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Psicologia, Saúde & Doenças

versión impresa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.19 no.3 Lisboa dic. 2018

https://doi.org/10.15309/18psd190303 

A hospitalização retratada na literatura infantil: diálogos com a educação em saúde

The retracted hospitalization in children’s literature: dialogues with health education

Alessandra Santana Soares e Barros1

1 Faculdade de Educação - FACED, Universidade Federal da Bahia, Salvador de Bahia, Brasil. alssb@ufba.br


 

RESUMO

Considerando que os livros infantis, cujas temáticas são relacionadas à doença e/ou à hospitalização, podem se mostrar ferramentas de trabalho especialmente significativas para profissionais que lidam com crianças hospitalizadas em contextos de educação em saúde, foi analisada uma amostra intencional de vinte livros infantis ilustrados. A análise julgou a qualidade simbólica dos discursos subliminares ali contidos, sendo executada segundo os pressupostos da Escola Francesa de Análise de Discurso. Os achados indicaram que livros reproduzem os estereótipos socialmente veiculados sobre os profissionais de saúde e carregam mensagens moralizadoras sobre o comportamento ideal frente à hospitalização e/ou o sofrimento na doença. A pesquisa intentou verificar, também, se os livros cumprem alguma função informativa, representando de modo verossímil a realidade experimentada pela criança na doença e/ou na hospitalização.

Palavras-chave: hospitalização pediátrica, análise de discurso, literatura infantil. biblioterapia, educação em saúde


 

ABSTRACT

Once children’s books whose themes are related to illness and hospitalization, may prove to be especially significant work tools for professionals dealing with children hospitalized in contexts of health education, it was held a research that analyzed a sample of twenty illustrated children’s books. The analysis judged the symbolic quality of the underlying discourses contained therein, running under the premises of the French School of Discourse Analysis. The findings indicated that books reproduce stereotypes socially conveyed about health professionals and carry moralizing messages about the ideal behavior expected from a hospitalized child. The research also checked if the books meet some informative function, representing in a convincing way the reality experienced by sick children at hospitals.

Keywords: pediatric hospitalization, discourse analysis, children’s literature, bibliotherapy, health education


 

A dimensão tradicional da Educação em Saúde foi aquela que privilegiou uma abordagem preventivista e higienista, com ênfase em aspectos sobre aprendizagem acerca das doenças e a atuação estreita sobre os grupos populacionais sob risco de adoecimento, tendo como abordagem preferencial a forma da propaganda sanitária. Neste contexto, a escola, e seu projeto de educação formal, foi apreciada como um espaço preferencial para esse empreendimento prescritivo e comportamentalista, dado o caráter sistematizado e de continuidade de suas práticas instrucionais.

Outra dimensão da Educação em Saúde, a que se faz proclamar atualmente por aqueles fóruns comprometidos com a emancipação dos sujeitos, orienta suas práticas a partir do conceito ampliado de saúde. Nesta outra perspectiva, ansiosa pela superação do caráter reducionista da primeira, a Educação em Saúde, mais do que um empreendimento educativo fundado em bases didáticas e informativas, é entendida como um processo que deve abranger a participação de toda população e abordar os diferentes caminhos de construção social da saúde e bem-estar (Schall &Struchiner, 1999).

Para esta vertente, um projeto de renovação das práticas de saúde que logre alcançar sucesso, deverá assim passar pelo investimento na retomada do valor coletivo como preponderante em relação ao individual. Tem-se ainda que, os espaços de intervenção propostos por uma prática educativa em saúde comprometida com a mudança, justiça e equidade social, além de se localizarem nos limites do setor saúde, se dariam para além destes muros institucionais, quer sejam de postos de saúde e hospitais, quer sejam mesmo de escolas.

Um educador em saúde deve então, antes de tudo, ser um planejador em saúde, ancorado, dentre outras ferramentas, na gestão ambiental urbana. Mais do que um empreendimento educativo fundado em bases pedagógicas, a educação em saúde deve ser um instrumento político, contra-hegemônico, de transformação da realidade social. Os sujeitos deste processo são todos os atores sociais enquanto tidos como agentes de transformação na perspectiva de um processo de promoção à saúde: profissionais de saúde, lideres comunitários, professores e alunos nas escolas, padres, freiras, pastores, farmacêuticos, população usuária dos vários serviços - nos seus segmentos formais e informais, dentre outros. O mesmo princípio se aplica à diversificação dos instrumentos, que então se estendem para além das cartilhas, dos folhetos e das mídias audiovisuais para comportar, também, livros de histórias, os quais, nesses termos, retomarão o lugar de possibilidades da escola enquanto agência de socialização e de educação em saúde.

