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Psicologia

versão impressa ISSN 0874-2049

Psicologia vol.30 no.2 Lisboa dez. 2016

https://doi.org/10.17575/rpsicol.v30i2.1127 

Estudo preliminar: Validação do questionário “CDC – Corpo, Dança e Comunidade” para adolescentes de 12-18 anos

Preliminary study for validation of questionnaire CDC - Body, Dance and Community for teenagers

 

Valéria de AssumpçãoI, c; Ana MacaraI; Carlos JanuárioIII, IV; Fátima Wachowicz2

IINET-MD, Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa, Portugal

IIGrupo de Pesquisa Corponectivos / Escola de Dança, Universidade Federal da Bahia, Brasil

IIIFaculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa, Portugal

IVUIDEF, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa, Portugal

cAutor para correspondência


 

RESUMO

Este artigo apresenta um segundo estudo preliminar desenvolvido para construir e validar o questionário CDC (Corpo, Dança e Comunidade) para jovens praticantes de 12 a 18 anos do Núcleo de Arte da Prefeitura do Rio de Janeiro. O referencial teórico foi baseado em estudos relacionados com as dimensões corporal (Figueiredo, 2013; Furhmann, 2014), afetiva (Damásio, 2013, 2012; Figueiredo, 2011) social (Fuhrmann, 2008; Marques, 2010, 2014; Shapiro, 2008) e da adolescência (Lipp, 2010; Matos & Tomé, 2012). O instrumento foi aplicado a 50 jovens com idades compreendidas entre os 12 e 16 anos. Com base nos resultados do estudo, obteve-se a consistência interna do questionário e suas subescalas. Os resultados do estudo apontam valores de consistência interna adequados, bem como benefícios da prática da dança assinalados pelos jovens nas dimensões física, afetiva e social. Na dimensão física assinala-se uma melhor expressividade do corpo e autoperceção das emoções expressas ao dançar; na dimensão afetiva o desenvolvimento de sentimentos de autoconfiança e bem-estar e na dimensão social uma melhor interação e participação social com a família, escola, comunidade e membros do Núcleo de Arte.

Palavras-chave: Dança; Adolescência; Autoperceção do corpo; Participação social.


ABSTRACT

This article presents the second preliminary study designed to develop and validate the questionnaire CDC (Body, Dance and Community) for young dance practitioners from the Art Centers of Rio de Janeiro City Hall. The theoretical framework was based on studies related to the physical dimension (Figueiredo, 2013; Furhmann, 2014), affective dimension (Damásio, 2014; 2013; Figueiredo, 2011), social dimension (Fuhrmann, 2008; Marques, 2010; 2014; Shapiro, 2008) and adolescence (Lipp, 2010; Matos & Thomas, 2012). The instrument was applied to 50 subjects aged from 12 to 16 years old. Based on the results of this study, we obtained the internal consistency of the questionnaire and its subscales. The results from the study point adequate values for the internal consistency of the questionnaire and  identify benefits derived from the practice of dance by young people, namely in the physical dimension trough a better expressiveness and self-perception of emotions expressed while dancing, as well as in an affective dimension, through the development of feelings of self-confidence and well-being and in a social dimension by the impact of dance on a better interaction and social participation with family, school, community and among members of the art center.

Keywords: Dance; Adolescence; Body self-perception; Social participation.


 

Autores de referência destacam os benefícios da prática da Dança, considerando os seus contributos na dimensão física como o aumento da resistência física, da flexibilidade e a melhoria da postura global (Furhmann, 2014; Marques, 2011, 2014; Miler, 2012; Stinson, 2015; Vieira, 2011). Na dimensão afetiva, apontam a melhoria da autoestima, autoconfiança, bem-estar e felicidade, assim como a formação de vínculos afetivos entre os pares, transformando-os em pessoas que desejam e valorizam a comunicação, o olhar, o respeito pelo outro e o diálogo aberto (Figueiredo, 2011, 2013; Giguere, 2015; Marques, 2010, 2014). No contexto da dimensão social, pesquisadores esclarecem o facto de a Dança promover uma melhor interação com o mundo social e mais proximidade com a cultura (Fuhrmann, 2008; Marques, 2010, 2011; Shapiro, 2008).

O conceito de domínio afetivossocial defendido por Silva (2015), refere-se aos mecanismos que se interrelacionam entre as componentes afetiva (motivação, sensação, emoção e sentimentos) e social (interação, participação e transformação social), sugerindo a perceção do indivíduo sobre os benefícios da Dança a nível pessoal e social. Com este enfoque, pretendeu-se compreender à luz da literatura, como a dimensão afetivo-social, enquanto recurso motivacional e de aprimoramento do ser humano, é influenciada pela prática da dança e se torna imprescindível para a constituição do ser social.

