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Psicologia

Print version ISSN 0874-2049

Psicologia vol.32 no.1 Lisboa Jan. 2018

https://doi.org/10.17575/rpsicol.v32i1.1277 

Escola e instituição: Relações significativas e autoconceito de adolescentes em acolhimento residencial

School and Institution: Significant Relationships and Self-Concept in Adolescents from Residential Care

 

Catarina Pinheiro Mota1, c, Mónica Costa2 & Paula Mena Matos2

1Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal. Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Porto, Portugal

2Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal. Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Porto, Portugal

cAutor para correspondência


 

RESUMO

O presente estudo testa o efeito preditor da qualidade da ligação a figuras significativas (professores, funcionários da escola e da instituição) no desenvolvimento do autoconceito dos jovens. Pretende-se ainda testar o efeito mediador da qualidade da ligação aos pares e o efeito moderador do tempo de acolhimento residencial nesta associação. A amostra é composta por 400 jovens em acolhimento residencial entre os 12 e 18 anos de ambos os sexos, do Norte e Centro de Portugal. Os resultados sublinham a importância da qualidade da ligação às figuras significativas de afeto para o de um autoconceito positivo. A ligação aos pares mostra-se relevante corroborando o papel mediador no desenvolvimento do autoconceito. O tempo de acolhimento residencial não se mostrou significativo na relação entre a qualidade da ligação estabelecida com os adultos significativos e o autoconceito. À luz da teoria da vinculação realça-se a importância das ligações seguras entre adultos e jovens.

Palavras-chave: Autoconceito; cuidadores; pares; acolhimento residencial.


ABSTRACT

This study aims tests the predictive effect of the quality of relationship to significant figures (teachers, school and institutional staff) in the development of self-concept of young people. Also tests the mediational effect of the quality of relationship to peers and the moderating effect of the time of residential care in this association. The sample was composed by 400 institutionalized young people, between 12 and 18 years from both genders, in Portugal. The results underline the importance of the quality of the relationship to the significant figures of affection (in school and institution) for the development of a positive self-concept. The relationship with peers shows to be relevant corroborating the mediational role in the development of self-concept. The time of residential care didn’t show significant relationship between the quality of relationship established with significant adults and self-concept. Attachment theory emphasizes the importance of secure relationships between adults and young people.

Keywords: Self-concept; caregivers; peers; residential care.

 


O acolhimento residencial de jovens constitui um fenómeno social inquietante no mundo atual e uma temática presente na realidade de muitas famílias portuguesas, representando mais de 90% das medidas de colocação extrafamiliar.Em 2014 encontravam-se em acolhimento residencial 8630 crianças e jovens, sendo a maior parte adolescentes (55,6%) (Instituto da Segurança Social, 2015). Neste momento, Portugal tem uma taxa de acolhimento residencial de crianças e jovens superior à média europeia(Gaspar, Alcoforado, & Santos, 2015). As investigações no domínio do acolhimento residencial com adolescentes escasseiam em Portugal e raramente assentam numa perspetiva de estudo dos processos relacionais e emocionais. Alguns estudos apontam para a necessidade de rever as condições de acolhimento residencial, numa perspetiva dos jovens e dos cuidadores, destacando as condições de acolhimento e a sua relevância para a adaptação positiva (Calheiros & Patrício, 2014; Rodrigues, Barbosa-Ducharne, & Valle, 2013). À luz da teoria da vinculação, a perspetiva de uma nova casa onde os jovens não escolheram estar pode traduzir, em alguns casos, um sentimento de abandono e rejeição, podendo resultar em atribuições depreciativas e de autodesvalorização (Alberto, 2002; Anaut, 2005; Spence & Matos, 2000). Com a transição para um novo contexto, a instituição de acolhimento, abre-se um espaço para a construção de novos relacionamentos afetivos significativos. Quando as condições de vivência física, emocional e social geradas no seio familiar não comportam condições de ajustamento para o desenvolvimento saudável dos jovens, a transição para o acolhimento residencial pode funcionar como um contexto de reorganização interna(Mota & Matos, 2015 a, 2015b).

Neste sentido, o enfoque da investigação recai cada vez mais em perceber o potencial dos fatores de proteção no contexto institucional (Haskett, Nears, Ward, & McPherson, 2006; Olivos, Gallagher & Aguilar, 2010). O autoconceito positivo tem sido considerado um importante fator de proteção para os adolescentes que vivem em acolhimento residencial (Luke & Coyne 2008). O autoconceito assume uma importante componente na adolescência e relaciona-se com a perceção de aceitação social por parte dos demais, assim como com o reconhecimento das suas capacidades ou competências pessoais (Berndt & Burgy, 1996). De acordo com Vaz Serra (1986), o autoconceito é caracterizado por crenças e atitudes que atuam no seio da organização e interpretação subjetiva das experiências. Trata-se de um conceito representado por um construto multidimensional que comporta variáveis como a aceitação, autoeficácia, maturidade psicológica e atividade. Para os jovens que vivem em acolhimento residencial, a perceção de aceitação das figuras significativas que os rodeiam associa-se ao desenvolvimento da eficácia social (Berndt & Burgy, 1996), emocional (e.g., Barth, Lloyd, Green, James, Leslie, & Landsverk, 2007; Mota & Matos, 2015a, 2015b) e académica (Harder et al., 2014). Desta forma, a imagem que os adolescentes criam de si e dos outros está intimamente ligada à qualidade das relações que estabelecem com as figuras significativas (Bowlby, 1973). No contexto do acolhimento residencial, o papel das figuras significativas de afeto é desenvolvido maioritariamente por figuras não pertencentes à família, nomeadamente, pelos funcionários da instituição, pelos professores e pelos pares (Mota & Matos, 2015a; Siqueira & Dell’Aglio, 2006).

