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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.20 no.3 Lisboa dez. 2019

https://doi.org/10.15309/19psd200305 

A relação entre os estilos de vinculação e o funcionamento sexual

The relationship between attachment styles and sexual functioning

Joana Leonardo1 & Henrique Pereira1

1Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal, joana.leonardo@ubi.pt, hpereira@ubi.pt


 

RESUMO

A vinculação acompanha o ser humano durante toda a sua vida, desde da infância até à sua vida adulta. A relação entre os estilos de vinculação e o funcionamento sexual surge pertinentemente como uma área de interesse ainda que permanecendo pouco clarificada. Assim, o presente estudo procurou entender e avaliar o grau de associação entre os estilos de vinculação e o funcionamento sexual bem como determinar o efeito preditivo dos estilos vinculativos no funcionamento sexual, numa amostra normativa (n=1170). Os resultados demonstram o grau de associação entre os diferentes tipos de vinculação e o funcionamento sexual. Na interpretação dos dados, foi também considerando a influência de género entre homens e mulheres, existindo diferenças de género em ambas as variáveis. Os resultados deste estudo surgem como uma moldura compreensiva sobre a influência do processo vinculativo no funcionamento sexual, pelo que oferece respostas a uma compreensão mais ampla nesta área. Este estudo permite assim contribuir para um melhor entendimento sobre as variáveis em estudo, ressalvando a importância de mais estudos que permitam explorar esta temática.

Palavras chave: estilos de vinculação, funcionamento sexual, vinculação, diferenças de género


 

ABSTRACT

The attachment follow the human being throughout his life, from infancy to his adult life. The relationship between attachment styles and sexual functioning appears pertinently as an area of ​​interest although it remains unclear. Thus, the present study sought to understand and evaluate the degree of association between attachment styles and sexual functioning as well as to determine the predictive effect of binding styles on sexual functioning in a normative sample (n = 1170). The results demonstrate the degree of association between different types of attachment and sexual functioning. In the interpretation of the data, it was also considered the influence of gender between men and women, with differences of gender in both variables. The results of this study appear as a comprehensive framework on the influence of the binding process on sexual functioning, thus offering answers to a broader understanding in this area. This study allows to contribute to a better understanding of the study variables, noting the importance of further studies to explore this theme.

Keywords: attachment styles, sexual functioning, attachment, gender diferences


 

O interesse sobre o processo vinculação iniciou-se na década de 1930 com o crescente trabalho de Ainsworth e Bowlby, dois autores fulcrais no desenvolvimento da Teoria da Vinculação (Bretherton, 1992), desencadeando um profundo foco de investigação nas últimas décadas.

Inspirado no trabalho de Freud, Bowlby (1958) redefiniu a perspectiva sobre os comportamentos instintivos evidentes nos bebés, surgindo o conceito de vinculação como uma “dinâmica expressa através de um número de respostas instintivas” que posteriormente “no curso normal do desenvolvimento, tornam-se integradas e focadas numa figura materna única”. Este conceito foi inicialmente concebido para explicar os laços afectivos entre as crianças e a figura prestadora de cuidados (figura de vinculação) (Fraley & Shaver, 2000), porém, nas palavras de Bowlby (citado por Ainsworth, 1985), a vinculação acompanha o ser humano desde do seu nascimento e ao longo de todo o seu ciclo vital.

Neste sentido, os padrões de vinculação são mantidos ao longo do tempo através de modelos de funcionamento interno (internal working models), podendo ser positivos e negativos (Howe, Brandom, Hinings, & Schofield, 1999). Da combinação dos diferentes modelos de funcionamento, surgem diferentes tipologias de estilos de vinculação do adulto: seguro, preocupado, evitante desligado e evitante amedrontado (Ribeiro & Costa, 2001) É esperado que os indivíduos se identifiquem com as características dos estilos, podendo identificar-se, mais ou menos, com determinado estilo de vinculação, tornando este modelo flexível na explicação da complexidade dos estilos de vinculação no adulto (Ribeiro & Costa, 2001). De entre as diferentes tipologias de vinculação, tem-se compreendido o modo como a vinculação romântica entre adultos está relacionada com a vinculação na infância (Dinero, Conger, Shaver, Widaman, & Larsen-Rife, 2011), existindo uma influência da interação familiar passada na vinculação atual, mas pode mudar ao longo do tempo, uma vez que as relações estabelecidas na vida adulta ganham a sua própria significância e dinamismo (Dinero et al., 2011)