Assim, a Dança é concebida no corpo como forma autêntica de expressão e manifestação do domínio afetivo e social dos sujeitos dançantes, elaborados a cada ato de dançar e evidenciados na tríade interação-participação-transformação pessoal e social. Com este entendimento, reforçamos que esta transformação pode resultar de uma práxis reflexiva de capacitação do sujeito ao interagir com o mundo.

Este estudo desenvolveu-se nos Núcleos de Arte da Prefeitura do Rio de Janeiro (NARPJ)2, integrados nos Centros de Pesquisa e Formação em Ensino Escolar de Arte e Esportes, contendo espaços destinados a crianças e jovens matriculados na Rede Pública Municipal de Ensino. Trata-se de um programa municipal que promove oficinas de dança para jovens de contextos socioeconómicos desfavorecidos, implantado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SMERJ, 2013, 2015), com o propósito de oferecer a aprendizagem da Arte como instrumento para o desenvolvimento das potencialidades e do crescimento humano. São oferecidas oficinas de Dança, Teatro, Música e Artes Plásticas em regime de complemento curricular, por forma a combater o insucesso e o abandono escolar, tendo por objetivos desenvolver e difundir metodologias inovadoras no ensino da Arte e da Educação Física Escolar (SMERJ, 2013, 2015).

Os NARPJ incluem oito espaços destinados exclusivamente a alunos do Ensino Fundamental (1.º ao 9.º ano de escolaridade), oriundos de zonas desfavorecidas, na faixa etária dos 4 aos 18 anos de idade. As oficinas de Dança têm uma frequência bissemanal com uma duração de 90 minutos por sessão, com uma oferta de aprendizagem de estilos de Dança diversificados, tais como Dança Contemporânea, Jazz-Dance, Ballet Clássico, Dança Moderna, Dança Livre, Sapateado, Street Dance, Hip Hop, Danças Populares e Dança Circense. Estas oficinas são lecionadas por professores especializados na área3 e pertencentes ao quadro de funcionários efetivos da Rede Municipal.

As oficinas de Dança dos NAPRJ têm ainda como objetivo o estudo do corpo, concedendo aos alunos desenvolver e aprimorar uma trajetória de descoberta do movimento e as potencialidades expressivas e criativas, assim como a formação de plateia (SMERJ, 2013).

Desta forma, o presente estudo visa contribuir para conhecer o impacto da prática da dança nas representações de pertença ao espaço e nas transformações nos domínios pessoais e sociais dos praticantes (Assumpção & Macara, 2013).

Para alcançar este objetivo, uma etapa fundamental prende-se com a validação de um questionário denominado “Corpo, Dança e Comunidade (CDC)” tendo como base um estudo exploratório (Hill & Hill, 2009). Seguindo as recomendações de Hill & Hill (2011), realizaram-se dois estudos exploratórios; o primeiro, intitulado Estudo Preliminar I, visou a identificação das principais variáveis do estudo (Assumpção & Macara, 2013). O segundo estudo visa avançar numa pesquisa mais aprofundada, permitindo identificar o impacto da prática da dança oferecida nas oficinas de Dança dos NAPRJ, por forma a medir as dimensões da Representação Afetivossocial da Dança e da Transformação Pessoal e Social, apontando indicadores de impacto da dança nas suas componentes física, afetiva e social.

 

MÉTODO

Seguindo as diretrizes de Hill & Hill (2009) para a execução de estudos preliminares (Assumpção, Macara, & Wachowicz, 2013; Assumpção & Macara, 2013) e de Vega (2009), procedeu-se a uma apreciação por peritagem do questionário “Corpo, Dança e Comunidade (CDC)” e a uma aplicação a jovens das oficinas de dança dos Núcleos de Arte da Prefeitura do Rio de Janeiro (NAPRJ) em dois momentos com intervalo de duas semanas (teste-reteste).

 

Amostra

O processo de seleção da amostra ocorreu pela indicação do professor de Dança de jovens que se voluntariaram, considerando como critérios: o nível de maturidade e uma experiência mínima de um ano nas oficinas de dança. A duração total do projecto foi de 18 meses, incluindo os estudos exploratórios, construção do instrumento, realização do pré-teste e reteste e avaliação dos peritos.

A amostra é constituída por 50 jovens pré-adolescentes e adolescentes com idades compreendidas entre os 12 e 16 anos (M = 12.8, SD = 1.1), pertencentes ao NAPRJ Professor Sebastião de Souza Prata Grande Otelo (Parque Anchieta, RJ) e ao Projeto Casarão dos Prazeres (Morro dos Prazeres/Santa Teresa, RJ), sendo que cerca de metade dos participantes tem 12 anos (56%). O facto da quase totalidade ser do género feminino (94%) pode ser associado à discussão a respeito do género masculino na Dança, que ainda é alvo de preconceitos (Polhemus, 1993; Risner, 2008; Thomas, 1993), por ser frequentemente definida como um ofício socialmente feminino (Neves, 2013). No que respeita o nível de escolaridade, cerca de metade (56%) frequenta o 6.º ano de escolaridade, 22.2% o 9.º ano e os restantes distribuem-se entre o 7.º e o 8.º do Ensino Fundamental da Educação Básica. O local de residência situa-se nas proximidades dos espaços onde decorriam as oficinas, constatando-se que metade reside no bairro de Anchieta e a outra metade no bairro de Santa Teresa, respetivamente bairros da zona norte e zona central do município do Rio de Janeiro. Em relação aos encarregados de educação dos praticantes, mais de metade (59.2%) tem o Ensino Médio, 20.4% o Ensino Fundamental e 20.4% o Ensino Superior.