Figuras significativas de afeto (professores, funcionários da escola e instituição) e a construção do autoconceito dos adolescentes

Ao longo da literatura, vários são os estudos que ressaltam a importância da qualidade dos laços emocionais no desenvolvimento do autoconceito (e.g., Dekovic & Meeus, 1997; Fuentes, García, Gracia & Lila, 2011; Heinonen, Raikkonen & Keltikangas-Jarvinen, 2003; Verschueren, Doumen, & Buyse, 2012). Neste sentido, considera-se que o autoconceito está intimamente ligado ao desenvolvimento da vinculação segura com figuras significativas potenciando a construção de modelos positivos de si e dos outros. Os modelos de si são particularmente relevantes na medida em que traduzem a essência do autoconceito, já os modelos dos outros adquirem relevância para a o desenvolvimento do comportamento interpessoal e a implementação de estratégias de procura de apoio, traduzindo a confiança no outro (Bowlby, 1973; Trzesniewski, Robins, Roberts & Caspi, 2004).

As figuras de vinculação desempenham assim um importante papel na noção de selfque as crianças e jovens vão internalizando ao longo do tempo, de acordo com a disponibilidade e a qualidade dos cuidados prestados (Cassidy, 1999; Sroufe, 2000). No contexto do acolhimento residencial, as figuras cuidadoras assumem especial relevância na rede primordial de apoio aquando da transição da casa para a instituição (e.g., Collins, Spencer, & Ward, 2010; Mota & Matos, 2015a; Siqueira & Dell’Aglio, 2006). Os funcionários da instituição frequentemente assumem um papel capaz de desenvolver ligações afetivas positivas, pelas suas características pessoais e disponibilidade para acolher os jovens, podendo vir a constituir importantes portos seguros (e.g., Collins et al., 2010; Fergus & Zimmerman, 2005; Luthar, Cicchetti, & Becker, 2000; Mota & Matos, 2016; Munson, Smalling, Spencer, Scott, & Tracy, 2010; Yunes, Miranda & Cuello, 2004).

Luke e Coyne (2008) sugerem, num estudo realizado com adolescentes acolhidos, que apesar de alguns adolescentes apresentarem um baixo autoconceito aquando da mudança, a qualidade do relacionamento entre cuidadores e jovens parece ter potenciado melhorias nesta dimensão, pelo apoio, afeto, estabilidade, confiança e equilíbrio vivenciados na relação com os cuidadores. Assim, contextos alternativos de segurança poderão criar as condições para a revisão dos modelos internos dinâmicos, potenciando uma avaliação do selfmais positiva, como alguém passível de ser amado e cuidado (Luke & Coyne, 2008). Bowlby (1973) enfatiza esta ideia na medida em que os jovens que percebem as suas necessidades satisfeitas através do apoio de figuras emocionalmente disponíveis e afetuosas, internalizam-nas como confiáveis e seguras, em virtude de se sentirem investidos emocionalmente e valorizados.

A este propósito, Santana e Koller (2004) defendem que a instituição constitui um local onde os jovens podem construir referenciais identificatórios positivos. Os cuidadores da instituição poderão desempenhar um papel fulcral nas suas vidas, dado que constituem figuras próximas dos jovens, fazendo, assim, parte da sua rede de apoio social e afetivo pelo suporte aportado. Neste sentido, as experiências em contexto institucional vão depender da natureza e da qualidade dos vínculos afetivos e do apoio social prestado, constituindo mais um fator para a formação do autoconceito dos adolescentes e do seu desenvolvimento em geral. Ahrens e colaboradores (2011) também consideram que as figuras cuidadoras da instituiçãopodem promover o processo de adaptação positiva dos jovens e facilitar a criação de projetos de vida.

