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Revista de Enfermagem Referência

versão impressa ISSN 0874-0283versão On-line ISSN 2182-2883

Rev. Enf. Ref. vol.serVI no.2 supl.1 Coimbra dez. 2023  Epub 19-Maio-2023

https://doi.org/10.12707/rvi22031 

Artigo de Investigação (Original)

Consumo das principais substâncias psicoativas em tempos de pandemia COVID-19 nos estudantes do ensino superior

Use of the main psychoactive drugs during the COVID-19 pandemic among higher education students

Consumo de las principales sustancias psicoactivas en tiempos de la pandemia de COVID-19 en estudiantes de enseñanza superior

Xavier Taboada Costa1 
http://orcid.org/0000-0002-5813-1228

María José Díez Liébana2 
http://orcid.org/0000-0002-2101-3906

Maria Helena Pimentel1  3 
http://orcid.org/0000-0002-0930-7469

1 Instituto Politécnico de Bragança, Campus de Santa Apolónia, Bragança, Portugal

2 Universidade de León, Faculdade de Veterinária, Instituto de Biomedicina, Departamento de Ciências Biomédicas (IBIOMED), León, Espanha

3 Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Coimbra, Portugal


Resumo

Enquadramento:

A população estudantil do ensino superior tem especial risco de consumo e abuso de substâncias psicoativas.

Objetivo:

Analisar o consumo das principais substâncias psicoativas nos estudantes do ensino superior e a sua relação com as variáveis sóciodemográficas e com o surgimento da pandemia COVID-19.

Metodologia:

Estudo analítico, observacional e transversal. Dados recolhidos por questionário aplicado após o primeiro semestre do ano letivo 2020/2021, na população de 8875 estudantes do Instituto Politécnico de Bragança em Portugal. Amostra de 825 estratificada para cada uma das cinco escolas.

Resultados:

Álcool e tabaco são as mais consumidas e de forma abusiva pela prática de binge drinking/smoking. Os medicamentos psicoativos e as drogas recreativas são menos consumidos. Os consumos são afetados pelas variáveis sociodemográficas: sexo, idade, escola, portadores de doença crónica, escolaridade e profissão dos pais. Durante a pandemia COVID-19, os estudantes percecionaram aumento dos consumos exceto o álcool.

Conclusão:

O consumo de substâncias psicoativas pelos estudantes do ensino superior é afetado pelas variáveis sociodemográficas e pela pandemia COVID-19.

Palavras-chave: substâncias psicoativas; estudantes; ensino superior; COVID-19

Abstract

Background:

The higher education student population has a special risk of use and abuse of psychoactive drugs.

Objective:

To analyze the use of psychoactive drugs in higher education students and their relationship with the sociodemographic variables and the COVID-19 pandemic onset.

Methodology:

An analytical, observational, and cross-sectional study was conducted. Data were collected through a questionnaire applied after the first semester of the 2020/2021 school year to 8875 students of the Polytechnic Institute of Bragança from Portugal. A stratified sample of 825 participants for each of the five schools.

Results:

Alcohol and tobacco are the most used and abused substances due to the practice of binge drinking/smoking. Psychoactive and recreational drugs are less used. Use is affected by sociodemographic variables: gender, age, school, chronic diseases, and parents’ education/occupation. During the pandemic COVID-19, students perceive an increase in use except for alcohol.

Conclusion:

The use of psychoactive drugs in higher education students is affected by sociodemographic variables and the COVID-19 pandemic.

Keywords: psychotropic drugs; students; higher education; COVID-19

Resumen

Marco contextual:

La población estudiantil de la enseñanza superior está especialmente expuesta al riesgo de consumo y abuso de sustancias psicoactivas.

Objetivo:

Analizar el consumo de las principales sustancias psicoactivas entre los estudiantes de enseñanza superior y su relación con las variables sociodemográficas y la irrupción de la pandemia de la COVID-19.

Metodología:

Estudio analítico, observacional y transversal. Datos recogidos mediante un cuestionario realizado después del primer semestre del año académico 2020/2021, en una población de 8875 estudiantes del Instituto Politécnico de Braganza, en Portugal. Muestra de 825 estratificada para cada una de las cinco escuelas.

Resultados:

El alcohol y el tabaco son las sustancias más consumidas y de las que más se abusa a través de borracheras/tabaco (binge drinking/smoking). Los medicamentos psicoactivos y las drogas recreativas se consumen menos. El consumo se ve afectado por variables sociodemográficas: sexo, edad, escolaridad, enfermedad crónica, educación y profesión de los padres. Durante la pandemia de la COVID-19, los estudiantes percibieron un mayor consumo, excepto de alcohol.

Conclusión:

El consumo de sustancias psicoactivas de los estudiantes de enseñanza superior se ve afectado por variables sociodemográficas y por la pandemia de la COVID-19.