 

Instrumento e variáveis

O questionário “Corpo, Dança e comunidade” inclui no total 20 questões e 105 itens de resposta que se organizam em 11 domínios (variáveis). A estrutura geral do questionário engloba quatro blocos: Bloco I – Dados sociodemográficos (7 variáveis e 30 itens de respostas); Bloco II – Atividade praticada (2 variáveis e 11 itens de resposta); Bloco III – Dimensão Transformação Pessoal e Social na Dança (5 variáveis e 27 itens de resposta); Bloco IV – Dimensão Representação Afetivo-social da Dança (6 variáveis e 37 itens de resposta). No que respeita o Bloco III e IV, as variáveis são agrupadas em duas grandes dimensões: a Dimensão Representação Afetivo-social da Dança e a Dimensão Transformação Pessoal e Social na Dança. A Dimensão Representação Afetivo-social da Dança inclui seis domínios com as seguintes variáveis: Motivação na Dança, Sensação na Dança, Perceção de Transformação Corporal, Perceção de Participação Social pela Dança, Representação da Dança e Perspetiva da Carreira Amadora ou Profissional. A Dimensão Transformação Pessoal e Social é constituída por 5 domínios representados pelas variáveis: Perceção de Interação Familiar pela Dança, Perceção de Interação com Colegas do NAPRJ pela Dança, Perceção de Mudança na Escola pela Dança, Perceção de Mudança na Comunidade e Perceção de Realização Pessoal.

Nas questões do questionário, são utilizadas três tipos de escalas de Likert com cinco níveis de resposta: uma escala de concordância (Discordo Totalmente, Discordo Parcialmente, Indeciso, Concordo Parcialmente e Concordo Totalmente), uma escala de frequência (Nunca, Raramente, Às vezes, Muitas Vezes e Sempre) e de probabilidade (Impossível, Pouco Provável, Provável, Muito Provável e Certo), com valores (de 1 a 5), considerando o valor mínimo (1) para Nunca e Impossível e o valor máximo (5) para Sempre e Certo.

 

Procedimentos e aplicação do questionário

Tendo em vista os procedimentos necessários para a construção e validação de um instrumento, numa primeira etapa prévia a esta investigação foram constituídos grupos focais de jovens, bem como uma equipa de peritagem especializada na matéria para garantir a fiabilidade e reprodutividade do inquérito por questionário, tal como recomendado por Hill & Hill (2009) e Vega (2009). A seleção dos peritos foi realizada por análise de currículo, pesquisa do currículo na Plataforma de Currículo Lattes (www.lates.cnpq.br) e por indicações dos diretores dos NAPRJ. A validade de conteúdo e de construto do instrumento envolveu um grupo de 20 especialistas em Dança: professoras universitárias em Dança no Brasil e Espanha (4), psicólogos e psicopedagogos (4), professores universitários (4) e professores dos NAPRJ (4), assim como pais e responsáveis das oficinas de dança (4), através de uma escala de classificação da adequação dos itens, de 1 a 5 pontos. Seguiu-se uma aplicação a jovens das oficinas de dança dos NAPRJ em formato de pré-teste. Após o pré-teste, foram recolhidas informações dos praticantes e da professora de Dança, a respeito do formato do instrumento, nível de compreensão e clareza, dúvidas e opções de resposta do instrumento. Essas informações foram úteis para ajustar o instrumento para a consecução dos objetivos propostos (Coutinho, 2011). www.lates.cnpq.br) e por indicações dos diretores dos NAPRJ. A validade de conteúdo e de construto do instrumento envolveu um grupo de 20 especialistas em Dança: professoras universitárias em Dança no Brasil e Espanha (4), psicólogos e psicopedagogos (4), professores universitários (4) e professores dos NAPRJ (4), assim como pais e responsáveis das oficinas de dança (4), através de uma escala de classificação da adequação dos itens, de 1 a 5 pontos. Seguiu-se uma aplicação a jovens das oficinas de dança dos NAPRJ em formato de pré-teste. Após o pré-teste, foram recolhidas informações dos praticantes e da professora de Dança, a respeito do formato do instrumento, nível de compreensão e clareza, dúvidas e opções de resposta do instrumento. Essas informações foram úteis para ajustar o instrumento para a consecução dos objetivos propostos (Coutinho, 2011).

