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Psicologia, Saúde & Doenças

Print version ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.13 no.2 Lisboa  2012

 

Editorial

J. Pais Ribeiro, Isabel Leal e Margarida Gaspar de Matos

 

Este número da revista científica, Psicologia: Saúde & Doenças, propõe-se iniciar uma nova fase. Salientaríamos, o aumento de dois para três números por ano (Março, Julho, e Novembro), com o dobro das páginas do que tem sido uso até aqui (passará a cerca de 250 páginas cada revista, com paginação sequenciada).

Sendo uma revista científica ela deve respeitar os diversos aspetos que fazem parte do ser uma “revista científica”, que vão desde a ética inerente a toda a investigação e publicação, procedimentos, e cumprimento dos prazos de publicação.

A publicação de artigos científicos depara-se com um problema que incomoda fortemente os autores, a saber, o tempo que decorre entre a submissão do artigo e a publicação. Para um artigo ser científico implica vários passos que incluem a leitura por diversas estruturas editoriais (da coordenação editorial, do corpo editorial, editores associados, eventualmente consultor estatístico, mais a revisão estrutural do texto), com a possibilidade, ainda, de ser enviado a outros elementos externos a estes.

É nossa intenção reduzir o tempo de espera entre a submissão e a publicação, por um lado, e, por outro, garantir que o artigo fica disponível de imediato em publicação prévia (on line first). Tal facilita aos autores a disponibilidade e visibilidade do seu artigo.

Como podem ver, na estrutura editorial há um grupo central de editores (coordenação editorial e corpo editorial) que garante e vigia, em primeiro lugar, a qualidade científica dos artigos com apoio das restantes estruturas editoriais. Pensamos deste modo agilizar o processo de revisão.

Atualmente deparamo-nos com a modernidade da publicação eletrónica e do acesso livre aos artigos científicos. Tal tem constituído uma revolução maior do que o esperado. Já não compramos ou assinamos a revista científica para ler aquele artigo que nos interessa: agora acedemos diretamente ao artigo. Este acesso pode ser pago ou não ter custos. As revistas científicas estão, na sua maior parte associadas a grandes editoras. A Elsevier, que publica mais de 2700 revistas científicas, teve em 2010 um lucro de 1,16 mil milhões de dólares (The Economist, 4 fevereiro 2012). Este lucro provém da venda de revistas, de artigos (se pretendermos um artigo de uma revista deste grupo, temos de pagar mais de 30 dólares para fazer o download), ou, se a revista for de acesso livre, paga-se para publicar: Estes custos podem chegar aos três mil dólares, caso o artigo seja aceite.

Dados os custos pessoais e económicos, há cada vez menos organizações científicas, como a nossa sociedade, a editar revistas científicas. Todo o processo, da recepção do artigo à publicação numa base de acesso livre e gratuito, é dispendioso para quem controla a revista. Dispêndio que se distribui por várias rubricas: o tempo que os editores levam a receber, ler, distribuir pelos revisores, pedir aos autores para corrigir, rever, e responder aos autores, mais os custos de secretariado, e os custos de edição. Como todos os autores calculam, o processo de edição tem um dispêndio semelhante à edição em papel. Só é mais económico na parte da tipografia, embora a preparação para ficar acessível com um clique numa base de dados tenha também custos.

Os apoios a este tipo de edição num país pobre, em recessão, são cada vez mais limitados para não dizer nulos. Não é de estranhar a quantidade de revistas científicas em português europeu que têm desaparecido.

A juntar ao custo, as publicações em português tendem a ser desvalorizadas. As organizações científicas portuguesas tendem a exigir que as revistas onde se publica sejam internacionais (que neste caso significa editadas no estrangeiro) e que tenham indicadores bibliométricos fornecidos por grandes empresas como a Thomson Reuters (TR-ISI-WoS), (empresa que tem lucros maiores do que a Elsevier) que publica o Impact factor no seu Journal of Citation Reports, e que universidades portuguesas, centros de investigação, e organizações que apoiam a investigação, consideram indispensáveis para que um artigo tenha valor. Não é o que está escrito que tem, ou não, valor é, sim, o impact factor da revista onde é publicado, sabendo-se desde sempre que cerca de 50% dos artigos publicados nessas revistas nunca são citados. As críticas a estas exigências são fortes (Brumback, 2009), mas ainda estão longe de chegar a Portugal.

Mas as críticas vão mais longe. Frey (2003) num texto provocativo, criticava a política então em vigor onde “a sobrevivência na academia depende das publicações em revistas com revisão por pares”(p.205) que ele designava por prostituição intelectual ou académica. Será possível publicar artigos científicos sem ser em revistas com revisão por pares? Ele diz que sim, referindo Reinhard Selten, prémio Nobel da Economia1 em 1994, que se recusava a publicar em revistas com revisão por pares que lhe pediriam para fazer alterações no texto, o que ele não estava disponível para fazer. As críticas de Frey cobrem tanto editores como revisores, abrangendo os autores e instituições que fazem as exigências. Vale a pena ler o artigo referido que está de acesso livre na internet.

Esta fase da nossa revista, sendo dispendiosa em termos pessoais é desafiadora. Estamos nela com a intenção de ser bem sucedidos e de ultrapassar os obstáculos que possam surgir.

Sendo uma revista da Sociedade Portuguesa de Psicologia da saúde, esperamos o apoio dos membros da sociedade e dos interessados na área, do seu estímulo, e da sua vigilância, sobre o decorrer da revista.

A coordenação editorial

 

REFERÊNCIAS

Brumback, R. (2009). Impact Factor Wars: Episode V—The Empire Strikes Back.Journal of Child Neurology, 24, 260-262. doi: 10.1177/0883073808331366.         [ Links ]

Frey, B.S. (2003).Publishing as prostitution? – Choosing between one’s own ideas and academic success. Public Choice,116,205–223.         [ Links ]

 

NOTAS

1 O prémio Nobel em ciência económica é normalmente designado por Prémio Nobel da Economia, mas não o é. Formalmente é o Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences em memória de Alfred Nobel e é doado pelo Banco Central da Suécia o Banco Sveriges Riksbank