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Revista de Enfermagem Referência

versão impressa ISSN 0874-0283versão On-line ISSN 2182-2883

Rev. Enf. Ref. vol.serVI no.2 Coimbra dez. 2023  Epub 13-Jun-2023

https://doi.org/10.12707/rv21151 

ARTIGO TEÓRICO/ENSAIO

Publicações predatórias e integridade na investigação em enfermagem: Breve olhar aristotélico da sabedoria-prática

Predatory journals and integrity in nursing research: A brief Aristotelian look at practical wisdom

Publicaciones depredadoras e integridad en la investigación en enfermería: Una breve mirada aristotélica a la sabiduría-práctica

Antonio Jorge Silva Correa Júnior1 
http://orcid.org/0000-0003-1665-1521

Patrícia de Cássia Ruela Palmiéri1 
http://orcid.org/0000-0002-0918-9888

Noé Djalma Araújo2 
http://orcid.org/0000-0003-2005-1916

Camila Maria Silva Paraizo-Horvath1 
http://orcid.org/0000-0002-3574-7361

Helena Megumi Sonobe1 
http://orcid.org/0000-0003-3722-0835

1 Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Programa de Pós-graduação em Enfermagem Fundamental, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.

2 Faculdade de Ciências da Saúde de Campos Gerais, Graduação em Enfermagem, Campos Gerais, Minas Gerais, Brasil


Resumo

Enquadramento:

Revistas predatórias são periódicos pseudocientíficos que cobram para publicar com revisão por pares double-blind inexistente, tendo qualidade duvidosa no que concerne a revisão do editor, correções e indexação. Tais periódicos ameaçam o cenário científico. Refletir sobre os seus impactos por meio de marcos conceituais aristotélicos sobre ética e ciência é útil para explorar a integridade na investigação em enfermagem.

Objetivo:

Refletir sobre as publicações predatórias na produção de conhecimento de investigadores enfermeiros.

Principais tópicos em análise:

Trata-se de uma análise reflexiva após revisão de literatura de sete etapas. A análise relacionou os tópicos produtividade académica e as publicações predatórias, com conceitos como intemperança, desejo, razão intuitiva e Sabedoria prática expressos por Aristóteles no livro Da Ética a Nicômaco. Estas foram debatidas como uma deformidade dos conceitos de “conhecimento verdadeiro” e “meio-termo”.

Conclusão:

A Sabedoria-prática pode ser um caminho valioso para boa deliberação norteadora da integridade, não representa o conhecimento científico propriamente e sim opera sobre ele e sobre os resultados da investigação e sua divulgação em periódicos confiáveis.

Palavras-chave: investigação em enfermagem; filosofia em enfermagem; revisão de integridade científica; ciência; enfermagem; revistas predatórias

Abstract

Background:

Predatory journals are pseudoscientific journals that charge to publish with non-existent double-blind peer review and editor’s review, corrections, and indexing of questionable quality. Such journals threaten the scientific landscape. Reflecting on their impact through Aristotle’s ethics and science conceptual frameworks helps to explore integrity in nursing research.

Objective:

To reflect about predatory publications in the production of knowledge of the nurse researchers.

Main topics under analysis:

This is a reflective analysis after a seven-step literature review. The analysis linked the topics of academic productivism and predatory journals with concepts such as intemperance, desire, intuitive reason and practical wisdom expressed by Aristotle in his book “From Ethics to Nicomachean”. These were discussed as a deformity of the concepts of true knowledge and middle ground.

Conclusion:

Practical wisdom can be a valuable path for good deliberation that guides integrity. It does not represent scientific knowledge itself but rather operates on it and the results of research and their dissemination in reliable journals.

Keywords: nursing research; philosophy, nursing; scientific integrity review; science; nursing; predatory journals

Resumen

Marco contextual:

Las revistas depredadoras son publicaciones pseudocientíficas que cobran por publicar con una inexistente revisión por pares de doble ciego, que tienen una dudosa calidad en cuanto a la revisión del editor, las correcciones y la indexación. Estas revistas amenazan el panorama científico. Reflexionar sobre su impacto a través de los marcos conceptuales aristotélicos sobre ética y ciencia es útil para explorar la integridad en la investigación en enfermería.