Todavia, neste contexto importa salientar que, para além dos funcionários da instituição, as vivências emocionais e afetivas destes jovens podem ser pautadas por outras figuras adultas significativas externas à instituição, igualmente relevantes no desenvolvimento pessoal dos jovens, nomeadamente, os professores e funcionários da escola (e.g., Costa & Mota, 2012, 2014; Mota & Matos, 2014; Pesce, Assis, Santos & Oliveira, 2004; Rutter, 2006). É sabido que os jovens despendem um considerável tempo da sua vida na escola, onde desenvolvem relações afetivas de especial relevância. Nesta medida, ainda que o contexto escolar esteja muitas vezes direcionado para a obtenção de resultados académicos, importa valorizar toda a envolvência construída nas relações, num verdadeiro laboratório social para os adolescentes (Costa & Matos, 2007). Riley (2011) descreve a escola enquanto espaço para a construção de relações afetivas seguras, não só com os pares, mas também com os adultos significativos como o professor, e salienta o seu papel na expressão afetiva e autoconfiança dos jovens. A presença de figuras alternativas de afeto como o professor ou os funcionários da escola torna-se especialmente importante em contextos familiares não tradicionais em que os cuidadores primários estão indisponíveis, prevenindo o desajuste emocional dos jovens (Rhodes, Spencer, Keller, Liang, & Noam, 2006). Alguns estudos apontam para que a qualidade da relação com os adultos significativos no contexto escolar potencie uma maior adaptação académica e pessoal, facilitando o desenvolvimento de estratégias construtivas de resolução de problemas e um melhor conhecimento de si (e.g., Al-Yagon & Mikulincer, 2006; Davis, 2003; Mota & Matos, 2014; Pianta, 1999; Soenens & Vansteenkiste, 2005). Mikami, Gregory, Allen, Pianta e Lun (2011) sugerem ainda que a qualidade da ligação estabelecida com o professor assume relevância face à possibilidade de crescimento pessoal na discussão de crenças, ideias, preferências sociais e inclusivamente na integração e escolha do grupo de pares.

Qualidade da ligação aos pares, o tempo de acolhimento residencial e a construção do autoconceito dos adolescentes

A relação com os pares assume na transição para a adolescência uma crescente importância, facilitando o preenchimento de necessidades afetivas e de afiliação, no que diz respeito à partilha de vivências emocionais, bem como aspetos físicos, habilidades atléticas e popularidade (e.g., Eccles, Templeton, Barber, & Stone, 2003). Neste sentido, o movimento desenvolvimental que rodeia os jovens desperta sentimentos de procura de proximidade, desempenhando um papel crucial no seu desenvolvimento pessoal e social, na medida em que se tornam importantes fontes de apoio emocional pela reciprocidade, conforto e partilha íntima (e.g., Matos & Costa, 1996). Ainda que não tão frequente, em alguns casos estas relações podem vir a ser percebidas como relações de vinculação (e.g., Allen, 2008; Ainsworth, 1989; Meeus, Osterwegel, & Vollebergh, 2002; Nickerson & Nagle, 2005), sobretudo quando os contextos vivenciais dos jovens se apresentam fragilizados sob o ponto de vista do cuidado parental.

Desta feita, o papel de figuras significativas como os pares, que acompanham o percurso dos jovens, poderá exercer um fator de proteção no domínio emocional (Verschueren et al., 2012; Zegers, Schuengel, Ijzendoorn & Janssens, 2006) e na aquisição de um sentido de estima pessoal, designadamente em adolescentes em acolhimento residencial (Farineau, Wojciak, & McWey, 2013). Também alguns estudos têm vindo a salientar o autoconceito não só como uma variável motivadora, mas também como um importante fator de proteção face a situações adversas e aquisição de maior qualidade de vida (Branden, 2000; Prince-Embury & Saklofske, 2013).

A literatura tem vindo a destacar que jovens que desenvolvem relações afetivas de qualidade no seio do grupo de pares parecem ter um autoconceito mais positivo, na medida em que dispõem de maior suporte e partilha aquando de situações de adversidade (e.g., Laible, Carlo & Rafaelli, 2000;Farineau et al., 2013; Wilkinson & Walford, 2001). A relação com os pares amigos poderá traduzir-se assim numa mais-valia face às mudanças da fase da adolescência e jovem adultícia, potenciando a construção da identidade e o sentimento de satisfação pessoal pela partilha e identificação de aprendizagens (Verschueren et al., 2012; Wilkinson & Parry, 2004).

Desta forma, apesar de haver uma crescente abordagem da qualidade da ligação das figuras significativas com os jovens em acolhimento residencial, pouco se tem destacado o papel dos pares na sua adaptação ao novo contexto. Este estudo procura colmatar lacunas face ao papel mediador da ligação aos pares no desenvolvimento do autoconceito dos jovens. Por outro lado, a análise do tempo de acolhimento residencial, escassamente descrito na literatura, destaca uma nova abordagem, questionando a sua relevância na interação com a qualidade da ligação às figuras cuidadoras e a existência de outros fatores que podem fazer a diferença na adaptação e bem-estar dos jovens. Nesta medida, fatores contextuais como o tempo de permanência em acolhimento residencial podem associar-se com a qualidade da adaptação dos jovens, e a relação que estabelecem com as figuras significativas de afeto (Barth, 2005). Assim, jovens que foram acolhidos em idades mais precoces, e em simultâneo, permanecem há mais tempo na instituição tendem a estar mais próximos das figuras significativas de afeto dentro da instituição (Baker, Wulczyn, & Dale, 2005), nomeadamente dos pares, aumentando o sentido de pertença pela similitude e partilha de experiências (Mota & Matos, 2013).

