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Ex aequo

versão impressa ISSN 0874-5560

Ex aequo  n.19 Vila Franca de Xira  2009

 

Revista estudos feministas, Brasil, 16 anos: uma narrativa

 

Mara Coelho de Souza Lago

Coordenação Editorial da Revista Estudos Feministas

 

Resumo

Este artigo busca narrar a trajetória da Revista Estudos Feministas, um dos periódicos brasileiros de maior importância na área dos estudos feministas e estudos de gênero, desde sua criação e produção inicial no Rio de Janeiro, até a atualidade, em sua publicação na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, no sul do Brasil.

Palavras-chave Publicações feministas, gênero, traduções, narrativa.

 

Abstract

Feminist Studies Magazine, Brasil, 16 years: a narrative

This paper describes the trajectory of the journal Feminist Studies, one of the most important Brazilian journals in the field of feminist studies and gender studies, since its creation and initial production in Rio de Janeiro, to the present, in its publication in the Federal University of Santa Catarina, in Florianópolis, in southern Brazil.

Keywords Publications feminist, gender, translations, narrative.

 

Résumé

Revue Études Féministes, Brésil, 16 ans: une histoire

Dans cet article, nous racontons l´histoire de la revue Études Feministes, une prestigieuse publication brésilienne de grande importance pour le champ des études feministes et des rapports de genre. Nous établissons l´histoire de la revue à partir de sa création à Rio de Janeiro en 1992, jusqu'au présent, quand elle a été deplacée et installée à l´Université Fédérale de Santa Catarina, à Florianópolis, dans le sud du Brésil.

Mots-clé Publications féministes, genre, traductions, narration.

 

Introdução

Falar da Revista Estudos Feministas (REF) nos limites de um artigo não é tarefa fácil para quem está muito envolvida e teria demais a dizer. Tarefa dificultada pelo fato da revista já ter sido alvo de inúmeros discursos. Isto, desde sua proposta, idealizada por um coletivo de mulheres brasileiras que, nos finais da década de 80, já produzira muitas reflexões, publicara muitos estudos, criara periódicos, participara de movimentos de esquerda, de movimentos de mulheres, reivindicara a anistia e o retorno dos brasileiros e brasileiras exilados durante a ditadura militar no país. Um coletivo de mulheres que reivindicara também todas as questões específicas pelas quais as mulheres foram aprendendo a lutar.

A história da revista, sua criação, seus antecedentes com a decisão de projetá-la tomada no seminário «Estudos sobre a Mulher no Brasil: Avaliação e Perspectivas », em reunião, organizada pela Fundação Carlos Chagas (FCC) com apoio da Fundação Ford em 1990, foi contada por Albertina Costa (Costa e Bruschini, 1992; Costa, 2004); por Lena Lavinas (1992) no editorial do número zero da revista, lançada oficialmente na Reunião Anual da Associação Brasileira de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) em 1992 (Diniz e Foltran, 2004); nos inúmeros editoriais que foram sendo escritos na continuidade da construção da REF, pelas editoras responsáveis pela coordenação das equipes que trabalharam para produzir cada um dos seus números.

A REF está narrada também na publicação das reflexões e discussões que ocorreram em algumas reuniões especiais: O I Encontro Brasileiro de Publicações Feministas, que se realizou em Florianópolis de 7 a 9 de agosto de 2002 (Revista Estudos Feministas vol. 11, n.º 1/2003)1, data em que a REF completou 10 anos de publicação; o I Encontro Internacional e II Encontro Nacional de Publicações Feministas, ocorrido entre 28 e 30 de novembro de 2003 em Florianópolis (Revista Estudos Feministas, vol. 12, Número Especial/2004); o Colóquio Estudos Feministas e Políticas Sociais: a contribuição da Revista estudos Feministas, realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 08 e 09 de novembro de 2007, reunindo a coordenação editorial, as diversas editorias e membros do Conselho Editorial da revista na avaliação/comemoração de seus 15 anos de publicação (Revista Estudos Feministas, vol. 16, n.º 1/2008)2.

