SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.19 número1-2Análise dos conteúdos da identidade associada ao lugarAs redes sociais no processo de difusão da informação: Do modelo de Granovetter ao de Flache‑Macy índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Psicologia

versão impressa ISSN 0874-2049

Psicologia v.19 n.1-2 Lisboa  2005

 

Teste empírico de um modelo sobre as relações entre os sistemas de valores e as atitudes democráticas [1]

 

Cícero Pereira[2] Sandro José Cardoso[3] Ana Raquel Correia Ribeiro[4]

 

Resumo: A instabilidade da Democracia nos países latino­‑americanos tem sido atribuída à tensão entre valores típicos de regimes ditatoriais e valores típicos de regimes democráticos. Contudo, poucos estudos analisam as relações simultâneas entre o conjunto dos sistemas de valores e as atitudes democráticas das pessoas. Este artigo submete a teste um modelo sobre essas relações. O modelo foi testado num estudo (N 300) em que foram aplicados o Questionário de Valores Psicos­sociais e a Escala de Atitudes em Relação à Democracia. Os resultados de um modelo de equações estruturais mostram a organização dos valores em quatro sistemas: pós­‑materialista; religioso; hedonista; materialista. Os dados revelam ainda que o sistema materialista prediz uma atitude negativa em relação à democracia e o sistema pós­‑materialista relaciona­‑se positivamente com essa mesma atitude. A discussão focou­‑se na comparação entre estes resultados e os obtidos em estudos anteriores.

Palavras‑chave: sistema de valores, atitude, democracia.

 

Empirical Test of a Model on the Relations between the Value Systems and the Democratic Attitudes

Abstract: The instability of Latin American countries’ democracy has been attributed to the tension between typical values of the non­‑democratic and democratic regimes. However, few studies analyse the simultaneous relations between the set of value systems and people’s democratic attitudes. This study examines the goodness of fit of a model on these relations. The model was tested on a survey (N 300) on which were applied the Questionnaire for Psychosocial Values and the Scale of Attitudes towards Democracy. The results of a structural equations model show an organization of values into four systems: post­‑materialist; religious; hedonist; materialist. Furthermore, the results also indicate that the adhesion to materialist system predicts a negative attitude toward democracy and the adhesion to pos­‑materialist values predicts a negative one. The discussion focuses on the comparison between these results and those obtained in previous studies.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

Referências

Abramson, P. R., Ellis, S., & Inglehart, R. (1997). Research in context: Measuring value change. Political Behavior, 19, 41­‑59.        [ Links ]

Baquero, M. (1994). Os desafios na construção de uma cultura política democrática na América Latina: Estado e partidos políticos. In M. Baquero (Org.), Cultura política e democracia: Os desafios das sociedades contemporâneas (pp. 26­‑41). Porto Alegre: UFRGS.

Barnea, M. F., & Schwartz, S. H. (1998). Values and voting. Political Psychology, 19, 17­‑40.

Bentler, P. M. (1995). EQS: Structural equations program manual. Encino, CA: Multivariate Software, Inc.

Bentler, P. M., & Bonett, D. G. (1980). Significance tests and goodness of fit in the analysis of covariance structures. Psychological Bulletin, 88, 588­‑606.

Bentler, P. M., & Wu, E. J. C. (1993). EQS/Windows user’s guide. Los Angeles: BMDP Statistical Software, Ins.

Bobbio, N. (1993). Democracia. In N. Bobbio, N. Matteucci & G. Pasquino (Orgs.), Dicionário de política (vol. 1, pp. 319­‑329). Brasília: UNB.

Bollen, K. A. (1986). Sample size and Bentler and Bonett’s nonnormed fit index. Psychometrika, 51, 375­‑377.

Bollen, K. A. (1989). Structural equations with latent variables. Nova Iorque: John Wiley & Sons.

Braithwaite, V. (1994). Beyond Rokeach's equality­‑freedom model: Two­‑dimensional values in a one­‑dimensional world. Journal of Social Issues, 50, 67­‑94.

Browne, M. W., & Cudeck, R. (1993). Alternative ways of assessing model fit. In K. A. Bollen & L. S. Long (Orgs.), Testing structural equation models (pp. 136­‑162). Newbury Park: Sage.

Byrne, B. M. (1994). Structural equation modeling with EQS and EQS/Windows: Basic concepts, applications, and programming. Thousand Oaks: Sage.

Byrne, B. M. (2001). Structural equation modeling with AMOS: Basic concepts, applications, and programming. Mahwah: Lawrence Erlbaum Associates, Inc.

Camino, L. (1996). Uma abordagem psicossociológica no estudo do comportamento político. Psicologia e Sociedade, 8, 16­‑42.

