SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número50Conceptos de cambio y aprendizaje en organizaciones: aporte para el análisis de la producción de conocimientosO Humanitário como terreno de pesquisa índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

Links relacionados

  • No hay articulos similaresSimilares en SciELO

Compartir


Sociologia, Problemas e Práticas

versión impresa ISSN 0873-6529

Sociologia, Problemas e Práticas  n.50 Oeiras ene. 2006

 

Condição pós-nacional da cidadania política

Pensar a integração de residentes não-nacionais em Portugal

Isabel Estrada Carvalhais 1

 

Resumo

Condição pós-nacional da cidadania política: pensar a integração de residentes não-nacionais em Portugal

Um estudo realizado a propósito da integração política de não-nacionais em Portugal, mostra que, não obstante avanços recentes no sentido de lhes atribuir uma cidadania também política, Portugal só muito tenuemente começa a compreender o valor (e até mesmo a inevitabilidade) de um estatuto de direitos sociais e políticos acessível a todos os residentes, capaz de harmonizar as práticas e discursos da sua democracia com a evidência da sua crescente pluralidade humana. A adesão a esta lógica “pós-nacional” luta todavia contra muitos obstáculos, entre eles: a ideia de que cidadania social é viável sem cidadania política, e de que apenas a primeira interessa tanto a nacionais como a não-nacionais. A ideia de que para a construção pós-nacional basta seguir a via da cidadania social sofre no entanto de um duplo vício: impede o desenvolvimento do potencial inclusor da democracia — em virtude do agrilhoamento da esfera política ao velho paradigma nacional; ao mesmo tempo que, frisando a suposta decadência da dimensão política da cidadania, acaba por retirar à cidadania social um dos seus mais importantes espaços de luta e de garantia de direitos conquistados.

Palavras-chave Participação política, residentes não-nacionais, cidadania pós-nacional.

 

Abstract

The post-national condition of political citizenship: thinking about the integration of non-national residents in Portugal

A study on the political integration of non-national residents in Portugal reveals that, despite recent steps towards granting both social and political rights to non-national residents, the country is still far from a complete understanding of the meaning and relevance of admitting non-national residents to its political sphere. There are a number of obstacles in the way of achieving this “post-national” understanding, such as the idea that social citizenship is viable without political citizenship, and that social citizenship is what actually matters to nationals and non-nationals’ daily lives. Ideas like these keep democracy encapsulated in the old national paradigm, constraining its ability to be more inclusive. At the same time, while highlighting the supposed demise of the political dimension of citizenship, they in fact deprive social citizenship of an important battleground and arena in which earlier social gains are safeguarded.

Key-words Political participation, non-national residents, post-national citizenship

 

Résumé

Condition post-nationale de la citoyenneté politique: penser l’intégration des résidents non nationaux au Portugal

Une étude réalisée à propos de l’intégration politique des non nationaux au Portugal montre que, malgré les récents progrès visant l’attribution d’une citoyenneté également politique, le Portugal ne commence que très lentement à comprendre la valeur (voire l’inévitabilité) d’un statut de droits sociaux et politiques accessible à tous les résidents, de nature à harmoniser les pratiques et les discours démocratiques avec l’évidence d’une pluralité humaine croissante. L’adhésion à cette logique post-nationale se heure à plusieurs obstacles, parmi lesquels l’idée que la démocratie sociale est viable sans une citoyenneté politique, et que seule la première importe aux nationaux et aux non nationaux. Cependant, l’idée qu’il suffit de poursuivre le chemin de la citoyenneté sociale pour bâtir une démocratie post-nationale souffre d’un double vice: d’une part, elle empêche le développement du potentiel d’insertion de la démocratie — en conséquence de la sujétion de la sphère politique au vieux paradigme national; d’autre part, en même temps qu’elle souligne la soi-disant décadence de la dimension politique de la citoyenneté, elle soustrait à la citoyenneté sociale un de ses espaces les plus importants de lutte et de garantie des droits acquis.

Mots-clés Participation politique, résidents non nationaux, citoyenneté post-nationale.

 

Resumen

Condición pos-nacional de la ciudadanía política: pensar la integración de residentes no nacionales en Portugal

Un estudio realizado en relación a la integración política de los residentes no nacionales en Portugal, demuestra que a pesar de los recientes avances con vistas a atribuirles una ciudadanía también política, muy tenuemente, Portugal comienza a comprender el valor (e incluso lo inevitable que es) de un estatuto de derechos sociales y políticos accesible a todos los residentes, capaz de armonizar las prácticas y discursos de su democracia con la evidencia de su creciente pluralidad humana. La adhesión a esta lógica “pos-nacional”, todavía se enfrenta a muchos obstáculos, entre ellos: la idea de que la ciudadanía social es viable, en democracia, sin ciudadanía política, y que apenas la primera interesa tanto a los nacionales como a los no nacionales. La idea de que para la construcción post-nacional basta seguir la vía de la ciudadanía social sufre, sin embargo, un doble vicio: impide el desarrollo de aquello que potencialmente incluye la democracia — en virtud de la coacción de la esfera política al viejo paradigma nacional; al mismo tiempo que, rozando la supuesta decadencia de la dimensión política de la ciudadanía, acaba por retirarle a la ciudadanía social uno de sus más importantes espacios de lucha y de garantía de derechos conquistados.