A fiabilidade foi testada pela análise da reprodutividade e estabilidade temporal, mediante a aplicação em dois momentos com intervalo de duas semanas (teste-reteste). Por fim, a consistência interna foi examinada pelo coeficiente de Cronbach para testar a fiabilidade no que respeita aos blocos III e IV por nestes se incluírem as dimensões em estudo: Dimensão Representação Afetivo-social da Dança e a Dimensão Transformação Pessoal e Social na Dança.

No que respeita à aplicação do questionário ao grupo de jovens, foi inicialmente solicitada a autorização dos responsáveis das oficinas de dança e encarregados de educação dos jovens.

O questionário foi administrado aos adolescentes pela pesquisadora responsável no ano de 2013. O local de aplicação foi cedido pelos responsáveis pelas oficinas de dança que disponibilizaram uma aula. Primeiramente, aplicou-se no turno da manhã a uma turma de 25 alunos, seguidamente no turno da tarde (em outro espaço) a outra turma composta por 25 alunos nas salas de Dança, numa sala fechada sem interferência de outros frequentadores do espaço. De antemão, foram esclarecidos os objetivos do estudo, a estrutura do instrumento e a forma de preenchimento. Na fase do preenchimento, a pesquisadora leu uma questão de cada vez, esperando o preenchimento de todos para dar prosseguimento à questão seguinte. O tempo de resposta do instrumento foi estipulado inicialmente em 20-30 minutos. Obteve-se este parâmetro no teste piloto, quando se verificou que o tempo máximo de resposta do instrumento não excedia os 30 minutos, verificando-se que quanto maior a idade, menor o tempo de resposta do instrumento. Conforme necessidade, este foi ampliado para 45 minutos de acordo com as necessidades dos participantes.

As análises estatísticas foram obtidas através do SPSS.

 

RESULTADOS

No que respeita à validade de conteúdo e de constructo do instrumento, mediante a classificação pelo grupo de 20 especialistas, numa escala de valor crescente (1 a 5) foi obtida uma média final elevada (M= 4.47), apontando que os todos os itens apresentavam uma adequada relevância e clareza para os peritos envolvidos na avaliação.

A análise da reprodutibilidade/estabilidade do questionário demonstra uma forte concordância entre as respostas obtidas no teste e reteste (pc =.965 e r = .882), alcançadas pela concordância dos scores (Lin, pc). A comparação estatística desta correlação é significativa (p < .001) em todos os 105 itens do questionário.

Relativamente ao Bloco II que visa identificar a atividade praticada, as modalidades mais populares foram a Dança livre (69.1%) e o Hip Hop (23.6%), sendo que cerca de 8% praticam mais do que uma modalidade de Dança. Relativamente ao tempo de prática, a maioria pratica dança há menos de um ano (68%), enquanto apenas 2% há mais de 5 anos (Figura 1).

 

 

             No que respeita aos resultados obtidos nos Bloco III e IV referentes ao somatório total dos itens presentes no questionário, que visam avaliar a Dimensão da Transformação Pessoal e Social na Dança e a Dimensão da Representação Afetivo-social da Dança, nos 11 domínios demonstram uma consistência interna suficiente, com uma boa consistência interna na pontuação total (α = .788), sendo a média obtida elevada e uma baixa variabilidade (M=3.42, SD=.56), assinalando-se assim uma confiabilidade e consistência interna adequada (Tabela 1).

Segundo Marôco & Garcia-Marques (2006), em alguns cenários de investigação das ciências sociais, um α de .60 é considerado aceitável desde que os resultados obtidos com esse instrumento sejam interpretados com precaução, embora outros autores refiram como referência um α de .70. Em todo o caso, resultados inferiores a .60 são considerados inaceitáveis.

No que respeita à consistência interna, relativa ao conjunto de itens relacionados com os Motivos que o(a) que levaram a praticar a dança, mostra um valor de .632 do α de Cronbach. Os motivos com uma maior frequência de respostas são: Porque gosto de dançar (24%) e Por ser uma forma de lazer (24%). Estes resultados são interpretados com base na motivação intrínseca e pela identificação e estimulação que a Dança pode permitir. Neste sentido, o indivíduo compromete-se com a atividade para experimentar sensações associadas aos seus sentidos e pela busca de autorrealização (Silva, 2011).

O valor de .645 do α de Cronbach é alcançado nas Sensações que a dança promove em você ao dançar. As respostas das sensações mais indicadas pelos alunos ao praticar a Dança são: autoconfiança (34%), liberdade (26%), bem-estar (26%). Assim, as perceções de autoconfiança, liberdade e bem-estar são consideradas relevantes para o desenvolvimento emocional deste público jovem. Em consonância com autores da área (Marques, 2010, 2012; Silva, 2011, 2012; Silva; 2015), a construção da afetividade na Dança evidencia melhoras na relação consigo mesmo pela tríade Interação-Participação-Transformação social.