Palabras-clave: psicotrópicos; estudiantes; educación superior; COVID-19

Introdução

O conceito de psicoativo, tradicionalmente associado a substâncias que afetam a atividade psíquica e o comportamento humano, não tem sido consensual ao longo do tempo, não só pela quantidade crescente das substâncias psicoativas, mas também porque entre países não existe igual definição e regulamento legal (Arbour et al., 2019). A distinção entre o uso clínico e o uso recreativo e abusivo é uma das formas de dividir o tipo de substâncias psicoativas, contudo as drogas de uso clínico podem ter uso abusivo e ultimamente algumas drogas de abuso tem sido usadas para fins medicinais, como por exemplo a cannabis (Subeliani et al., 2019).

As substâncias mais referenciadas e livremente consumidas em termos mundiais com capacidade psicoativa são o álcool e o tabaco, seguindo-se os medicamentos psicoativos e as drogas recreativas ilícitas (Arbour et al., 2019). De todos as substâncias com poder psicoativo, o álcool é considerado por alguns investigadores como a droga psicoativa mais problemática dos tempos atuais, porque socialmente é visto como uma não droga, tem fácil acesso e muitas das vezes são menosprezados os seus efeitos problemáticos de ordem física, psicossocial e de dependência (Fein et al., 2018). O tabaco sendo o segundo psicoativo mais consumido no mundo representa diretamente maiores riscos mensuráveis para a saúde, nomeadamente complicações pulmonares graves, cancerígenas e a dependência (Ahluwalia et al., 2019).

Por sua vez, os medicamentos psicoativos são menos consumidos, mas não deixam de representar um problema tão ou mais grave pelos riscos extremos de dependência e sobredose com enorme impacto na saúde pública (Subeliani et al., 2019). Na literatura não existe uma classificação consensual, no entanto a maioria divide os medicamentos psicoativos em quatro grupos: neurolépticos e antipsicóticos, ansiolíticos e hipnóticos, antidepressivos e estabilizadores do humor (Arbour et al., 2019). Os ansiolíticos e os antidepressivos são os mais consumidos na atualidade pela população mundial e em Portugal, dados do relatório do Conselho Nacional da Saúde (CNS, 2019), mostram consumos de mais do dobro que a média da comunidade europeia, tendo triplicado o seu consumo nas últimas duas décadas. Segundo investigadores e vários grupos de trabalho, as drogas recreativas mais conhecidas são: cocaína, canábis e derivados, heroína, anfetaminas, ecstasy, LSD, cogumelos alucinogénios, colas e solventes (Arbour et al., 2019). De todos as substâncias psicoativas, as drogas recreativas são que representam maior perigo para a saúde pública, sendo muitas consideradas ilegais, o que em parte limita o seu consumo (Neicun et al., 2020).

Na sociedade moderna tem surgido nos últimos anos comportamentos desviantes em relação ao consumo de substâncias psicoativas, condensando o consumo em intervalos de tempo muito curto, nomeadamente com o álcool e tabaco. O binge drinking corresponde ao consumo no intervalo de 2 horas, de cinco ou mais bebidas alcoólicas para os homens e quatro ou mais para as mulheres (Wechsler & Nelson, 2001). O binge smoking, não tem ainda uma definição clara, estando associado ao consumo ocasional e de forma exagerada de tabaco numa noite ou evento social (Cancer Institute of New South Wales in Australia, 2022). Estudos comprovam que o binge drinking em adolescentes e em jovens adultos, naturalmente associado aos convívios académicos, traz consequências metabólicas graves, como resultado da prévia inadaptação do organismo e risco de intoxicação (Molina et al., 2018) conduzindo a uma diminuição da massa cerebral e capacidade cognitiva.

Embora este estudo incida sobre as quatro substâncias psicoativas mais usuais, álcool, tabaco, medicamentos psicoativos e drogas recreativas, é pertinente referir que existem muitos outros com efeitos no sistema nervoso central, como por exemplo a cafeína proveniente do café ou as bebidas energéticas e estimulantes.

Este estudo teve como objetivo analisar o consumo de substâncias psicoativas nos estudantes do ensino superior e a sua relação com as variáveis sóciodemográficas e com o surgimento da pandemia COVID-19.

