SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.serIV número19Percepción de los profesionales de la salud sobre las limitaciones a la notificación del error/evento adversoUtilización de escalas de diseño y autoconfianza en la evaluación de la simulación realista materno-infantil índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

Links relacionados

  • No hay articulos similaresSimilares en SciELO

Compartir


Revista de Enfermagem Referência

versión impresa ISSN 0874-0283

Rev. Enf. Ref. vol.serIV no.19 Coimbra dic. 2018

https://doi.org/10.12707/RIV18064 

ARTIGO DE INVESTIGAÇÃO

RESEARCH PAPER

 

Empreendedorismo social: translação de saberes e práticas em estudantes de enfermagem no Brasil

Social entrepreneurship: translation of knowledge and practices in Brazilian nursing students

Emprendimiento social: traducción de conocimientos y prácticas en estudiantes de enfermería brasileños

 

Maria de Lurdes Lopes de Freitas Lomba*
https://orcid.org/0000-0003-1505-5496

Marcelo Toson**
https://orcid.org/0000-0003-2676-276X

Amanda Schneider Weissheimer***
https://orcid.org/0000-0002-0395-1501

Marli Terezinha Stein Backes****
https://orcid.org/0000-0003-3258-359X

Andreas Büscher*****
https://orcid.org/0000-0002-6909-7379

Dirce Stein Backes******
https://orcid.org/0000-0001-9447-1126

 

* Ph.D., Professor Assistente, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, 3046-851, Coimbra, Portugal [mlomba@esenfc.pt]. Contribuição no artigo: discussão de dados, redação do artigo, revisão global do artigo. Morada para correspondência: Urbanização Quinta da Portela, lote 10.3 - 2º Esquerdo; 3030 - 481, Coimbra, Portugal.

** MSc., Enfermeiro, Universidade Franciscana, 99010-031, Passo Fundo, Brasil [marcelo@isepepos.com.br]. Contribuição no artigo: pesquisa bibliográfica e recolha de dados.

*** MSc., Enfermeiro, Universidade Franciscana, 95020-172, Passo Fundo, Brasil [amandaweissheimer@gmail.com]. Contribuição no artigo: pesquisa bibliográfica e recolha de dados.

**** Ph.D., Enfermeiro, Universidade Federal de Santa Catarina, 88040-900, Florianópolis, Brazil [marli.backes@ufsc.br]. Contribuição no artigo: redação do artigo.

***** Ph.D., Enfermeiro, Fakultät Wirtschafts- und Sozialwissenschaften - Hochschule Osnabrück, 49076, Osnabrück, Alemanha [a.buescher@hs-osnabrueck.de]. Contribuição no artigo: metodologia, tratamento e avaliação dos dados.

****** Ph.D., Enfermeiro, Universidade Franciscana, 97010-200, Passo Fundo, Brasil [backesdirce@unifra.br].Contribuição no artigo: desenho do estudo, discussão de dados, redação do artigo, revisão global do artigo.

 

RESUMO

Enquadramento: As diretrizes curriculares brasileiras para os cursos de graduação em saúde estimulam atividades socialmente empreendedoras, preconizando a formação de profissionais reflexivos. Logo, é necessário reforçar as habilidades profissionais para desenvolver estas atividades sociais durante a formação académica.

Objetivo: Compreender o significado para os estudantes brasileiros de enfermagem de atividades socialmente empreendedoras, desenvolvidas numa associação de reciclagem.

Metodologia: Recorreu-se à abordagem da Grounded Theory neste estudo. Os dados foram recolhidos entre 2016 e 2017, entrevistando 25 estudantes e 4 trabalhadores de uma associação de reciclagem no Sul do Brasil.

Resultados: Inicialmente os alunos demonstraram distanciamento e preconceito, depois indignação e inconformidade e, por fim, uma mudança no modo de pensar e agir. Três categorias resultaram das entrevistas: Desconstruir e construir o preconceito; Conhecimento e as práticas; e Promover transformações.

Conclusão: O significado das atividades de empreendedorismo social configurou-se como um processo de desconstrução, construção e reconstrução do conhecimento pré-planeado. O seu significado transcende as fronteiras pessoais e sociais e possibilita um movimento de aproximação, identificação e translação de conhecimentos e práticas.

Palavras-chave: participação social; estudantes; educação em enfermagem; enfermagem em saúde comunitária

 

ABSTRACT

Background: The Brazilian curriculum guidelines for undergraduate health courses encourage social entrepreneurship activities by advocating the training of reflective professionals regarding different dimensions of health. Therefore, it is necessary to improve the professional skills to develop these social activities during academic training.

Objective: To understand the meaning to Brazilian nursing students of social entrepreneurship activities developed in a recycling association.

Methodology: The Grounded Theory approach was used in this study. Data was collected from 2016 to 2017 by interviewing 25 students and 4 workers from a recycling association in southern Brazil.

Results: Initially, students demonstrated distancing and prejudice, then indignation and nonconformity and, finally, a change in the way of thinking and acting. Three facets resulted from the interviews: Deconstructing and constructing of preconception; Knowledge and practices; and Promoting transformations.