A consistência interna aponta um aumento no valor de .677 do α de Cronbach para as Transformações que possam ter ocorrido no seu corpo. Em consonância com a Tabela 2, na Perceção de Transformação Corporal na Dança, os itens mais indicados pelos alunos são: O meu corpo tornou-se mais solto nas situações do dia-a-dia (36%) e O meu corpo está mais em forma (28%), e consideram como Impossível: O meu corpo não passa emoção enquanto danço (40%).

Os efeitos das mudanças corporais ocasionadas pela prática da Dança nos jovens na fase da adolescência são apontados por Silva (2011) e Silva, Medeiros, & Júnior (2012), assinalando que a prática da Dança torna os corpos dos jovens mais flexíveis, coordenados, fortes, soltos, criativos, sensíveis e com melhor postura.

O valor .757 do α de Cronbach foi obtido na variável Transformações que possam ter ocorrido no seu comportamento em casa, observando-se um aumento acentuado nesse valor, porventura por serem questões mais objetivas ou menos idiossincráticas. As respostas mais indicadas como Certo, na variável Perceção de Interação Familiar são: Sinto que estou mais feliz em casa por isso sou carinhosa (50%) e Sinto-me mais atento ao que ocorre perto de mim (52%), e como Impossível em Não contribuo para melhorar a convivência em casa (68%) e Colaboro menos com o meu responsável em casa (23%).

A interpretação desses resultados favorece elementos para reflexão sobre os reflexos das transformações afetivo-sociais promovidas pela vivência na Dança. Tais mudanças são percebidas, tanto pela alteração do comportamento do jovem com a família como a reação positiva da família face à situação. Assim, a Dança sensibilizou os jovens, tornando-os potencialmente capazes de estabelecerem novos laços afetivossociais com as pessoas mais próximas (familiares, amigos e professores).

A consistência interna apontou um aumento no valor α de Cronbach para as Mudanças que possam ter ocorrido na relação entre as colegas, sendo de .774. Sobre a variável Perceção de Interação com Colegas dos NAPRJ, no item Concordo Totalmente, as mais referenciadas foram: Na dança aprendemos a superar juntos(as) nossas dificuldades (52%) e Na dança passamos a respeitar o tempo de aprendizagem um(a) do(a) outro(a) (40%); e como Discordo Totalmente, Na Dança não consegui conquistar novas amizades (68%). Este aumento no valor da escala pode representar a relevância social do programa educacional para a formação de novas amizades entre os pares.

Em relação ao valor α de Cronbach para as Mudanças que possam ter ocorrido na sua convivência na escola, ele é de .678. Em referência à variável Perceção de Mudança na Escola, no item Certo as mais referidas foram: Notei que os(as) amigos(as) da escola gostam de me ver dançar as coreografias que aprendo nas aulas (40%), e como Impossível, Passei a sofrer preconceitos na escola após entrar na dança (86%). Em complementaridade à discussão, Batalha & Macara (2008), atestam que os benefícios de uma educação artística passam pelo atingir de autonomia, identidade própria, a partilha de sensações, ideias e movimentos, promovendo forte envolvimento pessoal e social.

O valor α de Cronbach para as Mudanças que possam ter ocorrido com pessoas de sua comunidade é de .678, sendo o mesmo do item anterior. Em alusão à variável Perceção de Mudança na Comunidade, o maior valor é no item Impossível: As pessoas da minha comunidade passaram a me discriminar (96%), Este resultado pode representar o excelente envolvimento da comunidade face ao trabalho desenvolvido nestes espaços. 

No que se refere à consistência interna do α de Cronbach para a Perceção de Inclusão Social no programa Núcleo de Arte da Prefeitura do Rio de Janeiro, ela é de .616. Em menção à variável Perceção de Realização Pessoal, realçamos na opção de resposta: Concordo Totalmente, foi escolhido  Sinto-me necessária ao apresentar as danças que fiz com meus colegas na mostra interna (58%), e como Discordo Totalmente, o item No núcleo são tomadas péssimas decisões sem consultar os alunos (70%).

O maior valor obtido α de Cronbach é de .832 para o Significado que o Núcleo de Arte tem hoje na sua vida. Na variável Perceção de Participação Social, os aspetos mais valorizados são: Representação que o NAPRJ tem na vida dos adolescentes no item Concordo Totalmente, O Núcleo de Arte é um espaço onde tenho experiências que me ajudam (62%), O Núcleo de Arte é como minha segunda casa (52%) e O Núcleo de Arte não é muito importante na minha vida, afirmação com a qual mais discordam (66%). Mais uma vez, estas questões parecem ser mais objetivas e menos idiossincráticas.