Enquadramento

O consumo de substâncias psicoativas é um problema de saúde pública em todas as faixas etárias, nomeadamente na população estudantil do ensino superior. Estudos de revisão referem que na população em geral é usual o consumo de duas ou mais substâncias psicoativas, com destaque para a combinação entre o álcool e tabaco (Tarren & Bartlett, 2017). Estudos recentes em estudantes mostram elevada prevalência do consumo de substâncias psicoativas, nomeadamente o álcool e o tabaco, destacando por um lado a alta prevalência de embriaguez e da prática de binge drinking e por outro a combinação com medicamentos psicoativos e/ou drogas recreativas (Anes & Antão, 2018; Bento et al., 2021). Outros estudos reportam que muitas vezes os consumos de medicamentos psicoativos nos estudantes é causa secundária ao consumo de outras substâncias psicoativas ou como solução para diminuir a pressão a que estão sujeitos na altura dos exames (Lyons et al., 2020).

A literatura evidência a interferência de fatores sociodemográficos no consumo das principais substâncias psicoativas, bem como a associação entre quem consome e quem tem problemas de saúde (Chelieh et al., 2019), idade mais jovem e maiores níveis de educação (Neicun et al., 2020). A literatura evidencia ainda que os estudantes do ensino superior têm consumos maiores que o resto da população (Anic et al., 2018) e os estudantes dos cursos de saúde são, regra geral, maiores consumidores (Font-Mayolas et al., 2019). O sexo masculino é quem mais consome álcool e tabaco de forma abusiva (Anes & Antão, 2018; Tarren & Bartlett, 2017) enquanto o sexo feminino, proporcionalmente, é quem mais medicamentos psicoativos consome (Bento et al., 2021).

As alterações do padrão de consumo decorrentes da pandemia COVID-19 carecem de aprofundamento, no entanto, dados do European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (, 2020) e dados de estudos recentes apontam para um aumento considerável dos estados de ansiedade ou depressão, tal como o aumento do consumo das principais substâncias psicoativas (Jodczyk et al., 2022; Stanton et al., 2020).

Questão de investigação

Qual a prevalência do consumo das principais substâncias psicoativas nos estudantes do ensino superior em contexto de pandemia COVID-19?

Como as variáveis sociodemográficas dos inquiridos e o surgimento da pandemia COVID-19 se associam ao consumo dessas substâncias?

Metodologia

Estudo quantitativo, descritivo, analítico e transversal. A amostra de 825 inquiridos foi definida com base na população de 8.875 estudantes matriculados no Instituto Politécnico de Bragança (IPB) no ano letivo de 2020/2021, de natureza estratificada, proporcional para cada uma das cinco escolas do IPB: Escola Superior de Saúde (ESSA), Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTIG), Escola Superior Agrária (ESA), Escola Superior de Educação (ESE) e Escola Superior de Administração, Contabilidade e Turismo de Mirandela (ESACT).

Foi estabelecida uma amostra probabilística estratificada por escolas e para o cálculo amostral foi usado o Sample Size Calculator, disponível online pela Raosoft. Foi definido um intervalo de confiança de 99% e desvio de 5%, perfazendo a necessidade de 618 respostas. O único critério de inclusão foi ser estudante matriculado no IPB de qualquer ciclo de estudos no ano letivo de 2020/2021 e o critério de exclusão a recusa do consentimento informado.

Para a recolha de dados foi usado um questionário em português e/ou inglês, composto por duas partes. Na primeira parte colocaram-se as variáveis independentes sociodemográficas, académicas, do agregado familiar e de saúde: sexo, idade, escola, curso, grau e ano académico, proveniência, tipo de inscrição, escolaridade e profissão do pai e da mãe, existência de doença crónica e rastreio à COVID-19. Na segunda parte do questionário foram colocadas as variáveis dependentes relativas aos consumos das substâncias ativas, sendo que todas as questões se referiam aos comportamentos do semestre anterior. Para a segunda parte usou-se uma adaptação da escala portuguesa Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) para o consumo de álcool, disponível na página da internet do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD). Para o consumo de álcool, tabaco, medicamentos psicoativos e drogas recreativas foram criadas escalas novas para a presente investigação.

O questionário foi aplicado imediatamente após o 1.º Semestre letivo (março e abril de 2021), em pleno contexto de pandemia COVID-19 com aulas síncronas. Recorreu-se ao formato eletrónico de formulário Google, disponibilizado automaticamente por email a todos os estudantes do IPB.

Obteve-se autorização da Comissão de Ética do IPB (parecer nº. 31/2021), cumprindo todas as regras éticas aplicáveis, nomeadamente a Declaração de Helsínquia, onde o anonimato e o consentimento informado foram assegurados.