Na idade adulta, as relações de vinculação são demarcadas pela reciprocidade e pela simetria da relação (Ribeiro & Costa, 2001) e as figuras de vinculação são parceiros com os quais, frequentemente, a relação é de natureza sexual (Hazan & Shaver, 1994). Assim, as relações de intimidade surgem como uma parte fundamental e central na vida das pessoas (Fonseca & Duarte, 2014) e diversos domínios fazem parte do funcionamento sexual - domínio biológico, psicológico, contexto social e interacções (DeLamater & Karraker, 2009).

A dimensão sexual do ser humano desempenha um papel importante na manutenção e consolidação de relacionamentos satisfatórios duradouros (Mikulincer & Goodman, 2006). Porém, quando existem disfunções do sistema sexual, poderá existir conflito relacional, podendo levantar dúvidas e preocupações sobre amar um parceiro e ser amado, aumentar o interesse em parceiros sexuais alternativos e destruir o relacionamento. (Mikulincer & Goodman, 2006), podendo criar situações de conflito ou sofrimento.

Uma das formas de expressão sexual envolve o comportamento e este pode funcionar tendo em conta o sistema de vinculação e de cuidado (Davis, Shaver, & Vernon, 2004). De facto, o sexo pode servir também como uma função de vinculação nas relações sendo usado na procura de proximidade e de cuidado, para fornecer conforto físico ao parceiro (Davis, Shaver, & Vernon, 2004), criando a necessidade de ativar estratégias de regulação de afecto que se reflectem também na negociação e satisfação das necessidades sexuais (Davis et al., 2006).

O tipo de vinculação que mais parece estar associado ao desenvolvimento da autonomia, individualidade e da auto-realização na vida adulta é a vinculação segura (Mikulincer & Shaver, 2003; Ribeiro & Costa, 2001). Os adultos que apresentam um estilo de vinculação seguro têm relacionamentos românticos de qualidade, evidenciando uma atitude segura em relação ao parceiro actual (Roisman, Collins, Sroufe, & Egeland, 2005), sendo estes indivíduos aqueles que têm uma melhor percepção da sua atractividade física (Bogaert & Sadava, 2002), assim como um bom funcionamento do sistema sexual, envolvendo-se em actividades de exploração (Mikulincer & Shaver, 2003) da proximidade física e emocional (Johnson & Zuccarini, 2010) procurando intimidade mútua e prazer durante as relações sexuais, desfrutando a sexualidade mais livremente, com mais interesse, têm melhor capacidade de demonstração de afeto (Mikulincer & Goodman, 2006), bem como de expressar e comunicar as suas emoções de forma aberta (Johnson & Zuccarini, 2010; Shaver & Mikulincer, 2002). Especificamente em relação às mulheres seguras, elas parecem encontrar-se mais orientadas para o seu parceiro sexual e estão associadas a um ambiente mais estável (Bogaert & Sadava, 2002).

Relativamente ao estilo de vinculação ansioso, este caracteriza-se pelos comportamentos focados na protecção e segurança, existindo dificuldade em promover intimidade íntima e em responder às necessidades e preferências sexuais dos parceiros (Mikulincer & Goodman, 2006). Quanto maior a ansiedade, menor a percepção do parceiro como atencioso e responsivo às necessidades e maior tendência a experimentar sentimentos negativos (e.g. vergonha, culpa) e distracção por preocupações relacionais (Birnbaum, 2007). Adultos ansiosos tendem a usar o sexo para alcançar a intimidade e a tranquilidade emocional, procurando a segurança e cuidado no parceiro, porém as excessivas preocupações com o afecto podem levar com que se sintam insatisfeitas sexualmente (Mikulincer & Goodman, 2006), apresentando mais dúvidas sobre ser amados e sentirem-se mais sozinhas (Birnbaum, Reis, Mikulincer, Gillath, & Orpaz, 2006). O estilo ansioso está associado negativamente às áreas de funcionamento sexual, o que indica que quanto maior o nível de ansiedade, menor a satisfação sexual, intimidade sexual, excitação e orgasmo (Birnbaum, 2007). Pessoas ansiosas têm preocupações intensas relacionais que podem ser desviadas para o domínio sexual através de afeto negativo e obstáculos cognitivos ao prazer (e.g. preocupação em agradar ao parceiro) (Birnbaum, 2007). A motivação sexual pode ser activada por inseguranças, nomeadamente em pessoas ansiosas, que indicam ser mais interessadas em relações sexuais quando se sentem inseguros quanto ao seu relacionamento (Davis, Shaver, & Vernon, 2004).