Por outro lado, embora escassos, há alguns estudos que descrevem o longo tempo de acolhimento residencial como um fator associado a resultados positivos na adaptação dos jovens, nomeadamente nas componentes educacionais (Ringle, Ingram, & Thompson, 2010). Estudos recentes suportam ainda que a nível da saúde mental não parecem existir diferenças no que respeita a jovens que vivem períodos longos em acolhimento residencial e jovens que vivem em famílias de acolhimento (James, 2011; James, Roesch, & Zhang, 2012). James, Zhang e Landsverk, (2012), sugerem também que a falta de associação entre o tempo de permanência em acolhimento residencial e a saúde mental poderá dever-se à existência de outros fatores relacionados com características inerentes à tipologia de acolhimento e o seu contexto físico, social e emocional.

Assim, o primeiro objetivo do estudo prende-se com a análise do contributo da qualidade da ligação estabelecida com as figuras significativas de afeto, nomeadamente funcionários da instituição, professores e funcionários da escola no desenvolvimento do autoconceito em adolescentes em acolhimento residencial. Pretendeu-se de seguida testar o papel da qualidade da ligação aos pares amigos enquanto mediadora, bem como o tempo de acolhimento residencial dos jovens enquanto moderador da associação anterior.

Método

Participantes

No estudo participaram 412 adolescentes portugueses a viver em regime de acolhimento residencial por motivos de abandono ou negligência parental, tendo sido excluídas instituições com adolescentes cujas razões de acolhimento se prenderam com comportamentos de cariz desviante, a fim de evitar a inclusão de jovens que cometam uma ofensa significativa e são colocados em uma instituição com condições específicas, como reabilitação social e que permanecem a maior parte do tempo em regime de internato, distando dos objetivos do presente estudo. Os jovens compreendem idades entre os 12 e os 18 anos (M = 14.92; DP= 1.80), 231 (56.1%) do sexo feminino e 181 (43.9%) do sexo masculino, com níveis de escolaridade entre o 4.º e o 12.º ano (M = 8.16; DP = 1.93).No que concerne ao tempo de acolhimento residencial, 42 (10.2%) adolescentes estão em acolhimento residencial apenas há 6 meses; 117 (28.4%) de 6 meses até 2 anos; 113 (27.5%) de 2 até 5 anos; 103 adolescentes (25%) 5 anos até 10 anos e 29 (7%) vivem há mais de 10 anos (8 jovens não apontam este dado, constituído 1.9% de valores omissos na amostra).

Instrumentos

Inventory of Parent and Peer Attachment (IPPA)

O IPPA (Armsden & Greenberg, 1987; adaptação de Ferreira & Costa, 1998) é um questionário de autorrelato, desenvolvido para avaliar a qualidade da ligação aos pais e aos pares na adolescência. Foi usada a versão para os pares, sendo constituída por 25 itens em que estão presentes três dimensões: confiança (10 itens), comunicação (10 itens) e alienação (10 itens). Cada item é avaliado através de resposta tipo Likert com 6 pontos, de 1 discordo totalmente a 6 concordo totalmente. Os alfas de Cronbach para a presente amostra foram adequados: Confiança = .86 - “Os meus amigos compreendem-me”; Comunicação = .84 - “Quando nós discutimos alguma coisa, os meus amigos têm em conta a minha opinião”, e Alienação = .82 - “Falar dos meus problemas com os meus amigos faz-me sentir envergonhado”. Testou-se a adequação da estrutura dimensional através de uma análise fatorial confirmatória tendo-se obtido índices de ajustamento adequados (acima de .90 para CFI e valores abaixo de .08 para os índices RMR e RMSEA e Racio inferior a 5.0) (MacCallum,Widaman, Preacher, & Hong, 2001; Schumacker & Lomax, 2004), CFI = .970, RMR = .080 e RMSEA = .060, χ2 (22) = 90.22, p = .001, Xi2/gl = 4.1.

Questionário de Ligação a Professores e Funcionários (QLPF)

Trata-se de um questionário de autorrelato (Mota & Matos, 2005), desenvolvido em Portugal para avaliar a perceção da qualidade da ligação a figuras alternativas de afeto, designadamente aos professores, funcionários da escola e funcionários da instituição. É constituído por 28 itens: 7 itens referentes à qualidade de ligação aos professores -“Fico triste quando algum professor se zanga comigo”, 14 itens para avaliar a qualidade de ligação aos funcionários da instituição – “Alguns funcionários da instituição onde vivo ficam preocupados comigo”, e 7 itens referentes à qualidade de ligação aos funcionários da escola - “Sinto que alguns dos funcionários da escola estão disponíveis para me ajudar”. Cada item é avaliado através de resposta tipo Likert com 6 pontos, de 1 discordo totalmente a 6 concordo totalmente. Os alfas de Cronbach para a presente amostra foram adequados: Qualidade da ligação aos professores = .79; Qualidade da ligação aos funcionários da instituição = .91 e Qualidade da ligação aos funcionários da escola = .88. Testou-se a adequação da estrutura dimensional através de uma análise fatorial confirmatória tendo-se obtido índices de ajustamento adequados CFI = .975, RMR = .055 e RMSEA = .077, χ2 (61) = 68.97, p= .001, Xi2/gl = 1.1.