Foram recolhidos um total de 825 questionários e cumpridos os critérios de amostra estratificada por escolas. Posteriormente procedeu-se à análise estatística descritiva da amostra, através de tabelas de frequência absoluta e relativa assim como as medidas de tendência central, média e mediana. Para detetar a existência de diferenças estatisticamente significativas entre variáveis dependentes e independentes qualitativas, utilizou-se o teste Qui-Quadrado. Para detetar diferenças estatísticas significativas entre variáveis independentes qualitativas e variáveis dependentes quantitativas, utilizaram-se testes t de Student para duas amostras independentes ou testes One-way Anova no caso de mais de duas amostras independentes, ambos apenas quando verificada normalidade populacional. Nos casos em que não se verificou normalidade populacional utilizou-se o teste de Mann-Whitney para duas amostras independentes e o teste paramétrico de Kruskal-Wallis no caso de três ou mais amostras independentes. A significância estatística foi verificada sempre que o valor de p fosse menor ou igual que 0,05. Todas as análises estatísticas foram realizadas com IBM SPSS Statistics, versão 20.0 (Chicago, Illinois, Estados Unidos da América).

Resultados

Analisando a Tabela 1, verifica-se uma amostra maioritariamente feminina (75,4%) e a classe etária maioritária é até aos 22 anos (65,8%). A nível académico os mais representados são: ESSA (28,6%), ESTIG (27%), Licenciatura (81,8%) e o primeiro ano académico (34,8%), proveniência Portuguesa (82,4), inscritos como ordinários (73,3%). Verifica-se doença crónica em 8% dos estudantes e 12,4% com teste positivo à COVID-19. Relativamente ao agregado familiar, a maioria tem os dois pais, ambos têm atividade económica (58,5%), a escolaridade predominante é o ensino secundário (39,7%) e o ensino básico (29,6%). Segundo a Classificação Nacional de Profissões (CNP) predomina no agregado familiar os trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança, com 24,9% seguindo-se trabalhadores qualificados da indústria com 22,8%. Os especialistas das atividades intelectuais e científicas representam 15,9%. De realçar a predominância de trabalhadores não qualificados em 8,7% dos agregados familiares.

Tabela 1 : Características sociodemográficas, académicas, de saúde e do agregado familiar 

n n %
Sexo Feminino 622 75,4%
Masculino 203 24,6%
Classes etárias até 22 anos 543 65,8%
23 a 25 anos 155 18,8%
mais que 25 anos 127 15,4%
Escola ESSA 236 28,6%
ESE 147 17,8%
ESTIG 223 27,0%
ESACT 158 19,2%
ESA 61 7,4%
Grau académico principal CTESP 40 4,8%
Licenciatura 675 81,8%
Mestrado 110 13,3%
Ano académico principal 1.ª ano 287 34,8%
2.ª ano 258 31,3%
3.º ano 249 30,2%
4.º ano 31 3,8%
Proveniência Portugal 680 82,4%
Estrangeiro 145 17,6%
Tipo de inscrição Ordinário Português 605 73,3%
Ordinário Internacional 113 13,7%
Dirigente associativo, Erasmus ou trabalhador estudante 107 13,0%
Doença crónica Não 759 92,0%
Sim 66 8,0%
Teve teste COVID-1 9 positivo Não 723 87,6%
Sim 102 12,4%
Pais existentes Nenhum 12 1,5%
Apenas um 64 7,8%
Dois 749 90,8%
Atividade económica dos pais Nenhum 89 10,8%
Um dos pais 253 30,7%
Pai e mãe 483 58,5%
Escolaridade dos pais Ensino primário 59 7,9%
Ensino básico 222 29,6%
Ensino secundário 297 39,7%
Ensino superior 171 22,8%
Categoria profissional dominante no agregado familiar Profissões das forças armadas 4 0,5%
Representantes do poder legislativo e de órgãos 56 7,6%
Especialistas das atividades intelectuais e científicas 117 15,9%
Técnicos e profissões de nível intermédio 36 4,9%
Pessoal administrativo 65 8,8%
Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança 183 24,9%
Agricultores e trabalhadores qualificados 16 2,2%
Trabalhadores qualificados da indústria 168 22,8%
Operadores de instalações e máquinas 27 3,7%
Trabalhadores não qualificados 64 8,7%

Nota. n = frequência absoluta; n % = frequência relativa; ESSA = Escola Superior de Saúde de Bragança); ESSE = Escola Superior de Educa- ção); ESTIG = Escola Superior de Tecnologia e Gestão; ESACT = Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo; ESA = Escola Superior Agrária; CTESP = Curso Técnico Superior Profissional.

Pela análise da Tabela 2 verifica-se que a grande maioria dos estudantes (67,2%) consumiu, pelo menos, uma das seguintes substâncias psicoativas: álcool, tabaco, medicamentos e drogas recreativas. O álcool é o mais consumido (59,4%), seguindo-se o tabaco (31,6%). O consumo de medicamentos (7,3%) e drogas recreativas (7,6%) é muito inferior. O consumo combinado: 22,1% consome duas substâncias psicoativas, 6,5% consome três e 1,2% consomem todos as estudadas. No geral, a média de consumo é de 1,1 substâncias psicoativas por estudante.