Mas para além da escola, livros infantis são fartamente utilizados em programas de Educação em Saúde e em Programas de preparo pré-cirúrgico. Servem para auxiliar enfermeiros, psicólogos, professores e terapeutas na adesão dos pacientes aos tratamentos, rotinas e intervenções da assistência médica. Quando utilizados em práticas menos dirigidas, se prestam a proporcionar prazer e satisfação e, desse modo, contribuir no enfrentamento do stress da hospitalização.

Este uso terapêutico do livro parte do princípio que a leitura abre caminhos para a conversa entre o cuidador e a criança em situações críticas sendo, assim um facilitador do diálogo. O pressuposto instrumental, segundo o qual a literatura possibilita a criança experimentar não só a sua dor como a do outro, alavancou não apenas o interesse do mercado editorial em publicar livros sobre o adoecimento e a hospitalização, como assim também o fez com a reflexão acadêmica que se interessou em analisar, senão exatamente aqueles tipos de livros, por certo as práticas neles apoiados. Isto se deu, por exemplo, nos estudos de Mattews e Lonsdale (1992), Moreno et al. (2003), de Caldin (2002), e Trinca (2003), de Seitz (2005), de Ribeiro(2006), de Orsini (1982) e de Pintos (1999).

O livro infantil ocupa historicamente um papel de importância relevante na formação do leitor iniciante tanto quanto o faz na socialização dos costumes e da moral. Embora a literatura infantil, em suas origens, tenha tratado de temas como morte ou abandono - bastando para tanto lembrar os clássicos contos de fadas, livros mais explícitos sobre esses assuntos foram, em tempos modernos e ocidentais, considerados proibidos para crianças. A retomada destes temas às prateleiras das livrarias é, portanto, um fenômeno relativamente recente.

Nas últimas décadas, os mercados editoriais brasileiros e estrangeiros têm aumentado progressivamente a quantidade de livros infantis que exploram o tema tabu da morte e, por aproximação ou influência, assim também livros que tratam do tema do envelhecimento e do tema do adoecimento.

Livros infantis acerca deste último tema se fazem notar em variadas expressões e associações: a doença degenerativa de avós (como o Alzheimer ou o Parkinson), a doença terminal de pais, mães e entes queridos (especialmente o câncer), a doença crônica na infância (novamente o câncer, mas também a AIDS e o diabetes), a hospitalização infantil (centradas principalmente no evento cirúrgico e na permanência na enfermaria pediátrica).

Nessas mesmas últimas décadas assistimos à institucionalização das políticas de humanização da assistência médico-hospitalar, assim como à organização dos movimentos da sociedade civil em favor da defesa dos interesses de crianças e adolescentes. Dessa junção de interesses brotou um novo filão literário que tem se voltado para obras que versam sobre a internação hospitalar na infância, sobre o sofrimento na enfermidade crônica infantil, sobre itinerários de tratamento e terapia na vida de jovens doentes.

A humanização da assistência, alçada à responsabilidade de fazer acontecer o acolhimento dos pacientes sob seus cuidados pareceu, assim, ter encontrado no livro infantil, empregado originalmente para o exercício lúdico de estímulo dos sentidos e da criatividade, um valor de uso - então instrumental - para a missão de educar para a tolerância ao sofrimento e para a obediência ao disciplinamento imposto pela hospitalização.

Do mesmo modo, a promoção de práticas saudáveis, tradicionalmente empreendida pela Educação em Saúde, encontrou no livro infantil o artefato didático necessário quando assim precisou se dirigir às crianças. Em que pese o fato de que o argumento central dessas narrativas seja a saúde e não a enfermidade, a referência a esta última se dá por conseqüência e aproximação. Em que pese ainda ao fato de que as enfermidades, as quais se podem dizer então, que a Educação em Saúde aborda, não sejam preferencialmente as do tipo crônicas, assim como a assistência médica a essas doenças associada não seja necessariamente aquela da hospitalização, esse é mais um espaço de práticas que motivou a produção de livros infantis sobre a doença e/ou sobre o cotidiano do internamento hospitalar em enfermarias pediátricas.

Assim sendo há várias pesquisas que se detiveram em analisar criticamente livros infantis que versam sobre doenças e agravos a saúde (Byrne & Nitze, 2000; Robinson, 2002; Turner, 2006; Jones et all, 2000; Manna, 1984).