Conclusion: The meaning of social entrepreneurship activities was configured as a deconstructing, constructing, and reconstructing process of pre-conceived knowledge. Its meaning transcends personal and social boundaries and enables a movement of approximation, identification, and translation of knowledge and practices.

Keywords: social participation; students; nursing education; community health nursing

 

RESUMEN

Marco contextual: Las directrices del programa de los estudios de grado del ámbito sanitario en Brasil fomentan las actividades de emprendimiento social mediante la promoción de formación de profesionales reflexivos en torno a diferentes dimensiones de la salud. Por ello, es necesario mejorar las habilidades profesionales con el fin de desarrollar estas actividades sociales durante la formación académica.

Objetivo: Comprender qué significan las actividades de emprendimiento social desarrolladas en una asociación de reciclaje para los estudiantes de enfermería de Brasil.

Metodología: En este estudio se utilizó el enfoque de la teoría fundamentada. Los datos se recogieron de 2016 a 2017 mediante entrevistas a 25 estudiantes y 4 trabajadores de una asociación de reciclaje en el sur de Brasil.

Resultados: Al principio, los estudiantes demostraron distanciamiento y prejuicio, luego indignación e inconformismo y, finalmente, un cambio en la forma de pensar y actuar. De las entrevistas surgieron 3 facetas: Deconstrucción y construcción de preconceptos; Conocimientos y prácticas, y Promoción de transformaciones.

Conclusión: El significado de las actividades de emprendimiento social se configuró como un proceso de deconstrucción, construcción y reconstrucción de conocimiento prediseñado. Su significado trasciende las fronteras personales y sociales, y permite un movimiento de aproximación, identificación y traducción de conocimientos y prácticas.

Palabras clave: participación social; estudiantes; educación en enfermería; enfermería en salud comunitaria

 

Introdução

Na área da saúde, o empreendedorismo social progrediu na última década. Ganhou força pela necessidade de gerar novos espaços para inserção e, especialmente, o despertar de novas abordagens de conceção e ação no contexto da promoção, proteção e educação em saúde.

O arquétipo do empreendedor social na saúde foi Florence Nightingale: ela mudou as práticas hospitalares e estabeleceu o sistema de profissionais de enfermagem através da sua determinação e atenção meticulosa ao pormenor, mesmo perante a feroz oposição dos especialistas e das autoridades. Tal dinamismo é típico dos empreendedores sociais em todo o mundo que trabalham em inúmeras áreas no sector da saúde (Drayton, Brown, & Hillhouse, 2006).

Atualmente, na área de enfermagem, a visão empreendedora assumiu uma conotação comercial e social, que está associada à criação ou melhoria de algo para gerar benefícios de mercado. Pode também estar associada à capacidade de gerar processos e associações interativas com vista à emancipação de indivíduos, famílias e comunidades (Backes, Zamberlan, et al., 2016; Backes, Ilha, et al., 2016). Tendo isto em conta, o Conselho Internacional de Enfermeiros (International Council of Nurses, 2004) estimou que cerca de 1% dos enfermeiros praticantes registados são enfermeiros empreendedores.

No entanto, embora a justiça social e a ação pela mudança constituam princípios fundamentais da profissão do enfermeiro, o conteúdo curricular em empreendimento social para enfermeiros não é tão bem desenvolvido como é em programas educativos de negócios, engenharia ou políticas públicas (Gilmartin, 2013).

Com base nas tendências atuais do mercado, exigem-se dos estudantes de enfermagem habilidades diferenciadas, incluindo habilidades tangíveis que possam ser oferecidas a futuros empregadores, mas também habilidades que despoletem a autonomia e o protagonismo social. Um estudo demonstra que um currículo direcionado para o desenvolvimento de uma nova geração de empreendedores tem o potencial de melhorar as aspirações dos alunos, aumentar as perspetivas de emprego, permitir novas abordagens para a promoção e proteção da saúde e apoiar iniciativas direcionadas para a transformação social (Hernández, Carrión, Perotte, & Fullilove, 2014).

A este respeito, o Curso de Licenciatura em Enfermagem da Universidade Franciscana (UFN) propôs a realização de intervenções comunitárias a partir do primeiro semestre do curso. Desenvolveu-se o conceito de aprendizagem específica para que os alunos pudessem aprimorar habilidades socialmente empreendedoras na comunidade. Para isso, os alunos realizaram atividades sociais regulares numa associação de reciclagem situada no Sul do Brasil, sob a supervisão de um professor de enfermagem. Os alunos começaram os projetos no primeiro semestre e continuaram durante todo esse período. Após cada atividade, as práticas sociais foram avaliadas individual e coletivamente dentro da unidade de aprendizagem.

Além disso, a tarefa era documentar as opiniões e pensamentos pessoais sobre as suas próprias posições e atitudes e para ponderar as perceções e experiências dos alunos através da escrita de um portefólio. Os professores supervisionaram e orientaram os alunos durante o processo. O objetivo desta abordagem foi desenvolver competências de solidariedade e empreendedorismo social. Até ao momento, apenas se sabe um pouco sobre as perceções de alunos sobre esta abordagem e a forma como é ensinada. Portanto, este estudo pretende compreender o significado de atividades de empreendedorismo social para os estudantes de enfermagem brasileiros numa associação de reciclagem durante as suas atividades académicas regulares.