Camino, L., Silva, P., Machado, A., & Pereira, C. (2001). A Face oculta do racismo no Brasil: Uma análise psicossociológica. Revista de Psicologia Política, 1, 13­‑36.

Camino, L., Torres, A. R., & Da Costa, J. (1995). Voto, identificación partidaria, identidad social e construcción de la ciudadania. In O. D’Admo, V. G. Beaudoux & M. Montero (Orgs.), Psicología de la acción política (pp. 129­‑142). Buenos Aires: Paidós.

Cochrane, R., Billig, M. & Hogg, M. (1979). British politics and the two­‑value model. In M. Rokeach (Org.), Understanding human values: Individual and societal (pp. 179­‑191). Nova Iorque: Free Press.

D’Adamo, O. J., & Beaudoux, V. G. (1995). Actitudes hacia la democracia: Del modelo clásico liberal a las nuevas democracias participativas. In O. D’Adamo, V. G. Beaudoux, & M. Montero (Orgs.), Psicología de la acción política (pp. 81­‑90). Buenos Aires: Paidós.

Da Costa, J. B. (2000). Visões sociais de democracia: Um estudo psicossociológico dos significados da democracia. Tese de Doutorado não­‑publicada. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

De Riz, L. (1994). Os desafios da democracia argentina. In M. Baquero (Org.), Cultura política e democracia: Os desafios das sociedades contemporâneas (pp. 55­‑75). Porto Alegre: UFRGS.

Deschamps, J., & Devos, T. (1993). Valeurs, cultures et changement. Intercultures, 1, 17­‑28.

Feather, N. T. (1979). Values correlates of conservatism. Journal of Personality and Social Psychology, 37, 1617­‑1630.

Feather, N. T. (1984). Protestant ethic, conservatism and values. Journal of Personality and Social Psychology, 46, 1132­‑1141.

Finkel, S., Sigelman, L., & Humphries, S. (1999). Democratic values and political tolerance. In J. P. Robinson, P. R. Shaver & L. S. Wrightsman (Orgs.), Measures of political attitudes (vol. 2, pp. 203­‑296). Nova Iorque: Academic Press.

Gouveia, R., França, D., Da Costa, J., & Camino, L. (1997). O papel das crenças políticas no comportamento dos eleitores de João Pessoa em 1992 e 1994. In L. Camino, L. Lhullier & S. Sandoval (Orgs.), Estudos sobre comportamento político: Teoria e pesquisa (pp. 107­‑125). Florianópolis: Letras Contemporâneas.

Gouveia, V., Martínez, E., Meira, M., & Milfont, T. L. (2001). A estrutura e o conteúdo universais dos valores humanos: Análise fatorial confirmatória da tipologia de Schwartz. Estudos de Psicologia, 6, 133­‑142.

Hu, L. T., & Bentler, P. M. (1999). Cutoff criteria for fit indexes in covariance structure analysis: Conventional criteria versus new alternatives. Structural Equation Modeling, 6, 1­‑55.

Inglehart, R. (1977). The silent revolution. Princeton: Princeton University.

Inglehart, R. (1991). El cambio cultural en las sociedades industriales avanzadas. Madride: Siglo XXI.

Inglehart, R. (1994). Modernización y post­‑modernización: La cambiante relación entre el desarrollo econômico, cambio cultural y político. In J. D. Nícolas & R. Inglehart (Orgs.), Tendencias mundiales de cambio en los valores sociales y políticos (pp. 157­‑170). Madride: Fundesco.

Iñíquez, L., & Vázquez, F. (1995). Legitimidad del sistema democrático: Análisis de un discurso autorreferencial. In O. D’Adamo, V. G. Beaudoux & M. Montero (Orgs.), Psicología de la acción política (pp. 35­‑64). Buenos Aires: Paidós.

Kinder, D. R., & Sears D. O. (1985). Public opinion and political action. In G. Lindzey & E. Aronso (Orgs.), The handbook of social psychology (pp. 659­‑742). Nova Iorque: Random House.

Kline, P. (1994). An easy guide to factor analysis. London: Routledge.

Lechner, N. (1994). Os novos perfis da política: Um esboço. In M. Baquero (Org.), Cultura política e democracia: Os desafios das sociedades contemporâneas (pp. 11­‑24). Porto Alegre: UFRGS.

Lhullier, L. (1996). Socialização política na universidade: Participação, autoritarismo e democracia. In L. Camino & P. R. Menandro (Orgs.), A sociedade na perspectiva da psicologia: Questões teóricas e metodológicas (pp. 37­‑46). Rio de Janeiro: ANPEPP.