Tabela 2: Consumo das principais substâncias psicoativas 

Álcool Medicamentos psicoativos
  n n % n n %
Consumiu? Não 335 40,6% Consumiu? Não 765 92,7%
Sim 490 59,4% Sim 60 7,3%
Perfil consumo 1 a 4 vezes por semestre 146 29,8% Tipo? Ansiolíticos 51 85,0%
1 a 4 vezes por mês 182 37,1% Sedativos 30 50,0%
1 a 4 vezes por semana 127 25,9% Antidepressivos 15 25,0%
1 a 2 vezes por dia 21 4,3% Antipsicóticos 12 20,0%
mais que 2 vezes por dia 14 2,9% Como tomou? Automedicação toma diária 8 15,4%
Binge drinking Não 312 63,7% Automedicação SOS 12 20,0%
Sim 178 36,3% Prescrição médica toma diária 27 45,0%
Consumo pandemia COVID-19 Diminuiu 285 58,2% Prescrição médica SOS 28 46,7%
Manteve-se 165 33,6% Consumo pandemia COVID-19 Diminuiu 4 6,7%
Aumentou 40 8,2% Manteve-se 21 35,0%
Aumentou 35 58,3%
Tabaco Drogas recreativas
Consumiu? Não 564 68,4% Consumiu? Não 762 92,4%
Sim 261 31,6% Sim 63 7,6%
Perfil de consumo 1 a 3 vezes por semestre 39 14,9% Tipo Cocaína 10 15,9%
1 a 3 vezes por mês 17 6,5% Canábis 54 85,7%
1 a 3 vezes por semana 20 7,7% Heroína 2 3,2%
4 a 6 vezes por semana 14 5,4% LSD 6 9,5%
1 a 4 vezes por dia 53 20,3% Anfetaminas 2 6,3%
5 a 9 vezes por dia 63 24,1% Colas e solventes 0 0,0%
10 a 20 vezes por dia 46 17,6% Cogumelos alucinogénios 5 8,0%
21 ou mais vezes por dia 9 3,5% Ecstasy 10 15,9%
Binge smoking Não 139 53,3% Outros 7 11,1%
Sim 122 46,7% Perfil de consumo? 1 a 3 vezes por semestre 18 28,6%
Consumo pandemia COVID-19 Diminuiu 74 28,4% 4 a 6 vezes por semestre 5 7,9%
Manteve-se 90 34,5% 1 a 2 vezes por mês 4 6,3%
Aumentou 97 37,2% 3 a 4 vezes por mês 4 6,3%
5 a 6 vezes por mês 1 1,6%
Número total de substâncias psicoativas consumido 1 a 2 vezes por semana 7 11,1%
n n % 3 a 4 vezes por semana 10 15,9%
Nenhum 271 32,8 % 32,8% 5 a 6 vezes por semana 6 9,5%
1 308 37,3 % 67,2% Todos os dias 8 12,7%
2 182 22,1 % Consumo semanal? Não 31 50,8%
3 54 6,5 % Sim 32 49,2%
4 10 1,2 % Consumo pandemia COVID-19 Diminuiu 17 27,0%
Total 825 Manteve-se 25 39,7%
Média de substâncias psicoativas consumidas 1,1 Aumentou 21 33,3%

Nota. n = frequência absoluta; n % = frequência relativa; SOS = situação de urgência ou crise aguda

Sendo o álcool o mais consumido, os perfis de consumos usuais são: uma a duas bebidas por mês (16,6%), três a quatro bebidas por mês (18,6%) e uma a duas bebidas por semestre (17,1%). Mais de um terço dos estudantes que ingerem álcool, 36,3%, praticaram binge drinking. Com a pandemia COVID-19, a maioria, 58,2%, percecionou diminuição do consumo.

Relativamente ao tabaco, verifica-se que a escala mais prevalente é a de cinco a nove cigarros por dia (24,9%), seguindo-se de um a quatro (20,3%). Dos estudantes que fumam, 46,7% praticaram binge smoking. Com a pandemia COVID-19 foi mais prevalente nos estudantes a perceção do aumento ou manutenção do consumo, respetivamente em 37,2% e 34,5%.

Sobre o consumo de medicamentos psicoativos a grande maioria (85,0%) refere o uso de ansiolíticos, seguindo-se os sedativos, antidepressivos e antipsicóticos, respetivamente 50,0%, 25,0% e 20,0%. A forma mais usual de obtenção é por prescrição médica, usados em situação de urgência ou crise aguda ou toma diária, respetivamente 46,7% e 45,0%. A automedicação em situações de urgência ou crise aguda representa 20,0% e a toma diária 15,4%. Com a pandemia COVID-19 a maioria dos estudantes percecionou um aumento dos consumos (58,3%).

