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Sociologia, Problemas e Práticas

versão impressa ISSN 0873-6529

Sociologia, Problemas e Práticas  n.41 Oeiras jan. 2003

 

Editorial

Se porventura ainda restassem dúvidas sobre o interesse que a análise sociológica também coloca na compreensão de fenómenos que enquanto problemas sociais se impõem às agendas políticas e mediáticas, o presente número de Sociologia, Problemas e Práticas, através de grande parte dos artigos que publica, contribuiria para as desvanecer. Os problemas da imigração e da integração social das populações migrantes, das construções identitárias dos jovens e da violência nas escolas, da literexclusão e, ainda, os da descentralização política e administrativa e respectivas implicações, são aqui temas que constituem objecto de investigação em sociologia.

A problemática da imigração, designadamente, tem tido presença recorrente nas últimas edições de Sociologia, Problemas e Práticas. Com foros de cada vez maior importância no actual contexto da globalização, e com particular acuidade na sociedade portuguesa, onde tem sido alvo de diversas e recentes intervenções políticas, os seus vários contornos estão a merecer a atenção de crescente número de investigadores. No artigo sobre a integração social dos imigrantes no nosso país, Maria Margarida Marques e Maria João Valente Rosa tecem uma reflexão sobre a tese da singularidade dos países da Europa do Sul em matéria de imigração, a qual procuram discutir e relativizar com base no caso português. A partir da análise minuciosa de um conjunto vasto de indicadores demográficos e sociais, bem como das políticas de integração dos imigrantes, as autoras questionam essa perspectiva de “excepcionalidade” e sugerem o seu carácter de construção ideológica. É ainda sobre o fenómeno da imigração em Portugal que incide a rubrica “registo”, em cujo texto Fernando Luís Machado relembra o facto de continuarmos a ser igualmente um país de emigração e se interroga sobre o lugar que a segunda vaga de imigração, dos chamados países de Leste, virá futuramente a ocupar no nosso mercado de trabalho.

A violência na escola é abordada por João Sebastião, Mariana Gaio Alves e Joana Campos. Tomando por objecto a análise de vários trabalhos realizados sobre o tema, os autores procuram desmontar concepções de senso comum sobre violência, identificar algumas das principais dimensões do fenómeno abordadas nos estudos existentes e propor novos programas de pesquisa que superem as limitações com que se depararam. Também sobre a escola incide o artigo de Pedro Abrantes. O autor analisa as identidades juvenis e as dinâmicas de escolaridade a partir de uma investigação efectuada junto de alunos do ensino secundário e mostra que, para além da importância das condições estruturais, as disposições e identidades dos jovens são em grande parte produzidas a partir das situações locais e informais que no espaço da escola enformam as dinâmicas de interacção. Um domínio próximo das problemáticas da escola, mas relativo a populações adultas, é o do texto em que Maria do Carmo Gomes analisa de forma qualitativa alguns dos mecanismos sociais através dos quais a literacia constitui uma dimensão importante de inclusão e exclusão social. Ainda no campo dos saberes, neste caso tecnológicos, e recorrendo do mesmo modo a procedimentos de pesquisa qualitativos, Cristina Palma Conceição apresenta-nos um estudo que tem como protagonista uma categoria social até agora muito pouco estudada, a dos inventores independentes.

Por fim, num outro tipo de abordagem, Juan Mozzicafreddo tece uma aprofundada reflexão em torno das questões do desenvolvimento regional e da descentralização administrativa, propondo uma sistematização teórica acerca dessas políticas, tendo como enquadramento de fundo as problemáticas da democracia e da modernização, e tomando como referência empírica o caso português.

Maria das Dores Guerreiro

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