Objetivo:

Reflexionar sobre las publicaciones depredadoras en la producción de conocimiento de los investigadores enfermeros.

Principales temas en análisis:

Se trata de un análisis reflexivo realizado tras una revisión bibliográfica en siete etapas. El análisis relacionó los temas productividad académica y publicaciones depredadoras con conceptos como intemperancia, deseo, razón intuitiva y sabiduría práctica expuestos por Aristóteles en Ética a Nicómaco. Se discutieron como una deformación de los conceptos de “conocimiento verdadero” y “término medio”.

Conclusión:

La sabiduría práctica puede ser un camino valioso para una buena deliberación que guíe la integridad, no representa el conocimiento científico en sí, sino que opera sobre él y sobre los resultados de la investigación y su difusión en revistas fiables.

Palabras clave: investigación en enfermería; filosofía en enfermería; revisión de integridad científica; ciencia; enfermería; revistas depredadoras

Introdução

O filósofo Aristóteles (384 a.C. até 322 a.C.) conceptualiza a Ciência como tudo aquilo que for suscetível de ser ensinado, apresentando objetos que em menor ou maior grau podem ser apreendidos. São conhecimentos preexistentes compartilhados por gerações, sendo dados por indução (raciocínio que induz; instiga, até chegar as causas) ou silogismo (raciocínio que deduz a partir de premissas; Aristóteles, 2015). A conduta científica para o investigador graduando ou em programa de pós-graduação, prevê ética desde a elaboração do pré-projeto até à divulgação dos resultados em eventos ou em revistas da área.

No que se refere à produção de conhecimento, o movimento de ciência aberta tem dado passos tímidos no Brasil. O Scientific Electronic Library Online (SciELO) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) têm incentivado de forma crescente o Transparency and Openness Promotion, incluindo: revisão aberta por pares a título de escolha dos autores, redução na prática de “fatiamento de investigações” (Salami Slicing), indicação de materiais suplementares de onde os resultados foram extraídos e incentivo a citação de conteúdos eletrónicos que possuam DOI (Digital Object Identifier; Sousa & Barbosa, 2021).

Para cumprir com o referido anteriormente, é premente uma profissionalização dos cientistas, compreendendo o reconhecimento da autenticidade e da individualidade da sua produção de conhecimento, internacionalização, pragmatismo razoável e permanente discussão sobre a qualidade e direções para investigação futura sugeridas pelos mesmos (Russo, 2014). Todavia, atualmente, a insanidade da vida académica conduz a uma tendência dominante muitas vezes denominada de publicar ou perecer (Nóvoa, 2015), bem como à excessiva valorização da quantidade ao invés da qualidade - a quantidade converteu-se em troca de financiamento ou progressão salarial, suplantando o ritmo da boa ciência que é mais moderado - slow-science movement (Leite & Diele-Viegas, 2021).

Este fenómeno denomina-se de produtivismo académico (Bianchetti et al., 2018), sendo diferente de produtividade académica, uma vez que desgasta o campo científico, ao retroalimentar-se com a indústria editorial, tornando, assim, instável o trabalho docente e por vezes, como no caso das publicações predatórias, não assegurando o debate, divulgação ou as citações.

Outra problemática é a falta de integridade, a qual assume os contornos de fabricação (inventar dados), plágio (copiar dados e ideias sem citar fontes), falsificação (modificar ou maquiar dados) e fragmentação (Russo, 2014) e, mais recentemente, a publicação em revistas sem avaliação por pares, com tempos de publicação muito reduzidos (uma semana ou menos), implicando inclusivamente a certeza da publicação, sem recusas associadas. O produtivismo universitário rebaixa a qualidade das produções e pasteuriza o conhecimento.

Neste sentido, num esforço de alerta, publicaram-se mais de 200 editoriais, comentários e artigos alertando sobre as publicações predatórias na Public Medline (PubMed; Iskandrian, 2018). No entanto, este tipo de estudos ainda não produziram o efeito desejado na comunidade científica, pois este quantitativo cresce e ganha mais adeptos tendo como malefícios: alteração nos resultados de buscas, revisões sistemáticas citando publicações predatórias e evidente comprometimento de investigações atuais e futuras devido a citação de dados erróneos ou falsos. Em 2019, identificou-se um total de 459 revistas predatórias, detectando-se que 250 destas obtiveram pelos menos uma citação em algum de seus artigos. No total, foram citados 6302 dos artigos publicados em periódicos potencialmente predatórios, este é um dado preocupante mesmo que nem toda investigação publicada em uma revista predatória seja fraudulenta ou duvidosa, pois investigadores experientes e éticos podem porventura incorrer nesta prática desavisadamente (Ross-White et al., 2019).