Assim, estou narrando a REF a partir de minhas experiências e a partir de outras falas, descrições, reflexões, muitas vezes me apropriando delas e confundida com elas.

O primeiro editorial (Lavinas, 1992) que abriu o número zero da revista, enviado à Fundação Ford como um projeto gráfico criativo e cuidadoso, com conteúdo que expressava o nível das reflexões/discussões que aí se desenvolveriam, continha as motivações, a estrutura, os objetivos da REF. Destaco três trechos deste editorial.

 

A criação da Revista Estudos Feministas, além de servir como canal de expressão dos movimentos sociais de mulheres, pretende, antes de mais nada, difundir os conhecimentos de ponta na área dos estudos feministas,ampliando e aprimorando este campo de estudo não apenas entre especialistas, mas também entre este e os demais campos de conhecimento (Lavinas, 1992: 3).

… a REF pretende introduzir no mercado editorial de revistas acadêmicas o fato de ser um periódico não diretamente institucional, (…) apresenta-se como um suporte científico do conjunto da comunidade acadêmica vinculada aos estudos de gênero. Por isso, pretende-se uma rotação da editoria da revista (…) (Lavinas, 1992: 4).

Com o intuito de garantir o acesso ao público brasileiro de temas e questões de caráter teórico e metodológico presentes no debate feminista internacional, a REF apresentará a cada número traduções de artigos relevantes… (Lavinas, 1992: 3).

 

Apresentando a estrutura da revista composta de artigos, dossiê, resenhas e informações, a editora fala do encarte contido na REF, em função do «interesse em incluir versões em inglês de artigos nacionais publicados na revista» (Lavinas, 1992: 3) com o intuito de divulgar «… a qualidade e diversidade da produção científica brasileira sobre relações de gênero» (Lavinas, 1992: 3).

Estes destaques orientam minha narrativa e reflexões sobre a REF e sua viagem do Rio de Janeiro para Florianópolis, para a instituição UFSC.

 

A REF na UFSC, Florianópolis: do centro às margens3

No Rio de Janeiro, onde foi criada e se consolidou como uma publicação de excelência, a REF esteve alocada inicialmente na Escola de Comunicação do Centro Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos (CIEC/ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os seis primeiros números da REF, do n.º 0/1992 ao vol. 2, n.º 3/1994, foram editados no CIEC/ECO/UFRJ, tendo como editora a socióloga Lena Lavinas. Pondo em vigor sua proposta de rotatividade editorial, na produção dos três números seguintes (vol. 3, n.º 1 e n.º 2/1995 e vol. 4, n.º 1/1996), a REF esteve alocada no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, em convênio com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), através de seu Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. A editora passou a ser a antropóloga Maria Luiza Heilborn e houve uma grande renovação do Conselho Editorial da revista (Heilborn, 1995). Os editoriais da revista já apontam dificuldades com relação à manutenção de sua publicação.

A partir do n.º 2 do vol. 4 de 1996, até o n.º 2 do vol. 6 de 1998, a REF esteve alocada no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, tendo como editoras do número de transição, Lena Lavinas e Ana Arruda Callado (vol. 4, n.º 2/1996); e Leila de Andrade Linhares Barsted e Ana Arruda Callado do vol. 5, n.º 1/1997 ao vol. 6, n.º 2/1998.

As dificuldades com a produção da revista, que já vinham sendo anunciadas, mesmo com a diversificação dos apoios (Fundação Universidade José Bonifácio, FINEP/CNPq), campanhas de incremento de assinaturas, são reforçadas pela retirada do apoio financeiro da Fundação Ford. Inúmeros são os fatores que contribuem ou impedem a realização de projetos, coletivos ou individuais. A edição de livros e revistas não é um empreendimento que possa ser considerado simples ou fácil e temos muitos testemunhos em nossas reuniões de publicações feministas, dessas dificuldades, em diferentes países ocidentais. Falando da decisão que, buscando a democratização e independência da feitura da revista previa a sua viagem por diferentes instituições Albertina Costa pondera:

 

Este eixo central da identidade da Revista contemplou os ideais generosos de democracia, de alternância e de autonomia valorizados pelas feministas, mas tornou problemática a construção institucional e a continuidade, a captação de recursos, o que gerou instabilidade, com potenciais crises em cada mudança de base institucional (Costa, 2004: 209).