 

Enquadramento

O empreendedorismo social é uma nova área de prática que exibiu um crescimento rápido em diferentes áreas do conhecimento.

Embora o empreendedorismo social seja um conceito em construção tanto no contexto nacional como internacional, este fenómeno obteve atenção especial a nível mundial, ao longo da última década. Tendo as suas próprias características teóricas, metodológicas e estratégias, o empreendedorismo social difere da lógica comercial por causa da sua capacidade de induzir a auto-organização social, a articulação da sociedade para institucionalizar e apresentar resultados que atendam às verdadeiras necessidades da população. Também se distingue através da sua capacidade de inovação estratégica e da sua dinâmica, o que o separa dos modelos tradicionais baseados em intervenção de cuidados (Backes, Erdmann, & Büscher, 2009). Mesmo que o empreendedorismo social tenha diferentes conotações, pode definir-se como a principal ferramenta para novos conhecimentos e práticas, através do confronto dos problemas sociais com estratégias inovadoras e soluções criativas, encarando a criação de valor social como o ponto fulcral da sua missão (Dees, 2007; Gilmartin, 2013).

Por conseguinte, os empreendedores sociais são changemakers que aplicam os seus conhecimentos em iniciativas sociais para melhorar a vida das outras pessoas. Não são instituições de caridade, no sentido em que não se limitam a oferecer auxílio temporário. Em vez disso, causam um impacto duradouro nas pessoas desfavorecidas através da criação de projetos sociais sustentáveis para resolver problemas sociais. O impacto social é o critério para o sucesso de um empreendedor social. Nos cuidados de saúde, isto traduz-se frequentemente no número de vidas que são salvas ou o número de pessoas que recebem cuidados de saúde de qualidade (Drayton et al., 2006).

No Brasil, o empreendedorismo ganhou importância na década de 1990 com o impulso do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, que se focou no desenvolvimento económico e social. De acordo com esta abordagem, o empreendedorismo não faz exatamente parte do currículo académico, mas constitui uma estratégia para novas abordagens de intervenção social, além de uma estratégia de potencialização das habilidades e competências humanas (Drucker, 2012).

As Diretrizes Curriculares Brasileiras para cursos de graduação em enfermagem têm incentivado progressivamente as práticas sociais em comunidades, defendendo a formação de profissionais reflexivos em relação às diferentes dimensões da saúde do ser humano. O perfil profissional deve incluir as competências científicas, intelectuais, éticas e sociais (Fernandes & Rebouças, 2013).

 

Questão de investigação

Qual é o significado do empreendedorismo social para estudantes de enfermagem brasileiros em atividades desenvolvidas numa associação de materiais recicláveis?

 

Metodologia

A Grounded Theory é a abordagem usada neste estudo. “Esta abordagem visa identificar, desenvolver e relacionar conceitos baseados em dados recolhidos, analisados e comparados de forma sistemática e concomitante” (Strauss & Corbin, 1990, p. 134). “O desenvolvimento do quadro teórico denota um conjunto de categorias, construído e baseado em conceitos e questões emergentes, que indicam os relacionamentos capazes de formar o quadro explicativo teórico do fenómeno social” (Strauss & Corbin, 2008, p. 127). A Grounded Theory possibilita também a criação de conceitos que manifestam mudanças ao longo do tempo, através da recolha e análise simultâneas de dados (Richards & Morse, 2007).

Os dados foram recolhidos entre agosto de 2016 e novembro de 2017 através de entrevistas com estudantes de enfermagem e quatro pessoas que trabalham na associação de reciclagem. A associação existe desde 2009, com o propósito de proporcionar trabalho e remuneração para um grupo de cerca de 30 pessoas que, por meio da reciclagem, garantem a subsistência das suas famílias, composta na maioria por seis membros. A remuneração mensal de cada família brasileira é aproximadamente um salário mínimo brasileiro.

O primeiro grupo de amostra foi criado com 15 estudantes selecionados aleatoriamente a partir do segundo ao quinto semestre do curso de graduação em enfermagem que tinham participado ativamente das atividades sociais da associação de reciclagem, de acordo com um plano de visitas periódicas que começou no primeiro semestre do curso de graduação em enfermagem. As entrevistas basearam-se nas seguintes perguntas: O que significaram as atividades sociais da associação de reciclagem para si?; Quais foram os pontos favoráveis e desfavoráveis que encontrou?. As entrevistas foram gravadas e transcritas digitalmente. A análise dos dados realizou-se com base no processo de codificação aberta, axial e seletiva (Charmaz, 2006).

As propriedades e hipóteses iniciais do primeiro grupo de amostra guiaram a formação do segundo grupo, constituído por 10 alunos do último semestre do curso de graduação em enfermagem, selecionados aleatoriamente a partir dos registos da instituição. A entrevista baseou-se nas seguintes questões: Qual foi a contribuição das atividades práticas realizadas numa associação de reciclagem para a sua formação profissional?.