Palabras-clave Participación política, residentes no-nacionales, ciudadanía pos-nacional.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

Referências bibliográficas

Albuquerque, Rosana, Lígia Évora Ferreira, e Telma Viegas (2000), O Fenómeno Associativo em Contexto Imigratório, Oeiras, Celta Editora.        [ Links ]

Bellamy, Richard, Dario Castiglione, e Emilio Santori (2004), Lineages of European Citizenship: Rights, Belonging and Participation in Eleven Nation-States, Houndmills, Basingstoke, Hampshire, Palgrave Macmillan.

Beyme, Klaus von (1985), Political Parties in Western Democracies, Aldershot, Gower (trad. Eileen Martin).

Brubaker, William Rogers (1996), Nationalism Reframed: Nationhood and the National Question in the New Europe, Cambridge, Cambridge University Press.

Cabral, Manuel Villaverde (1997), Cidadania Política e Equidade Social em Portugal, Oeiras, Celta Editora.

Cabral, Manuel Villaverde (2000), “O exercício da cidadania política em Portugal”, em Manuel Villaverde Cabral, Jorge Vala e João Freire (orgs.), Trabalho e Cidadania (1), Lisboa, ICS-UL, pp. 123-159.

Canotilho, José Gomes, e Vital Moreira (2003), Constituição da República Portuguesa: Lei do Tribunal Constitucional (6.ª ed.), Coimbra, Coimbra Editora.

Carens, Joseph H. (1989), “Membership and morality”, em William Rogers Brubaker (org.), Immigration and the Politics of Citizenship, Boston, University Press of America and the German Marshall Fund, pp. 31- 49.

Carvalhais, Isabel Estrada (2004), Os Desafios da Cidadania Pós-Nacional, Porto, Afrontamento.

Czaja, Ronald, e Johnny Blair (1996), Designing Surveys: A Guide to Decisions and Procedures, Thousand Oaks, Pine Forged Press.

Dahrendorf, Ralf (1994), “The changing quality of citizenship”, em Bart van Steenbergen (org.), The Condition of Citizenship, Londres, Sage, pp. 10-19.

Dexter, Lewis Anthony (1970), Elite and Specialized Interviewing, Evanston, Northwestern University Press.

Esteves, Maria do Céu (org.) (1991), Portugal: País de Imigração, Lisboa, IED.

Feldblum, Miriam (1998), “Reconfiguring citizenship in Western Europe”, em Christian Joppke (org.), Challenge to the Nation State: Immigration in Western Europe and the United States, Oxford, Oxford University Press, pp. 231-270.

Flora, Peter, Stein Kuhlne, e Derek Urwin (orgs.) (1999), State Formation, Nation-Building, and Mass Politics in Europe: The Theory of Stein Rokkan, Based on his Collected Works, Oxford, Oxford University Press.

Fortes, Baulio Gomez (2003), “Elites parlamentares de Espanha e de Portugal: estrutura de oportunidades, formas e efeitos de recrutamento”, em António Costa Pinto e André Freire (orgs.), Elites, Sociedade e Mudança Política, Oeiras, Celta Editora, pp. 217-248.

Freire, André (2001), Modelos do Comportamento Eleitoral: Uma Breve Introdução Crítica, Oeiras, Celta Editora.

Freire, André (2002), “Realinhamentos eleitorais, 1983-1999: estruturas sociais, economia e voto partidário”, Análise Social, XXXVII (162), pp. 102-118.

Freire, André (2003), “Pós-materialismo e comportamentos políticos: o caso português em perspectiva comparativa”, em Jorge Vala, Manuel Villaverde Cabral e Alice Ramos (orgs.), Valores Sociais: Mudanças e Contrastes em Portugal e na Europa, Lisboa, ICS-UL/Imprensa da Ciências Sociais, pp. 295-361.

Freire, André e outros (2002), O Parlamento Português: Uma Reforma Necessária, Lisboa, ICS-UL.

Gamble, Andrew (1981), An Introduction to Modern Social and Political Thought, Londres, Macmillan.

Glaser, Barney G., e Anselm L. Strauss (1967), The Discovery of Grounded Theory, Chicago, Aldine.

Gorden, Raymond L. (1975), Interviewing: Strategy, Techniques, and Tactics (ed. rev.), Homewood III, Dorsey Press.

