SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.5 número2Preocupações parentais: validação de um instrumento de medida índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

Links relacionados

  • No hay articulos similaresSimilares en SciELO

Compartir


Psicologia, Saúde & Doenças

versión impresa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças v.5 n.2 Lisboa nov. 2004

 

A Comunicação e a Alteração de Comportamentos*

Miguel Ricou**1 , João Salgado2 , Cristiana Alves3 , Ivone Duarte1

Zélia Teixeira4 , José Barrias5 , Rui Nunes1

 

1 Unidade de Ética e Psicologia do Serviço de Bioética e Ética Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Portugal

2 Instituto Superior da Maia, Portugal

3 Hospital da Trofa, Portugal

4 Centro Regional de Alcoologia do Norte, Porto, Portugal

5 Instituto de Alcoologia, Porto, Portugal

 

RESUMO: O objectivo deste estudo é tentar aprender um pouco mais sobre os processos de mudança de comportamentos. Sabemos que para prevenir é necessário informar mas, paradoxalmente, sabemos que o mero conhecimento da realidade não é suficiente para a alteração de comportamentos. Então, e no âmbito dos cuidados de saúde primários, área de intervenção onde a prevenção assume um papel fundamental, qual a melhor forma de promover a adopção de comportamentos saudáveis? A propósito do consumo de álcool na gravidez, fomos tentar avaliar o nível de informação de 295 mulheres grávidas, acompanhadas na consulta materno-infantil de vários centros de saúde do norte do país, sobre os efeitos do álcool no período de gestação, bem como sobre os seus hábitos de consumo. Partindo do princípio que ninguém nasce ensinado, fomos aferir sobre as fontes em que essas mulheres foram "beber" a informação, no pressuposto que o médico assistente deveria assumir o seu papel de autoridade no sentido de melhor informar as suas utentes. Se tal facto se confirmou, estranhamente essa realidade não contribuiu, de uma forma decisiva, para a mudança de comportamentos desejada: deixar de consumir bebidas alcoólicas. Aliado às características aditivas do álcool, a ausência do estabelecimento de uma relação de confiança que possibilite discutir com a pessoa sobre os seus próprios hábitos e sobre as suas dificuldades em alterá-los poderá ser a grande causa para a resistência na mudança de comportamentos. O investimento em profissionais especialistas nesta área, como serão os psicólogos da saúde, é uma das soluções proposta pelos autores.

Palavras chave: Comportamentos aditivos, Comunicação, Consumo de álcool, Cuidados primários, Gravidez, Prevenção, Psicologia da Saúde.

 

 

Communication and Behaviour Change

ABSTRACT: The aim of this study it's to try to learn more about the behaviour changing processes. We know that for prevention we need to inform people. On the other hand, knowing the facts is not enough to change behaviours. So, in primary health care, an important prevention field, what are the best ways to promote the adoption of healthy behaviours? Using as example the alcohol consumption during pregnancy, we've tried to access the knowledge of 295 pregnant women, followed in several primary health care centres in the north of Portugal, about the effects of alcohol during pregnancy, as well as about their drinking habits. We also asked about the sources of the information, assuming that the GP should be the best person to inform these women on how to improve their knowledge. Although this seems to be true, we didn't find a desirable change of the drinking patterns. We believe that, beside the addictive nature of alcohol, the lack of a trust relationship to discuss with people about their habits and their difficulties to change them is one of the major causes that explain the changing behaviour resistance. The promotion of specialists to work in the primary health practices, like health psychologists, it's one of the solutions proposed by the authors.

Key words: Addictive behaviours, Communication, Drinking habits, Health Psychology, Pregnancy, Prevention, Primary health care.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

REFERÊNCIAS

Beauchamp, T., & Childress, J. (2002). Principios de ética biomédica. Barcelona: Masson, S.A. (do original: Principles of Biomedical Ethics, 1994, 4th Ed.).        [ Links ]

Bennett, P., & Murphy, S. (1999). Psicologia e promoção da saúde. Lisboa: Climepsi editores (do original: Psichology and Health Promotion, 1997).

Direcção-Geral de Saúde (1998). Carta dos Direitos e Deveres do Doente. Lisboa.

Esteves, M.F., Brito, M., Antunes, A., Bragança, M., & Palha, A.P. (no prelo). Quando mais é demais: Uma breve revisão de algumas dependências não químicas. Arquivos de Medicina.

Gameiro, A. (1998). Hábitos de consumo de bebidas alcoólicas em Portugal. Lisboa: Ed. Hospitalidade.

Melo, H. (1999). Os aspectos jurídicos dos direitos do doente. In Aspectos éticos das pessoas em situação de doença (pp. 95-116). Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda.

Nunes, R. (2003). Repensar a política de saúde. In Rui Nunes (Coord.), Política de saúde (pp. 13-45). Porto: Universidade Portucalense e Faculdade de Medicina do Porto.

Pinto, V.F. (1995). Ética na relação médico-doente. In O consentimento informado - Actas do I seminário promovido pelo conselho nacional de ética para as ciências da vida (pp. 33-41). Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda.

Ricou, M., Teixeira, Z., Figueiredo, C., Duarte, I., & Barbosa, J. (2001). Álcool, gravidez e informação. Uma perspectiva ética. In R. Nunes & H. Melo (Eds.), A ética e o direito no início da vida humana (pp. 221-244). Coimbra: Gráfica de Coimbra.

Ricou, M. (2004). Ética e Psicologia: Uma prática integrada. Coimbra: Gráfica de Coimbra.

 

* Trabalho realizado com o apoio da Fundação GlaxoSmithKline das Ciências da Saúde.

** Contactar para E-mail: mricou@med.up.pt