Poucos trabalhos, contudo, relatam pesquisas acerca de livros que versam sobre o hospital e a internação pediátrica, especificamente. Um raro exemplo está em Manworren & Woodring (1998). Tratou-se de uma investigação que centrou seus objetivos em aferir a correção conceitual dos procedimentos e rotinas médico-hospitalares enquanto informações contidas nos livros. Os autores do estudo partiram do pressuposto que os livros seriam tão mais úteis no auxílio aos programas de Educação em Saúde, quanto mais coerentes fossem com a realidade que retratavam.

Pesquisas como essas, grandemente focadas no uso instrucional - implícito ou explícito - da literatura infantil, investigaram, também, o quanto essas narrativas ilustradas seriam compatíveis com a mentalidade dos jovens leitores. Pois a cada idade e estágio do desenvolvimento cognitivo, a criança elabora diferentes hipóteses, baseadas em princípios lógicos próprios, sobre as causas de uma internação hospitalar, sobre as razões que explicam a necessidade de determinado tratamento, sobre as chances de cura (Burbach & Peterson, 1986; Redpath & Rogers, 1984; Kalish, 1996; Solomon & Cassimatis, 1999).

Tendo em conta a existência anterior das referidas pesquisas, a finalidade da investigação, cujos resultados apresento aqui brevemente, foi ampliar o escopo dos estudos empíricos sobre a literatura infantil que retrata a hospitalização e a doença. Isto se deu, primeiro, porque diversifiquei a amostra de livros infantis, de modo a incluir edições publicadas originalmente em quatro idiomas diferentes: inglês, francês, alemão e português.

Assim o fiz tendo em vista que diferentes nacionalidades implicam não somente em línguas distintas como derivam de cenários culturais diversos que se refletem nos modos como, então, os autores e ilustradores retratam um aspecto da sociedade ao apresentá-lo às crianças de seus países.

Digo ainda que a presente pesquisa somou conhecimento ao campo dos estudos das representações sobre a doença e a saúde na literatura infantil porque, diferentemente da maior parte dos trabalhos já existentes, este empregou, na apreciação e julgamento do material, pressupostos teórico-metodológicos da Fenomenologia. Análises ancoradas nesta escola do pensamento estão menos preocupadas com a verdade dos fatos e mais ocupadas com o modo como um fenômeno quis se fazer aparecer.

Essa vertente de análise parte do princípio que os modos como um determinado fenômeno está representado, por exemplo, em livros infantis, nos diz - subliminarmente - acerca da forma como pensam os adultos que os escreveram e ilustraram e, por conseguinte, a sociedade a qual eles pertencem.

Esses modos culturais - não necessariamente registrados e refletidos - de pensar um fenômeno são chamados Representações Sociais. Eles não são imediatamente visíveis nem tão óbvios à compreensão, pois estão contidos nos silêncios e nas entrelinhas dos discursos, neste caso, das narrativas literárias. Extrair-lhes o conteúdo latente requer a ferramenta da Análise de Discurso que, na pesquisa em questão, teve inspiração teórica nos trabalhos dos sóciolinguistas franceses Manguenou (2000, 2001) e Charedeau (2008).

Logo, o objetivo do estudo agora apresentado foi evidenciar os modos como a hospitalização, em suas desdobradas nuances, está representada em livros infantis ilustrados que versam sobre a internação hospitalar e o adoecimento. Trazer à tona esses simbolismos relativamente ocultos poderá, então, ajudar a melhor identificar que valores, princípios morais, preconceitos, sugestionamentos, costumes, estão sendo igualmente “ensinados” às crianças através desse tipo de literatura.

Método
Tratou-se de uma pesquisa do tipo documental, tendo em vista que os livros infantis foram utilizados como fontes primárias, ou seja, compuseram o corpus empírico da investigação. O posicionamento teórico-metodológico adotado pressupôs que as narrativas são compostas tanto pelos textos escritos em palavras quanto pelas imagens, figuras e demais ilustrações ali articuladas.

Material

Trabalhei com uma amostra intencional de vinte livros infantis ilustrados que possuíam, no máximo, trinta e duas páginas e nos quais as ilustrações cumpriam um papel narrativo tão importante quanto o texto escrito. As edições dos livros analisados se distribuíram entre os anos de 1988 e 2009 o que significou, de certa forma, uma atualização do estudo de Manworren & Woodring, (1998) cuja análise abrangera livros escritos entre os anos de 1965 a 1986.