O terceiro grupo de entrevistas realizou-se com quatro trabalhadores da associação de reciclagem que participaram nas atividades práticas com os alunos de enfermagem. Fizeram-lhes a seguinte pergunta: Quais foram as contribuições das atividades práticas dos alunos para a sua vida profissional?; Quais foram os contributos para a implementação de estratégias de promoção da saúde?. O terceiro grupo forneceu informações complementares que indicaram as características da qualificação dentro do contexto social e de saúde.

Os códigos foram organizados de acordo com as suas respetivas semelhanças e diferenças e agrupados em categorias e subcategorias. Após a delimitação da categoria central e a estruturação do modelo teórico, que representou a ligação entre as categorias e subcategorias, este foi validado. O modelo teórico estruturante foi proposto por cinco dos docentes de enfermagem da UFN que fizeram sugestões que foram incorporadas na apresentação final do modelo.

As informações para este estudo foram recolhidas com o conhecimento, a vontade e o consentimento informado e expresso dos participantes. A recolha de dados realizou-se em dois locais: na universidade para os estudantes e na associação de reciclagem para os trabalhadores. O projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética da Universidade Franciscana (Protocolo número 1.641.967/2016).

 

Resultados

O modelo teórico do significado de atividades de empreendedorismo social foi realizado por estudantes de enfermagem, numa associação de reciclagem e pode ser caracterizado como um processo de construção, desconstrução e reconstrução de conhecimentos e práticas. O efeito destas atividades periódicas e contínuas na associação transcende os limites pessoais, profissionais e sociais. Inicialmente, os alunos demonstraram distanciamento e preconceito e, em seguida, indignação e inconformismo e, por fim, uma mudança na forma de pensar e agir.

O fenómeno de experienciar um processo de construção e reconstrução de saberes e práticas resultou da integração de três aspetos distintos, os quais são: (I) Construir e desconstruir preconceitos, (II) Construir e reconstruir saberes e práticas, e (III) Promover transformações. O conteúdo de cada uma destas três categorias resultantes da organização e do agrupamento dos seus respetivos códigos e subcategorias apresenta-se abaixo.

Desconstruir e construir preconceitos

Para a maioria dos estudantes, o distanciamento e o preconceito em relação aos membros da associação de reciclagem era uma ideia estabelecida. Os alunos nunca se imaginaram a visitar ou trabalhar numa associação de reciclagem. Para muitos deles, tanto os materiais como os trabalhadores de uma associação de reciclagem não eram mais do que lixo social. Quando desafiados por um dos líderes locais da equipa de trabalho da associação durante o dia do voluntariado na associação de reciclagem, os alunos sentiram-se, a princípio, desconfortáveis e assustados. Nunca esperariam fazer parte de tal desafio, que juntamente com o processo resultou numa lição de vida.

No dia em que o líder nos desafiou a voluntariarmo-nos para um dia na associação de reciclagem, convidaram-nos a experienciar o dia de trabalho deles, as dificuldades e condições de saúde. Estávamos todos assustados e amedrontados . . . Não estávamos à espera deste desafio, mas todos os alunos aceitaram e participaram na atividade. (P2; novembro, 2016)

O desconforto em relação ao desafio – o dia do voluntariado teve lugar na associação de reciclagem para os alunos e trabalhadores. Os trabalhadores julgavam não ser dignos da ajuda dos alunos. Disseram, por exemplo: “Uau, no que estava o líder a pensar quando fez este desafio aos alunos? Vão magoar logo as mãos; este tipo de trabalho não é para eles”, entre outros comentários.

Este tipo de trabalho numa associação de reciclagem é, em geral, subestimado e desvalorizado pela sociedade. Por outro lado, os alunos, percursores desta forma de pensar e agir, nunca se imaginaram inseridos em tais condições de trabalho. Esta realidade era desconhecida e distante, não só geograficamente, mas também a nível de compreensão e corresponsabilidade social.

“Fiquei bastante chocado com a realidade . . . Às vezes pensamos que os problemas sociais gritantes só acontecem longe de nós” (P7; novembro, 2016).

“Nós estávamos em choque com a realidade . . . Fizemos a visita guiada pela associação de reciclagem, com o objetivo de oferecer conselhos de saúde, mas estávamos a enganar-nos a nós próprios. Como poderíamos falar de saúde?” (P11; novembro, 2016).

Nos seus discursos, os alunos entenderam que o trabalho de uma associação de reciclagem se limitava a condições insalubres, ambientes frios e hostis, ou seja, ambientes alimentados por lixo. No entanto, foram instigados no seu modo de pensar na primeira visita ao local, quando os líderes explicaram que os materiais recicláveis não são lixo, mas sim matéria-prima para a subsistência das famílias deles.

“Alguns pensam que eles trabalham com lixo . . . é um preconceito da sociedade” (E13; novembro, 2016).

“É um trabalho muito desvalorizado. . . as pessoas não percebem que este “lixo” vem das nossas casas” (P23; novembro, 2017).

O preconceito relativamente aos trabalhadores da associação de reciclagem está associado, em parte, à sua invisibilidade e desvalorização social. Tanto os alunos comos os membros da associação de reciclagem sentiam-se distantes e alheios uns aos outros. Criaram-se fronteiras de todos os tipos, reproduzindo-se uma noção dominante de que alguém está sobre/contra os outros.

