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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.18 no.1 Lisboa abr. 2017

https://doi.org/10.15309/17psd180112 

Estimulação, disciplina, vinculação e apresentação: as crenças das mães de grandes prematuros

Stimulation, discipline, bonding and presentation – mother's beliefs of very preterm infants

Micaela Guardiano1,4, M Aanda Passas1,5, Susana Corujeira1,6, Daniel Gonçalves1,7, Paulo Almeida1,2,8, & Victor Viana1,3,9

 

1 Serviço de Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João - Porto;

2Instituto Superior da Maia

3Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do Porto;

4E-mail: micaela.guardiano@gmail.com;

5 E-mail: armanda_passas@hotmail.com;

6 E-mail: susanamcorujeira@gmail.com;

7 E-mail: danieldiasgoncalves@gmail.com;

8 E-mail: victorviana@fcna.up.pt;

9 E-mail: jpaulo.c.almeida@gmail.com

 

Endereço para Correspondência

 

RESUMO

Os pais valorizam e estimulam os filhos de acordo com o que estabelecem como relevante para o seu comportamento e desenvolvimento, sendo as práticas parentais de cuidados e educação determinadas pela sua cultura, crenças e valores. Perante o nascimento de uma criança prematura, os pais têm que lidar com a vulnerabilidade da criança internada na Neonatologia, um ambiente porventura facilitador da aquisição de crenças e cognições pouco adequadas.

Os objetivos foram: avaliar as crenças parentais em crianças em idade pré-escolar com antecedentes de prematuridade (idade gestacional inferior a 32 semanas), identificar as práticas mais valorizadas pelas mães e relacionar as características sociodemográficas, a valorização das práticas, o grau de prematuridade e a duração do internamento com as crenças parentais.

Os participantes foram as mães de crianças com antecedentes de prematuridade, com idade gestacional inferior a 32 semanas, observadas na consulta de Neurodesenvolvimento de um hospital terciário. Foram aplicados questionários sobre dados sociodemográficos e o Questionário de Crenças e Práticas Maternas sobre Cuidados com as Crianças. As mães atribuíram mais importância à dimensão “Estimulação”, sendo a “Disciplina” considerada a dimensão menos importante. A “Vinculação” e a “Disciplina” associam-se negativamente com a idade cronológica. Conclui-se que que as vivências marcantes dos pais dos grandes prematuros nos primeiros tempos de vida destes acarretam preocupações quanto ao seu posterior desenvolvimento psicomotor que os levam a dar prioridade a comportamentos de estimulação e a descurar as questões sociais e a disciplina.

Palavras-chave: crenças maternas, neurodesenvolvimento, prematuridade.

 

ABSTRACT

Parents appreciate and encourage their children according to when they believe that is relevant to their development, and parenting practices are determined by their culture, beliefs and values. Facing the birth of a premature child, parents have to deal with the child's vulnerability when admitted to the Neonatal Intensive Care Unit, eventually an environment that facilitates the acquisition of wrong beliefs and concepts. Goals were: to evaluate parental beliefs of preschool age children, with a history of prematurity (gestational age of less than 32 weeks), identify the most valued practices / beliefs and relate them to social and demographic characteristics, degree of prematurity and length of stay in the hospital. The sample consisted of the mothers of children with a history of prematurity (gestational age less than 32 weeks) observed in the Neurodevelopmental consultation of a tertiary hospital. Questionnaires were applied to assess demographic data along with the “Questionnaire of beliefs about maternal practices”. Mothers have given more importance to the dimension "Stimulation", and "Discipline" was considered the least important dimension. "Bonding" and "discipline" were negatively associated with age. The results suggest that the remarkable experiences of parents of very premature infants in their early life lead to concerns about their further neurodevelopment, which leads them to prioritize stimulating behaviors, and neglecting social issues, presentation and discipline.

Keywords: cognition, mother's beliefs, neurodevelopment, prematurity

 

Os pais valorizam e estimulam os filhos de acordo com o que estabelecem como relevante para o seu comportamento e desenvolvimento. As práticas parentais de cuidados e educação são determinadas pela cultura, crenças e valores, ou seja, pelas conceções de desenvolvimento e educação (Leyendecker, Lamb, Harwood, & Sholmerich 2002; Miller & Harwood, 2001; Suizzo, 2002).