Gunther, Richard, e P. Nikiforos Diamandouros (orgs.) (2001), Parties, Politics and Democracy in Southern Europe, Baltimore, The John Hopkins University.

Habermas, Jurgen (1994), “Citizenship and national identity”, em Bart van Steenbergen, (org.), The Condition of Citizenship, Londres, Sage, pp. 20-35.

Hechter, Michael (1975), Internal Colonialism: The Celtic Fringe in British National Development, 1536-1966, Londres, Routledge and Kegan Paul.

Heimer, Franz Wilhelm, Jorge Vala, e José Manuel Leite Viegas (1990), “Padrões de cultura política em Portugal: atitudes em relação à democracia”, Análise Social, XXV (105-106), pp. 31-56.

Kent, Gerry (2000), “Ethical principles”, em Dawn Burton (org.), Research Training for Social Scientists, Londres, Sage, pp. 61-7.

Klingemann, Hans-Dieter, e Dieter Fuchs (orgs.) (1995), Citizens and the State, Oxford, Nova Iorque, Oxford University Press.

Leeh, Beth L. (2002), “Asking questions: techniques for semistructured interviews”, Political Science and Politics, 35 (4), pp. 665-8.

Lipset, Seymour M., e Stein Rokkan (1967), “Cleavage structures, party systems, and voter alignments: an introduction”, em Seymour M. Lipset e Stein Rokkan (orgs.), Party Systems and Voter Alignments: Cross-National Perspectives, Nova Iorque, Free Press, pp. 1-64.

Lobo, Marina Costa (2003), “A elite partidária em Portugal, 1976-2002: dirigentes, deputados e membros do governo”, em António Costa Pinto e André Freire (orgs.), Elites, Sociedade e Mudança Política, Oeiras, Celta Editora, pp. 249-275.

Marquand, David (1997), The New Reckoning: Capitalism, States and Citizens, Cambridge, Polity Press.

Marshall, T.H. (1950), Citizenship and social class and other essays, Cambridge, Cambridge University Press.

Patton, Michael Quinn (1990), Qualitative Evaluation and Research Methods (3.ª ed.), Londres, Sage.

Pinto, António Costa, e André Freire (orgs.) (2003), Elites, Sociedade e Mudança Política. Oeiras, Celta Editora.

Pires, Rui Pena (2003), Migrações e Integração: Teoria e Aplicações à Sociedade Portuguesa, Oeiras, Celta Editora.

Porta, Donatella Della (2003), Introdução à Ciência Política, Lisboa, Editorial Estampa.

Ramos, Rui (2004), “Portuguese, but not citizens: restricted citizenship in contemporary Portugal”, em Richard Bellamy, Dario Castiglione e Emilio Santori (orgs.), Lineages of European Citizenship: Rights, Belonging and Participation in Eleven Nation-States, Houndmills, Basingstoke, Hampshire, Palgrave Macmillan, pp. 92-112.

Rokkan, Stein (1970), Citizens, Elections and Parties: Approaches to the Comparative Study of the Processes of Development, Oslo, Universitetsforlaget.

Santos, Boaventura de Sousa (1993), Portugal: Um Retrato Singular, Porto, Afrontamento.

Schwartz, Stuart B. (2004), “O mundo da era moderna era muito mais móvel do que pensamos”, Revista História, 63, pp. 18-23.

Soysal, Yasmin N. (1994), Limits of Citizenship: Migrants and Postnational Membership in Europe, Chicago, The University of Chicago.

Steenbergen, Bart van (org.) (1994), The Condition of Citizenship, Londres, Sage.

Stroh, Matt (2000), “Qualitative interviews”, em Dawn Burton (org.), Research Training for Social Scientists, Londres, Sage, pp. 196-214.

Strudel, Sylvie (2003), “Polyrythme européenne: le droit de suffrage municipal des étrangers au sein de l’union, une règle électorale entre détournements et retardements”, Revue Française de Science Politique, 53 (1), pp. 3-34.

Valles, Miguel S. (1999), Técnicas Cualitativas de Investigación Social: Reflexión Metodológica y Práctica Profesional, Madrid, Síntesis.

Waldrauch, Harald (2003), “Electoral rights for foreign nationals: a comparative overview of regulations in 36 countries”, National Europe Centre Paper 73. URL: http://www.anu.edu.au/NEC/waldrauch_paper.pdf

Weiss, Linda (1998), The Myth of the Powerless State: Governing the Economy in a Global Era, Cambridge, Polity Press.

 

1 Professora auxiliar no Departamento de Relações Internacionais e Administração Pública, e investigadora do Núcleo de Investigação Ciência Política e Relações Internacionais, na Universidade do Minho. E-mail: isabelestrada@eeg.uminho.pt

Creative Commons License Todo el contenido de esta revista, excepto dónde está identificado, está bajo una Licencia Creative Commons