Construir e reconstruir saberes e práticas

O processo de imersão na realidade concreta e, mais especificamente, a experiência do dia de voluntariado na associação de reciclagem ajudaram os alunos a reformular e reconstruir saberes e práticas tradicionalmente impostos e reproduzidos pela supremacia do conhecimento científico e económico. Este processo de construção e reconstrução gerou sentimentos de indignação, inconformismo e um forte desejo de mudança na maioria dos alunos, como foi expresso:

Eu fiquei indignado com a dura realidade destes trabalhadores. Constatei que muitos materiais eram embalados inadequadamente e que o risco de contrair uma doença é enorme . . . Não consigo entender porque as pessoas não cuidam melhor dos seus suprimentos domésticos. (P4; novembro, 2016)

Após esta experiência na associação de reciclagem, comecei a pensar de maneira diferente . . . fez-me crescer como pessoa e creio que não fui o único. Temos de respeitar as diferenças, pois elas tornam-nos mais humanos. Nunca se deve desvalorizar o trabalho do outro, porque estamos todos ligados e precisamos uns dos outros para termos qualidade de vida. (P8; novembro, 2016)

As atividades e experiências foram únicas e despoletaram nos alunos sentimentos relacionados com a valorização e o reconhecimento do trabalho sério e dedicado dos trabalhadores de uma associação de reciclagem. Reconheceram que o pouco pode tornar-se muito, ou ser tudo para a sobrevivência das famílias de trabalhadores. Também reconheceram que as coisas mais simples podem fazer uma grande diferença social, pois assumem a responsabilidade e compromisso social. Segundo um testemunho:

Esta experiência na associação de reciclagem fez-me ver que para eles significava tudo, enquanto para nós era apenas um material reciclável. Percebi que as coisas mais simples fazem uma diferença total . . . Foi com essa experiência que comecei a ver o mundo de forma diferente. Uma experiência que vou guardar para toda a vida, uma experiência que me fez um melhor ser humano. (P17; novembro, 2017)

Para outros alunos, a experiência vivida na associação de reciclagem possibilitou algumas perguntas, reflexões e novos significados sobre o trabalho e, acima de tudo, um profundo desejo de mudar as coisas.

“Ter participado e experienciado a vida diária destes trabalhadores fez-me pensar muito . . . Despertou um sentimento de empatia e entusiasmo desejoso de mudar e contribuir para essa realidade de vulnerabilidade” (Q27; julho, 2017).

Depois de um dia de voluntariado, percebi o quão exigente e cansativo o trabalho é. Estive numa realidade completamente nova para mim e percebi a sua importância para o meio ambiente. No entanto, o que me afetou mais e que vou guardar para toda a vida foi o discurso de uma das trabalhadoras: As pessoas que trabalham aqui raramente arranjam trabalhos lá fora. Quando os arranjam, querem voltar para cá, porque se sentem orgulhosas deste trabalho de reciclagem. Este discurso fez-me pensar muito. (P28; julho, 2017)

Com base neste processo de construção e reconstrução de saberes e práticas, os alunos perceberam a necessidade de estar preparados para lidar e conviver com as diferenças sociais e económicas. Eles reconheceram que a oportunidade de estudar numa universidade os prepara para a vida e não apenas para o trabalho de materialista. Neste sentido, reforçaram a necessidade de existir uma formação académica que os prepare para lidar com qualquer pessoa e qualquer realidade, independentemente da cor, raça ou condição social e económica.

Foi importante realizar estas atividades na associação de reciclagem para crescermos como pessoas e sabermos viver com as diferenças. A formação académica deve permitir-nos lidar com qualquer situação e pessoa e, deste modo, tratar todas as pessoas com respeito e dignidade, independentemente da cor ou classe social e económica (P15; novembro, 2016)

Estou certo de que eu cresci como pessoa. Comecei a valorizar mais a oportunidade que tive de estudar numa boa universidade . . . Nem todos tem a mesma oportunidade ou sabem viver com as diferenças. Afinal, a profissão que escolhi cuida de todos, sem exceção. Ela acolhe e faz o bem a todos. Não me vejo noutra área. (P26; julho, 2017)

Neste processo de construção e reconstrução de saberes e práticas, os alunos concluíram que o investimento na reciclagem contribui não só para a sobrevivência de muitas famílias, mas também para a sustentabilidade do meio ambiente e a promoção de cidades mais saudáveis.

Promover transformações: a experiência de uma vida

O processo de constantes idas e vindas para a associação de reciclagem leva a um crescente movimento de transformação nos estudantes e trabalhadores, o que se traduz numa mudança de hábitos e atitudes, na expansão de conceitos e no repensar de práticas e comportamentos quotidianas que variam entre a separação para a eliminação correta de resíduos sólidos nas suas próprias casas.