As pessoas com estilos de vinculação ansiosas parecem fazer a manutenção da paixão ao longo do tempo, através da busca por proximidade e necessidade de tranquilidade, bem como através dos processos cíclicos de conflito que provocam maior intensidade e aprofundamento na intimidade (Davis, Shaver, & Vernon, 2004). De facto, o sexo pode ser benéfico para estas pessoas, uma vez que a relação sexual e sentimentos positivos sentidos durante a actividade sexual mostram satisfazer as necessidades de intimidade, proximidade, reafirmação e cuidado, trazendo um alívio das preocupações sobre o relacionamento (Birnbaum et al., 2006). Porém, as mulheres com estilos de vinculação ansiosos são mais afectadas pelos sentimentos e cognições a ele associados vivenciados durante o sexo, na medida em que o estilo de vinculação ansioso está associado a uma interpretação ambivalente da experiência sexual, podendo atribuir a esta ambivalência a dificuldade de cumprir as necessidades vinculativas (Birnbaum et al., 2006), nomeadamente com a expressão de sentimentos de rejeição, insegurança e preocupações acerca da relação.

Já o estilo de vinculação evitante é caracterizado por uma distorção do sistema sexual, vendo a relação sexual como um acto íntimo e de vulnerabilidade psicológica (Mikulincer & Goodman, 2006). Pessoas com estilo de vinculação evitante sentem-se desconfortáveis com actividades sexuais e distanciam-se emocionalmente sem procurar a exploração sexual (Mikulincer & Goodman, 2006) porque este tipo de interação promove intimidade e proximidade (Mikulincer & Shaver, 2003). O comportamento das pessoas evitantes pode ser explicado pelo desconforto inerente à interação sexual (Birnbaum et al., 2006), resultando em sentimentos aversivos e.g. sensação de estranheza e de decepção, pensamentos intrusivos, dúvidas sobre o amor e ser amado, falta de sentimentos agradáveis e dificuldade em se concentrarem nas necessidades do parceiro (Birnbaum et al., 2006). Ao evitarem a proximidade emocional e intimidade, associam-se a uma maior perda de paixão ao longo do tempo nos relacionamentos (Davis, Shaver, & Vernon, 2004), podendo criar situação de maior promiscuidade e não-exclusividade nos seus relacionamentos, procurando outros parceiros fora do seu relacionamento (Schachner & Shaver, 2002), o que pode ser explicado pelo carácter evitante do compromisso, existindo assim um padrão descontínuo entre as interacções sexuais e as interações relacionais (Birnbaum et al., 2006).

Finalmente, o género parece ter algum grau de interferência quanto aos estilos de vinculação, sendo que as mulheres encontram-se mais associadas ao estilo de vinculação ansioso que os homens, e os homens encontram-se mais associados ao estilo de vinculação evitante (Brassard, Shaver, & Lussier, 2007). Estas diferenças podem estar associadas ao facto de as mulheres serem mais sensíveis aos modelos de funcionamento interno das relações interpessoais, o que consequentemente afecta os seus comportamentos sexuais (Bogaert & Sadava, 2002).

Considerando que a relação entre os estilos de vinculação e o funcionamento sexual permanece pouco clarificada, foi desenvolvido o presente estudo cujos objetivos assentam em (1) Avaliar os níveis dos estilos de vinculação numa amostra normativa; (2) Avaliar os níveis de funcionamento sexual; (3) Avaliar o grau de associação entre os estilos de vinculação e o funcionamento sexual; (4) Determinar o efeito preditivo dos estilos vinculativos no funcionamento sexual, tendo em conta a eventual interferência de medidas gerais de felicidade, perceção de saúde e satisfação com a vida.