 

Em outro momento deste artigo, a autora ressalta «… o fato que não me parece desprovido de conseqüências, de que a própria concepção do projeto da revista está intimamente vinculada à expectativa de apoio financeiro da Fundação Ford» (Costa, 2004: 207).

Lembro também que o excelente projeto gráfico da REF, de autoria de Silvia Steinberg e Marcellus Schnell, não a torna uma produção barata. Além disso, as traduções de textos de autoras internacionais para o português, e as traduções dos encartes para o inglês, encarecem a edição da revista. Por múltiplas dificuldades, a revista perdeu a peridiocidade e fez nova transição, agora numa viagem bem mais longa, para a capital do menor estado do sul do Brasil, sendo recebida por um grupo de pesquisadoras da UFSC, em Florianópolis4.

O vol. 7, n.º 1 e 2/1999 da REF foi publicado em parceria entre o IFCS/UFRJ e o CFH/UFSC, tendo como editoras Miriam Pillar Grossi e Cláudia de Lima Costa da UFSC e como editora adjunta Bila Sorj da UFRJ5. Miriam Grossi e Cláudia de Lima Costa foram as pesquisadoras que receberam a oferta de editar a revista, decisão tomada em conjunto pelo coletivo de pesquisadoras/professoras de estudos feministas e de gênero da UFSC.

Por que a UFSC? Além das relações entre as pesquisadoras da área, estabelecidas em eventos acadêmicos e militantes, da divulgação da produção acadêmica de pesquisadoras da UFSC, da publicação de textos de Susana Funck, Miriam Grossi, Cláudia de Lima Costa na própria REF, destaco outro fator. Em 1999 o grupo de pesquisadoras do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) e do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), da UFSC, já realizara o segundo encontro Fazendo Gênero, o terceiro encontro bianual e organizava o quarto evento, que se realizaria em maio de 2000, inaugurando a dimensão internacional do Fazendo Gênero. A expressão que este evento acadêmico adquiriu no campo dos estudos de gênero e feministas no país e internacionalmente, mesmo que realizado de forma artesanal pelo grupo de pesquisadoras da UFSC, nas palavras de Albertina Costa6, certamente influiu na decisão do Comitê Editorial da REF, de direcionar seu deslocamento para as pesquisadoras desta instituição7.

O aprendizado do trabalho conjunto e a interdisciplinaridade construída no compartilhamento da experiência de produzir estes encontros, se capacitaram o grupo de pesquisadoras da UFSC para receber a REF, seguramente foram potencializados pela prática da publicação da revista. Experiência que está narrada por muitas vozes8.

Na UFSC a REF recebeu o apoio institucional que necessitava, especialmente graças ao fato de ser uma das pesquisadoras feministas, Joana Maria Pedro, a diretora do CFH em 19999. Para o grupo de acadêmicas ligadas aos estudos feministas e de gênero que assumiu a editoria e o Comitê Editorial Executivo10 da revista a partir de seu vol. 7, n.º 1 e 2/1999, fazer a revista, dando continuidade ao projeto das fundadoras, significou muito, em termos de experiência, visibilidade11, reconhecimento.