Assim, o problema que motiva a presente reflexão é: Como é que as publicações predatórias no âmbito do produtivismo académico interferem na integridade da produção da ciência-enfermagem? Destarte, este estudo de análise reflexiva tem como objetivo central refletir sobre as publicações predatórias na produção de conhecimento de investigadores enfermeiros. Para este efeito, a reflexão considerou, intencionalmente, os conceitos aristotélicos como meio-termo, intemperança, ignorância, desejo, conhecimento verdadeiro e razão intuitiva, com aprofundamento na sabedoria prática.

Desenvolvimento

Metodologia para analisar reflexivamente o tópico

Realizou-se uma análise reflexiva guiada por uma revisão de literatura e ancorada em conceitos de Aristóteles (2015). A revisão contou com sete passos flexíveis (Gil, 2019), com definição intencional de artigos de interesse para a problemática e objetivo proposto. As etapas seguidas foram: 1) determinação do foco de interesse conforme o objetivo; 2) identificação das fontes de material a ser consultado e dos termos empregados para esta pesquisa; 3) leitura com identificação das informações importantes; 4) seleção de excertos; 5) fichamento; 6) organização lógica da literatura consultada; e 7) redação do texto.

A revisão foi feita no primeiro semestre de 2021, no Google académico, utilizando-se as palavras-chave “publicações predatórias” e “revistas predatórias”, considerando-se a linha temporal de 2018-2020, na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com as palavras-chave “publicações predatórias” e “revistas predatórias”, e a PubMed com o termo “predatory publications”. Incluíram-se editoriais e comunicações científicas, sendo excluídos textos que apenas citavam publicações predatórias, sem aprofundarem conceitos, impactos e formas de detetá-las.

A seleção de excertos com recurso à técnica do fichamento foi tabulada e referenciada em arquivos Microsoft Word pelo primeiro autor, e a organização lógica do material realizada pelos outros autores procurou semelhanças entre o identificado para a síntese. Concomitantemente, realizou-se a seleção de trechos do livro “Ética a Nicómaco” escrito em 335 a.C. a 323 a.C. (Aristóteles, 2015), de forma a relacioná-lo com o material recolhido nas bases de dados.

A composição e organização do corpus foi resumida num documento único, amparando o texto final conferido por todos os autores. Uma análise indutiva do corpus textual para relacionar o material sobre publicações predatórias e marcos conceituais foi realizada e a apresentação de resultados priorizou os preceitos lógicos de Descartes (2013): evitar a precipitação nos julgamentos sobre qualquer tema, dividir as dificuldades examinadas em parcelas possíveis para dar resposta coerente ao tema, começar a discorrer sobre os objetos mais simples até chegar ao conhecimento composto e fazer enumerações completas e encadeadas sobre o que foi analisado.

Resultados relativos aos tópicos em análise

Estima-se que existam cerca de 10.000 (dez mil) revistas que cobram taxas para publicar, com processo de revisão duvidoso ou inexistente (Ortiz-Prado & Lister, 2019). O consenso ipsis litteris de Ottawa sobre revistas predatórias refere: “são caracterizadas por informações falsas ou enganosas, desvio das boas práticas editoriais e de publicação, falta de transparência e/ou o uso de práticas de solicitação agressivas e indiscriminadas” (Grudniewicz et al., 2019, p. 211).

Tratam-se de grupos inescrupulosos, utilizando o open acess para lucrar com investigadores que desejam publicar, para divulgarem seus trabalhos que geralmente não são aceitos pela falta de rigor metodológico, ou ainda, estão interessados em um aceite rápido (Pailaquilén, 2018; Aguerre & Ferrero, 2018). Assim, a falta de avaliação ou de alguma correção no texto durante o processo é, obviamente, suspeita. O fluxo editorial idóneo caracteriza-se por: revisão do editor, resposta, correções sobressalentes, edição e diagramação, indexação e publicação. Em suma, um trabalho de meses visando a qualidade (Carvalho & Santos Júnior, 2019).