Inventário do Autoconceito

Foi construído (Vaz Serra, 1986) com o objetivo de medir os aspetos emocionais e sociais do autoconceito, de acordo com a maneira de ser habitual do indivíduo e não o estado em que transitoriamente se encontre. É constituído por 20 questões, organizadas em 4 dimensões: Aceitação/Rejeição social(5 itens; "Eu sei que sou uma boa pessoa"); Autoeficácia (6 itens; "Eu costumo desistir das tarefas quando tenho dificuldades”; Maturidade psicológica (4 itens; "Eu costumo ser honesto quando exprimo a minha opinião”); e Impulsividade/Atividade (3 itens; "Quando tenho uma ideia válida, eu gosto de a colocar em prática”). Os participantes respondem numa escala tipo Likert de 5 pontos de 1 discordoa 5 concordo muito. A análise da consistência interna revelou valores de alfa de Cronbach moderados e baixos em concordância com os valores do autor original: .74 para a Aceitação/rejeição social; .53 para a Autoeficácia; .68 para a Maturidade psicológica e .55 para a Impulsividade/atividade. Testou-se a adequação da estrutura dimensional através de uma análise fatorial confirmatória tendo-se obtido índices de ajustamento adequados (MacCallum et al., 2001; Schumacker & Lomax, 2004),CFI = .801, SRMR = .059 e RMSEA = .071; χ2(62) = 69.97, p = .001, Xi2/gl = 1.1.

Questionário Sócio-Demográfico

Teve como propósito a obtenção de informações individuais dos participantes, sendo aplicado em conjunto com o protocolo de instrumentos. O questionário continha dados tais como: o género, a idade, dados relativos à instituição (tempo de acolhimento residencial, idade de entrada na instituição), bem como da identificação escolar.

Procedimento

O presente trabalho enquadra-se numa investigação de índole transversal em instituições de acolhimento da região Norte e Centro de Portugal. A recolha da informação foi realizada mediante uma ficha demográfica e questionários de autorrelato, preenchidos pelos adolescentes acolhidos. Por conseguinte, o preenchimento dos mesmos decorreu em contexto institucional, após prévio consentimento informado conforme solicitado aos diretores das respetivas instituições. O contacto estabelecido previamente foi realizado de forma pessoal, com vista ao esclarecimento dos objetivos, possíveis dúvidas, procedimento e implicações pessoais para os jovens. Em todas as administrações os jovens receberam um conjunto de instruções standardonde foram explicados, de uma forma sucinta, os objetivos gerais do estudo, assim como as instruções para o preenchimento dos questionários, sendo assegurado o caráter sigiloso e confidencial da informação inerente aos questionários. Foi também enfatizado o caráter voluntário da sua colaboração e participação no estudo, e a possibilidade de desistência a qualquer momento. Salienta-se que a ordem dos questionários foi invertida aleatoriamente no intuito de evitar o enviesamento dos resultados, derivados do fator cansaço e sequência dos instrumentos.

Para a análise estatística dos dados adquiridos, foi utilizada a versão 20.0 do SPSS (Statistical Package for the Social Sciences).Por outro lado, foram realizadas análises de acordo com modelos de equações estruturais com recurso ao programa EQS versão 6.1.

RESULTADOS

O modelo apresentado neste artigo testa o efeito preditor da qualidade da ligação a figuras significativas (professores, funcionários da escola e funcionários da instituição) no autoconceito dos adolescentes em acolhimento residencial. O modelo testa, também, o papel mediador da qualidade da ligação aos pares na associação anterior. Por último, foi realizada uma análise de moderação do tempo de acolhimento residencial dos jovens na associação inicial entre a qualidade da ligação às figuras significativas e o desenvolvimento do autoconceito. Com recurso ao teste de Sobel, observou-se a existência de efeitos mediadores, analisando a decomposição dos efeitos (através do valor β estandardizado, o erro no seu valor estandardizado e a probabilidade com significância de 0.5), constatou-se a existência de mediação e a presença de efeitos indiretos no modelo. O modelo do estudo encontra-se representado na Figura 1.

Efeito da qualidade da ligação a figuras adultas significativas no desenvolvimento do autoconceito

Analisando os resultados diretos apresentados na Figura 2, observa-se que a qualidade da ligação às figuras adultas significativas exerce um efeito preditor significativo na qualidade da ligação aos pares (β= .36, p< .05). Para além disso, os resultados revelam que a qualidade da ligação às figuras significativas exerce ainda um efeito no autoconceito dos adolescentes (β = .31, p< .05), tal como seria teoricamente esperado. O modelo apresenta índices de ajustamento razoavelmente adequados (χ2 (25)=149.31; p = .001; Xi2/gl = 5.9; CFI = .93; RMSEA = .09).