Por último, no que diz respeito às drogas recreativas, a canábis representa a maior parte dos consumos (85,7%), seguindo-se a cocaína e ecstasy com consumo muito menor, ambos com 15,9%. A frequência de consumo é difusa, embora as mais representativas sejam o consumo de uma a três vezes por semestre (28,6%) e 3 a 4 vezes por semana (15,9%). Com a pandemia COVID-19 a maioria percecionou a manutenção (39,7%) ou aumento (33,3%) dos consumos.

As setas da Tabela 3 indicam quais os grupos das variáveis sociodemográficas, académicas de saúde e do agregado familiar que estão associados a um aumento de consumos e práticas abusivas. O consumo de álcool está associado aos seguintes fatores: sexo masculino, ESTIG e quarto ano de curso. O binge drinking está associado ao sexo masculino, à ESTIG e aos estudantes com idade entre os 23 e 25 anos. Relativamente ao agregado familiar, a maior escolaridade do agregado está associada a maior prevalência do consumo de álcool.

Tabela 3: Associação entre as variáveis sociodemográficas, académicas, de saúde e do agregado familiar com o consumo de substâncias psicoativas 

Qualitativa - teste Qui-Quadrado Quantitativa
Álcool Tabaco Medicamentos psicoativos Drogas recreativas N.º substâncias psicoativas diferente
Consumiu? Binge Drinking? Consumiu? Binge Smoking? Consumiu? Auto-medicação? Consumiu? Consumo semanal?
Sexo p = 0,001 p = 0,008 p = 0,061 p = 0.103 p = 0,192 p = 0,740 p < 0,001 p = 0,002 t de Student p = 0,001
↑ Masculino ↑Masculino ↑ Masculino ↑ Masculino ↑ Masculino
Classe etária p = 0,170 p = 0,023 p = 0,227 p = 0,001 p = 0,052 p = 0.740 p = 0,054 p = 1,00 Anova p = 0,036
↑ 23 a 25 anos ↑ até 22 anos ↑ 23 a 25 anos
Escola p = 0,0143 p = 0,028 p < 0,001 p = 0,416 p = 0,861 p = 0.959 p = 0,120 p = 0,017 Anova p = 0,031
↑ ESTIG ↑ ESTIG ↑ ESACT ↑ ESTIG ↑ ESACT
Grau p = 0,406 p = 0,289 p = 0,048 p = 0,409 p = 0,488 p = 0.520 p = 0,440 p = 0,361 Anova p = 0,046
↑ Licenciatura ↑ Licenciatura
Ano p = 0.001 p = 0,732 p < 0,001 p = 0.307 p = 0,05 p = 1.000 p = 0,053 p = 0,774 Anova p < 0,001
↑ 4.º ano ↑ 4.º ano ↑ 4.º ano
Proveniência p = 0,870 p = 0,001 p < 0,001 p = 0,089 p = 0,117 p = 0.960 p = 0,507 p = 0,805 t de Student p = 0,076
↑ Portugal
Inscrição p = 0,527 p = 0,887 p < 0,001 p = 0,776 p = 0,771 p = 0.795 p = 0,072 p = 0,776 Anova p=0.01
↑ Dirigente Associativo ↑ Dirigente Associativo
Doença crónica p = 0,403 p = 0,978 p = 0,049 p = 0,041 p < 0,001 p = 0.370 p < 0,001 p = 0,496 t de Student p = 0,015
↑ Com doença crónica ↑ Sem doença crónica ↑ComDoença crónica ↑ Com doença crónica ↑ Com doença crónica
Rastreio COVID-19 p = 0,341 p = 0,077 p = 0,192 p = 0,431 p = 0,813 p = 0.565 p=0,004 p = 0,032 t de Student p = 0,077
↑ Positivo ↑ Negativo
Atividade Económica agregado familiar p = 0,675 p = 0,411 p = 0,424 p = 0,688 p = 0,086 p = 0.233 p =0,496 p = 0,898 Anova p = 0,690
Escolaridade agregado familiar p = 0.033 p = 0,242 p = 0,471 p = 0,807 p = 0,293 p = 0.075 p=0,001 p = 0,316 Anova p = 0,046
↑Secundário ↑Superior ↑Superior ↑Superior
Profissão agregado familiar p = 0,071 p = 0,449 p = 0,086 p = 0,164 p = 0,783 p = 0.074 p=0,010 p = 0,377 Kruskal-Wallis p = 0,043
↑Forças armadas e atividades intelectuais ↑Forças armadas e atividades intelectuais

Nota. ↑ = grupo com significância; Anova = teste paramétrico de comparação de médias; Kruskal-Wallis = teste não paramétrico da variância; p = valor de significância; t de Student = Teste t de Student; ESTIG = Escola Superior de Tecnologia e Gestão; ESACT = Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo.