Além disso, os livros infantis ilustrados eram elegíveis para compor a minha amostra se a estória contada: - dissesse respeito à hospitalização em uma enfermaria pediátrica ou estivesse focada na descrição de um hospital infantil como instituição de assistência a saúde; - estivesse dirigida a crianças ou jovens leitores;- possuísse crianças como personagens da trama, ou mesmo bichos de estimação, brinquedos com vida, seres não-humanos ou animais antropomorfizados em pessoas. Desse modo, foram excluídos aqueles livros cujas estórias: - estivessem relacionadas a crianças sadias fazendo consultas de rotina no consultório do pediatra; - não tivessem um personagem doente; - a pessoa doente fosse um adulto.

Os livros foram identificados a partir de varreduras realizadas em páginas virtuais de livrarias eletrônicas e de listas de títulos recomendáveis disponíveis em páginas virtuais de grandes hospitais infantis.

Procedimento

A análise foi encaminhada, a princípio, nos modos de uma análise de conteúdo, isto é, permitiu o registro quantitativo de regularidades presentes no conjunto amostral das obras. Este registro inicial foi obtido por meio de um formulário contendo uma série de quesitos que pré-qualificavam os livros segundo categorias analíticas específicas.

Às categorias contidas no referido formulário de coleta se somaram outras, derivadas da leitura exploratória de cada um dos livros, leitura esta que antecipou a análise, propriamente dita. Este momento exploratório coincidiu com o armazenamento digital dos livros, que garantiu mais agilidade na manipulação do material, assim como da guarda do banco de informações que da pesquisa resultou.

Os achados dessa primeira etapa foram, em seguida, interpretados à luz dos contextos de realização de cada livro, ou seja, nos modos típicos de uma análise de discurso. O significado do termo “contexto de realização” se refletiu ainda, no confrontamento do livro - como um produto cultural - com a conjuntura sanitária, no que tange às políticas de humanização da assistência médico-hospitalar vigentes no pais onde foi originalmente publicado.

Importante destacar que o sentido explorado do conceito de discurso justificou, na análise empreendida dos livros infantis, o escrutinamento dos textos tanto como uma coleção de palavras escritas, quanto como de imagens - gravuras, fotografias, demais ilustrações, assim como, igualmente, do arranjo gráfico que orienta o olhar do leitor e faz resultar cada livro como um objeto único. Acerca da importância especialmente destinada à apreciação gestáltica da imagem no livro infantil, vale referir a observação a seguir:

[…] Considerando que as imagens de um livro criam a memória visual das crianças, a leitura harmoniosa e participativa da palavra e da ilustração amplia o significado e o alcance lúdico e simbólico de um livro. (Oliveira, 2008, p. 32)

Havia a expectativa de que os achados desta pesquisa pudessem, igualmente, sugerir pistas acerca do alcance simbólico das práticas recomendadas na prestação dos serviços hospitalares. Isto é posto tendo em vista que os livros infantis que se prestam a tratar do tema da hospitalização têm trazido cada vez detalhes em suas ilustrações, pois ambicionam um realismo que os aproximaria das intenções educativas dos manuais e dos livros paradidáticos.

Assim, nesta profusão e riqueza de detalhes minha pesquisa buscou identificar, também, o quanto alguns elementos idealmente constitutivos do cenário e da rotina hospitalares - exigidos por gestores que perseguem os melhores indicadores de qualidade na assistência hospitalar - estariam ou não representados em um meio de comunicação como a literatura infantil. Enxergar esses e outros elementos nos dá a medida do quanto já foram incorporados culturalmente na descrição do hospital enquanto instituição.

Antes de seguir expondo os resultados da minha análise, penso que vale dizer que uma boa maneira de entender a orientação filosófica deste trabalho, é apreciá-lo como uma etnografia do ambiente e das práticas hospitalares pediátricas na qual a imersão antropológica se deu no “lugar” empírico da literatura (Laplantine, 1986). Isso foi possível, porque embora os hospitais retratados no mundo dos livros infantis não sejam concretos como os hospitais do mundo real, eles carregam muitos dos signos que o constituem de verdade.

Resultados
No mundo da literatura infantil, a criança que é hospitalizada tanto poderá receber tratamento clínico - presente em onze dos vinte livros de estórias, quanto tratamento cirúrgico, presente em nove dos vinte livros de estórias.

Instruídas pelos livros de literatura infantil, as crianças serão levadas a crer que braços e pernas quebrados são as grandes causas de internação nos hospitais pediátricos, pois esse tipo de ocorrência está presente em doze dos vinte livros analisados.