 

Figura 3

 

Papel mediador da qualidade da ligação aos pares na associação entre a qualidade da ligação às figuras significativas e o autoconceito

Ao encontro dos pressupostos do teste de Sobel, foram analisados os 4 passos principais de testagem do efeito mediador da qualidade da ligação aos pares. Em consonância com as análises anteriores, o primeiro passo reporta uma predição positiva da qualidade da ligação às figuras significativas (professores e funcionários da escola e da instituição) na qualidade da ligação aos pares (β = .36, p< .001). O segundo passo confirma um efeito positivo da qualidade da ligação às figuras significativas (professores e funcionários da escola e da instituição) no desenvolvimento do autoconceito dos adolescentes (β= .31, p< .001). O terceiro passo desta análise apresenta uma predição positiva da qualidade da ligação aos pares no autoconceito (β= .52, p< .001) (Tabela 1). No último passo foram incluídas todas as variáveis em estudo na testagem do modelo. Tal como seria teoricamente esperado, os pares exercem um efeito positivo no desenvolvimento do autoconceito (β = .52, p< .05), verificando-se a perda de significância da associação entre a qualidade da ligação às figuras significativas (professores e funcionários da escola e da instituição) e o autoconceito (β= .12, p> .05). Nesta medida, a análise segundo o Teste de Sobel permitiu observar a existência de um efeito mediador total da qualidade da ligação aos pares (z = 4.70; EP =.029, p = .001; β = .167) entre a qualidade da ligação às figuras significativas (professores, funcionários da escola e funcionários da instituição) e o autoconceito. O modelo final apresenta índices de ajustamento adequados (χ2 (24)=67.41, p = .001; Xi2/gl = 2.80, CFI = .97; RMSEA = .07).

Papel moderador do tempo de acolhimento residencial na associação entre a qualidade da ligação às figuras significativas e o autoconceito

A análise de regressão múltipla hierárquica permitiu realizar a testagem do papel moderador da variável “tempo de acolhimento residencial” na associação entre a qualidade da ligação às figuras significativas (professores, funcionários da escola e da instituição) e o autoconceito. Nesta medida, foram testadas as dimensões do autoconceito de forma separada (aceitação, autoeficácia, maturidade psicológica e impulsividade/atividade), introduzindo no 1.º modelo as variáveis “Qualidade da ligação às figuras significativas” e o “Tempo de acolhimento residencial”. No 2.º modelo foi introduzida a interação - Qualidade da relação com as figuras significativas (num valor compósito de todas as dimensões em estudo) x Tempo de acolhimento residencial.

Os resultados observados destacam que, no 1.º modelo (“qualidade da ligação às figuras significativas” e “tempo de acolhimento residencial” introduzidas separadamente), existe uma significância preditiva da qualidade da ligação às figuras significativas em algumas das dimensões do autoconceito, ao invés do “tempo de acolhimento residencial” que não parece exercer um efeito direto no autoconceito. No 2.º modelo, aquando da introdução da interação de ambas variáveis, verifica-se um efeito significativo (interação das variáveis) na dimensão Aceitação (Autoconceito) F(3, 391) = 3.61, p = .001, com um contributo de 4.3% da variância total (R2= .043), e 0.4% de variância individual explicada para o modelo (R2change =.004). Todavia, a análise do coeficiente da interação entre Qualidade da ligação às figuras significativas e o tempo de acolhimento residencialnão apresentou valores significativos (β = 1.25; p = .214), não se verificando por isso um efeito moderador da variável “tempo de acolhimento residencial”. No que concerne à variável Autoeficácia (Autoconceito), os resultados permitiram observar um efeito positivo da qualidade da ligação às figuras significativas de forma isolada (β = .257; p = .021), no entanto verificou-se um efeito significativo do 2.º modelo F(3, 389) = .946, p = .045, com um contributo de 2.0% da variância total (R2= .020), e 0.5% de variância individual explicada para o modelo (R2change =.005). A análise do coeficiente da interação entre Qualidade da ligação às figuras significativas x Tempo de acolhimento residencialnão apresentou igualmente valores significativos (β= .334; p = .172), verificando-se a inexistência de um efeito moderador da variável “tempo de acolhimento residencial”. Face à variável Maturidade psicológica (Autoconceito), verificou-se, tal como para a autoeficácia, um efeito positivo da qualidade da ligação às figuras significativas de forma isolada (β = .257; p = .018). Constatou-se ainda um efeito significativo do 2.º modelo F(3, 391) = 5.04, p= .001, com um contributo de 5.4% da variância total (R2= .054), não contribuindo para a variância individual explicada do modelo (R2change =.000). A análise do coeficiente da interação entre a Qualidade da ligação às figuras significativas x Tempo de acolhimento residencialnão revelou valores significativos (β = -.263; p = .792), refutando a existência de um efeito moderador da variável tempo de acolhimento residencial. Por último, a variável Impulsividade/Atividade (Autoconceito) apresentou igualmente um efeito significativo da variável qualidade da ligação às figuras significativas isoladamente (β = .298; p = .007). Contudo, os resultados apontam ainda um efeito significativo no 2.º modelo F(3, 391) = 3.39, p = .002, com um contributo de 3.6% da variância total (R2= .036), e 0.5% de variância individual explicada para o modelo (R2change =.005). A análise do coeficiente da interação entre a Qualidade da ligação às figuras significativas x Tempo de acolhimento residencial não apresentou valores significativos (β = -.329; p = .174), refutando o efeito moderador da variável Tempo de Acolhimento Residencial (Tabela 2).

