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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.17 no.1 Lisboa abr. 2016

https://doi.org/10.15309/16psd170103 

Comportamento antissocial na adolescência: o papel de características individuais num fenómeno social

Antisocial behaviour in adolescence: the role of individual characteristics on a social phenomenon

Alice Murteira Morgado1,*, & Maria da Luz Vale Dias1

 

1FPCE-U.Coimbra

 

Endereço para Correspondência

 

RESUMO

Os comportamentos antissociais são mais prevalentes na adolescência em relação a outras etapas do ciclo vital, constituindo um desafio assinalável já que ocorrem numa etapa em que os indivíduos enfrentam importantes tarefas de construção de identidade e estabelecimento de relações sociais de forma saudável.

A presente investigação estudou as relações entre comportamento antissocial e características individuais (género, personalidade, competências sociais, autoconceito e perceção de ambiente familiar) numa amostra ocasional de 489 adolescentes. Foi solicitado o preenchimento das versões portuguesas do Youth Self-Report, Questionário de Personalidade de Eysenck, Escala de Autoconceito de Piers Harris e Social Skills Questionnaire, tendo os encarregados de educação preenchido a versão portuguesa do Child Behaviour Checklist.

Os resultados revelam diferenças significativas entre rapazes e raparigas e, de um modo geral, entre adolescentes com maior e menor tendência antissocial. É também confirmado o papel da personalidade, empatia, autoconceito e perceção do ambiente familiar, quer no comportamento antissocial autorrelatado, quer no comportamento agressivo reportado pelos pais.

São delineadas estratégias, com base nos resultados obtidos, para intervir junto da população geral, no sentido de promover um desenvolvimento sócioafetivo saudável na adolescência e, assim, prevenir a um nível primário a escalada de comportamentos desviantes neste estádio de desenvolvimento.

Palavras-chave: adolescência, comportamento antissocial, prevenção, promoção da saúde

 

ABSTRACT

Antisocial behaviours are more prevalent in adolescence than in other stages of the life cycle. It is a remarkable challenge to address these behaviours that occur in a stage when individuals face important tasks that involve building their identity and healthy social relationships.

This research studied the relations between antisocial behaviour and individual characteristics (gender, personality, social skills, self-concept and family environment perceptions) in an occasional sample of 489 adolescents. We asked participants to fill the Portuguese versions of Youth Self-Report, Eysenck’s Personality Questionnaire, Piers-Harris Self-Concept Scale and Social Skills Questionnaire. Parents filled the Portuguese version of Child Behaviour Checklist.

Results show significant gender differences and, generally, significant differences between adolescents with higher and lower antisocial tendency. We were also able to confirm the role of personality, empathy, self-concept and family environment both in self-reported antisocial behaviour and in parent-reported aggressive behaviour.

We define intervention strategies aimed at the general population to promote healthy adolescent socioemotional development and, consequently, prevent, on a primary level, an increase in deviant behaviours during this developmental stage.

Keywords: adolescence, antisocial behaviour, prevention, health promotion

 

A adolescência é um estádio muito particular no desenvolvimento humano, durante o qual os sujeitos procuram adaptar-se a um ambiente cada vez mais complexo e diversificado, deparando-se também com a necessidade de construir a sua identidade, autonomia e relações significativas fora do contexto familiar. Assim, os comportamentos antissociais verificados neste estádio não podem ser dissociados da complexidade e significância destas tarefas desenvolvimentais.

Embora a maioria das investigações nesta área se concentre no comportamento masculino (Farrington, 2007), as diferenças de género têm sido amplamente reconhecidas, sendo os rapazes mais vulneráveis a comportamentos antissociais, quer em termos de frequência (Fergusson & Horwood, 2002) quer de e gravidade (Berkout, Young, & Gross, 2011).

O papel da família é crucial no desenvolvimento social, já que é nesse contexto que as crianças aprendem, pela primeira vez, como se comportar em contexto social através da aprendizagem e ensaio das interações sociais. Com efeito, práticas de gestão familiar como o controlo, a disciplina, a supervisão e a rejeição (Farrington, 2007) e a qualidade da comunicação e das relações familiares (Laub, Sampson, & Sweeten, 2006) têm sido amplamente referidas como fatores de risco para o envolvimento em comportamentos antissociais.