Para reconhecer a integridade de uma revista, recomenda-se verificar se a mesma está indexada na PubMed, uma vez que muitos destes veículos reivindicam protagonismo internacional. Verificar também se faz parte do Directory of Open Access Journals (DOAJ) e Association of Open Access Academic Publishers (OASPA) (Ross-White et al., 2019; Dal-Ré, 2019). As boas revistas, de facto, submetem-se a indexação rigorosa em bases e repositórios importantes: JSTOR, PsycINFO, PubMed/Medline, ScienceDirect, Scopus, Web of Science, CINAHL, EMBASE, Cochrane, SAGE Research Methods, Europe PMC, NHS Evidence, TRIP database, SciELO e LILACS.

Por outro lado, existem também motores de busca e grupos editoriais com credibilidade: EBSCO, Clarivate Analytics, ProQuest, OVID, Wiley-Liss, Wiley-Blackwell, Taylor and Francis Group, Springer Science+Business Media, Sage Publications, Pulsus Group, Oxford University Press, Nature Publishing Group, Medknow Publications, Lippincott Williams & Wilkins, Karger Publishers, John Wiley & Sons, BioMed Central e Mary Ann Liebert (Ortiz-Prado & Lister, 2019).

Sabe-se que o intenso volume de e-mails é uma das condutas problemáticas das revistas predatórias, usando a atratividade do open acess para capturar autores desavisados (Iskandrian, 2018). Assim, um exemplo de mensagem ipsis litteris deste género é: “Prezado professor ……………………, lemos seu artigo intitulado ‘Prevalência de periódicos predatórios em todo o mundo’. Estamos impressionados com a qualidade do seu trabalho e estamos entrando em contato para solicitar que envie seu próximo estudo sobre este tema” (Aguerre & Ferrero, 2018, p. 240). Em 2012, a lista de Beall compilou estas revistas duvidosas, aumentando a lista ao longo dos anos (Ross-White et al., 2019). No âmbito brasileiro utiliza-se também o PREDAQUALIS. Elencam-se, portanto, alguns meios para combater este fenómeno: 1) fixar padrões éticos de investigação nas universidades por meio de formação e suporte, que desincentive a procura por revistas ilegítimas (Pailaquilén, 2018); 2) rever tais revistas e 3) “alfabetização científica” (Oermann et al., 2019).

Na Tabela 1, encontram-se os elementos que caracterizam a forma com a qual revistas predatórias chamam a atenção dos autores, e as duas conjunturas as quais são alvo da reflexão: Conhecimento para o consumo e Descarte e Integridade do conhecimento. A perspetiva sobre consumo está pautada em Bauman (2013, p. 109) por acreditar que, nas universidades, a ética deve ser avigorada, constituindo-se da seguinte forma: “Assim como a responsabilidade ética pelos Outros não aceita limites, o consumo investido da tarefa de desafogar e satisfazer os impulsos morais não tolera qualquer tipo de restrição que se tente impor à sua ampliação”.

Tabela 1 : Resultados e conceitos da análise reflexiva 

Principais tópicos em análise Como identificar revistas predatórias Conjunturas e conceitos-chave ligados
Publicações predatórias no âmbito do produtivismo Nomes chamativos que frequentemente se confundem com nomes de revistas idóneas (Iskandrian, 2018; Aguerre & Ferrero, 2018) Conhecimento para o consumo e descarte: intemperança, ignorância e desejo Integridade do conhecimento: Meio-termo, conhecimento verdadeiro, razão intuitiva e Sabedoria prática
Propagandeiam uma amplitude de serviços de indexação (Iskandrian, 2018)
Envio exacerbado de e-mails com convites para publicação (Aguerre & Ferrero, 2018; Iskandrian, 2018, Ortiz-Prado & Lister, 2019;)
Informações falsas ou enganosas, declarações contraditórias e fatores de impacto falsos (Aguerre & Ferrero, 2018; Grudniewicz et al., 2019)
Prometem publicação em pouco tempo (Aguerre & Ferrero, 2018)
Falta de transparência e oferecimento de informações inverificáveis (Grudniewicz et al., 2019)