Quando buscamos, nas estórias contadas, a origem imediata dos traumas sofridos pelas personagens do livro, encontramos que em grande parte das vezes, ou seja, em oito dos quatorze livros que tratam de fraturas, engasgaduras e outras lesões, os agravos haviam sido causados por acidentes deflagrados pelos comportamentos inadequados das próprias crianças.

Assim, por exemplo: Em “Eddy va à l’hôpital” (Lamblin & Roederer, 2002), o menino corre atrás de sua bola e é atropelado. Em “Conni im Krankenhaus” (Schneider & Wenzel-Bürger, 1998), a menina coloca água e sabão no escorregador, desliza com muita velocidade e bate a perna com força no armário. Em “When you’re sick or in the Hospital” (McGrath & Alley, 2002), o pequeno gnomo caiu de seu skate depois de manobras radicais. Em “Gaspard à l’hôpital”( Gutman & Hallensleben, 2001), o cãozinho engole o chaveiro que havia colocado em sua boca para escondê-lo dos amigos. Em “Teddy muss ins Krankenhaus” (Mennen & Flad, 2008), o urso de pelúcia é derrubado da bicicleta porque sua dona se esquecera de colocar-lhe o cinto de segurança. Em “A operação de Lili ”(Alves, & Ianni, 1999), a elefanta filhote tem a tromba entalada com o amigo sapo que ali ficou preso enquanto brincavam de “aspirador.”

No mundo da literatura infantil, a criança que é hospitalizada quase nunca será atendida por profissionais médicas do sexo feminino. A julgar pelos livros infantis que as crianças leem existem muito poucas pediatras mulheres, pois estas estão presentes em somente cinco dos vinte livros analisados.

Se apreender as lições “ocultas” contidas nos livros infantis - lições implícitas, mas nem por isso menos poderosas - as crianças serão levadas a acreditar que num hospital as mulheres só podem ser enfermeiras. Nesta função elas são maioria: estão presentes, de modo exclusivo, em dezesseis dos vinte livros. Estas enfermeiras, a propósito, são muitas vezes caracterizadas pelo uso do chapéu, observável em sete dos vinte livros infantis que contam estórias de hospitalização.

No mundo da literatura infantil, aquele médico que atende e/ou opera as crianças internadas num hospital, além de homem, será branco. Assim ele estava caracterizado em quatorze dos quinze livros que traziam médicos do sexo masculino.

O viés de raça esteve presente também na representação da criança/filhote/boneco que protagonizava as estórias, pois em apenas dois dosvinte0 livros analisados a personagem central hospitalizada era negra.

O hospital para crianças, no mundo dos livros infantis, é um lugar caracterizado pela presença marcante da figura da injeção, que aparece em dez dos vinte livros; da figura das bolsas de soro, presente em doze dos vinte livros; da figura das cadeiras de rodas ou das muletas, presentes em dez dos vinte livros; da imagem de gessos e talas, constante em quatorze dos vinte livros; de referências à anestesia, presente em oito dos nove livros que retratam cirurgias; da figura ou da descrição de um acesso venoso, tratado em dez dos vinte livros analisados.

No hospital pediátrico do mundo dos livros infantis não há, porque estão absolutamente ausentes das narrativas - escritas ou ilustradas, as caixas coletoras de material perfuro-cortante e a prática da lavagem frequente das mãos por parte dos profissionais de saúde. Assim também, quase não se veem grades nos leitos das enfermarias e pulseiras de identificação nos braços das crianças.

Informada pelo hospital dos livros infantis, uma criança terá mais certeza da companhia próxima e contínua de seu bicho de pelúcia, quando lhe ocorrer uma internação, do que da companhia de sua mãe. Pois esta, embora tenha recebido lugar garantido em dez das vinte estórias contadas, não se fez tão onipresente quanto o ursinho de pelúcia que era coadjuvante do personagem hospitalizado em nada menos que dezesseis dos vinte livros infantis.

O hospital pediátrico do mundo dos livros infantis é um lugar reconhecidamente humanizado. Incorporou as práticas da psicologia da saúde em “O dodói da Gigi” (Alves & Souza, 2007) e em “Harry goes to the hospital” (Bennett & Weber 2008) , as intervenções dos médicos-palhaços em “L’hôpital” (Schweikart & Roederer, 2000), em “Camille va à l’hôpital” (Pétgny & Delvaux 2009), em “Martine, l’accident” (Delahaye & Marlier, 1996), em “Teddy muss ins Krankenhaus” (Mennen & Flad, 2008), e em “Heut gehen wir ins Krankenhaus” (Hämmerle & Trapp, 2001) . Importante destacar que o hospital para crianças que se vê nos livros infantis está inegavelmente associado à figura da Brinquedoteca, representada em doze dos vinte livros analisados.