O valor α de Cronbach para o Significado que a dança tem hoje na sua vida é de .656. Em referência à variável Representação da Dança, destacamos: no item de resposta Concordo Totalmente, Hoje a dança é uma forma de estabelecer contato mais próximo com a minha cultura (70%), Hoje, dançar significa melhorar minha capacidade de comunicação com o meu corpo (68%), Hoje a dança me permite estabelecer conexão com afetos, emoções, atitudes, sensações e sonhos (64%) e, como Discordo Totalmente, Hoje, dançar representa estar mais distante das pessoas. Assim, é atribuída à busca pela prática da Dança a promoção de estados emocionais positivos, como estar feliz e sentir bem-estar. Essa tentativa permanente de alcançar um estado de vida equilibrado é uma dimensão profunda e definidora da nossa existência, o conatus. Para Damásio (2012, 51), “o conactus é o agregado de disposições presentes em circuitos cerebrais que, uma vez ativados por certas condições do ambiente interno e externo, levam à procura da sobrevida e bem-estar”.

Seguindo essa linha de pensamento, a Dança tem a possibilidade de ser um veículo de descoberta e de transformação pessoal e social para os jovens praticantes dos Núcleos de Arte porque permite inúmeras experiências que ampliam a perceção do próprio corpo, especialmente o florescimento das sensações, sentimentos e emoções prazerosas que concedem, inevitavelmente, a conexão com o conactus. Essa ligação promove o equilíbrio do jovem consigo mesmo (âmbito individual) e influencia as relações interpessoais (âmbito coletivo) resultantes da busca existencial do ser humano em sentir bem-estar e felicidade.

Por último, a consistência interna mostra um valor de .649 do α de Cronbach em relação à variável Perspetiva da Carreira (Amadora ou Profissional) com 40%, considerando o desejo de prosseguimento na carreira profissional e 38% sobre o impacto positivo da dança na escolha de um curso superior relacionado com a área da saúde ou atividade física. Com base neste resultado, verifica-se que o desenvolvimento artístico pode ter impacto no prosseguimento na carreira em Dança e também despertar afinidades para áreas afins, pelo melhor cuidado com a saúde física. Para além desses aspetos, ponderamos o prosseguimento na carreira como uma forma de ascensão social, para essa população jovem socialmente desfavorecida.

Foi realizada uma análise das relações entre as variáveis presentes no questionário com a intenção de verificar as suas relações de interinfluência. As variáveis e questões com maior intensidade e com maior frequência de relação serão aquelas que merecem uma atenção mais detalhada por se revelarem mais significativas, influenciando outros processos. Por outras palavras, constituem variáveis mediadoras de outros processos.

Interpretando estes dados e com esta análise, resultou uma organização dos dados em função de três vetores: vetor 1 – Benefícios da Prática da Dança, vetor 2 – Inclusão na Comunidade e vetor 3 – Desejo de Prosseguimento na Carreira.

 

DISCUSSÃO

Vetor 1: Benefícios da prática da Dança

Face aos resultados alcançados, a maioria dos jovens participantes deste estudo perceberam os efeitos da prática da dança na vida pessoal, representado pela Dimensão Representação Afetivo-social da Dança que comporta as variáveis Sensação na Dança, Transformação Corporal na Dança e Representação da Dança. Nesta dimensão, a Dança é  considerada um fator de significação do mundo interno, influenciado pelo desenvolvimento das manifestações de afetos, emoções, sentimentos e motivações, despertados pelas experiências sensoriais, motoras e sociais catalogadas pelo corpo, ampliando o entendimento sobre o impacto da Dança na vida pessoal.

A sensação, emoção e sentimentos são domínios despertados no corpo de quem se propõe a dançar (Miller, 2012). Desse modo, ao observarmos os resultados, constatamos que as sensações mais sentidas pelos estudantes ao dançar foram autoconfiança, liberdade e bem-estar. Para Damásio (2013) os sentimentos são percepções da paisagem corporal (estado do corpo e suas modificações), responsável pela regulação básica da vida nos seres humanos. Para o autor, a tomada de consciência das redes de sensações que percorrem o corpo e dos sentimentos gerados, tornam o ser humano capaz de combater e transformar racionalmente sentimentos que não lhe fazem bem"

Neste sentido, consideramos a Dança como fator de equilíbrio do campo afetivo e emocional dos praticantes porque, pela linguagem, cada jovem amplia a sua expressividade pessoal, podendo-se materializar em felicidade, bem-estar e realização, resultantes dos afetos edificados na vida pessoal e social. Assim, a Dança é fonte de conactus, despertando a potência de ação para ir à busca da realização pessoal.

Neste âmbito, Damásio (2012) reforça que o ser humano na sua essência busca a liberdade e viver a vida de forma equilibrada, representando o esforço do homem para preservar e expandir sua potência de existir. Nesta perceção, a ideia de conactus retrata o movimento de naturalização da vida afetiva do ser humano, pelos afetos que visam a afirmação plena e liberdade da vida humana.