Discussão da análise reflexiva

Antes de se abordar a integridade e falta de integridade, evidencia-se a conjuntura atual como um regime de transitoriedade e superfluidez educacionais que, certamente, interferem na procura e produção do conhecimento, ocasionando uma constante revolução educacional (Bauman, 2013). As Ideologias da Modernização na vida universitária expressas nos 4E seriam responsáveis por isso: “Excelência culminando no autoplágio e fatiamento de dados para aumentar a produção”; “Empreendedorismo no qual se consideram as universidades como instituições empresariais impondo ritmos acelerados de ciência”; “Empregabilidade na qual se dissocia ciência do teor social” e a “Europeização” (Nóvoa, 2015).

Compreendendo que no panorâma académico atual a informação não publicada parece não existir, pois a partir da publicação será validada, considera-se que aceitar as críticas de revisores faz parte do amadurecimento dos investigadores. Neste aspecto, a “corrida” por publicar sem qualidade associada a um interesse em lucrar não eticamente das revistas predatórias, gera um obstáculo para jovens investigadores ou investigadores não orientados (Ortiz-Prado & Lister, 2019). Tais conjunturas mostram a inversão das prescrições éticas, pois cobranças profissionais fazem com que, principalmente, docentes-investigadores prefiram escolher uma (falsa) ascensão na carreira do que as obrigações morais, descomprometendo-se com a qualidade e ética implicadas na produção científica (Bauman, 2013).

A roupagem neoliberal, fluida e fundamentalista do mundo moderno resvalou na produção de conhecimento, fazendo com que a educação superior pareça uma expectativa passageira de sucesso, dada a expansão desenfreada de cursos de nível superior. Ao passo que a sociedade aumenta o pânico pela existência de sujeitos sem perfil de investigadores, empreendedores, génios da computação ou sem potencial inventivo no ensino superior (Bauman, 2013), as universidades públicas são obrigadas a exigir “produção”, sobretudo de inovações, para justificar os gastos do contribuinte. Neste contexto, os rankings de produtivismo são um problema bem conhecido por investigadores experientes para a progressão salarial (Pailaquilén, 2018; Carvalho & Santos Júnior, 2019).

Sendo assim, é necessário analisar a conjuntura de “conhecimento para o consumo e descarte” e os elementos da ética, ciência e Sabedoria-prática, refletindo, além disso, sobre o perfil daqueles que recorrem a revistas predatórias: Seriam todos desavisados? Analisando a questão da Virtude (intelectual e moral) - virtude não impregnada pelo cristianismo e sim como faculdade de “fazer bem feito” para a área da investigação científica. Desta forma, aplica-se também a Justa medida, pelo que a virtude intelectual necessita do ensino, tempo e experiência para alcançar seu apogeu; já a virtude moral necessita de hábito (Aristóteles, 2015).

A construção de hábitos é demorada e sabe-se que nem todos os que almejam o mundo académico são especialistas em metodologia e publicação de resultados. Ao incorrerem em plágio, algo comum no início da vida académica quando falta formação nesse âmbito, desconhecem que as publicações predatórias têm como conduta danosa, por exemplo, não denunciarem eventuais plágios que alguns autores possam cometer, não redigindo retratações (Dal-Ré, 2019; Ross-White et al., 2019). É importante refletir no facto de que a “sede de produzir” (o produtivismo) se confunde com os desígnios aristotélicos de Intemperança - a ação voluntária pelas coisas agradáveis -, sobrepondo o seu apetite e desejo a noções importantes como a justa medida e virtude. É, desta forma, significativo o conceito de Meio-termo: encontra-se entre o excesso e a falta, repousando em igual distância entre extremos; o excesso e falta destroem a excelência e a virtude de qualquer empreendimento humano (Aristóteles, 2015), dentre eles o científico.