Todavia, referências - imagéticas ou textuais - à escolarização em hospitais são esparsas, pois se fazem constar em apenas duas das vinte histórias: “L’hôpital” (Schweikart & Roederer, 2000) eBald nach Hause zurückkehren” (Worrall,1990). Do mesmo modo, e de forma ainda mais absoluta, se destaca a ausência da Educação em Saúde retratada enquanto prática, quer seja enquanto promovida por enfermeiras ou por quaisquer outros profissionais da assistência hospitalar.

Discussão
Alguns achados dessa pesquisa, como aquele que assinalou uma grande proporção de livros que retratavam agravos provocados por acidentes para justificar a hospitalização do personagem da estória, estão de acordo com estudos anteriores. Turner nos diz que “Injury themes are most likely portrayed in books related to hospitals” (Turner, 2006, p. 186)

O achado, segundo o qual foram comportamentos e atitudes das crianças ou personagens que deflagraram os acidentes que resultaram nos agravos, que por sua vez os levaram ao hospital merece um comentário à parte. Por um lado esse tipo de apropriação simbólica pode favorecer a identificação da criança com a história, pois contém elementos peculiares ao cotidiano infantil. Por outro lado, pode reforçar a postura de introjeção da culpa, comumente elaborada cognitivamente pela criança, quando ela busca entender as razões de sua hospitalização. (Perosa & Gabarra, 2004)

O modelo explicativo denominado “Immanent justice”, nos diz que a criança tende a pensar que a doença ou o agravo que lhe ocorreram são consequências de seu mau comportamento (“Cada qual recebe o que merece”). Uma vez que muitos estudos (Bibace &Walsh, 1980; Kister & Patterson, 1980; Ramos, 1975; Burbach & Peterson, 1986) sugerem que tanto crianças saudáveis quanto as hospitalizadas puderam encarar sua doença ou internação como uma punição, profissionais de saúde devem tomar cuidado com os modos possíveis como alguns jovens leitores interpretarão as estórias sobre hospitalização contidas nos livros infantis.

Caso contrário, todo empenho aplicado nas mensagens morais contidas em frases como “Mas não foi sua culpa” presente, por exemplo, em “Going to the Hospital” (Rogers & Judkis, 1997) ou “Ninguém fica doente porque fez ou deixou de fazer alguma coisa” encontrada em “Harry goes to the Hospital” (Bennett & Weber, 2008) não atingirão o efeito esperado de absolver as crianças da responsabilidade pela própria doença. Tendo em conta que o poder das mensagens morais contidas em livros infantis é uma função tão antiga e incontestável quanto o lugar da narrativa oral na vida das crianças, é melhor então que não pareçam contraditórias.

O estereótipo identificado a partir dos achados que assinalaram que apenas ¼ das médicas dos hospitais de crianças é mulher, merece ser confrontado com os números da realidade em que se espelham as estórias. Ocorre que, nos últimos trinta anos, tem havido uma crescente feminização do ofício médico em todos os países. Assim, a profissão médica detém hoje cerca de 50% de mulheres nos postos de trabalhos, principalmente em se tratando da Pediatria.

Com exceção da Europa oriental - entre 1980 e 1985 registrou-se um incremento de quase sete pontos percentuais na participação das mulheres nas escolas de medicina do mundo. Em todos os continentes, em 1984-1985, as matrículas femininas representaram mais de 25% do total; chegaram a 54,1% na Europa oriental, 43,9% na Europa ocidental, 38,9% nas Américas e na 36,8% na Oceania (Machado, 1997, p.47).

Nesse sentido, cabe destacar dois livros quem ao superarem esse viés e gênero, o fizeram localizando a médica mulher numa especialidade de destaque: a cirurgia. São eles “Heut gehen wir ins Krankenhaus” (Hämmerle & Trapp, 2001) e “A operação de Lili”. (Alves & Ianni, 1999).