Lima, M. E., & Camino, L. (1995). A Política na vida de estudantes universitários: Uma análise em termos de espaço político e de valores. In M. J. L. Silva (Org.), Iniciados (pp. 11­‑35). João Pessoa: Editora Universitária.

Lipset, S. M. (1982). The academic mind at the top: The political behavior and values of faculty elites. Public Opinion Quarterly, 46, 143­‑168

Macpherson, C. B. (1978). A democracia liberal: Origens e evolução. Rio de Janeiro: Zahar.

Moraes, R. (2002). Práticas de socialização e valores sociais: Um estudo da relação entre a percepção das práticas parentais de socialização e os valores sociais de adolescentes paraibanos. Tese de Mestrado não publicada. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba.

Pereira, C., Camino, L., & Da Costa, J. (no prelo). Desenvolvimento de uma abordagem societal para a análise dos sistemas de valores. Psicologia: Reflexão e Crítica.

Pereira, C., Camino, L., & Da Costa, J. (2004). Análise fatorial confirmatória do questionário de valores psicossociais – QVP‑24. Estudos de Psicologia, 9, 505­‑512.

Pereira, C., Camino, L., Da Costa, J., Lima, M. E., Lhullier, L., & Sandoval, S. (2001). Sistemas de valores e atitudes democráticas de estudantes universitários do Sul do Brasil. Estudos, 28, 639­‑671.

Pereira, C., Lima, M. E., & Camino, L. (2001). Sistemas de valores e atitudes democráticas de estudantes universitários de João Pessoa. Psicologia: Reflexão & Crítica, 14, 167­‑190.

Pereira, C., Torres, A. R. R., & Barros, T. (2004). Sistemas de Valores e Atitudes Democráticas de Estudantes Universitários. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 20, 1­‑10.

Rhee, E., Uleman, J. S., & Lee, H. K. (1996). Variations in collectivism and individualism by ingroup and culture: Confirmatory factor analysis. Journal of Personality and Social Psychology, 71, 1037­‑1054.

Rohan, M. J. (2000). A rose by any name? The values construct. Personality and Social Psychology Review, 4, 255­‑277

Rokeach, M. (1968). Beliefs, attitudes and values: A theory of organization and change. São Francisco: Jossey­‑Bass.

Rokeach, M. (1973). The nature of human values. Nova Iorque: Free Press.

Rokeach, M. (1979a). Introduction. In M. Rokeach (Org.), Understanding human values: Individual and societal (pp. 1­‑11). Nova Iorque: Free Press.

Rokeach, M. (1979b). The two­‑value model of political ideology and British politics. In M. Rokeach (Org.), Understanding human values: Individual and societal (pp. 192­‑196). Nova Iorque: Free Press.

Schwartz, S. H. (1999). A theory of cultural values and some implications for work. Applied Psychology: An International Review, 48, 23­‑47.

Schwartz, S. H. (1992). Universals in the content and structure of values: Theoretical advanced and empirical testes in 20 countries. In M. Zanna (Org.), Advances in experimental social psychology (Vol. 25, pp. 1­‑65). Orlando: Academic Press.

Schwartz, S. H., & Bardi, A. (2001). Value hierarchies across cultures: Taking a similarities perspective. Journal of Cross­‑Cultural Psychology, 32, 268­‑290.

Tabchinick, B. G., & Fidell, L. S. (2001). Using multivariate statistics. Nova Iorque: Allyn & Bacon.

Tamayo, A., Pimenta, M., Rolim, M., Rodovalho, O., & Castro, P. (1996). Prioridades axiológicas e orientação política. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 12, 253­‑259.

Tetlock, P. E. (1986). A value pluralism model of ideological reasoning. Journal of Personality and Social Psychology, 50, 819­‑827.

Ullman, J. B. (2001). Structural equation modeling. In B. G. Tabchinick, & L. S. Fidell (Orgs), Using multivariate statistics (pp. 709­‑ 811). New York: Allyn & Bacon.

 

[1]  Pesquisa realizada com recursos da Vice­‑Reitoria de Pós­‑Graduação e Pesquisa da Universidade Católica de Goiás. Agradecemos à Silvia Silva, a Rui Lopes e a dois revisores anônimos pelos comentários e sugestões feitas ao estudo apresentado nesse artigo. Correspondências devem ser endereçadas a Cícero Pereira, Caixa Postal 12900, Goiânia, GO, Brasil, 74643­‑970. E‑mail: cicero.psi@ucg.br.

[2]  Universidade Católica de Goiás & Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.

[3]  Universidade Católica de Goiás.

[4]  Universidade Católica de Goiás.