Enfocando aspectos atitudinais próprios da conduta, infere-se que dentre as justificativas para fazer uma publicação de tal tipo ouve-se “Eu não sabia!” ou mesmo “Nunca ouvi nada sobre revistas predatórias”. Assim, segundo Aristóteles (2015), existem atos íntegros realizados sob o prisma da Ignorância e desconhecimento segundo a ética. Não tratamos ignorância no sentido pejorativo, uma vez que está relacionada com as circunstâncias das ações e fatores - no caso das publicações predatórias as vezes evidentes, mas que foram ignorados pelos autores ao selecionarem a revista, por exemplo: portal do periódico poluído visualmente, estratégias agressivas e/ou simplificadas demais para a obtenção de submissões, veracidade e idoneidade de seu comitê de editores questionável, qualidade reduzida de seus papers aceitos e tempo de aceite rápido.

Ante os conceitos, surgem algumas questões que permitem expandir o debate: Deve publicar-se um artigo que alcança um padrão metodológico insuficiente? O que indica a rejeição de artigos por revistas de prestígio (Pailaquilén, 2018)? Acredita-se que a reflexão sobre o tipo de investigação, suas limitações e sobre suas fragilidades faz parte da integridade e da maturidade científica.

Ainda na perspetiva das notas sobre a Ignorância, quando um ato se une ao Desejo - a sensação agradável do produtivismo - a ação passa a ser voluntária, pois a escolha por este modelo produtivista é um mero apetite, alimentado pela subida de métricas e reconhecimento do público académico-leigo. O Meio-termo na vida científica existe graças à Razão-correta, que se constitui como o intelecto antes de ter passado pelos sentidos e que é de fundamental importância para a elaboração de qualquer conhecimento verdadeiro (Aristóteles, 2015).

Sinaliza-se a existência de partes intelectuais da alma que procura a verdade (Aristóteles, 2015). No caso dos investigadores e cientistas, consiste no delineamento até a propagação no seio social. Em Ética a Nicómaco essas partes da alma são, a saber, Arte, Conhecimento Científico, Sabedoria Prática, Razão Filosófica e Razão Intuitiva.

Restringindo-se apenas à Sabedoria-prática e sua ligação com o conhecimento científico, conceitua-se: é uma virtude, deliberação correta e vantajosa e julgamento da razão verdadeira das coisas, exigindo, assim, um certo tempo (Aristóteles, 2015). A integridade está relacionada a um ritmo próprio e a ciência rápida suscitou diversas reflexões em jovens cientistas durante o contexto pandémico do vírus SARS-CoV-2, a título de exemplo, as exigências da sociedade civil no século XX e o contexto de privilégios, pois a sociedade confrontou o meio académico: quem tem tempo para fazer uma ciência lenta? Deste modo, projeta-se uma terrível velocidade normativa, destruindo o processo reflexivo implicado nas especificidades das epistemes de cada campo, algo vivenciado por cientistas da saúde que procuram uma interface com ciências humanas e da educação, afetando a personalidade e princípios daqueles em formação que não conhecem o slow-science movement (Leite & Diele-Viegas, 2021).

Unindo a integridade com a Sabedoria-prática, explica-se que a aquisição de inteligência e perspicácia não significam dispor de Sabedoria-prática. A mesma permite conhecer fatos particulares incluindo: inteligência (aprendizagem e conhecimento) e discernimento. A fusão de ambas permite ações imediatas. Neste ponto, a Sabedoria-prática perpassa pela Razão intuitiva, ainda que brevemente, já que a inteligência e discernimento são objetos da última e não do raciocínio. A razão intuitiva é responsável por equacionar termos imutáveis com a razão prática e termos variáveis com pontos menores do saber, que geralmente são aqueles carentes de análise. Desse modo, é frequente que, de casos particulares, os casos universais sejam observados, sendo que a perceção do particular rumo ao universal é a Razão intuitiva (Aristóteles, 2015).

A Sabedoria, portanto, é a mais perfeita das formas de saber útil aos investigadores. O sábio conhece as conclusões dos primeiros princípios e, não obstante, a verdade proveniente deles. A Sabedoria é o casamento da Razão intuitiva e do Conhecimento científico, na qual este último é o julgamento das coisas universais e necessárias à sociedade, sendo de natureza raciocinada/racionalizada (Aristóteles, 2015).