Precisamos considerar que Florianópolis está fora do eixo Rio-São Paulo, o «centro» cultural, editorial, econômico (centro hegemônico) situado na região sudeste do país12. Para exemplificar o significado de estar situado nas margens do eixo Rio-São Paulo (ou na periferia da periferia, por mais que estas metáforas dicotômicas tenham sido desconstruídas), cito o exemplo da publicação do livro de Raymundo Faoro: «Os Donos do Poder: formação do patronato político brasileiro», um dos textos já clássicos na área das ciências sociais no Brasil. Publicado em 1958 pela Editora Globo de Porto Alegre, apesar de premiado em 1959 pela Academia Brasileira de Letras (Prêmio José Veríssimo), o livro só teve ampla repercussão nas áreas sociais acadêmicas do país quando foi reeditado pela Globo em convênio com a Universidade de São Paulo (USP), em 1975. A partir daí, mereceu várias novas edições.

Santa Catarina, pela posição entre Rio Grande do Sul e Paraná, pelo tamanho do território, o fato de sua capital ter ficado isolada e relativamente estagnada quando perdeu importância portuária, teve historicamente uma posição marginal em relação aos vizinhos do sul. Situação que só se alterou nas últimas décadas do século XX.

A partir do n.º 2 (vol. 8) de 2000, a REF passou a ser publicada com o apoio também do CCE. As editorias do vol. 8 e do vol. 9, n.º 1, continuaram sob a responsabilidade de Cláudia de Lima Costa e Miriam Pillar Grossi. O n.º 2 do vol. 9 de 2001 incorporou Luzinete Simões Minella como editora da REF, preparando uma mudança nos quadros de edição da revista. O número seguinte foi editado por Cláudia de Lima Costa e Luzinete Simões Minella. Entre este número (vol. 10, n.º 1/2002) e o seguinte, houve uma reestruturação do corpo editorial da REF, proposta por Luzinete Minella e narrada no artigo que apresentou no «Colóquio Estudos Feministas e Políticas Sociais: a contribuição da Revista Estudos Feministas – 15 anos» (Minella, 2008.

Seguindo a tendência de outras revistas feministas, internacionais inclusive, de aumentarem o corpo editorial, a autora explicita as razões e critérios de «sua nova estruturação» e os «significados da política de expansão da equipe» (Minella, 2008: 105). Para o grupo de pesquisadoras da UFSC, houve neste processo de reestruturação, flexibilização segundo Minella, uma divisão de trabalho e responsabilidades, além da incorporação de novas parcerias ao corpo editorial da revista13.

A REF passou a contar com uma Coordenação Editorial, Editoras Adjuntas (editoria que já compunha a estrutura original da revista), Editoras de Artigos, e as editorias especiais de Dossiês, de Resenhas, de Entrevistas14. Permaneceram a Editoria Assistente, o Comitê Editorial e os Conselhos Consultivos Nacional e Internacional.

Sobre a reestruturação do corpo editorial da REF, posso testemunhar que houve realmente um envolvimento, uma maior responsabilização e descentralização de tarefas, preparando inclusive os componentes do Comitê Editorial anterior, para assumirem novas funções na rotatividade das editorias de execução da edição de cada número da revista. A Coordenação Editorial continuou mudando periodicamente15. Em 2004, por exigência do indexador SciElo, a REF, como outros periódicos acadêmicos, passou a publicar três números anuais, deixando de ser semestral para tornar-se quadrimestral.

Durante toda esta trajetória a Estudos Feministas passou a ser disponibilizada on-line, inicialmente através do projeto financiado pela Fundação Ford de construção de um Portal de Publicações Feminista, proposto por Cláudia de Lima Costa. Mais tarde, foi também disponibilizada na biblioteca eletrônica da SciElo (www.scielo.br), um portal que oferece gratuitamente uma coleção de periódicos científicos brasileiros, no qual o leitor pode ter acesso a artigos integrais em versão pdf ou html. A partir de 2001 a REF tem hoje 19 números no SciElo, com a previsão de mais um número para futuro recente. A REF também publica uma versão eletrônica de artigos selecionados traduzidos para o inglês, na SciElo Social Science (SSS), que objetiva disponibilizar textos de autores nacionais da área, sobre temas locais, para leitores de outras nacionalidades16. Atualmente, a REF tem produzidos três números com a tradução de textos selecionados no SSS. As reflexões sobre esta experiência de construção de um Portal de Publicações Feministas, a importância da disponibilização de textos de autoras(es) estrangeiras(os) e nacionais, a democratização das informações e discussões sobre as teorias feministas e de gênero, estão narradas nos textos de Cláudia Costa e Rita Maria Machado (2004) e de Sônia Maluf (2008).