Os diferentes estilos parentais podem relacionar-se com três orientações culturais que se repercutem na construção psicológica tendo por base a interação de fatores como dependência, autonomia e interdependência. Conforme sugerido por alguns autores (Keller et al., 2004), o estilo distal relaciona-se com o modelo cultural de independência, refere-se à construção do self como único e distinto pelo que privilegia a autonomia e a separação e é característico das sociedades urbanas com elevada escolaridade. O estilo proximal por sua vez relaciona-se com o modelo cultural de interdependência, que considera o self como interligado com o grupo, priorizando os papéis sociais, normas e deveres, característico da comunidade rural (Keller, Borke, Yovsi, Lohaus, & Jensen, 2005; Keller et al., 2004). Um terceiro modelo cultural, proposto por Kagitcibasi (2005), denominado de autónomo-relacional, inclui as características combinadas dos modelos anteriores pelo que engloba autonomia e relação. Neste modelo, o self é definido como autónomo quanto aos objetivos e relacional quanto à proximidade interpessoal e é característico de famílias de classe média, urbanas e escolarizadas (Keller et al., 2005).

Alguns estudos têm verificado que dentro de um mesmo modelo cultural os estilos parentais não se apresentam de forma homogénea (Abel et al., 2005; Keller et al., 2009, Keller, Demuth, & Yovsi, 2008). Por exemplo, Harkness et al. (2001) verificaram que pais holandeses dão muita importância às práticas que mantêm o bebé calmo e tranquilo. Estes pais valorizam o descanso, rotinas regulares e a higiene no cuidado dos filhos. Por outro lado, pais americanos valorizam a estimulação, enquanto os pais italianos valorizam a integração da criança nas atividades da família (New & Richmam, 1996). A criança é inserida na rede social da família e a interdependência é valorizada da mesma forma que a segurança.

Tendo como objetivo investigar os modelos culturais e as crenças entre pais parisienses, Suizzo (2002) elaborou um questionário composto por 50 itens, Croyances et Idéas sur les Nourrissons et Petis Enfants – CINPE. Este pretende averiguar como crenças sobre práticas de educação podem estar inter-relacionadas. Assim, é possível identificar quatro dimensões relacionadas com diferentes domínios do cuidado parental: expor a criança a diferentes estímulos (estimulação cognitiva e motora), garantir a apresentação apropriada da criança (dimensão social), responder às necessidades da criança e estabelecer vínculo (dimensão emocional) e manter a criança sob controlo (dimensão disciplina).

A dimensão “Estimulação” está associada a práticas dirigidas à exposição da criança a diferentes estímulos. Os pais com valores médios e elevados nessa escala valorizam a estimulação através de oportunidades para interações didáticas com brinquedos, através da linguagem bem como através do paladar e tato. Por sua vez, a dimensão “Social” inclui práticas associadas à higiene (banho diário, trocar fraldas) e regras de socialização (comportar-se bem em público, cumprimentar, agradecer e ter controle emocional). A dimensão “Vinculação” implica a sensibilidade dos pais às necessidades da criança, interações síncronas e mutuamente recompensadoras, a interpretação e resposta imediata, apropriada e consistente aos sinais da criança. Pais que se mostrem presentes e que atendam às necessidades dos filhos tendem a promover capacidades eficazes de regulação das emoções e do comportamento em etapas posteriores do desenvolvimento. Por último, a dimensão “Disciplina” relaciona-se com práticas de educação, tais como corrigir a criança quando ela faz alguma coisa errada (Alvarenga & Piccinini, 2007).

No estudo francês (Suizzo, 2002) a dimensão “Estimulação” foi a mais valorizada pelos pais, especialmente nos mais escolarizados e nas famílias com mais filhos, seguida da dimensão “Social” e em terceiro lugar a dimensão “Vínculo”. A “apresentação apropriada” da criança foi negativamente associada à idade e à escolaridade.

Em todo o mundo, um em cada dez bebés nasce prematuro e Portugal continua a ser dos países europeus com mais recém-nascidos prematuros. Em 2014, aproximadamente 7,7% dos nascimentos no nosso país corresponderam a partos pré-termo, correspondendo a um total de 6393 bebés (INE, 2015). Durante o internamento na Neonatologia, os pais têm que lidar com a vulnerabilidade da criança num ambiente não familiar, que impõe restrições à prestação de cuidados. Este ambiente será porventura facilitador da aquisição de crenças e cognições pouco adaptadas. Sabendo que as crenças parentais acerca das práticas de cuidado e educação são fatores determinantes do prognóstico neurocomportamental do recém-nascido prematuro (Winstanley et al., 2014) importa investigá-las. Contudo, apesar do aumento da incidência do parto pré-termo a investigação sobre o conhecimento e o papel parental no contexto da prematuridade é escassa na literatura médica.

Foram objetivos deste trabalho: avaliar as crenças em mães de crianças em idade pré-escolar com antecedentes de prematuridade (idade gestacional inferior a 32 semanas); conhecer as características sociodemográficas das mães e identificar as práticas mais valorizadas pelas mães; identificar a relação entre as características sociodemográficas das mães e das crianças com a valorização das práticas; investigar a relação entre o grau de prematuridade e a duração do internamento e as crenças parentais.