Método

Participantes

A amostra, recolhida por conveniência, é constituída por 1170 participantes com idades compreendidas entre os 18 e os 81 anos, sendo a média das idades de 28,9 anos (DP=11,89). A amostra é maioritariamente composta por mulheres (68,7%), sendo composta apenas por 30,7% de homens e de outro género (0,4%). A amostra identifica-se maioritariamente com orientação sexual heterossexual (89,4%). 87,3% dos participantes são portugueses, sendo que 89% da amostra diz residir em Portugal.

44,3% da amostra indicam participantes solteiros, contando com 26,6% de participantes que se encontram num compromisso afectivo. Apenas 17% são casados, 6,8% a viver em união de facto, 4,5% divorciados, 0,7% viúvos. Mais de metade dos participantes são provenientes de cidades (pequena cidade 45,6%, grande cidade 21,3%).

Relativamente à escolaridade, 40% dos participantes são licenciados e 40,2% têm o 12º ano de escolaridade. Metade da amostra é composta por estudantes (43,6% estudantes, 7,2% trabalhadores estudantes), sendo composta também significativamente por trabalhadores por conta de outrem (33,9%). 55,9% da amostra indica pertencer ao estatuto socioeconómico médio. Quanto à religiosidade, 44,4% indica ser crente e 55% menciona ser não crente.

Quanto aos itens de auto-avaliação, a amostra pontua acima da média relativamente à sua percepção geral de saúde (M=7,21; DP=1,66) A amostra indica estar relativamente satisfeita com a vida pontuando ligeiramente acima do ponto médio da escala (M=6,87; DP=1,76), sendo que também para a variável Felicidade Geral, a .amostra indica estar relativamente feliz (M=6,92; DP=1,70). Estas informações podem ser verificadas no Quadro 1.

 

 

Material

Utilizou-se nesta investigação um protocolo constituído por três instrumentos (questionário sociodemográfico, questionário de estilos de vinculação e questionário de avaliação do funcionamento sexual), precedido pela apresentação do consentimento informado.

O questionário sociodemográfico foi composto por questões para a compreensão e caracterização da amostra: idade, género, estado marital, proveniência geográfica, escolaridade, situação profissional, estatuto socioeconómico, orientação sexual, religião, nacionalidade, país residente. Foram ainda realizadas questões de auto-relato relativas à auto-avaliação da satisfação com a vida, felicidade geral, e da saúde.

Os estilos de vinculação foram avaliados através do The Relationships Questionnaire (RQ) de Bartholomew e Horowitz (1991), composto por 4 itens (em que cada uma está relacionada a um estilo vinculativo respectivamente): estilo seguro, estilo preocupado, estilo evitante-amedrontado, estilo evitante-desligado. Estes itens são avaliados numa escala do tipo Likert de 7 pontos, em que 1 “Discordo fortemente” e 7 “Concordo fortemente”. Foi realizada uma adaptação para aplicação em língua portuguesa, com tradução e retroversão por uma equipa de especialistas em psicologia clínica e linguística, assim como um pré-teste para assegurar que a formulação dos itens era bem compreendida. Cada item foi considerado como medida de um dado estilo de vinculação.

No que concerne ao funcionamento sexual, este foi avaliado através da versão portuguesa validada do Massachusetss General Hospital - Sexual Functioning Questionnaire (MGH-SFQ) de Pereira (2017), com 5 itens que avaliam: o interesse sexual, a excitação, a capacidade de atingir o orgasmo, a capacidades para atingir a manter uma erecção (no caso dos homens) ou a lubrificação (no caso das mulheres) e a satisfação sexual geral. Estes itens são avaliados numa escala do tipo Likert de 7 pontos, em que: 1 - “totalmente ausente”; 2 - “marcadamente diminuída”; 3 - “quase normal”; 4 - “normal”; 5 - “algo acima do normal”; 6 - “marcadamente acima do normal”; 7 - “completamente acima do normal”. Foi também posteriormente utilizada uma medida de funcionamento sexual global que corresponde à média dos cinco itens (Funcionamento Sexual Global). O alfa de Cronbach obtido foi de .91 quer no estudo da versão portuguesa quer no presente estudo. Utilizaram-se ainda itens de autorresposta para avaliar as percepções de saúde, felicidade e de satisfação com a vida que variam numa escala de resposta entre 1 e 10.