O assinalamento acerca da profissão da enfermagem, tomada como que exclusivamente feminina e caracterizada por vestimenta ultrapassada, reafirma os achados da pesquisa de Manworren & Woodring (1998), realizada por sobre livros do mesmo tipo, quase vinte anos antes. Arrisco aqui, que uma explicação possível reside na inexistência de um projeto político de afirmação da especificidade do ato de cuidar, enquanto atividade fundadora do ofício da enfermagem. Como o ato de cuidar é muito próximo dos afazeres domésticos, ele não logra impor um valor que o institua como profissão qualificada de status diferenciado no mundo do trabalho. O ato de cuidar, por sua vez, pareceu retratado na qualidade mais clínica e curativa possível, haja vista a ausência de referências a intervenções educativas em saúde, enquanto desempenhadas por enfermeiros.

A título de arremate dos achados vale retomar que a inclinação narrativa dos livros analisados denuncia uma incompatibilidade de funções na maioria desses livros infantis, qual seja: favorecer a adesão terapêutica e proporcionar prazer aos sentidos a partir do exercício da leitura. A tônica dos livros infantis que tematizam a doença e/ou a hospitalização na infância é aquela que induz à reprodução dos estereótipos socialmente veiculados sobre os profissionais de saúde e secundariza o compromisso lúdico que os livros deveriam ter com a oferta de prazer no ato da leitura. Assim o fazem em favor da oferta de mensagens moralizadoras sobre o comportamento ideal frente à internação hospitalar e/ou o sofrimento na doença, o que se dá em detrimento da melhor execução estética dessas obras.

Além disso, não obstante o reconhecido e necessário exercício de alteridade que um livro deve estabelecer ao dialogar com seus leitores possíveis, os livros infantis comumente não antecipam a ampla variedade de modos de conceber a doença por parte das crianças. Pois, ainda que, a princípio, mantenham o cuidado editorial de pré-definir faixas etárias para o enquadramento de cada livro, este se limita a compatibilizar os pequenos leitores em função de suas capacidades de interpretação dos códigos lingüísticos. Isto é posto em relevância na medida em que se sabe que, a depender da faixa etária (e, por conseguinte, da maturidade psíquica para o desenvolvimento do senso moral), da identidade de gênero e do ambiente em que foram socializadas, elas percebem e expressam compreensões sobre a doença, e por aproximação sobre a hospitalização, bastante díspares.

A pesquisa aqui relatada espera ter cumprido algum papel no preenchimento de uma lacuna na produção do conhecimento sobre a relação entre temas que são tabu - como o adoecimento - e a produção de livros para crianças. Acredita tê-lo feito, principalmente, visando o propósito de instrumentar os profissionais da assistência médica que, eventualmente, venham a se valer de livros de estórias como ferramentas auxiliares às práticas educativas em saúde. Embora não tenha apreciado especialmente a correctude científica das informações sobre doenças contidas nos livros que, dirigidos às crianças, retratam a hospitalização, reafirmo a utilidade do presente estudo para o campo teórico da Educação em Saúde. Assim o faço na medida em que acredito ter contribuído para o descortinamento do cenário simbólico onde se desenrolam as tramas que dramatizam a hospitalização infantil. Informados, então, acerca da constituição destes “bastidores” imaginários, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, professores, dentre outros sujeitos, mais adequadamente virão sobrepor os roteiros e scripts das práticas e intervenções da Educação em Saúde.

A importância desta pesquisa se justificou, ainda, pela possibilidade de incorporação, por parte de escritores e ilustradores, dos indicadores de qualidade que foram assinalados pelos resultados finais. Esta apropriação poderá, então, ser aplicada quando da concepção literária de novas estórias para crianças que venham a versar sobre a experiência da hospitalização e seus desdobramentos sociais e culturais. Nesse sentido, fica aqui a recomendação de que se incorpore nas narrativas sobre as práticas da assistência em saúde, comumente retratadas nas estórias, não apenas aquelas tipicamente curativas, o que se faria, então, em favor, por exemplo, da caracterização das intervenções preventivas, ou seja, aquelas da Educação em Saúde.

Os resultados que se alcançou com a pesquisa, assim como apropriações outras que se possa fazer das estratégias de análise empregadas na investigação se desdobrarão, também, em possível impacto cientifico para o campo dos estudos sociolingüísticos. Isto se dará, num primeiro momento, em razão da oportunidade de problematizar o conhecimento produzido nesta área, acrescentando, pois, elementos lógico-conceituais aos estudos semióticos sobre livros infantis, uma vez que os referentes simbólicos em questão - doença e hospitalização - são incomuns às análises interpretativas normalmente encaminhadas pela crítica literária.