 

MÉTODO

Participantes

A nossa amostra de conveniência foi constituída por mães de crianças com antecedentes de prematuridade, com idade gestacional inferior a 32 semanas, observadas na consulta de Neurodesenvolvimento de um hospital terciário.

Material

Os resultados foram recolhidos através um questionário sobre os dados sociodemográficos da criança (idade e sexo) e da mãe (idade e escolaridade) e dados relacionados com a prematuridade (idade gestacional, peso ao nascer, duração internamento na UCIN e posição na fratria). As mães responderam ainda ao Questionário de Crenças e Práticas Maternas sobre Cuidados com as Crianças, adaptado de Suizzo (2002) e validado no Brasil (Seidl de Moura, 2004), após o consentimento informado. Trata-se da primeira vez que este questionário foi aplicado em Portugal, pelo que o texto foi adaptado para o português de Portugal. A fiabilidade desta versão foi verificada através do coeficiente de consistência interna alfa de Cronbach. Foi solicitado às mães que assinalassem o nível de importância que atribuíam a cada prática descrita, usando uma escala tipo Likert de seis pontos, variando de 1 “pouco importante” a 6 “extremamente importante”. As dimensões do instrumento são: 1) Estimulação (15 itens de 1 a 12, 14, 15 e 37) - expor o bebé a diferentes estímulos (cognitivos e motores); 2) Apresentação (11 itens 17 a 19, 21 a 24, 26, 38, 41 e 47) - garantir a apresentação apropriada da criança em público (social); 3) Vínculo (6 itens, 28, 29, 31, 33, 36 e 45) - responder ao bebé e estabelecer um vínculo (emocional); 4) Disciplina (4 itens, 35, 43, 44 e 50) - educação dos filhos, estabelecimento de regras. Os resultados consistem nas pontuações médias de cada dimensão

Procedimento

Foi utilizado o programa SPSS 22®; (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos) para Windows® para efetuar a análise estatística dos dados, tendo-se verificado através do teste de Kolmogorov-Semirnov que a distribuição dos resultados não obedecia aos critérios de normalidade, pelo que foram utilizados testes não paramétricos como a correlação de Spearman e o teste Kruskall-Wallis.

 

RESULTADOS

Participaram neste estudo 49 mães de crianças com idade gestacional inferior a 32 semanas, 23% dos quais com idade gestacional inferior a 28 semanas. À data da avaliação a idade média das crianças foi de 12,2 meses (ver Quadro 1).

 

 

Relativamente aos dados maternos, observa-se ainda no Quadro 1 que 23% das mães tinham idade superior a 38 anos, 57% possuíam licenciatura e tratava-se do primeiro filho em 74% dos casos. No Quadro 2 observam-se os resultados da consistência interna, o que traduz a fiabilidade do questionário, nas suas diferentes dimensões.

 

 

No Quadro 2 verifica-se que os valores de alpha são muito satisfatórios nas três primeiras dimensões e menos no que se refere à “Disciplina”. No mesmo quadro, constata-se que as mães atribuíram maior importância à dimensão “Estimulação”, depois à dimensão “Apresentação”, seguida da “Vinculação”, sendo a “Disciplina” considerada a menos importante.

Ao analisarmos a relação entre os resultados do questionário das crenças e as variáveis do bebé, verifica-se que o fator “Estimulação” não se associa com nenhuma destas variáveis. A “Apresentação” correlaciona-se positivamente com a idade gestacional, com o peso ao nascer e negativamente com o tempo de internamento. A “Vinculação” e a “Disciplina” associam-se negativamente com a idade. Observa-se ainda que os valores das mesmas dimensões não se correlacionam significativamente com a idade das mães (Quadro 3).

 

 

Investigamos os resultados do mesmo questionário em função dos níveis de escolaridade da mãe, da posição do bebé na fratria e do tipo de família. No Quadro 4 apresentam-se esses resultados. Verifica-se que apenas a Apresentação se mostra associada, se bem que de modo pouco significativo, ao nível de escolaridade das mães, sendo os valores tanto mais baixos quanto mais elevado o nível escolar.

 

 

DISCUSSÃO

A nossa amostra é constituída por mães de crianças com idade predominantemente inferior a seis meses cujo peso ao nascer se distribuía principalmente entre 1000 e 1500 gr. As mães apresentam na sua maioria idade superior a 28 anos e nível de escolaridade acima do 12º ano, com predomínio de famílias nucleares e primeiro filho.