Sobre o consumo de tabaco a maior prevalência está associada aos seguintes fatores académicos e de saúde: Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo grau licenciatura, quarto ano de curso, estudantes de proveniência portuguesa, dirigentes associativos e existência de doença crónica. O consumo exagerado por binge smoking está associado aos estudantes mais jovens e sem doença crónica. Relativamente ao consumo de medicamentos apenas os estudantes com doença crónica estão associados a maior consumo.

Já sobre as drogas recreativas, o maior consumo está associado aos seguintes fatores: sexo masculino, doença crónica e rastreio COVID-19 positivo. Sobre o agregado familiar, maior nível de escolaridade e profissões das forças armadas ou de atividades intelectuais estão associados a maiores consumos dos seus educandos.

Discussão

Os consumos de substâncias psicoativas pelos estudantes do IPB é expressivo tendo em conta tratar-se de uma população de risco como descrito por Anic et al. (2018), no entanto é inferior quando comparado com o estudo mais alargado de âmbito nacional de Bento et al. (2021).

Embora o álcool seja o psicoativo mais consumido, o problema maior reside na elevada prevalência da prática de binge drinking, em consonância com o estudo de Bento et al. (2021). É interessante verificar que em contexto de pandemia COVID-19 os estudantes do IPB percecionaram uma diminuição do consumo de álcool, contrastando com os estudos de Stanton et al. (2020) e de Jodczyk et al. (2022), talvez porque os estudantes se viram diminuídos dos contactos sociais.

Relativamente ao tabaco, os resultados de 31,6% de estudantes consumidores mostram não só uma prevalência muito superior relativamente ao resto da população, em consonância com Anic et al. (2018), como também relativamente superiores quando comparados com 19,4% da realidade nacional dos estudantes do ensino superior (Bento et al., 2021). Durante a pandemia COVID-19, os estudantes maioritariamente percecionaram manutenção ou aumento do consumo de tabaco, em concordância com os resultados do estudo de Stanton et al. (2020) e de Jodczyk et al. (2022). Estes resultados de altos consumos de tabaco identificam claramente um problema subjacente à população de estudantes do IPB, embora a própria pandemia COVID-19 possa ter potenciado os consumos.

O consumo de medicamentos psicoativos em apenas 7,3% de estudantes mostra uma prevalência bastante baixam quando comparada com os 42,2% da realidade nacional portuguesa (Bento et al., 2021), embora se mantenha o padrão do sexo feminino proporcionalmente como o mais consumidor. Dos estudantes do IPB que consumem medicamentos psicoativos, a maioria percecionou um aumento do consumo com a pandemia COVID-19, em linha com o aumento dos estados de ansiedade ou depressão apontados pelo European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (2020) e pelo estudo de Stanton et al. (2020). Estes resultados reforçam de forma inequívoca a ligação entre a pandemia COVID-19 e um aumento de estados depressivos com consequente aumento de consumo de medicamentos psicoativos nos estudantes.

Relativamente às drogas recreativas, os resultados mostram que no IPB o consumo é também bastante inferior à realidade nacional descrita por Bento et al. (2021), embora com a pandemia COVID-19 os estudantes tenham percecionado maioritariamente a manutenção dos consumos.

Em termos sociodemográficos, os dados indicam o sexo masculino como maior consumidor e o que mais combina várias substâncias psicoativas, traduzindo-se assim num maior risco de dependência como apontado também em outros estudos (Anes & Antão, 2018; Tarren & Bartlett, 2017). De todas as substâncias psicoativas estudadas, apenas a prática de binge smoking está associada aos estudantes mais jovens. Os resultados revelam que nos estudantes da Escola Superior de Saúde o consumo e abuso de substâncias psicoativas é muito menor comparativamente aos restantes, ao contrário da literatura que aponta os estudantes dos cursos de saúde como os mais consumidores (Font-Mayolas et al., 2019). Estes resultados estabelecem que estudantes com formação em áreas de saúde tem mais literacia sobre as substâncias psicoativas o que se traduz num menor consumo. Por outro lado, portadores de doença crónica estão associados a maior consumo de tabaco, medicamentos psicoativos e maior número de diferentes substâncias psicoativas, em consonância com alguns dos resultados de Neicun et al. (2020) e Chelieh et al. (2019). Estes dados reforçam que a doença crónica é um fator debilitante para os estudantes, muitos com necessidade de tratamentos que envolvem medicamentos psicoativos. Quando a escolaridade do agregado familiar do estudante é mais elevada, maior é o consumo de álcool, drogas recreativas e da associação de diferentes substâncias psicoativas, em concordância com o estudo de Görgülü et al. (2016).