Contribuições semiológicas provenientes dos resultados da pesquisa aqui apresentada podem ser identificadas, ainda, na possibilidade de somar provocações aos estudos sobre as peculiaridades do exercício da tradução de Literatura Infantil, a qual se mostra bastante permeável à influência das questões culturais, nas decisões sobre fidedignidade ao original ou do ajuste em adaptações.

A tradução de um livro exige o desafio de fazer recontextualizar as realidades descritas. Uma vez que a amostra de livros infantis analisada por essa pesquisa continha obras traduzidas, esse aspecto do trânsito cultural de valores e dos respectivos ajustes ou inobservâncias poderá ser futuramente considerado. Logo, os estudos lingüísticos sobre tradução de livros infantis, podem ser beneficiados por reflexões problematizadoras oriundas da crítica de livros infantis traduzidos que retratam a doença e a hospitalização na infância.

O desafio de escrever e ilustrar um livro infantil que aborda um assunto delicado está em trazer a realidade o suficiente para que haja empatia e identificação por parte da criança, ao mesmo tempo em que se mantém o cuidado de ocultar eventuais aspectos muito chocantes sobre aquele tema. Nesse jogo de verdade e verossimilhança alguns livros e autores são mais bem sucedidos que outros.

Acompanhar as novidades de um fenômeno quando ele se transforma rapidamente, assim como tem se dado nos últimos cinquenta anos com o hospital moderno e suas práticas é um desafio que se soma àquele de tratar temas delicados. Se considerarmos que existem livros infantis sobre hospitalização de crianças que circulam em sucessivas reedições desde a década de sessenta e que, de certo modo esses livros, embora ultrapassados no modo de retratar o hospital ainda agradam jovens leitores do presente e inspiram os autores de hoje, podemos entender a dificuldade de retratar aspectos verdadeiros, mas relativamente exóticos ao imaginário social.

Um bom livro infantil é aquele que provoca na criança que o lê ou ouve as estórias contadas a sensação de empatia com as cenas de hospitalização ali retratadas, quer seja porque já viveu ela mesma situação parecida, quer porque a conheceu através de relatos de amigos, irmãos, filmes ou de livros da escola.

Ela exercitará, então, tranquilidade psíquica em manipular simbolicamente uma realidade que não lhe é de todo desconhecida e, com a qual dialoga quando reconhece ali artefatos, instrumentos e pessoas típicos do ambiente hospitalar. Nesse jogo de familiaridade e estranhamento alguns livros e autores são, novamente, mais bem sucedidos que outros. Alguns souberam habilmente incorporar à narrativa sobre hospitalização, elementos típicos do acolhimento doméstico, o qual a criança tanto anseia retornar. O fizeram, por exemplo, quando trouxeram a figura do Ursinho de Pelúcia. Acerca da presença ostensiva desse personagem nas estórias analisadas, vale conferir as colocações abaixo:

O ursinho Teddy foi portador de fortes significados, de ricas mensagens que não se limitavam à representação animal e à função lúdica. E esses significados remetiam à infância e aos seus valores. […] Isso fez do urso de pelúcia o brinquedo ideal para a criança pequena, o brinquedo que simbolizava a doçura, a ternura, ao longo do século e até hoje em dia. Nessa representação se inseriu um novo universo lúdico, que se dirige aos dois sexos sem distinção, símbolo por excelência da infância. […] O objeto, reinterpretado nas categorias da psicanálise, foi integrado totalmente ao universo da criança para representar todos os animais reais ou imaginários, […] que serão dotados de pelúcia, adaptada a incontornável função afetiva dos animais da primeira idade (Brougère, 2004, p. 19-20).

Concluo este trabalho afirmando a necessidade de algum espaço de liberdade artística na literatura para que, mesmo nos livros infantis atuais, enfermeiras sejam retratadas usando chapéus e os prontuários dos pacientes apareçam presos às cabeceiras dos leitos. Pela mesma razão, sou obrigada a relativizar as críticas que dirigi às tendências ideológicas que eu própria identifiquei.

No fim das contas devemos lembrar que a realidade que o livro infantil reproduz não é apenas aquela da hospitalização em si. Ele reproduz, ainda que não declaradamente, todo um panorama de conflitos estabelecidos entre as profissões da assistência médico-hospitalar ou entre os direitos do paciente e os interesses do mercado dos serviços de saúde. Para que seja, então, acolhido sem desagrado pelo público leitor o livro infantil haverá de se equilibrar entre as mudanças que se anunciam e as tradições simbólicas que confortam.

 

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Recebido em 11 de Janeiro de 2018/ Aceite em 25 de Outubro de 2018

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