Poderíamos esperar resultados diferentes numa população predominantemente rural e de baixa escolaridade como documentado por Martins, Vieira, Moura, e Macarini (2011) mas o nosso enfoque foi dado à condição central da prematuridade. A dimensão da amostra surge como uma limitação do nosso estudo. No entanto, comparando os dados com os resultados do estudo de Suizzo (2002), constatamos semelhanças na ordem de valorização das práticas. A “Estimulação” foi a dimensão mais valorizada pelos pais, indicando que os mesmos acreditam na importância de proporcionar à criança diferentes estimulações, tais como interações diádicas e de grupo, estimulação com brinquedos, através da linguagem, entre outros. Já a dimensão “Apresentação” foi a segunda mais valorizada, porém obteve uma média também elevada, o que demonstra que os pais também valorizam práticas que priorizam o bom comportamento e higiene da criança em público. A dimensão “Vinculação” que se refere à responsividade e sensibilidade das mães na interação com a criança, obteve uma importância moderada, ao contrário do esperado e do que foi verificado noutras investigações. A aparente menor valorização da “vinculação” poderá resultar do impacto do internamento neonatal na vinculação precoce, dadas as restrições ao contacto físico, à proximidade física e emocional que este internamento muitas vezes implica e numa idade sensível. Por outro lado, tratando-se de uma população urbana e com elevada escolaridade, era de esperar que as dimensões autonomia/independência (traduzidas na Apresentação e na Estimulação) fossem mais valorizadas pelas mães, em detrimento da simbiose com o bebé/vinculação, o que confirma o descrito noutros estudos (Keller et al., 2005; Keller et al., 2004)

A “Disciplina” foi considerada a menos importante, pressupondo atitudes mais permissivas nas práticas parentais de mães de grandes prematuros. Frequentemente os medos e angústias perante os riscos da doença grave de um filho refletem-se no estabelecimento de uma relação afetiva intensa, mas ansiosa e muito permissiva, valorizando os pais mais o bem-estar imediato do filho, desprezando os desafios da adaptação e da socialização.

Observamos, tal como no estudo de Martins et al. (2011) que quanto menor a idade da criança maior a importância atribuída pelas mães à vinculação. O mesmo se verificou em relação à importância da estimulação, neste caso em contradição com o referido estudo. Também se verificou que quanto maior a idade da criança menor a importância atribuída à disciplina, o que não era expectável. Esse resultado sugere que quanto menos idade tem a criança menos tempo tiveram os pais para exercerem a parentalidade e que com o crescimento a importância atribuída às estratégias educativas começa a ser relativizada.

Martins et al. (2011) e Suizzo (2002) verificaram que pais com maior nível de escolaridade valorizaram mais a estimulação. O mesmo não se verificou no nosso estudo, em que todas as mães, independentemente da escolaridade, valorizaram muito a estimulação, o que terá certamente relação com o facto de toda a nossa amostra ser constituída por crianças de risco neurobiológico para perturbações do desenvolvimento. Por outro lado, nos estudos já referidos (Martins et al., 2011 e Suizzo, 2002) a apresentação da criança foi negativamente associada à escolaridade e na nossa amostra constatamos o mesmo. Assim, mães com menor diferenciação académica tendem a dar mais importância à aceitação social dos seus filhos mediante a sua apresentação e comportamento.

No nosso estudo, quanto maior o grau de prematuridade e consequentemente, menor o peso e maior o número de dias de internamento, menor a preocupação com questões de apresentação social. Os resultados sugerem que as marcantes vivências dos pais dos grandes prematuros nos seus primeiros tempos de vida acarretam preocupações quanto ao seu posterior desenvolvimento psicomotor que os levam a dar prioridade a comportamentos de estimulação. Os nossos resultados demonstraram que quanto maior a prematuridade mais essas preocupações relegam para segundo plano as questões sociais/apresentação.

De acordo com a investigação de Seidl-de-Moura et al. (2004), as mães que valorizam a estimulação, autonomia e responsabilidade dos filhos utilizam práticas pouco restritivas e valorizam menos a “disciplina” permitindo que criança explore o ambiente (Bond & Burns, 2006), o que está de acordo com os nossos dados sendo esta a dimensão menos valorizada.

Esta investigação apresenta algumas limitações. Atendendo a que se trata de um estudo de crenças sobre práticas, e não de práticas aplicadas e atendendo às limitações decorrentes do tamanho da amostra não se devem retirar implicações sobre os comportamentos parentais. Realçamos ainda que o instrumento utilizado não se encontra validado para a população portuguesa. No entanto o questionário demostrou possuir consistência interna adequada, o que sugere ter sido eficaz na avaliação as crenças das mães do estudo. Podemos questionar se a prioridade dada à estimulação da criança em detrimento da disciplina se manteria se o estudo se realizasse com mães de crianças em idade escolar.

O alargamento da amostra daria maior robustez ao estudo e permitiria uma maior clarificação da importância atribuída pelas mães de crianças com grande prematuridade às diferentes práticas educativas.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para Correspondência

Alameda Prof. Hernâni Monteiro, 4200-319 Porto. Telf.: 91232839. E-mail: danieldiasgoncalves@gmail.com

 

Recebido em 04 de Outubro de 2016

Aceite em 23 de Janeiro de 2017

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