Editorial

Este número de Sociologia, Problemas e Práticas é composto por sete artigos e um registo, versando a análise de um leque abrangente de temas, desde as relações sociais de género e os afectos interclassistas às práticas de promoção da cultura científica, às modalidades de associativismo juvenil, às estratégias de desenvolvimento urbano e, ainda, a um conjunto de reflexões metodológicas sobre o acesso a informação estatística oficial para investigação sociológica.

O artigo de Isabel Dias centra-se na problemática do assédio sexual no trabalho, perspectivado enquanto forma de violência praticada sobre o sexo feminino. A autora contextualiza o fenómeno e aborda a sua conceptualização na literatura internacional, reflectindo sobre as respectivas causas e as possíveis medidas de política que o possam contrariar.

Os relacionamentos amorosos entre rapazes residentes em favelas e jovens adolescentes oriundas das classes média e alta da cidade do Rio de Janeiro são explorados por Liane Silveira, a partir de uma pesquisa que combina entrevistas a protagonistas destas práticas e a análise das notícias que sobre essa realidade têm sido publicadas pela imprensa carioca.

O texto de Cristina Palma Conceição, Maria do Carmo Gomes, Inês Pereira, Pedro Abrantes e António Firmino da Costa apresenta uma reflexão sobre o que tem sido, desde há vários anos, a experiência de desenvolvimento de actividades de promoção de cultura científica no quadro de uma unidade de investigação em sociologia.

João Areosa e Graça Carapinheiro examinam as relações sociais de trabalho de profissionais de saúde em contexto hospitalar, as posições relativas das diferentes profissões e respectivos saberes, apresentando aqui alguns dos principais resultados do estudo realizado num serviço de imagiologia, através de metodologias de observação directa e participante.

O associativismo voluntário e as especificidades que assume na produção de uma cultura cívica e política das jovens gerações, contribuindo para consolidar o sentido de cidadania, é o tema de que Pedro Moura Ferreira trata no seu artigo, resultante da pesquisa extensiva realizada junto de jovens continentais portugueses, associados e não associados.

Sofia Santos discute as “imagens da cidade planeada” com base na análise dos documentos em que assentam as estratégias de desenvolvimento da cidade de Lisboa, e a partir da articulação que identifica entre a economia da cultura, o sector do turismo e o marketing urbano, questionando-se se a par da produção da imagem de diversidade cultural se encontra uma efectiva revitalização do espaço público.

Por fim, Rosário Mauritti tece algumas considerações metodológicas sobre o processo de obtenção de dados estatísticos produzidos pelas instituições oficiais nacionais e europeias que permitam o estudo da mono-residencialidade.

Maria das Dores Guerreiro