A Sabedoria-prática é diferente do conceito de Ciência, pois o objeto da ciência é demonstrável, enquanto ela delibera sobre o “bem realizável” que o conhecimento científico e fatos concretos trazem (ocupando-se em simultâneo das coisas universais e transcendentais). Nesta reflexão usa-se a Sabedoria-prática como elemento para nortear a integridade, não se constituindo como sinónimo de conhecimento científico (Aristóteles, 2015), mas operando sobre ele e não sobre o objeto estudado em si, mas sim sobre o que fazer com o mesmo e a perceção das suas qualidades, norteando, por fim, os atos implicados na virtude e meio-termo.

Por conseguinte, publicar em revistas de alto impacto é uma tarefa intrincada e requer planeamento (Ortiz-Prado & Lister, 2019), que implica na divulgação de um conhecimento verdadeiro, tomando por base a integridade e conjugando a razão intuitiva e Sabedoria prática. Para trilhar este árduo caminho considera-se a Boa deliberação (Aristóteles, 2015) como uma perspetiva epistemológica iniciada depois, ou pouco antes, da conclusão da investigação, norteada por: Qual o alcance e qual o tamanho dos dados e implicações?; Qual o perfil da revista?; Quais as ações mais éticas a serem tomadas visando sua divulgação? O investigador delibera corrigindo raciocínios e métodos imprecisos do seu trabalho (Aristóteles, 2015), confrontando a conjuntura atual: “Porquê publicar de forma descontrolada?” ou “Porquê publicar em veículos não confiáveis?”

Sobreleva-se um encontro em Otawa, Canadá, no qual os participantes investigadores, em três rondas, construíram um consenso sobre publicações predatórias, incluindo 18 perguntas e 28 subquestões, com cerca de 12 horas de debate. No encontro, parte do grupo de trabalho queria que, na definição, fosse incluída a referência ao facto de alguns autores procurarem estas revistas, conscientes de não existir revisão científica (Grudniewicz et al., 2019). Consequentemente, sublinha-se a necessidade de que existam atos almejando a conjuntura da integridade do conhecimento, mas sabe-se que inevitavelmente as questões éticas intrínsecas a cada pessoa e meio académico acabam por se manifestar sobre a Deliberação.

A Figura 1 explicita que a sabedoria-prática se apoia sobre o justo, belo e bom, reconhecendo que a boa ação não é facilitada apenas reconhecendo que as Virtudes são benéficas. Integrar a Sabedoria-prática e virtudes relacionadas não torna ninguém mais propenso à integridade, seguindo os preceitos aristotélicos. Para a adquirir é necessário seguir uma via: deliberar, conjugando inteligência, discernimento e disposição ao decidir onde e como divulgar resultados de investigação.

Figura 1: Deliberação na divulgação de resultados de investigações segundo a Sabedoria-prática 

No final das alegações alerta-se para os perigos dos sofismos educacionais, representados por investigadores que fracassam do ponto de vista epistemológico, e, todavia, triunfam na retórica produtivista. Traça-se um paralelo com os deliciosos perigos da sofística na publicidade artificial de um currículo científico repleto de publicações. No entanto, acaba a cair no utilitarismo e num discurso falso do publicar para aparecer, algo que se agrava quando tais práticas são publicitadas em grupos de investigadores. Incorrem no que Aristóteles combatia na pólis: as promessas ilusórias de formar pessoas mais sábias quando na realidade tal engodo contribui apenas para a massificação (Silva, 2004).

Consequentemente, o mercado predatório editorial supre as expectativas após ser bem pago, eliminando a curto ou médio prazo questões de consciência dos investigadores-publicadores. O consumo ganha uma faceta moral e emocional (a moralidade), não adiantando culpar o mercado pelas fraquezas dos investigadores enfermeiros pós-modernos; responsabilizando-os pelo ímpeto e pelo ego implicado em atos de intemperança e desejo. Em suma, transpõe-se para o contexto pós-moderno e diante do mercado editorial predatório a seguinte sentença: “Nossas intenções de fazer o bem aos outros foram comercializadas” (Bauman, 2013, p. 108). Ao invés do publicar ou perecer, as publicações predatórias levam a publicar e perecer (Carvalho & Santos Júnior, 2019).