A importância do papel das disposições individuais no comportamento antissocial na adolescência é, também, evidente. Eysenck (1996) defende que sujeitos com maior tendência antissocial tendem a obter resultados elevados nos três traços de personalidade – extraversão, neuroticismo e psicoticismo – e resultados baixos na escala de mentira do Questionário de Personalidade de Eysenck, que se tem vindo a considerar uma medida de socialização e conformidade social. Também as competências sociais parecem determinantes, como fatores protetores e de risco, na determinação das escolhas comportamentais dos adolescentes (Mota, Matos, & Lemos, 2011). É reconhecido que a tendência para mostrar altruísmo, simpatia e respeito pelos outros é determinante na prevenção de trajetórias antissociais (Dodge, Coie, & Lynam, 2008), enquanto a falta de sensibilidade social e empatia envolve maior risco de comportamentos antissociais (Jolliffe & Farrington, 2011).

Ora, as mudanças que ocorrem na adolescência refletem-se também no modo como os adolescentes se percecionam e essas perceções influenciam, por sua vez, os comportamentos sociais. Assim, os comportamentos sociais e o autoconceito não só são fundamentais para um desenvolvimento pessoal, social e académico adaptativo (Torregrosa, Ingles, & Garcia-Fernandez, 2011), mas também se influenciam mutuamente (Edens, 1999). Efetivamente, um autoconceito positivo tem sido associado a fatores que protegem os jovens de se envolverem em problemas de comportamento (O’Mara, Marsh, Craven, & Debus, 2006), enquanto o autoconceito negativo tem vindo a revelar associações com agressão e delinquência. (Edens, 1999; Torregrosa, et al., 2011).

Tendo em conta o exposto, o presente estudo procurou compreender qual a relação entre comportamentos antissociais na adolescência e o ambiente familiar, género, personalidade, competências sociais e autoconceito, através do teste das seguintes hipóteses: (1) os rapazes apresentam maior tendência antissocial que as raparigas e verificam-se também diferenças ao nível da personalidade, competências sociais, autoconceito e ambiente familiar; (2) adolescentes com maior tendência antissocial apresentam resultados mais elevados nos traços de personalidade e menores no conformismo social, assim como competências sociais autoconceito e ambiente familiar mais negativos em relação aos pares; (3) traços de personalidade, autoconceito, competências sociais e ambiente familiar contribuem para a explicação dos comportamentos antissociais nos adolescentes.

 

MÉTODO

Participantes

Foram incluídos na amostra todos os adolescentes e respetivos encarregados de educação, que deram o consentimento informado para a participação no estudo. Assim, dos 1217 pedidos efetuados, 40,18% obtiveram resposta positiva, sendo a amostra de natureza ocasional e com as características sociodemográficas apresentadas no Quadro 1.

 

 

Material

As variáveis em estudo foram operacionalizadas e medidas com recurso a um protocolo de avaliação composto por um conjunto de questionários de autorresposta, tendo a escolha dos instrumentos sido orientada pela robustez das suas características psicométricas e condições de resposta (coletiva e anonimamente).

Assim, as condições sociodemográficas foram avaliadas através de um Questionário Sociodemográfico (QSD) construído para a presente investigação. As características de comportamento foram avaliadas através da escala “comportamento agressivo” (a= 0,69)da versão portuguesa do Child Behaviour Checklist (CBCL, Fonseca, Simões, Rebelo, Ferreira, & Cardoso, 1994), preenchido pelos pais e da escala “antissocial” (a= 0,78 ) da versão portuguesa do Youth Self-Report (YSR, Fonseca e Monteiro, 1999), preenchido pelos adolescentes.

A perceção de ambiente familiar foi medida com recurso à versão portuguesa da Escala de Ambiente Familiar (FES, Matos & Fontaine, 1992; 1996), um instrumento composto por 90 itens agrupados em 10 escalas: “coesão” (a=0,75), “expressividade” (a=0,19), “conflito” (a=0,65), “independência” (a=0,16), “orientação parao sucesso” (a=0,45), “orientação intelectual e cultural” (a=0,72), “orientação activa/recreativa” (a=0,61), “ênfase moral e religiosa” (a=0,79), “organização” (a=0,66) e “controlo” (a=0,35). Dada a reduzida consistência interna de algumas escalas, optámos por considerar apenas o resultado global de ambiente familiar (a= 0,88) composto pelos 90 itens do questionário (c.f. Briere & Elliott, 1993), invertendo os itens da escala de conflito para que, a um resultado mais elevado, correspondessem valores mais positivos de ambiente familiar.

Para avaliação das competências sociais recorremos aos fatores “empatia” (a=0,77) e “autocontrolo” (a=0,80) da versão portuguesa do Questionário de Aptidões Sociais – forma para estudantes (SSQ, Mota, Matos, & Lemos, 2011).

Para medir o autoconceito foi utilizada a versão portuguesa da Escala de Autoconceito de Piers-Harris para Crianças (PHCSCS-2, Veiga, 2006) tendo-se considerado apenas o autoconceito global (a= 0,90), resultante da soma dos resultados obtidos em 6 fatores: “aspeto comportamental”, “estatuto intelectual e escolar”, “aparência e atributos físicos”, “ansiedade”, “popularidade” e “satisfação e felicidade”.