Essa experiência fez-me ampliar o meu conceito de lixo e materiais recicláveis. Agora, tento separar corretamente os materiais na minha casa . . . Antes não dava muito valor a isso . . . Mudei a minha maneira de pensar. (P9; novembro, 2016)

Mudei o meu conceito de lixo e aprendi que todos nós temos que amar tudo o que fazemos. Expandimos o nosso vocabulário sobre este tema muito importante, que nos permitiu compreender a saúde de uma forma expandida e interligada com tudo o que nos rodeia. (P25; julho, 2017)

Com a imersão na realidade do trabalho, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer de perto a realidade e, consequentemente, de dialogar e interagir ativamente com os membros da associação de reciclagem. Tanto os estudantes como os trabalhadores reconheceram que o intercâmbio de saberes e práticas permitiu a troca de significados de vida e de trabalho que irá contribuir para o repensar de estratégias de promoção e educação da saúde.

Ao voltar para casa, após a troca de saberes, eu tinha ideias muito mais elaboradas e diferentes sobre o tema da reciclagem . . . Foi essa troca de energias e sabedoria que me impressionou mais e me fez mudar os meus conceitos sobre saúde. (P21; julho, 2017)

Os trabalhadores estão expostos a uma série de riscos. Esta situação em particular fez-me pensar muito sobre vários aspetos da minha vida, sobre as atividades que eu poderia promover para melhorar a qualidade de trabalho e de saúde deles. (P29; julho, 2017)

A experiência, embora desafiadora, gerou um sentimento de gratidão, reciprocidade e emancipação nos alunos. Sentiram-se reconhecidos e valorizados pelos membros da associação de reciclagem pelo trabalho realizado durante o semestre. Admitiram que a experiência foi única e indescritível e que todas as pessoas deveriam vivê-la.

Estivemos apenas alguns dias lá, mas foi incrível. A sensação de ser capaz de ajudar as pessoas e ganhar novas experiências é indescritível. É algo que todas as pessoas devem sentir. Os trabalhadores visitaram a nossa instituição e relataram que a nossa ajuda no semestre foi essencial e que o trabalho que realizámos num dia equivalia a 3 dias de trabalho para eles. Isto foi extremamente gratificante para nós. Considerei estes dias na associação de reciclagem como os mais importantes do semestre, porque pudemos ver a realidade da comunidade e realizar práticas que nos tornaram melhores. Foi uma experiência única que acho que todos deviam ter. (P6; novembro, 2016)

Com as atividades na associação de reciclagem, tornei-me outra pessoa. Ouvir aquelas simples trabalhadoras a contarem as suas histórias gerou em mim uma verdadeira transformação de vida. Eu fiquei muito impressionado com o discurso de uma mulher: Eu amo o que faço, tentei trabalhar noutras áreas, mas voltei para a reciclagem, porque é onde me sinto em casa e me sinto como uma família. Guardarei estes momentos na memória para sempre, pois é uma bela lição de vida que todos deveriam experimentar. (P12; novembro, 2016)

Em suma, os resultados deste estudo mostram que os estudantes e os membros da associação de reciclagem cresceram e transformaram-se neste movimento de desconstruções, construções e reconstruções dialógicas e emancipatórias. Enquanto os membros se sentiram honrados e valorizados nos seus papéis, aparentemente invisíveis para a sociedade, os alunos sentiram-se desafiados, estimulados e corresponsáveis pelo melhoramento da qualidade de vida dos trabalhadores. Através deste processo interativo e associativo, todos os envolvidos, ou seja, estudantes e trabalhadores da associação de reciclagem empoderaram-se como protagonistas de uma nova história.

 

Discussão

O processo de desconstrução, construção e reconstrução de saberes e práticas sociais só é possível através da inserção na realidade concreta, baseada em abordagens dialógicas. Para Morin (2015) é necessário, em primeiro lugar, conhecer e reconhecer que apenas se sabe um pouco sobre o conhecimento e/ou a organização particular de associações de reciclagem. Em segundo lugar, é necessário reconhecer a necessidade de diálogo com o mundo ou com as chamadas organizações específicas para, assim, partilharem os seus próprios saberes. Por último, é necessário ponderar algumas intervenções relacionadas com a promoção da saúde e da educação.

O empreendedorismo social, muito mais do que discursos ou um programa de ajuda à pobreza, implica uma abordagem dialógica inserida no que Morin afirmou ou um diálogo com o ambiente circundante. O empreendedorismo social baseado nesta conceção dialógica com a realidade concreta significa potencializar os elementos essenciais que garantam a auto-organização de grupos específicos, sem prejudicar/atacar a organização em particular - a única garantia de sobrevivência. Além disso, promover o empreendedorismo social sem levar em conta a organização particular dos indivíduos e das comunidades leva à mutilação do que lhes resta como sendo o mais sagrado e vital - a sua própria organização e vitalismo.

Face a isto, uma estratégia importante para a qualificação e a atribuição de um novo significado para a prática social dos enfermeiros implica a formação profissional para o empreendedorismo e o protagonismo social. A formação profissional, tal como foi expressa pelos respondentes e apoiada por estudiosos da área, já não pode ser limitada à sala de aula e à produção descontextualizada de conhecimento. A formação de profissionais de saúde/enfermagem precisa de se articular com as exigências sociais emergentes no sentido de alargar as competências interativas e associativas, maximizando o conhecimento sobre a realidade concreta dos indivíduos (Aguiar et al., 2012; Backes et al., 2009).