Procedimento

O protocolo foi disponibilizado através de um link online criado no âmbito desta investigação, tendo sido disseminado através da internet, mailing lists, em plataformas virtuais e redes sociais, visando a recolha de maiores dados possíveis (n>1000). A amostra foi recolhida por conveniência entre setembro de 2018 e novembro de 2018. Os participantes eram convidados a preencher o protocolo, sendo informados de que os seus dados eram respeitados, anónimos e confidenciais e que a sua participação era inteiramente voluntária. O consentimento integrava também informação sobre o objecto de estudo bem como sobre o uso e a finalidade dos dados. As respostas obtidas eram submetidas para uma base de dados.

Resultados

Para proceder à análise de dados, foi utilizado IBM SPSS Statistics (Versão 25, 2017) que permitiu, através das medidas descritivas básicas (média, desvio padrão, frequência) aceder à análise global dos dados sociodemográficos e das variáveis em estudo.

No que concerne ao Funcionamento Sexual, foi criada uma variável - Funcionamento Sexual Global - que compila os 5 itens do funcionamento sexual, fazendo a média entre estes. Em média os participantes pontuam ligeiramente abaixo do “normal” em todos os 5 itens da escala (FS1, FS2, FS3, FS4, FS5), sucedendo de forma igual na variável Funcionamento Sexual Global (M=3,165; DP=1,11) Estes dados permitem descrever que em termos gerais, em média a amostra refere que o seu funcionamento sexual é considerado ligeiramente abaixo normal (Quadro 2).

 

 

Os resultados dos estilos de vinculação (Quadro 3) sugerem que a amostra identifica-se mais, moderadamente, com o nível de vinculação Estilo Preocupado (M=3,9; DP=1,90), e menos com o Estilo de Vinculação Evitante-amedrontado (M=3,12; DP=1,77), identificando-se de forma moderada com os restantes Estilos de Vinculação (i.e. Vinculação Seguro (M=3,76; DP=1,69); Vinculação Evitante-desligado (M=3,79; DP=1,84).

 

 

Recorrendo ao teste t-student de amostras independentes (Quadro 4) foi comparada a amostra de homens (n=359) e a amostra de mulheres (n=804), revelando resultados significativos. No que diz respeito ao funcionamento sexual, existem diferenças significativas nas médias em todos os itens da escala [(FS1: t(799,266)=9,728; p<,001); FS2: t(818,354)=9,577; p<,001); FS3: t(892,398)=11,240; p<,001); FS4: t(898,247)=10,602; p<,001); FS5: t(713,022)= 4,118; p=,003), sendo que os homens pontuam em média mais alto que as mulheres. Na variável Funcionamento Sexual Global, que compila todos os itens da escala, existem ligeiras diferenças entre homens e mulheres [t(861,660)=10,207); p<,001], sendo que os homens em global estão mais satisfeitos (M=4,09; DP=,900) a nível sexual que as mulheres (M=3,45; DP=1,146).

 

 

Quanto ao estilo de Vinculação Seguro, existem ligeiras diferenças não significativas entre homens e mulheres [t(1154)=3,675; p=0,320], existindo mais homens (M=4,03; DP=1,684) a identificarem-se com este estilo que mulheres (M=3,64; DP=1,679). Quanto ao Estilo de Vinculação Preocupado, existem também ligeiras diferenças não significativas entre os grupos [t(1157)=-4,559); p=0,119], existindo mais mulheres (M=4,06; DP=1,925) que pontuam neste estilo de vinculação que homens (M=3,52; DP=1,789). Quanto ao Estilo de Vinculação Evitante-amedrontado, não existem diferenças significativas entre ambos [t(1152)=2,389; p=0,660], existindo relativamente mais homens que se identificam com este estilo (M=3,30; DP=1,742) que mulheres (M=3,03; DP=1,767). No que diz respeito ao Estilo de Vinculação Evitante-desligado não existem diferenças significativas entre os grupos [t(1153)= -2,522; p=0,449], existindo relativamente mais mulheres que se identificam com este estilo (M=3,88; DP=1,864) do que homens (M=3,59; DP=1,784).