A personalidade foi avaliada com recurso ao Questionário de Personalidade de Eysenck para Crianças – Versão Portuguesa (EPQ-J, Fonseca, 1989), organizados em quatro escalas: “psicoticismo” (a= 0,77 ), “extraversão” (a= 0,71 ), “neuroticismo” (a= 0,83 ) e “mentira” (a= 0,79 ).

Procedimento

A aplicação dos instrumentos foi precedida pelas autorizações daDireção Geral para a Inovação e Desenvolvimento Curricular e da Comissão Nacional de Proteção de Dados e de três escolas do distrito de Coimbra

Após a recolha de dados, a amostra foi divida em dois grupos segundo os resultados obtidos no fator “antissocial” do YSR e no fator “comportamento agressivo” do CBCL: um grupo composto pelos sujeitos com resultados médios e abaixo da média da amostra e outro grupo composto pelos sujeitos que apresentaram resultadosum desvio-padrão acima da média da amostra. O Quadro 2. revela a distribuição da amostra pelos dois grupos.

 

 

RESULTADOS

O Quadro 3 apresenta os resultados relativos às diferenças de género, e o Quadro 4 os resultados relativos às diferenças conforme as medidas comportamentais, todas testadas através de testes t de Student.

 

 

 

Para a terceira hipótese, foi testado um modelo de regressão linear múltipla (stepwise), cujos resultados são apresentados no Quadro 5.

 

 

DISCUSSÃO

As diferenças de género antecipadas foram confirmadas. De facto, os rapazes apresentaram resultados mais elevados no psicoticismo e na extraversão e mais baixos na empatia, sendo estes fatores potencialmente explicativos do comportamento antissocial (Quadro 5.). Por outro lado, os piores resultados ao nível do autoconceito nas raparigas indicam a possibilidade de este fator poder mediar o envolvimento destas em comportamentos antissociais e, como tal, a necessidade de intervenções diferenciadas no que diz respeito ao comportamento antissocial em rapazes e raparigas adolescentes.

As análises efetuadas também confirmaram as diferenças entre adolescentes com maior e menor tendência antissocial, e revelaram o papel particularmente importante da personalidade, ambiente familiar, autoconceito e empatia no comportamento antissocial adolescente. O grupo com maior tendência antissocial revelou uma média de resultados mais elevada no psicoticismo, extraversão e neuroticismo e mais baixa no conformismo social (escala de mentira), no autocontrolo e na empatia. Também no modelo de regressão, o psicoticismo e a extraversão apresentaram um papel positivo no comportamento antissocial, tendo a escala de mentira e a empatia um papel negativo. Fica evidenciada a importância da personalidade e das competências sociais na caracterização dos adolescentes mais propensos a comportamentos antissociais, em particular, de aspetos relacionados com uma maior impulsividade (psicoticismo, extraversão e autocontrolo) e um menor desejo/capacidade de um envolvimento positivo com os outros e com a sociedade em geral (conformismo social, empatia) num estádio de desenvolvimento em que o estabelecimento de relações interpessoais e as competências sociais se encontram em rápido e dinâmico desenvolvimento. Tratam-se, pois, de questões críticas a envolver na prevenção do comportamento antissocial, já que poderão, se trabalhadas, prevenir a perpetuação das condutas desviantes em fases posteriores do desenvolvimento .No que concerne ao autoconceito, fica evidenciada a importância desta variável no comportamento antissocial, já que perceções mais negativas do self se encontraram associadas a uma maior tendência antissocial, quer na distinção entre jovens com maiores ou menores resultados antissociais, quer na explicação do fenómeno em causa. Por fim, a perceção de ambiente familiar apresentou resultados distintos entre grupos, apresentando os adolescentes com maior tendência antissocial perceções menos positivas do seu ambiente familiar, explicando, também uma parte importante do comportamento antissocial, sendo de relevar a inclusão de questões familiares em abordagens essencialmente centradas no desenvolvimento das competências e perceções individuais.

Em suma, os adolescentes dão-nos muita da informação necessária para intervir no sentido de prevenir comportamentos antissociais. Embora, idealmente, as intervenções se desejem holísticas e compreensivas, uma abordagem individual poderá oferecer maior eficiência financeira e temporal, fundamental para planos de prevenção a um nível primário e secundário.

 

AGRADECIMENTOS

Este estudo é parte integrante de um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/77702/2011).

 

REFERÊNCIAS

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Rua do Colégio Novo, 3000-115 Coimbra. alicemmorgado@gmail.com

 

Recebido em 27 de Setembro de 2015

Aceite em 02 de Novembro de 2015

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