Conclusão

Ao promover a reflexão acerca das publicações predatórias na produção de conhecimento de investigadores enfermeiros, corrobora-se que a análise à luz do conceito de Sabedoria-prática e outros subjacentes seja uma premente contribuição para nortear a conduta dos cientistas que desejam trilhar a última etapa - a disseminação de resultados. Os dados debatidos demonstram os descaminhos que a produção de uma ciência frenética de baixa qualidade acarreta, sobretudo no perfil de graduandos e pós-graduandos que passam a anuir com a conjuntura de conhecimento massificado, servindo ao ímpeto de consumir e descartar resultados que são cada vez mais frágeis e servem a lógica vigente. Neste sentido, o potencial heurístico da presente reflexão está em desvendar como o ímpeto em publicar não pode estar associado a um mero desejo, apetite ou destemperança. São contribuições para a área da enfermagem o resgate de fundamentos aristotélicos não apenas para o fazer científico, mas sim da lógica epistemológica, a qual envolve a deliberação sobre condutas que impactam na produção científica da área. Assim, espera-se que as prescrições e reflexões aqui contidas tenham o potencial de alertar e sensibilizar os investigadores.

A Sabedoria-prática não se caracteriza como a “chave mágica” diante das problemáticas abordadas, especialmente evidenciando-se a sua relação ao universal, experiência e familiaridade, sendo defendida por Aristóteles como um atributo angariado com o tempo. A boa deliberação concretiza-se no que concerne ao fim determinado ou absoluto e ao bem realizável proveniente dos achados da investigação, para tê-la em conta precisamos nos remeter a utilidade aplicada sabendo equalizar Resultados alcançados e Finalidades dos mesmos, ora em termos determinados mais objetivos, ora em termos absolutos mais gerais, dependendo obviamente da natureza da investigação (ciências aplicadas ou não).

Em conclusão, o presente estudo reflete sobre uma problemática atual e espera-se que a produção de conhecimento da área possa fundamentar intervenções claras e seguras, políticas públicas mais efetivas e uma profissionalização de cientistas combatendo a superfluidez e velocidade exacerbada que estão a ser impostas na vida universitária. Tencionando a uma clarificação das intervenções para políticas mais efetivas procurando combater o produtivismo imposto aos investigadores na vida universitária, sugerem-se as seguintes estratégias: os rankings de produção possuam teor qualitativo priorizando métricas reais em relação ao fator de impacto de revistas; cursos e capacitações no âmbito da graduação e pós-graduação com conceções epistemológicas do que se caracteriza a ciência, más condutas em investigação e seus reflexos e dificuldades manifestadas pelos investigadores; pleno incentivo financeiro com políticas indutoras para o desenvolvimento de projetos robustos permitindo que o slow-science movement se torne uma realidade. Centrar-se na ética e saber acerca das virtudes de uma boa ciência permite que investigadores-enfermeiros se situem num dos lados, respondendo se serão autores de artigos ou produtores de conhecimento ético responsável.

Agradecimentos

Pelos debates proporcionados pela disciplina “A Pós-Graduação e o Pós-Graduando: Formação e Pesquisa”, ofertada na pós-graduação pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Referências bibliográficas

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Como citar este artigo: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M., & Sonobe, H. M. (2022). Publicações predatórias e integridade na investigação em enfermagem: Breve olhar aristotélico da sabedoria-prática. Revista de Enfermagem Referência, 6(2), e21151. https://doi.org/10.12707/RV21151

Recebido: 12 de Dezembro de 2021; Aceito: 25 de Novembro de 2022

Autor de correspondência Antonio Jorge Silva Correa Júnior E-mail: juniorjorge_94@hotmail.com

Conceptualização: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C.

Tratamento de dados: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M.

Análise formal: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M.

Investigação: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M., Sonobe, H. M.

Metodologia: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Sonobe, H. M.

Administração do projeto: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M., Sonobe, H. M.

Recursos: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M., Sonobe, H. M.

Software: Correa Júnior, A. J.

Supervisão: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C. R., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M., Sonobe, H. M.

Validação: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M., Sonobe, H. M.

Visualização: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M., Sonobe, H. M.

Redação - rascunho original: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M.

Redação - análise e edição: Correa Júnior, A. J., Palmiéri, P. C., Araújo, N. D., Paraizo-Horvath, C. M., Sonobe, H. M.

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