Paralela à proposta do Portal de Publicações Feministas, foi desenvolvido um projeto de divulgação de publicações feministas em eventos acadêmicos e militantes, proposto por Miriam Grossi, que também recebeu apoio da Fundação Ford. Esta experiência foi relatada por Minella e Grossi (2003) na edição da REF que contém o «Dossiê Publicações Feministas: Compartilhando Experiências», onde as autoras contam que os dois Encontros de Publicações Feministas realizados em Florianópolis faziam parte desse projeto mais amplo, que incluía a criação do Portal e a consolidação de uma rede de divulgação de publicações feministas, «possibilitando uma maior disseminação do conhecimento sobre gênero e feminismo estimulando o debate e as ações políticas nesse campo» (Minella e Grossi, 2003: 217)17.

 

Editorias específicas da REF

Percorrendo os sumários dos 16 volumes, 39 números (dois números especiais e um número em inglês), publicados entre 1992 e 2008 pela REF, podemos acompanhar neles a inserção das entrevistas, em muitos momentos abrangendo a totalidade da seção Ponto de Vista. Os primeiros volumes da revista não contêm entrevistas, mas o n.º 2 do vol. 2 de 1994, que publica o dossiê Leila Diniz, transcreve trechos da famosa entrevista que Leila concedera ao jornal Pasquim, com ampla repercussão nacional. No mesmo número da REF, na seção Artigos, há uma homenagem à Lélia Gonzales (1994) onde está transcrito parte do depoimento que concedeu a Carlos Alberto Pereira e Heloísa Buarque de Holanda. Este número da revista e o dossiê foram caracterizados como voltados para a discussão das questões de subjetividade (Maluf, 2004; Diniz e Foltran, 2004), aliás título de um dos artigos «Novas Subjetividades na pesquisa histórica feminista: uma hermenêutica das diferenças» de Maria Odila L. da S. Dias (1994). O mesmo número publica na seção Ponto de Vista, um debate «O Feminismo no Brasil de hoje», em que três editoras da REF propõem perguntas a quatro feministas, convidadas por elas para uma mesa redonda sobre o tema (Borba et al., 1994). Um dos artigos do dossiê, assinado por sua proponente e organizadora Eli Diniz e por Jacqueline Pitanguy «Leila Diniz e a antecipação de temas feministas » (Pitanguy e Diniz, 1994), apresenta a transcrição do diálogo entre as duas autoras sobre Leila, seu comportamento libertário e vanguardista. O texto assinado por Fayga Ostrower e Eli Diniz constitui-se numa entrevista, sendo Eli a entrevistadora e o tema a beleza sensual de Leila, que a entrevistada aproxima da vivacidade, calor, sensualidade, afirmação da vida, expressa nos quadros de Matisse (Ostrower e Diniz, 1994).