Por meio da Dança, estes jovens conseguiram perceber que o corpo passou por um processo de transformação, visto que as mudanças se tornaram evidentes por meio da soltura do corpo, da transformação corporal e postural, além da perceção de que o corpo transmite emoção ao dançar.

A representação está relacionada com o processo de construção do conhecimento compreendido (Piaget & Inhelder, 1990) e, nesse entendimento, os significados atribuídos à Dança são produtos das representações individuais e coletivas. A este respeito (Katz, s/d) acrescenta:

 

O jeito como se dança, a maneira como você faz as suas escolhas do que é que vai ser dançado, isso é um posicionamento, é uma atitude sua face ao mundo. Quando você dança, você manifesta o seu conhecimento sobre o mundo. Um passo de dança nunca é só um passo de dança. Ali tem uma série de compromissos com certos entendimentos (p.1).

 

Por este viés, a Dança representa uma forma de compreender, de estabelecer contato com a cultura, de melhorar a capacidade de comunicação do corpo, de estabelecer conexão com afetos, emoções, atitudes, sensações e sonhos, significando uma possibilidade de compreender melhor o mundo e estar mais próximo das pessoas.

Finalizando, os principais benefícios da prática da Dança são inerentes à Dimensão Representação Afetivo-social da Dança (Sensação na Dança, Transformação Corporal na Dança e Representação da Dança), dado que a Dança é vista como fator de significação do mundo interno, influenciando o desenvolvimento das competências afetivas (afetos, emoções, sentimentos e motivações), despertado pelas experiências motoras, sensoriais e competências sociais (aprendizagem comportamental e relacional positiva) catalogadas pelo corpo, de forma ampliar o entendimento sobre o impacto físico e afetivo social da Dança na vida pessoal.

Vetor 2: Inclusão na Comunidade

As repercussões da prática da Dança no processo de reconhecimento, interação e participação social dos jovens dos NAPRJ na comunidade foram evidenciadas na Dimensão Transformação Pessoal e Social pela variável Perceção de Mudança na Comunidade. A Dimensão Transformação Pessoal e Social refere-se às mudanças individuais no processo de interação, participação e transformação social que decorrem em função da experiência na Dança resultando em “percepção de acolhimentos ou de exclusões” (Bauman, 2003).

Sobre a perceção de mudanças ocorridas na comunidade, verificou-se que os alunos passaram a ser reconhecidos como bailarinos dos NAPRJ, significando que a Dança pode representar uma forma de desenvolvimento das competências sociais desses jovens pela mudança comportamental e relacional positiva (pela tríade interação-participação-transformação social) entre os membros da comunidade (escola, família e comunidade local).

Para além desse fator, notamos que a prática da Dança nos NAPRJ, para estes jovens pode ser vista como um fator de reconhecimento social da família, integrantes da escola e comunidade local. A este respeito, Godoy (2013, 32) alerta que produções artísticas no âmbito escolar podem facilitar o acesso ao conhecimento sobre a matéria e a formação de plateia: “A produção de trabalhos artísticos e sua apreciação significa também conhecer, apreciar e refletir sobre as formas da natureza, sobre as produções artísticas individuais e coletivas de diferentes culturas e épocas”.

Esses determinantes contribuem para novas trajetórias de vida e possíveis estratégias de intervenção dos programas educacionais em interação com a comunidade, considerando que a Dança pode possibilitar novas leituras e de interação com o mundo, aproximando as pessoas.

Um corpo da literatura ilustra que, na fase da adolescência, o jovem apresenta alterações no comportamento psicossocial observados pela mudança comportamental nas relações interpessoais, no desenvolvimento das competências afetivas e sociais e pelas novas interações estabelecidas entre os pares (Loureiro, Ferreira & Santos, 2013; Matos & Tomé, 2012; Matos & Sampaio, 2009).

A Dança possibilita a produção de novas perceções de si próprio, dos outros e do contexto social. Conforme aponta Marques (2010), a leitura da Arte pelo mundo torna-nos responsáveis (coautores) da construção de tempos e espaços das dinâmicas sociais que são difundidas em cada sociedade.

Vetor 3: Desejo de Prosseguimento na Carreira

As reverberações da prática da Dança foram constatadas na Dimensão Representação Afetivo-social da Dança pelas variáveis Motivação na Dança e Perspetiva da Carreira (Amadora e Profissional), assim como na Dimensão Transformação Pessoal e Social, pela variável Perceção de Interação Familiar.

A Motivação na Dança pelos jovens estudantes é indicada pelo gosto em dançar e por ser uma forma de lazer. Por ser uma forma de lazer, é um dos motivos referenciados, traduzindo a motivação dos jovens em experienciar a dimensão lúdica na Dança (Tschoke, Tardivo, Rechia, 2011) e ocupar o tempo livre, visto que o horário da escola brasileira ainda não é integral, deixando o jovem com tempo ocioso. O desejo de prosseguimento na carreira como bailarino profissional - ou em áreas afins -, é apontado pelos praticantes dos NAPRJ, despertando ambições de vida em jovens socialmente desfavorecidos.

