SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.21 número2Insegurança em meio urbano: o espaço na mediação de oportunidades delituosasInsegurança e convivência urbana. O caso de duas localidades mexicanas: México e Querétaro índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Psicologia

versão impressa ISSN 0874-2049

Psicologia v.21 n.2 Lisboa  2007

 

Estou Mais Seguro na Minha Cidade do que os Outros: Identidade com o Lugar e Optimismo Comparativo na Percepção de Riscos Urbanos 1

Maria Luísa Lima 2

Sibila Marques 3

Susana Batel 4

Sandra Carvalho 5

Juana Haldon 6

Stephanie Pornin 7

 

 

Resumo: Esta pesquisa pretendeu estudar o optimismo comparativo face aos riscos urbanos e explorar o papel que a identificação com a cidade de residência tem neste processo. O estudo foi realizado através de um inquérito a 156 estudantes universitários, residentes em Lisboa, Huelva e Lyon.

Os resultados revelaram a existência de optimismo comparativo face a todos os riscos urbanos considerados (carteirismo, assalto da casa, terrorismo e queda de avião): os riscos para o próprio foram sempre considerados inferiores aos riscos para os outros. No entanto, os residentes consideram­‑se menos vulneráveis do que os residentes de outras cidades (comparação exo­‑grupal) em particular no caso dos riscos graves e incontroláveis (terrorismo e queda de avião), sendo menos optimistas relativamente aos riscos menos graves e controláveis (assalto e carteirismo). Verificou­‑se que, no caso dos riscos urbanos incontroláveis, os inquiridos mais identificados com a sua cidade de residência revelam maior optimismo comparativo face aos residentes de outras cidades.

Palavras­‑chave: optimismo comparativo, riscos urbanos, identificação com o lugar.

 

 

I’m safer than the others in my town: place identity and comparative optimism in the perception of urban risks

Abstract: The goal of this study was to investigate comparative optimism regarding urban risks and to explore the role of identification with the city of residence in this process. Our sample included 156 university students from Lisbon, Huelva and Lyon.

Results revealed the occurrence of comparative optimism regarding all urban risks considered (pick pocketing, burglary, terrorism and airplane fall). As expected, risks for self were always considered inferior than risk for others. However, this effect was influenced by risk characteristics and degree of city identification. Participants considered themselves less vulnerable than residents in other cities (outgroup comparison) particularly in the case of severe and uncontrollable risks (terrorism and airplane fall) whereas they were less optimistic in the case of less severe and more controllable risks (burglary and pick pocketing). Regarding identification, we found that in the case of controllable urban risks, more identified individuals revealed more comparative optimism than those less identified.

Key‑words: comparative optimism, urban risks and place identity.

 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

Referências

Bernardes, S. (2003). O optimismo comparativo face à Saúde em Crianças e Adolescentes: diferenças etárias na sua expressão e relação com as crenças associadas ao controlo. Tese de Mestrado em Psicologia Social e Organizacional. Lisboa: Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.         [ Links ]

Bernardes, S., Lima, M. L., & Paulino, P. (2005). O optimismo comparativo face à saúde: da infância à adolescência. Psychologica, 39, 207­‑225.

Bonaiuto, M., Breakwell, G. M., & Cano, I. (1996). Identity processes and environmental threat: The effects of nationalism and local identity upon perception of beach pollution. Journal of Community and Applied Social Psychology, 6, 157­‑175.

Festinger, L. A. (1954). A theory of social comparison processes. Human Relations, 7, 117­‑140.

Harris, P. R., Middleton, W., & Joiner, R. (2000). The typical student as an in­‑group member: Eliminating optimistic bias by reducing social distance. European Journal of Social Psychology, 30, 235­‑253.

Helweg­‑Larsen, M., & Shepperd, J. (2001). Do moderators of the optimistic bias affect personal or target risk estimates? A review of literature. Personality and Social Psychology Review, 5, 74­‑95.

Joffe, H. (1999). Risk and “the other”. Cambridge: Cambridge University Press.

Klein, C. T. F., & Helweg­‑Larsen, M. (2002). Perceived Control and the Optimistic Bias: a Meta­‑Analytic Review. Psychology and Health, 17, 437­‑446.

Kirscht, J. F., Haefner, D. P., Kegeles, S. S., & Rosenstock, I. M. (1966). A national study of health beliefs. Journal of Health and Human Behavior, 7, 248­‑254.

Lima, M. L. (1994). A Percepção do Risco Sísmico: Medo e Ilusões de Controlo. Tese de doutoramento apresentada no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Lisboa.

Lima, M. L. (1997). Earthquakes are not seen in the same way by everyone. Cognitive adaptation and social identities in seismic risk perception. In O. Renn (Ed.), Risk analysis and management in a global economy (vol. 2, pp. 181­‑201). Baden­‑Wurttemburg: Center of Technology Assessment.

Lima, M. L., & Marques, S. (2005). Towards successful social impact assessment follow­‑up: A case study of psychosocial monitoring of a solid waste incinerator in the north of Portugal. Impact Assessment and Project Appraisal, 23, 227­‑233.

Moscovici, S. (Ed.). (1984). Psychologie sociale. Paris: Presses Universitaires de France.

Pahl, S., Harris, P. R., Todd, H. A., & Rutter, D. R. (2005). Comparative optimism for environmental risks. Journal of Environmental Psychology, 25, 1­‑11.

Perloff, L., & Fetzer, B. (1986). Self­‑other judgements and perceived vulnerability to. victimization. Journal of Personality and Social Psychology, 50 (3), 502­‑510.

Shepperd, J. A., Carrol, P., Grace, J. & Terry, M. (2002). Exploring the causes of comparative optimism. Psychologica Belgica, 42, 65­‑98.

Spears, R., Doosje, B., & Ellemers, N. (1999). Commitment and content of special perception. In N. Ellewers, R. Spears & Doosje (Eds.), Social Identity: context commitment, content (pp. 59­‑83). Oxford: Blackwell Publishers.

Turner, J. C. (1999). Some current issues in research in social identiy and self­‑categorization theories. In N. Ellemers, R. Spears & B. Doosje (Eds.), Social identity: Context, commitment, content (pp. 6­‑34). Oxford: Blackwell Publishers.

Weinstein, N. D. (1980). Unrealistic optimism about future life events. Journal of Personality and Social Psychology, 39, 806­‑820.

 

 

1 Esta pesquisa foi realizada com base nas ideias desenvolvidas no Workshop “Place identity and risk perception in the urban context” realizado na Escola de Verão em Psicologia Ambiental “Urban Spaces and Anomic Behaviours”, uma inciativa conjunta do Departamento de Psicologia Social e das Organizações do ISCTE e do Laboratoire de Psychologie Environmentale de l’Université René Descartes (Paris V), que decorreu no ISCTE em Julho de 2005, com o apoio da FCT, do Centro de Investigação e de Intervenção Social do ISCTE e das Acções bilaterais Luso-Francesas. Este artigo não teria sido possível sem os contributos dos restantes elementos que participaram neste workshop: Elena Bilotta, Fabrizio Ventimiglia, Inês Alves, Rita do Carmo, Sandra Silva e Zulema Coronel.

2, 3, 4, 5 Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Lisboa.

6 Universidad de Huelva.

7 CitiZen, França.