Há uma necessidade urgente de mudança na maneira de produzir conhecimento académico (Cornell et al., 2013). Apenas o conhecimento pertinente é capaz de situar qualquer informação no seu verdadeiro contexto, tendo em conta que este progride, não tanto pela sofisticação, formalização ou acumulação, mas pela sua capacidade de contextualizar, reconectar e globalizar. O conhecimento pertinente deve orientar o aluno de forma a participar reflexiva e criticamente no seu processo de construção através da perceção do mundo real, motivado pela rede de relações, interações e associações dinâmicas que se encontram em constante transformação.

É necessário superar gradualmente as abordagens reducionistas e assistencialistas de intervenção social, estimulando a metodologias ativas de construção de conhecimento. Segundo a lógica do mercado competitivo, os enfermeiros precisam de ser capazes de atuar em diferentes cenários de modo a explorarem novas práticas/tecnologias e contribuírem para uma forma criativa e responsável de desenvolvimento social sustentável. A produção de conhecimento deve integrar progressivamente a perspetiva paradoxal de certezas e incertezas, a fim de reduzir as barreiras de conhecimento (Altman, & Brinker, 2016; Backes, Backes, Erdmann, & Büscher, 2012).

A formação profissional, através dos conceitos de empreendedorismo social, requer necessariamente o desenvolvimento de metodologias participativas e ativas, bem como a criação de ambientes estimulantes capazes de fomentar a criatividade, a iniciativa e a autorreflexão. Neste processo, o educador como líder de opinião desempenha um papel mediador. Além de fornecer respostas prontas, verdades absolutas ou certezas sobre o futuro, o educador deve entender e despertar a mente humana para a responsabilidade e o compromisso sociais (Sarikaya & Coskun, 2015).

Para os estudiosos da área, o empreendedorismo social depende de um conjunto complexo de processos que interligam diferentes agentes, pois entendem que as inovações resultam de redes associativas, em que os problemas e as necessidades dos indivíduos e o potencial das tecnologias podem ser associados de forma criativa e aperfeiçoadas entre si (Lisetchi & Brancu, 2014).

Formar enfermeiros para serem empreendedores sociais implica, segundo esta visão, criar profissionais abertos e flexíveis para o que é novo e diferente. Profissionais capazes de identificar oportunidades no meio de contradições e a possibilidade de uma nova ordem dentro de uma desordem, incerteza e caos. Segundo a lógica do empreendedorismo social, a universidade tem uma dupla função: contribuir para o despertar de uma cultura empreendedora e gerar novas tecnologias para a inclusão social através do ensino, da investigação e da extensão. Além disso, tanto os professores como os estudantes têm a responsabilidade de serem agentes promotores, isto é, protagonistas de uma nova história (Backes et al., 2012).

Portanto, o empreendedorismo social traduz-se em gestos de solidariedade, na capacidade de lidar com incertezas e no diálogo com diferentes realidades. E, além disso, na capacidade de integrar a ordem e a desordem e, através da interação em redes e parcerias, consolidar uma nova ordem social, através da inclusão de diferentes organizações privadas. O empreendedorismo social só ocorre através de atitudes profissionais responsáveis, ousadas, criativas e inovadoras, baseadas na participação ativa em políticas sociais e de saúde.

 

Conclusão

O significado de atividades de empreendedorismo social numa associação de reciclagem configura-se como um processo de construção, desconstrução e reconstrução de conhecimento pré-concebido. O seu significado transcende limites pessoais e sociais e permite um movimento de aproximação, identificação e translação de saberes e práticas. Além disso, resulta numa mudança de hábitos e atitudes, na expansão de conceitos e no repensar de comportamentos diários que não se esgotam no saber científico.

É preciso considerar-se e discutir-se uma limitação deste estudo acerca do tamanho da amostra. O número de participantes é limitado para generalizações. Por outro lado, tendo em conta a natureza da Grounded Theory, o presente estudo também tem uma generalização limitada e os autores reconhecem que a sua integração na investigação pode ter influenciado a construção e interpretação de dados.

Os dados recolhidos permitiram descrever e fornecer uma compreensão contextualizada e pormenorizada das experiências globais deste processo de aprendizagem, de forma a contribuir para a aplicação de conhecimentos nesta área de investigação. Assim, relativamente às implicações deste estudo para a teoria/prática e a investigação, este pode contribuir para a adição de conhecimento sobre um tema que ainda não foi explorado de forma qualitativa e que necessita de obter contribuições originais. O presente estudo destaca a necessidade de se construir um conhecimento profissional que consista não apenas na aplicação da teoria na prática, mas também na investigação sobre a prática de modo a fazer sentido para a teoria. O confronto de conhecimentos, com base na construção de um conhecimento teórico sobre a prática, irá contribuir não só para a melhoria das competências profissionais de quem o produz, mas também para o desenvolvimento social sustentável. Por outro lado, o desenvolvimento do modelo teórico que explica o fenómeno estudado é uma contribuição substancial para a formação de estudantes de enfermagem e para a orientação de políticas de saúde, permitindo, entre outros benefícios, a melhoria dos cuidados de enfermagem e, consequentemente, da qualidade de vida do ser humano.

