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Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher

versión impresa ISSN 0874-6885

Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher  no.33 Lisboa  2015

 

SOBRE IVONE LEAL

Ivone Leal - Bibliografia breve

Paulo Guinote

 

A obra de Maria Ivone de Freitas Leal é, numa grande e substantiva parcela resultante da sua vida de colaboração ou organização de múltiplos debates, conferências, congressos e outros eventos, como se pode verificar no muito completo e ilustrativo artigo de homenagem “Uma Mulher para o nosso tempo”, de Maria Helena Vilas Boas e Alvim1 ou no texto evocativo de Maria Reynolds de Souza inserto neste mesmo número da revista Faces de Eva. A sua obra escrita, apesar de vasta e diversificada, talvez faça apenas parcial justiça à dimensão e importância da intervenção de Ivone Leal na área particular dos Estudos sobre as Mulheres de que foi pioneira, antecipando na sua prática a divulgação do próprio conceito entre nós.

O presente texto procura apenas fazer uma pequena organização, por certo subjectiva e que não se pretende exaustiva nas suas referências, da obra escrita de Ivone Leal, buscando as suas principais linhas orientadoras ao longo das décadas.

A primeira dessas linhas orientadoras passa pelos papéis sociais femininos na sociedade, nas várias idades do ciclo de vida das mulheres, cruzando o espaço público da educação com o privado do quotidiano. As duas publicações seminais neste particular foram A imagem feminina nos manuais escolares (Lisboa: Comissão da Condição Feminina, 1979) e O masculino e o feminino: em literatura infantil (Lisboa: Comissão da Condição Feminina, 1982). O enfoque predominante na infância e no presente foi- se alargando para outras épocas e outras fases da vida em artigos como “Os papéis tradicionais femininos: continuidade e rupturas de meados do séc. XIX a meados do século” (publicado nas actas do colóquio A Mulher na sociedade portuguesa – Visão histórica e perspectivas actuais. Coimbra: Instituto de História Económica e Social/Faculdade de Letras, II, 353- 367) ou “As mulheres, senhoras e escravas do quotidiano doméstico – a memória do vivido de 1930 a 1990” (Faces de Eva, nº 4, 2000, 33- 53). Alargando o seu olhar ao século XVI estudou a figura de Cristina de Pisano, publicando o volume Cristina de Pisano e todo o universo de mulheres (Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, 1999).

Num plano mais teórico, publicou o texto Os saberes das mulheres na criação e na transformação cultural (Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, 1995) e dando corpo ao seu pensamento na área do catolicismo e cruzando- o com os estudos sobre as mulheres, publicaria no mesmo ano o texto “A Igreja e as mulheres em Portugal (séc. XII- XX)” na revista Reflexão Cristã (Lisboa, nº 9-10, 1999, 54-67).

A segunda linha estruturante da obra publicada por Ivone Leal passou pela inventariação e caracterização das fontes, em especial de periódicos, para a História das Mulheres. Entre 1980 e 1981, publicou no Boletim da Comissão da Condição Feminina artigos sobre “O Periódico das Damas, 1823” (Abr.- Jun. 1980, 13- 20), “O Beija-Flor. Semanário d'instrução e recreio. 1838- 39” (Out.- Dez. 1980, 36- 42”, “O Correio das Damas. Jornal de literatura e de modas. 1842- 1852” (Jan.Mar. 1981, 35- 45), “A Assembléia Literária. Jornal de instrucção” (Abr.- Maio 1981, 22- 33), “A Voz Feminina. Jornal semanal. Scientifico, literário e noticioso. 1868- 1896” (Jul.- Set. 1981, 18- 26) e “A Mulher: revista ilustrada das famílias” (Jul.- Set.1981, 27- 51). Sistematizando a sua pesquisa, publicaria no mesmo Boletim o artigo “Um Século de Periódicos Femininos – Inventário de periódicos publicados entre 1807 e 1926” (1982, 9- 19), que estaria na origem do volume de síntese Um século de periódicos femininos: arrolamento de periódicos entre 1807 e 1926 (Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, 1992). Na mesma linha, procederia à coordenação do projecto Fontes Portuguesas para a História das Mulheres, (Lisboa: IBNL, 1994).

Mais recentemente, contribuiu para os projectos colectivos, ambos dirigidos por João Esteves e Zília Osório de Castro, Dicionário no Feminino – séculos XIX- XX (Lisboa: Horizonte, 2005) e Feminae – Dicionário Contemporâneo (Lisboa: Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, 2013). Para o primeiro com as entradas “O Beija- Flor [15/8/1838- 3/4/1839; 13/4/1842]”, “Literatura Infantil”, “Manuais de Civilidade” e ”Virgínia de Castro e Almeida [escritora, 1874- 1945]” e para o segundo, com as entradas “Laura Verediana de Castro e Almeida Soares”, “Maria Carolina Bressane Leite Perry de Sousa Gomes”, “Maria Clementina Ferreira Pinto Basto Couceiro da Costa”, “Maria de Lourdes Belchior Pontes”, “Sílvia Cardoso Ferreira da Silva” e “Teresa Dória Monteiro Santa Clara Gomes”.

Este é um arrolamento que não se pretende exaustivo e que não contempla, por exemplo, uma miríade de intervenções orais sem inscrição em obra impressa ou outros textos de circulação mais reduzida e circunscrita. De qualquer modo, revela bem a riqueza de uma obra que se manteve coerente no plano temático e nas preocupações heurísticas, apesar da diversidade de perspectivas que a marcou ao longo das décadas.

 

Nota

1Faces de Eva nº 17. Lisboa: Edições Colibri/Universidade Nova de Lisboa, 7-16.