Foi realizado o coeficiente de correlação de Pearson (Quadro 5) para averiguar a correlação entre as variáveis. Os resultados indicam que o Funcionamento Sexual Global está correlacionado positivamente de forma fraca com o Estilo de Vinculação Seguro (r=0,120; p=,01), a Satisfação com a Vida (r=0,240; p<,001), a Felicidade Geral (r=0,272; p<,001) e Auto-Avaliação da Saúde (r=0,174; p<,001). Contudo, o Funcionamento Sexual Global correlaciona-se negativamente de forma fraca com o Estilo de Vinculação Preocupado (r=-0,181; p<,001), com o Estilo de Vinculação Evitante-amedrontado (r=-0,091; p=,002) e com o Estilo de Vinculação Evitante-desligado (r=-0,111; p<,001).

 

 

O estilo de Vinculação Seguro correlaciona-se positivamente com fraca intensidade, além com o funcionamento Sexual Global, com a Satisfação com a vida (r=0,200; p<,001), Felicidade Geral (r=0,204; p>,001) e com a Auto-avaliação de Saúde (r=0,102; p<,001) apenas correlacionando-se de forma negativa e fraca com o Estilo de Vinculação Preocupado (r=-0,250; p<,001).

O estilo de vinculação Preocupado correlaciona-se positivamente de forma fraca com os estilos de vinculação Evtitante-amedrontado (r=0,455; p<,001) e Evitante-desligado (r=0,143; p<.001) e negativamente com o Funcionamento Sexual Global (r=-0,181; p<,001), com o Estilo de Vinculação Seguro (r=-0,250; p<.001) Satisfação com a Vida (r=-0,247; p<,001), Felicidade Geral (r=-0,248; p<,001) e com a Auto-avaliação da Saúde (r=-0,163; p<,001).

O estilo de Vinculação Evitante-amedrontado correlaciona-se negativamente de forma muito fraca com o Funcionamento Sexual Global (r=-0,091; p=,002), negativamente e fraca com a Satisfação com a Vida (r=-0,111; p<.001), Felicidade Geral (r=-0,143; p<,001) e Auto-avaliação da Saúde (r= -0,113; p<,001) e positivamente com o Estilo de Vinculação Preocupado (r=0,455; p<,001), existindo uma correlação moderada.

O estilo de Vinculação Evitante-desligado correlaciona-se positivamente apenas com o Estilo de Vinculação Preocupado (r=-0,143; p<,001) e negativamente com o Funcionamento Sexual Global (r=0,111; p<,001), ambas as correlações fracas.

Para verificar se existe ou não predição no que concerne às variáveis em estudo, i.e. se os estilos de vinculação predizem os níveis de funcionamento sexual, foi realizado uma regressão linear, por método enter (Quadro 6). Os resultados indicam que os estilos de vinculação explicam apenas 5% do Funcionamento Sexual Global (R2=,05) sendo que, quando adicionadas as variáveis Satisfação com a vida, Saúde e Felicidade, estes explicam 11% do Funcionamento Sexual Global (R2=,11).

 

 

Discussão

O sexo surge na dinâmica díade entre adultos, capaz de promover laços duradouros, ou mesmo até ser motivo de distanciamento (Birnbaum, Mikulincer, Szepsenwol, Shaver, & Mizrahi, 2014). A interação sexual pode então gerar afetos positivos e negativos, bem como potenciar o desejo ou ameaçar a própria auto-estima (Birnbaum, Mikulincer, Szepsenwol, Shaver, & Mizrahi, 2014). Os padrões de vinculação responsáveis por regular a intimidade e as emoções nas relações com os outros são estabelecidos na infância e parecem influenciar a forma de funcionamento na vida adulta nas relações românticas e no funcionamento sexual (Birnbaum, 2016). A necessidade e a regulação afectiva reflectem-se na negociação e na satisfação das necessidades sexuais (Davis et al., 2006).