Este número da REF e o dossiê nele contido, que se voltam, assim, para os temas da sexualidade, da subjetividade, antecipam as entrevistas e os debates, que se tornarão seções específicas da revista, na medida em que estes temas vão tomando mais espaço nos estudos de gênero. No n.º 3 de 1994, no dossiê «Feminismo hoje», encontramos a tradução de debate publicado pela revista Ms18. com depoimentos de bell hooks, Glória Steinem, Urvashi Vaid e Naomi Wolf, sob o título «Vamos falar a verdade sobre o feminismo» (1994). Sobre temas variados, vemos que a procura do diálogo, do debate, do depoimento, da entrevista, vão se tornando sempre mais presentes na REF. É assim que, após 6 números sem entrevistas, em 1998 foi publicada entrevista com Joan Scott (Grossi, Heilborn e Rial, 1998) e a seção Ponto de Vista passou a ter como carro-chefe a produção de entrevistas. Nos números seguintes foram entrevistadas Sheila Rowbotham (Sorj e Goldenberg, 1998) e Mary Louise Prat (Costa e Diniz, 1999), seguidas de cerca de 18 entrevistas, até o vol. 16 de 2008. Estas foram realizadas, em geral, por membros do corpo editorial da revista e como entrevistadas, tiveram acadêmicas estrangeiras, na maioria19. Falaram para a revista entre 1998 e 2008 oito americanas e um americano; cinco francesas e dois franceses; três inglesas; uma italiana20. Em número mais recente da REF, foi entrevistada uma brasileira militante do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) no sul do país (Paulilo e Silva, 2007)21.

As seções de entrevistas e de Debates, trazem à discussão uma questão já colocada no editorial de Lena Lavinas, no lançamento da revista: a da tradução e seu significado no objetivo de «garantir acesso ao público brasileiro de temas de caráter teórico e metodológico presentes no debate feminista internacional…» (Lavinas, 1999: 3).

O tema da tradução e das viagens das teorias tem sido muito discutido nas páginas da REF e outras publicações, em artigos de Cláudia de Lima Costa (2003, 2004), nas apresentações das seções Debates já organizadas pela autora em parceria com Eliane Ávila (2005, 2006), onde podemos ter uma visão da complexidade desse tema, envolvendo a discussão de questões como globalização, territorialidade, pós-colonialismo e a transnacionalização dos conhecimentos. Simone Pereira Schmidt (2008) analisou a seção Debates na revista, detendo-se nas falas das autoras nas apresentações (Schmitd, 2008), refletindo sobre o direito de falar e ser ouvida, a fala de mulheres em lugares às margens da língua oficial, na academia.

O artigo de Leila Barsted (2008) sobre as relações da Revista Estudos Feministas com os movimentos de mulheres, detém-se na seção Dossiê, responsável por estabelecer a ponte entre academia e movimentos feministas. A seção Dossiê mereceu um balanço analítico em artigo de Sônia Maluf (2004), referência fundamental para a discussão do tema. Analisando os números da REF a partir de 2005 (data da análise de Maluf que contabilizou 24 dossiês até 2004) podemos acrescentar a produção de mais 5 dossiês22. Apresentando novos temas, como gênero e religião, assunto ainda insuficientemente discutido na REF (Souza, 2004), mulheres rurais, conjugalidades homossexuais, os dossiês confirmam as análises de Sônia Maluf (2004), com a tendência a se concentrarem em determinadas questões como direitos sexuais e reprodutivos, contracepção, diferenças raciais e étnicas, de longe os temas sobre os quais as militantes e acadêmicas feministas mais têm se debruçado, como parte das lutas por transformações sociais e mudanças na legislação brasileira, pela implantação de políticas públicas que favoreçam as igualdades de gênero, raça, etnia.

 

Concluindo

Um artigo de consulta também obrigatória para saber sobre a REF é o de Débora Diniz e Paula Foltran (2004). As autoras se detêm sobre a seção Artigos, e analisam também as demais seções da REF e seus editoriais. O artigo resulta de pesquisa realizada pelas autoras sobre a REF e a Cadernos Pagu, de Campinas/SP, os dois periódicos de maior visibilidade no campo dos estudos de gênero e feministas no Brasil e que, segundo Albertina Costa (2008), por este fato e por suas semelhanças e diferenças, devem ser relacionados quando se analisam as publicações sobre este campo no país.

