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Sociologia, Problemas e Práticas

versión impresa ISSN 0873-6529

Sociologia, Problemas e Práticas  n.49 Oeiras sep. 2005

 

Editorial

Não deixará de constituir uma revelação para alguns o artigo com que abrimos este volume. Habituados que porventura estejam a tomar por objecto de estudo sociológico colectivos sociais, ainda que de diferentes ordens de grandeza, deparam-se com a perspectiva de Bernard Lahire que defende e pratica “uma sociologia à escala individual”. Reexaminando o conceito de disposição, tal como foi utilizado por Pierre Bourdieu, Bernard Lahire propõe uma sociologia da pluralidade disposicional para a compreensão das variações inter e intra-individuais, no pressuposto de que a diferentes contextos estão associadas disposições e acções também diferentes, quando não contraditórias.

É igualmente de disposições, incorporadas ou a incorporar, que trata o artigo de João Teixeira Lopes. O autor apresenta uma reflexão crítica acerca da “violência simbólica”, em seu entender praticada sobre os novos públicos da cultura, a quem são dirigidos os “novos manuais de civilidade”. Elaborados com o intuito de colmatar défices de capital cultural, tais manuais pretenderão, nas palavras do autor, “domesticar” arbitrariamente os habitus dos agentes sociais pouco familiarizados com os “mundos da cultura”, sem atender devidamente aos constrangimentos institucionais da produção e aos contextos de recepção.

José Machado Pais problematiza o conceito de cidadania e considera as dificuldades da sua operacionalização, nomeadamente quando projectado para o universo plural dos jovens e convocado para a formulação de políticas de juventude. Conceitos como os de grounded policies e de “cidadania participada” — que atendam às especificidades e diversidades — são avançados por Machado Pais como modo de internalizar e reconhecer direitos dos jovens e de, com e para eles, desenhar “mapas de futuro”. As problemáticas ligadas aos jovens estão ainda presentes num outro artigo, o de Maria João Leote de Carvalho, que estudou trajectórias de desvio e delinquência juvenil. Analisando processos e biografias de jovens institucionalizados, a autora constata a forte associação existente entre as suas trajectórias e contextos familiares instáveis, de pobreza e de exclusão, tanto a montante como a jusante dos respectivos percursos de vida.

O artigo de Adelino Gomes constitui um contributo importante para o conhecimento do que são os “antecedentes clássicos” da sociologia portuguesa, na expressão de Fernando Luís Machado a que Adelino Gomes faz referência. Focando as décadas de 50 e 60 do século passado, mostra como na génese da institucionalização da sociologia em Portugal se encontram os movimentos católicos e os primeiros estudos sobre a situação universitária daquela época.

Este número encerra com um ensaio de António Pedro Dores, a propósito da obra de António Damásio, e uma nota de pesquisa de Susana da Cruz Martins, a qual, através da utilização de diversos indicadores socioeducacionais, evidencia os actuais défices educativos de Portugal no contexto da União Europeia.

Maria das Dores Guerreiro

 

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