Existe assim alguma literatura que permite perspectivar que o funcionamento sexual e a satisfação sexual são moldados pelos padrões de comportamento vinculativos (Davis, Shaver, & Vernon, 2004) e em como estes se manifestam na intimidade e interdependência com parceiros (Birnbaum, 2017; Birnbaum & Reis, 2018). Os adultos usam muitas vezes o sexo para mediar e fazer manutenção do seu relacionamento (Davis, Shaver, & Vernon, 2004).

Os resultados da presente pesquisa, não foram tão significativos como o esperado, porém de uma forma prudente, é possível denotar que os padrões de vinculação, juntamente com outras variáveis (i.e. satisfação com a vida, felicidade geral e auto-avaliação da saúde) explicam algum nível do funcionamento sexual, o que remete para as evidências conseguidas em diversos estudos que têm demonstrado que os padrões de vinculação ajudam a explicar o funcionamento e satisfação da vida sexual. (Birnbaum & Reis, 2018).

Os dados obtidos neste presente estudo permitem compreender que o funcionamento sexual se correlaciona positivamente - ainda que forma fraca - com os padrões de vinculação segura. Os comportamentos vinculativos de segurança têm uma grande importância no funcionamento sexual (Wiebe et al., 2019) uma vez que este tipo de comportamentos permite ao indivíduo estar mais propenso em envolver-se em actividades de exploração, proximidade física e emocional (Johnson & Zuccarini, 2010; Mikulincer & Shaver, 2003). Os dados deste estudo indicam que os estilos de vinculação preocupado, evitante-amedrontado e estilo de vinculação evitante-desligado correlacionam-se de forma negativa - ainda que pouco significativa - com o funcionamento sexual, i.e, estes padrões vinculativos conduzem a um nível de funcionamento sexual mais baixo. Estes dados vão ao encontro de diversas pesquisas, ressaltando de que os padrões de vinculação ansiosa e de evitamento encontram-se correlacionados com dificuldades sexuais (Birnbaum, 2007; Burri, Schweitzer, & O’Brien, 2014; Butzer & Campbell, 2008; Purcell-Lévesque, Brassard, Carranza-Mamane, & Péloquin, 2018; Wiebe et al., 2019)

Os padrões de vinculação ansiosos encontram-se associados à intimidade (Snapp, Lento, Ryu, & Rosen, 2014) e são os mais prejudiciais no funcionamento sexual sendo que estão fortemente associados à insatisfação sexual (Birnbaum, 2007; Davis et al., 2006). A vinculação ansiosa está associada negativamente a diversas áreas do funcionamento sexual (i.e. menor satisfação, intimidade sexual, excitação e responsividade orgásmica). Isto pode ser explicada pelas preocupações exageradas das pessoas ansiosas (Birnbaum, 2007) e o medo de perder o seu parceiro o que, muitas vezes, as levam a focarem-se nos desejos do parceiro (Davis et al., 2006) e inibir as suas próprias necessidades sexuais. (Mizrahi, Kanat-Maymon, & Birnbaum, 2018). As preocupações constantes e o medo de intimidade, não permite que o sistema sexual da pessoa funcione de forma saudável (Birnbaum & Reis, 2018).

Os resultados obtidos demonstram que os padrões de vinculação evitantes surgem associados a níveis baixos de funcionamento sexual. Ainda que a presente pesquisa não tenha valores significativos, a literatura demonstra que os padrões de vinculação evitantes encontram-se associados a níveis mais baixos de desejo sexual (Mizrahi, Reis, Maniaci, & Birnbaum, 2018), a menor intimidade e excitação (Birnbaum, 2007) e encontram-se relacionados com uma percepção de maior dor sexual e menor satisfação sexual. (Purcell-Lévesque, Brassard, Carranza-Mamane, & Péloquin, 2018). Níveis mais baixos do funcionamento sexual em pessoas evitantes podem ser explicados pela estratégia defensiva e desconforto na intimidade inerente à interação sexual, que impede a experiência de intimidade na relação sexual, uma vez que tendem a separar o sexo das qualidades do relacionamento, mesmo dentro do contexto de um relacionamento romântico em curso (Birnbaum, Reis, Mikulincer, Gillath, & Orpaz, 2006). Quando fazem sexo tendem a concentrarem-se nas suas próprias necessidades sexuais e são menos propensos em responder às necessidades sexuais do parceiro e tendem a não serem exclusivas nos seus relacionamentos (Birnbaum, 2016). Adultos evitantes ainda que emocionalmente distantes podem usar o sexo para aumentar a sua autoavaliação ou a sua aprovação (Snapp, Lento, Ryu, & Rosen, 2014) e para manipular e exercer poder sobre o parceiro (Davis, Shaver, & Vernon, 2004).