A predisposição para a prática da Dança pode ser influenciada pelos familiares que apresentam uma vida cultural diversificada, fazendo com que a criança ou jovem fique estimulada a dançar (Furhmann, 2008). A este fenómeno, Bourdieu (2011) chama de capital cultural incorporado das gerações anteriores, como exemplo da cultura realizada em modelos familiares, permitindo que o recém-chegado inicie a aquisição dos elementos fundamentais da cultura legítima. Neste contexto, atribuímos o habitus da prática da Dança pelo prazer em dançar e pela influência da família. Segundo Bourdieu (2011, 82), o habitus “é um sistema de disposições duráveis e transponíveis que exprime, sob a forma de preferência sistemática, as necessidades objetivas das quais ele é produto”. A perceção de interação familiar é marcada pela mudança comportamental do jovem em casa, por estar mais feliz e afetuoso com os parentes.

LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Salientam-se como limitações do estudo, a dificuldade na aplicação do instrumento com jovens de 10 a 12 anos, sendo necessário mais tempo na aplicação (leitura do instrumento acompanhado a resposta automática dos estudantes). Em função da análise, verificou-se que os alunos com idades superiores (14-16 anos) respondiam às questões e com mais rapidez.

Outra limitação tem a ver com valores baixos, embora aceitáveis, do α de Cronbach em alguns domínios. A nossa interpretação é de que nas questões porventura mais objetivas, os valores parecem ser superiores, e que nas questões porventura mais idiossincráticas e auto-referentes, os valores parecem ser inferiores. Nestas últimas questões, a utilização de questões abertas poderia dar um leque de respostas mais abrangente.

CONCLUSÃO

Face aos objetivos do CDC, que se prendem com a avaliação das dimensões Representação Afetivo-social da Dança e Transformação Pessoal e Social na Dança, apontando indicadores das componentes físicas, afetivas e sociais dos praticantes de Dança - perante o que se propõe conhecer sobre as representações de pertença ao espaço e de transformações nos domínios pessoais e sociais dos praticantes -, resultou a construção de um instrumento com 105 itens distribuídos em 11 domínios e agrupados em duas dimensões: a Dimensão Representação Afetivo-social da Dança e a Dimensão Transformação Pessoal e Social na Dança. A validade de conteúdo e de construto e a consistência interna da escala foi considerada adequada, sendo que, face a esta referência, os valores obtidos validam o questionário, enquanto instrumento passível de utilização em futuras pesquisas.

Mediante os resultados apresentados e suas justificações, concluiu-se que o questionário proposto é adequado para identificar o tipo de transformação pessoal e social que um programa de Dança pode implicar na vida de jovens praticantes, sendo que poderemos considerar como eixos principais, dimensões e indicadores, as componentes físicas – pela melhor expressividade e autoperceção das emoções dos praticantes dos NAPRJ no corpo; afetivas – pela perceção do desenvolvimento de sentimentos de autoconfiança; e bem-estar e social – melhor interação com a família pela mudança comportamental em casa, melhor participação social na escola, vista pela capacidade de superação das dificuldades com os colegas, bem como no NAPRJ pela valorização e reconhecimento dos jovens como um local de experiências enriquecedoras e de acolhimento. Salienta-se, assim, que as representações de pertença ao espaço, perante as transformações nos domínios pessoais (físicos e afetivos) e sociais, mediante o desenvolvimento de competências sociais e emocionais através da Dança, ilustram uma trajetória de resiliência face às dificuldades emocionais e de ajustamento social (Risner & Stison, 2010).

Enquanto instrumento de pesquisa, este questionário pode ser aplicado e replicado em outros estudos, quer no sentido de verificar em que medida os resultados podem ser consistentes quer para avaliar resultados no que respeita às dimensões estudadas. O estudo em diversas idades pode, também, dar-nos um perfil longitudinal de como as perceções pessoais evoluem ou se evoluem.

 

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Historial do artigo

Recebido: 16/03/2016

Aceite: 30/10/2016

Publicado: 12/2016

 

cAutor para correspondência:

Valéria de Assumpção. Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência - Depto de Educação. Av. Presidente Vargas, 1.998 - Centro - RJ - Caixa Postal: 20210-031. E-mail: valassumpcao7@gmail.com

 

Notas

2Este estudo insere-se no curso de Doutoramento em Motricidade Humana, na especialidade de Dança, na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, intitulado Benefícios Afetivo-sociais da Prática da Dança para Estudantes dos Núcleos de Arte da Prefeitura do Rio de Janeiro (NAPRJ).

3Refere-se a profissionais que buscam aperfeiçoar a formação na sua área, fazendo cursos de pós-graduação Latto Sensu (especialização de um ano) e Strictu Sensu (especialização com duração de 2 a 4 anos).

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