 

Referências bibliográficas

Altman, M., & Brinker, D. (2016). Nursing social entrepreneurship leads to positive change. Nursing Management, 47(7), 28-32. doi:10.1097/01.NUMA.0000484476.21855.50        [ Links ]

Aguiar, M. I., Braga, H. P., Violante, A. B., Aquino, P. S., Pinheiro, A. K., & Ximenes, L. B. (2012). Nurse competencies for health promotion in the mental health context. Acta Paulista de Enfermagem, 25(spe.2), 157-163. doi:10.1590/S0103-21002012000900025        [ Links ]

Backes, D. S., Zamberlan, C., Colomé, J., Souza, M. T., Marchiori, M. T., Lorenzini Erdmann, A., & Salazar-Maya, A. M. (2016). Interatividade sistémica entre os conceitos interdependentes de cuidado de enfermagem. Aquichán, 16(1), 24-31. doi:10.5294/aqui.2016.16.1.4        [ Links ]

Backes, D. S., Ilha, S., Weissheimer, A. S., Halberstadt, B. M., Megier, E. R., & Machado, R. (2016). Atividades socialmente empreendedoras na enfermagem: Contribuições à saúde/viver saudável. Revista Escola Anna Nery, 20(1), 77-82. doi:10.5935/1414-8145.20160011        [ Links ]

Backes, D., Erdmann, A. L., & Büscher, A. (2009). Demonstrating nursing care as a social practice. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 17(6), 988-994. doi:10.1590/S0104-11692009000600010        [ Links ]

Backes, M. T., Backes, D. S., Erdmann, A. L., & Büscher, A. (2012). Significado de viver saudável em uma comunidade socialmente vulnerável no Sul do Brasil. Acta Paulista de Enfermagem, 25(2), 190-196. doi:10.1590/S0103-21002012000200006        [ Links ]

Charmaz, K. (2006). Grounded theory: A practical guide through qualitative analysis. Thousand Oaks, CA: Sage.         [ Links ]

Cornell, S., Berkhout, F., Willemijn, T., Tàbara, D., Jäger, J., Chabay, L., … Kerkhoff, L. (2013). Opening up knowledge systems for better responses to global environmental change. Environmental Science & Policy, 28, 60-70. doi:10.1016/j.envsci.2012.11.008

Dees, J. G. (2007). Taking social entrepreneurship seriously. Society, 44(3), 24-31. Recuperado de https://centers.fuqua.duke.edu/case/wp-content/uploads/sites/7/2015/02/Article_Dees_TakingSESeriously_2007.pdf        [ Links ]

Drayton, W., Brown, C., & Hillhouse, K. (2006). Integrating social entrepreneurs into the “health for all” formula. Bull World Health Organ, 84(8), 591-591. doi:10.1590/S0042-96862006000800003

Drucker, P. (2012). Inovação e espírito empreendedor: Prática e princípios. São Paulo, Brasil: Cengage Learning.         [ Links ]

Fernandes, J. D., & Rebouças, L. C. (2013). Uma década de diretrizes curriculares nacionais para a graduação em enfermagem: Avanços e desafios. Revista Brasileira de Enfermagem, 66(spe), 95-101. doi:10.1590/S0034-71672013000700013        [ Links ]

Gilmartin, M. (2013). Principles and practices of social entrepreneurship for nursing. Journal of Nursing Education, 52(11), 641-644. doi:10.3928/01484834-20131014-03        [ Links ]

Hernández, D., Carrión, D., Perotte, A., & Fullilove, R. (2014). Public health entrepreneurs: Training the next generation of public health innovators. Public Health Reports, 129(6), 477–481. doi:10.1177/003335491412900604        [ Links ]

International Council of Nurses. (2004). Guidelines on the nurse entre/intrapreneur providing nursing service. Geneva, Switzerland: Author.         [ Links ]

Lisetchi, M., & Brancu, L. (2014). The entrepreneurship concept as a subject of social innovation. Procedia: Social and Behavioral Sciences, 124, 87-92. doi:10.1016/j.sbspro.2014.02.463        [ Links ]

Morin, E. (2015). Os sete saberes necessários à educação do futuro (10ª ed.). São Paulo, Brasil: Cortez Editora.         [ Links ]

Richards, L., & Morse, J. (2007). Readme first for a user’s guide to qualitative methods. Thousand Oaks, CA: Sage.         [ Links ]

Sarikaya, M., & Coskun, E. (2015). A new approach in preschool education: Social entrepreneurship education. Procedia: Social and Behavioral Sciences, 195(3), 888-894. doi:10.1016/j.sbspro.2015.06.368        [ Links ]

Strauss, A., & Corbin, J. (1990). Basics of qualitative research: Grounded theory procedures and techniques. São Paulo, Brasil: Lage Publications.         [ Links ]

Strauss, A., & Corbin, J. (2008). Pesquisa qualitativa: Técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. Porto Alegre, Brasil: Artmed.         [ Links ]

 

Recebido para publicação em: 07.09.18

Aceite para publicação em: 20.11.18

Creative Commons License Todo el contenido de esta revista, excepto dónde está identificado, está bajo una Licencia Creative Commons