Os resultados do presente estudo apontam que os homens indicam valores mais altos no funcionamento sexual que as mulheres, o que é corroborado por outras pesquisas (Burri, Schweitzer, & O’Brien, 2014; Butzer & Campbell, 2008) onde o nível de funcionamento sexual entre homens e mulheres é discrepante entre os dois grupos, sendo que os homens pontuam em média mais alto que as mulheres. É percepcionado que as mulheres ansiosas e evitantes tenham mais dificuldades no campo sexual pelo que pode explicar também esta diferença entre género (Burri, Schweitzer, & O’Brien, 2014), bem como, tendem a relatar níveis de satisfação sexual mais baixa, baixa resposta de orgasmo e falta de intimidade (Gewirtz-Meydan & Finzi-Dottan, 2017)

No que concerne aos padrões de vinculação, os homens pontuam - de forma marginal - mais que as mulheres nos padrões de vinculação seguro e de vinculação evitante-amedrontado. Contrariamente, as mulheres encontram-se associadas a níveis ligeiramente superiores nos padrões de vinculação evitante-preocupado e evitante-desligado. Diversas pesquisas assentam nos resultados de que os homens são mais evitantes que as mulheres e que, por sua vez, as mulheres são mais ansiosas que os homens (Brassard, Shaver, & Lussier, 2007; Del Giudice, 2011; Snapp, Lento, Ryu, & Rosen, 2014) no entanto a presente pesquisa veio contrariar essa perspectiva de uma forma cautelosa, uma vez que não existem valores significativos. Alguma literatura encontra alguns dados semelhantes onde os homens ansiosos estão associados à pressão feita pelos pares o que pode ser explicado pelo medo de rejeição que é inerente à ansiedade de vinculação (Snapp, Lento, Ryu, & Rosen, 2014). Os homens mais ansiosos tendem a afastar-se das atividades sexuais (Favez & Tissot, 2019) e tendem a ter níveis de satisfação sexual mais baixos (Gewirtz-Meydan & Finzi-Dottan, 2017).

Este estudo não é isento de limitações, pelo que uma das limitações expressas nesta pesquisa assentam na natureza da amostra, nomeadamente sobre a proveniência geográfica dos participantes, uma vez que grande parte da amostra é proveniente de meios citadinos podendo existir um padrão de resultados diferente caso a amostra englobasse de forma representativa pessoas de meios mais pequenos e rurais.

Ainda que esta limitação estivesse englobada no plano da pesquisa através da obtenção de uma amostra significativa, o método de recolha desta pesquisa realizado com recurso a um questionário online agrega outra possível limitação que assenta no carácter voluntário da participação. Uma das limitações a ser igualmente considerada é a desejabilidade social, uma vez que os resultados foram obtidos através de questionários, o que estão sujeitos a algum enviesamento das respostas por parte dos participantes. Os aspectos culturais devem ser englobados como uma possível interferência da natureza dos dados uma vez que o efeito dos papéis sociais associados ao género modelam o mundo da vida sexual (Murilo, 1998).

Seria pertinente em futuros trabalhos, esmiuçar os resultados sobre as diferenças entre género, procurando entender quais os tipos de vinculação associados ao género. Sugere-se também a existência de estudos qualitativos que poderiam oferecer uma compreensão alargada sobre esta temática ao longo do tempo. A pesquisa orientada para esta área permite ampliar a compreensão sobre os estilos de vinculação e o funcionamento sexual bem como, contribuir para o desenvolvimento de intervenções psicológicas e.g. terapia de casais (Wiebe et al., 2019). A falta de pesquisa nesta área impede uma compreensão mais detalhada pelo que se sublinha a pertinência e a importância deste presente estudo.

 

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Recebido em 21 de Maio de 2019/ Aceite em 31 de Agosto de 2019

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