DISCUSSÃO

O presente estudo pretendeu testar o efeito da qualidade da ligação a figuras significativas (professores, funcionários da escola e da instituição) no desenvolvimento do autoconceito dos jovens. Foi também um objetivo do presente estudo, testar o efeito mediador da qualidade da ligação aos pares e o efeito moderador do tempo de acolhimento residencial na associação anterior.

Os resultados revelaram que a qualidade da ligação às figuras significativas exerce um efeito preditor no autoconceito dos adolescentes. A literatura corrobora este resultado, demonstrando uma associação positiva entre a qualidade da relação com cuidadores substitutos e o autoconceito dos adolescentes (Ackerman & Dozier, 2005; Luke & Coyne, 2008; Hegar & Rosenthal, 2009). No meio institucional o autoconceito é visto segundo uma perspetiva interacionista, pois os adolescentes respondem ao meio ambiente com base nos significados que os elementos do meio lhes fornecem.Também no contexto escolar é possível perceber que a relação entre professores e jovens promove o desenvolvimento de recursos emocionais aumentando a autoestima, motivação, empatia e estratégias construtivas para resolver conflitos internos e externos (e.g., Mikami et al., 2011; Mota & Matos, 2014; Pianta, 1999; Riley, 2011; Soenens & Vansteenkiste, 2005; Zimmer-Gembeck & Locke, 2007). Esta questão toma contornos relevantes nos jovens em acolhimento residencial do presente estudo, na medida em que a qualidade da ligação às figuras da instituição e da escola assumem papéis relevantes no desenvolvimento de uma imagem positiva de si e a criação de um autoconceito positivo.

Constatou-se ainda que a qualidade da ligação a figuras adultas significativas se constitui como preditora significativa da qualidade da ligação aos pares. Nesta medida, os resultados sugerem que a ligação afetiva de qualidade desenvolvida com os adultos da instituição pode constituir uma importante fonte de apoio pessoal, recriando nos jovens sentimentos de cuidado e pertença (Mota & Matos, 2016). Estes resultados são consistentes com a literatura ao demonstrarem que experiências relacionais de qualidade com as figuras que rodeiam os jovens em acolhimento residencial são extremamente importantes, pois poderão promover a segurança necessária para que estes se tornem mais recetivos a outras relações e desenvolvam relações de confiança com os pares (e.g., Ahrens et al., 2011; Formosinho, Araújo & Sousa, 2002; Legault, Anawati, & Flynn, 2006; Wekerle, Waechter, Leung, & Leonard, 2007). De referir que este aspeto se transpõe para todas as figuras significativas de afeto, todavia alguns estudos têm vindo a suportar a importância do papel dos professores e funcionários da instituição enquanto fonte de apoio e compreensão para os jovens, podendo funcionar como base segura (e.g., Mota & Matos, 2010, 2014, 2015a). Estudos revelam que os adolescentes dispõem de contextos e figuras relacionais seguras são mais populares no grupo de pares, mostrando-se mais disponíveis para estabelecer novos relacionamentos (e.g., Farineau et al., 2013; Lieberman, Doyle & Markiewicz, 1999; Nickerson, & Nagle, 2005). Estes resultados vão ao encontro dos pressupostos da teoria da vinculação na medida em que os adolescentes que constroem modelos internos dinâmicos seguros e integram uma imagem positiva de si e dos demais procuram a proximidade e similitude de vivências com os pares. Deste modo, poderá assistir-se à transferência de modelos de vinculação dos cuidadores para os pares (e.g., Hazan & Shaver, 1994; Hazan & Zeifman, 1994; Trinke & Bartholomew, 1997; Weiss, 1991), apoiando a ideia do alargamento da rede para cumprimento de funções de vinculação (e.g., Friedlmeier & Granqvist, 2006; Rocha & Matos,2012). Assim, as relações sociais, nomeadamente, com os pares, evoluem das relações iniciais de vinculação da criança e da capacidade e disponibilidade dos cuidadores para satisfazer as suas necessidades, constituindo a primeira base de segurança. No caso das crianças e dos adolescentes que vivem em instituições, a sua principal rede de apoio passa a ser pessoas não pertencentes à família, nomeadamente, cuidadores e as restantes crianças e adolescentes que habitam o espaço instituição e escola (Ahrens et al., 2011; Legault et al., 2006; Mota & Matos, 2015a, 2015b).

Os resultados observados apontam também para a confirmação da qualidade da relação com os pares enquanto mediador na associação entre a qualidade da ligação às figuras significativas (professores e funcionários da escola e da instituição) e o autoconceito dos adolescentes.A adolescência constitui uma fase que tradicionalmente remete para a noção de mudança, construção de novos interesses e estabelecimento de novas relações com o exterior. Diversos estudos destacam a influência que a qualidade da relação com os pares tem no autoconceito, salientando-se a importância que estas figuras exercem no bem-estar dos jovens no período da adolescência, pela partilha de experiências e o suporte perante situações adversas (e.g., Laible et al., 2000; Wilkinson & Walford, 2001;Farineau et al., 2013).