Numa análise geral os resultados não são completamente sobreponíveis com outros estudos. Por um lado, a recolha de dados foi feita em contexto pandémico de COVID-19, com períodos de maior isolamento social dos alunos e aulas síncronas, e por outro, porque a população de estudantes do IPB apresenta características sociodemográficas diferentes. Este estudo aporta alguns resultados diferentes do que seria de esperar e diferentes de outros estudos, nomeadamente a diminuição do consumo de álcool pelos estudantes, tendo em conta o contexto pandémico.

Conclusão

Nos estudantes do IPB o consumo de álcool, drogas psicoativas e recreativas é menor do que na maioria dos estudos nacionais, exceto o consumo de tabaco que é proporcionalmente mais elevado. Com a pandemia COVID-19, os estudantes percecionaram uma diminuição no consumo de álcool, mas um aumento no consumo de tabaco, medicamentos psicoativos e drogas recreativas. Em termos sociodemográficos, ser estudante do sexo masculino e de idade mais jovem está associado a maiores consumos e práticas abusivas de binge drinking/smoking, no entanto os medicamentos psicoativos são mais consumidos pelo sexo feminino. Os estudantes mais jovens são os que consomem mais tabaco, enquanto os que tem mais idade, conjugam várias substâncias psicoativas. Os resultados revelam também que os estudantes dos cursos de saúde têm menores consumos e práticas abusivas e que a existência de doença crónica parece ser um fator potenciador de maior consumo. Relativamente ao agregado familiar, quando encontramos uma escolaridade maior e quando existem profissões com maior nível intelectual, os consumos dos seus educandos são significativamente maiores.

Este estudo permitiu, por um lado, verificar o nível de consumo das principais substâncias psicoativas, e por outro, identificar variáveis sensíveis associadas ao consumo das principais substâncias psicoativas nos estudantes do ensino superior da população estudada. A recolha de dados em pleno contexto pandémico ajudou também a perceber que os fenómenos de consumos abusivos em intervalos curtos de tempo se mantiveram e que no geral o consumo das principais substâncias psicoativas aumentou, exceto o álcool.

Os resultados e as principais conclusões permitem definir em que grupos é possível fazer intervenção. A enfermagem enquanto ciência do conhecimento e de ação poderá dar um contributo importante no desenvolvimento de medidas de sensibilização e promoção da saúde, com a participação dos estudantes, em áreas críticas para a sua qualidade de vida e bem-estar. Os programas nacionais de saúde escolar, em que os enfermeiros já participam ativamente, visam, entre muitos outros aspetos, a capacitação dos jovens para identificar riscos e potenciar medidas protetoras. A transição e adaptação ao ensino superior exige um trabalho árduo de capacitação, de promoção de contextos educativos positivos, seguros e inspiradores, tendo em conta a missão das instituições de ensino superior. É importante uma integração académica dos estudantes bem-sucedida, identificando atempadamente situações de risco para a saúde, bem como garantir a articulação e o encaminhamento para cuidados de saúde diferenciados, se assim se justificar.

Na população em estudo seriam importantes mais medidas de sensibilização e promoção sobretudo aquando da integração dos estudantes. Programas de cessação tabágica e de sensibilização às consequências das práticas de consumos exagerados (binge drinking/smoking). Relevante também existir maior apoio psicológico a estudantes com doença crónica e do sexo feminino, por serem mais propícios ao consumo de medicamentos psicoativos.

Embora parte dos resultados se revejam com a literatura, importa referir que este estudo foi desenvolvido num contexto específico de pandemia COVID-19 e em apenas uma instituição do ensino superior, pelo que os resultados não podem ser extrapolados a um contexto não pandémico e a toda a população de estudantes do ensino superior.

Estudos semelhantes são importantes para a comunidade científica identificar quais os comportamentos e que grupos de risco estão associados ao consumo das principais substâncias psicoativas nos estudantes do ensino superior.

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Como citar este artigo: Costa, X. T., Pimentel, M. H., & Liébana, M. J. (2023). Consumo das principais substâncias psicoativas em tempos de pandemia COVID-19 nos estudantes do ensino superior. Revista de Enfermagem Referência, 6(2, Supl. 1), e22031. https://doi.org/10.12707/RVI22031

Recebido: 06 de Abril de 2022; Aceito: 13 de Dezembro de 2022

Autor de correspondência Xavier Taboada Costa E-mail: xavier.t.costa@ipb.pt

Conceptualização: Costa, X. T., Pimentel, M. H.

Tratamento de dados: Costa, X. T.

Metodologia: Costa, X. T., Pimentel, M. H., & Liébana, M. J.

Redação - rascunho original: Costa, X. T.

Redação - revisão e edição: Costa, X. T., Pimentel, M. H., & Liébana, M. J.

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