Retomando as considerações de Diniz e Foltran (2004), e das muitas autoras visitadas para esta narrativa da REF, podemos apontar que a produção bibliográfica da revista continua sendo, em grande parte «resultado de atividades feministas, promovidas pelas universidades e centros de pesquisa do país, onde predominam profissionais com preferência por métodos qualitativos de pesquisa e pela discussão teórica», que a revista continua buscando «o fortalecimento do diálogo internacional, em especial com autoras americanas e francesas» (Diniz e Foltran, 2004: 250-251). Mas podemos ver que, ao contrário do que podia ser afirmado em 2004, a revista se abre gradativamente para o intercâmbio com a América Latina, com ampliação dos artigos em língua espanhola; os artigos escritos por homens já não são tão escassos; as produções em parcerias aparecem com maior freqüência.

Nas limitações de um artigo, escolhi narrar as realizações e avanços da REF, o positivo, deixando para outros momentos as reflexões sobre o peso do trabalho voluntário (Pedro, 2008), que garante a sobrevivência da revista.

 

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Porto, Rozeli Maria (2004), «Consórcio de Publicações Feministas: a visibilidade do feminismo e sua divulgação», Revista Estudos Feministas, vol. 12, Número Especial, 169-181.

Schmidt, Simone Pereira (2008), «A seção Debates em revista: práticas feministas de tradução », Revista Estudos Feministas, vol. 16, n.º 1, 117-122.

Sorj, Bila e Goldenberg, Mirian (1999), «Entrevista com Sheila Rowbotham», Revista Estudos Feministas, vol. 6, n.º 2, 358-368.

Souza, Sandra Duarte de (2004), «Revista Mandrágora: gênero e religião nos Estudos Feministas», Revista Estudos Feministas, vol. 12, Número Especial, 122-130.

Wolff, Cristina Sheibe (2008), «Estudos feministas e movimentos sociais: desafios de uma militância acadêmica em forma de revista», Revista Estudos Feministas, vol. 16, n.º 1, 81-86.

Zucco, Maise Caroline (2008), Mulheres, feminismos em Florianópolis e suas relações com outros espaços de poder no território brasileiro, Florianópolis, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em História, UFSC.

 

Notas

1 Dossiê Publicações Feministas Brasileiras: Compartilhado Experiências (2003: 217-307).

2 Seção Especial: Revista Estudos Feministas 15 anos (2008: 77-132).

3 Uma paráfrase do título do artigo de Miriam Adelmann «Das margens ao centro?: Refletindo sobre a teoria feminista e a sociologia acadêmica», componente do Dossiê da REF (2003). Uma alusão também ao artigo de Maria Margareth Lopes e Adriana Piscitelli «Revistas científicas e a constituição do campo de estudos de gênero: um olhar desde as “margens”» (2004).

4 Situada na Ilha de Santa Catarina, que recebera colonizadores portugueses de Madeira e Açores, principalmente, para seu povoamento no século XVIII.

5 A revista manteve a mesma estrutura, com exceção do encarte de artigos em inglês.

6 Mesa de abertura do Fazendo Gênero 7, UFSC, agosto de 2006.

7 Outro fator que ajudou a credenciar a UFSC para receber a revista, foi a existência em Florianópolis, da Editora Mulheres, apta a dar apoio institucional à sua publicação.

8 Conferir Costa (2003), Minella e Grossi (2003); Costa e Machado (2004), Diniz e Foltran (2004), Grossi (2004), Maluf (2004), Minella (2004), Barsted (2008), Maluf (2008), Minella (2008), Pedro (2008), Schmidt (2008), Wolff (2008).

9 Certamente tem sido importante a gestão de outras feministas nesse cargo, Maria Juracy Toneli e Roselane Neckel. A UFSC proporcionou espaço físico, disponibilizou uma secretária, Carmen Vera Ramos, profissional indispensável á produção da revista, bolsistas e postagem da revista para assinantes.