Dito de outra forma, os pares assumem uma parte importante na vida dos adolescentes não só pelo acompanhamento das mudanças próprias desta fase (cognitivas, sócioemocionais, familiares, vocacionais e de imagem), como na construção da identidade e o autoconceito (Verschueren et al., 2012). Deste modo, uma boa integração no grupo de pares, percebidos como semelhantes, e o desenvolvimento de sentimentos de partilha, identificação e aprendizagem, proporciona satisfação capaz de aumentar o autoconceito e a realização pessoal dos jovens (Verschueren et al., 2012; Wilkinson & Parry, 2004). De ressaltar que a qualidade da ligação às figuras significativas de afeto, particularmente no presente estudo, não é substituída pela relação com os pares. Ao invés, ambas as figuras assumem papéis específicos que sugerem complementaridade no preenchimento das necessidades dos adolescentes, pelo que os cuidadores continuam a representar figuras importantes de suporte afetivo capazes de proporcionar aos adolescentes uma base segura (Dell`Aglio & Hutz, 2002; Rocha, Mota & Matos, 2011).

Por último, os resultados permitiram constatar que a interação entre a qualidade da ligação a figuras significativas e o tempo de acolhimento residencial não afeta significativamente o autoconceito. São escassos os estudos que abordam o tempo de acolhimento residencial dos jovens e a sua relação na adaptação. Todavia, em situações de carência significativa no seio familiar, existem evidências de que a transição e permanência em acolhimento residencial pode ser relevante quer para a organização interna dos jovens (Mota & Matos 2013), quer a nível de adaptação ao contexto social ou académico (Ringle et al., 2010). Embora escassos, os estudos corroboram a ideia de que a saúde mental e o bem-estar emocional dos jovens não depende do tempo de permanência em acolhimento residencial, mas sim de fatores relacionais e contextuais de acolhimento que permitam o crescimento pessoal (James et al., 2012).

Nesta perspetiva, os dados do presente estudo procuraram destacar que a qualidade da ligação a figuras significativas parece predizer positivamente o desenvolvimento do autoconceito, independentemente do tempo de permanência dos jovens na instituição. Os dados observados permitem discutir a ideia de que mais do que o tempo de acolhimento residencial, na presente amostra o autoconceito poderá associar-se com a imagem positiva de si e do outro, baseada na qualidade do suporte emocional aportado pelos adultos significativos (e.g., Mota & Matos, 2014, 2016).

Desta feita, torna-se fundamental garantir aos jovens em acolhimento residencial uma transição saudável do contexto afetivo descontinuado para um espaço de acolhimento e cuidado emocional efetivo. O acolhimento residencial pode, neste sentido, proporcionar um sentimento de pertença, no seio de uma nova família constituída pelos cuidadores e pares da instituição, mas também por outros adultos significativos no contexto escolar.

Como nota final, importa discutir as implicações práticas, limitações e pistas futuras do presente estudo. Neste sentido, a constatação de que o papel dos cuidadores é particularmente relevante no desenvolvimento dos jovens suporta a ideia de que o processo de acolhimento residencial deve assumir novos compromissos. Neste sentido, urge repensar formas de gestão das instituições, mais voltadas para a adequação do número de cuidadores por adolescente, ausência de rotatividade dos mesmos e maior formação específica, no sentido de fazer face às dificuldades que se constatam neste contexto (Calheiros & Patrício, 2014). Destaca-se ainda a necessidade de encontrar um acordo entre a escola e a instituição, à luz do que tenta realizar com as famílias tradicionais, privilegiando o diálogo e colaboração mútua. Por outro lado, algumas limitações prenderam-se com a operacionalização metodológica deste estudo num modelo transversal, não permitindo verificar efeitos casuais, sendo relevante repensar uma abordagem longitudinal no sentido de acompanhar os jovens ao longo do seu percurso. Outra limitação constituiu o uso de instrumentos de autorelato, mais suscetíveis de enviesamento nesta população. Em estudos futuros seria ainda pertinente a utilização de outras fontes, como seja a perspetiva dos cuidadores e professores, para além da complementaridade das análises qualitativas desenvolvidas através de entrevistas aos jovens e cuidadores. Perspetiva-se, face a estes dados, a relevância de implementação futura de um projeto de intervenção com os cuidadores, versando a formação específica para as dinâmicas relacionais e as vicissitudes do contexto que comporta a bagagem de muitos dos jovens em acolhimento residencial.

 

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Historial do artigo

Recebido

07/02/2017

Aceite

10/09/2017

Publicado

05/2018

 

Financiado por

Esta investigação é parcialmente suportada pela FCT através do projeto PEst-C/PSI/UI0050/2011 e o FEDER com fundos do programa COMPETE sob o projeto FCOMP-01-0124-FEDER-022714.

 

cAutor para correspondência:

Catarina Pinheiro Mota, Departamento de Educação e Psicologia da UTAD, Quinta de Prados, 5000-801, Vila Real. E-mail: catppmota@utad.pt.

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