ferry, Luc, ibidem.

[18] “A única resposta a dar à morte é viver a sério. (...) Se não queremos fechar-nos numa redoma de vidro, carcomidos pelo medo, a única opção que temos é viver. Viver a sério, todos os dias, todas as horas” – assim recomenda Isabel Stilwell.

[19] “Para ir à frente dos outros é preciso ver mais do que eles” – escreveu o poeta cubano José Marti (1853-1895). Com isso está a dizer-nos que, para superarmos as circunstâncias, é preciso ver para além delas. Essa é também a função da filosofia.

[20] “Todos temos a capacidade individual de actuar sobre a trajectória do Mundo” – eis uma anotação de Henri Laborit que nos incita ao desassossego. Não se trata apenas de ‘capacidade’, mas sobretudo da obrigação de nos interpormos perante os crimes contra a Humanidade, isto é, contra cada um de nós enquanto ínfima fracção da Humanidade. É que cada um de nós representa sozinho toda a Humanidade.

Por isso mesmo Charles Swindoll não consente que nos entreguemos ao desânimo: “Não interessa o que os outros possam pensar, dizer ou fazer. Nós temos que buscar os nossos limites máximos, e não apenas boiar à deriva, ao sabor da correnteza, ou apanhar de má vontade uma onda e deixar-nos levar até à praia. Nós temos o dever de voar”.

[21] Ferry, Luc, ibidem.

[22] Said, Edward, in: Humanismo e Crítica Democrática, Companhia das Letras, São Paulo.

[23] Ibidem

[24] Alves, Rubem (2003). Conversas com quem gosta de ensinar, Porto: Edições ASA.

[25] Ibidem  

[26] O estoicismo ensinava os seus discípulos a abandonar ideologias que valorizam a esperança. Para o efeito servia-se desta máxima: “Esperar um pouco menos, amar um pouco mais”. (In: Ferry, Luc, ibidem).

[27]Alves, Rubem, ibidem

[28] Soares, Magda Becker, in: Incipit Vita Nova, Brochura comemorativa dos 80 anos da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Setembro de 2007.

[29] Fernández-Armesto, Felipe (2004). Então você pensa que é humano? São Paulo: Companhia das Letras.

[30] Faíza Hayat: Na Birmânia, um dia. In: Pública, 30 Setembro 2007.

[31] Bracinha Vieira, António: Somos todos escravos do Incaracterístico. In: Pública, 18.11.2007.

[32] Sampaio, Daniel: A barbárie. In: Pública, 25.11.2007.

[33] Alves, Rubem, ibidem.