10 Composto pela equipe de pesquisadoras do CFH e do CCE.

11 Em seu livro «Minha História de Mulheres», Michelle Perrot (2007) menciona três centros considerados por ela como de destaque nos estudos de gênero no Brasil: Campinas, Rio de Janeiro e Florianópolis. Em dissertação defendida recentemente na UFSC, a historiadora Maise Zucco (2008) analisa a inclusão de Florianópolis no roteiro dos estudos de gênero e o papel da REF (como da Cadernos Pagu, em Campinas) na visibilização dos estudos de gênero e feministas do país.

12 Por muito tempo também o centro político (o Distrito Federal situava-se no Rio de Janeiro, antes de mudar para Brasília). Mas a força política de São Paulo e do Rio de Janeiro (da região sudeste do Brasil) não pode ser desconsiderada.

13 Acadêmicas das Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que já participavam da organização do Fazendo Gênero, algumas oriundas da Área de Concentração em Estudos de Gênero do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas e de outros programas de pós-graduação da UFSC.

14 Editorias assumidas pelas componentes do Comitê Editorial Executivo e pelas novas editoras, de outras instituições.

15 Sendo exercida, respectivamente, por Luzinete Minella a partir do vol. 11, n.º 1/2003; Luzinete Minella e Joana Maria Pedro (vol. 12, n.º 1/2004); Joana Maria Pedro e Susana Borneo Funck (vol. 12, n.º 2/2004); Cristina Scheibe Wolff, Simone Pereira Schmidt e Sônia Weidner Maluf (vol. 14, n.º 1/2006); Cristina Scheibe Wolff e Sônia Weidner Maluf (vol. 15, n.º 1/2007); Cristina Scheibe Wolff, Luzinete S. Minella e Sônia Weidner Maluf (vol. 15, n.º 3/2007); Cristina Scheibe Wolff e Luzinete S. Minella (vol. 16, n.º 1/2008); Cristina Scheibe Wolff e Mara Coelho de Souza Lago (vol. 16, n.º 3/2008).

16 Fato que gerou a criação de uma nova editoria: Editoria da REF no SciElo Social Sciences, a partirdo n.º 1 de 2007.

17 Sobre a divulgação das publicações feministas conferir também o artigo de Rozeli Maria Porto, no mesmo dossiê (2004).

18 Ms. New York, setembro/outubro de 1993.

19 Em alguns casos, como a entrevista com Michelle Perrot, ou a entrevista com Judith Butler, foram traduções de material publicado em edições estrangeiras.

20 Foram consideradas aqui as filiações institucionais das(os) autoras(es). No caso dos Estados Unidos, por exemplo, uma das autoras era argentina, Marysa Navarro, e outra, Toril Moi, norueguesa.

21 Com mulheres brasileiras, já fora publicada a análise que três entrevistadoras realizaram sobre 18 entrevistas obtidas acerca do tema «Idéias Feministas sobre Bioética» (Oliveira, 2001).

22 Gênero e Religião (vol. 13, n.º 2/2005); Conjugalidades e parentalidades de gays, lésbicas e transgêneros no Brasil (vol. 14, n.º 2/2006); Mulheres em áreas rurais nas regiões Norte e Nordeste do Brasil (vol. 15, n.º 2/2007); Aborto (vol. 16, n.º 2/2008); 120 anos da abolição da escravidão no Brasil: processo inacabado (vol. 16, n.º 3/2008).

 

Mara Coelho de Souza Lago é Professora Titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Antropologia-UFSC. Doutora em Psicologia da Educação-UNICAMP-SP. Coordenadora da Área de Concentração Estudos de Gênero do Programa de Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas-UFSC. Professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia- UFSC. Coordenadora (com Maria Juracy Toneli) do Núcleo de Pesquisa Modos de Vida, Família e Relações de Gênero-MARGENS. Coordenadora (com Joana Pedro e Zahidé Muzart) do Instituto de Estudos de Gênero (IEG). Coordenação Editorial da Revista Estudos Feministas. http://www.cfh.ufsc.br/~ref/

E-mail: ref@cfh.ufsc.br

 

Artigo recebido em 3 de Março de 2009 e aceite para publicação em 30 de Março de 2009.

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