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Sociologia, Problemas e Práticas

versión impresa ISSN 0873-6529

Sociologia, Problemas e Práticas  n.38 Oeiras mayo 2002

 

Editorial

A consolidação do projecto editorial que a revista Sociologia, Problemas e Práticas representa e o reconhecimento que tem granjeado junto da comunidade das ciências sociais, de que é reflexo o crescente número de artigos propostos a publicação provenientes de diferentes quadrantes institucionais e geográficos, justificam que esta se oriente por parâmetros que reafirmem a sua qualidade científica e a projectem internacionalmente em espaços que, devido nomeadamente a barreiras linguísticas, têm permanecido alheados do debate científico veiculado por publicações de língua portuguesa.

É nesse sentido que vão algumas decisões recentemente tomadas, como a de constituir um conselho editorial de composição internacional, incluindo um amplo leque de reputados cientistas sociais — com o intuito de dar pareceres e fazer aconselhamento acerca das orientações editoriais —, a inscrição da revista nalguns dos principais sistemas internacionais de referenciação científica e, ainda, a possibilidade de publicação de textos em quatro línguas diferentes — português, inglês, francês e espanhol — que este ano de 2002, e com este número 38, se inicia.

Na senda do que tem sido hábito ultimamente, também o presente número pode contar com a colaboração de autores de outras nacionalidades, desta vez oriundos de um país a que nos ligam estreitos laços históricos e culturais: o Brasil. Trata-se de nomes que constituem referência importante para sociólogos e outros cientistas sociais portugueses. É o caso de Gilberto Velho, cuja obra é entre nós conhecida e estudada desde finais dos anos 70, quando em Portugal se formavam os primeiros licenciados em sociologia, e desde então inspiradora de muita da investigação sociológica e antropológica que se tem realizado, nomeadamente sobre contextos urbanos. No texto que dele aqui se publica, num registo de índole biográfica, Gilberto Velho refere os seus contactos com a Escola de Chicago ao mesmo tempo que analisa os contributos de Erving Goffman e de Howard S. Becker para o desenvolvimento das ciências sociais brasileiras.

Alba Zaluar, outra cientista social brasileira de grande reputação, problematiza a violência e a segurança pública. Partindo do paradoxo que na história recente do Brasil associa a redemocratização do país ao crescimento da criminalidade, e de oito enunciados em que sintetiza o discurso mediático e analítico sobre o tema, a autora questiona a capacidade interpretativa de algumas abordagens habituais. Propõe que outras sejam convocadas para a compreensão do fenómeno e a definição de políticas públicas adequadas, numa reflexão cujo alcance se perfila muito para além da realidade social brasileira.

É também da análise de políticas que trata o artigo de Pedro Adão e Silva, que desenvolve uma reflexão sobre o modelo de welfare dos países da Europa do Sul, tomando como referência a conceptualização de Esping-Andersen. Reconhecendo virtualidades à tipologia por este desenvolvida, Pedro Adão e Silva aponta algumas das suas insuficiências e defende a necessidade de abordagens aprofundadas que no plano espácio-temporal permitam captar as especificidades dos diferentes países habitualmente incluídos nesta região europeia.

É possível encontrar ainda neste número de Sociologia, Problemas e Práticas, o tratamento de outras problemáticas distintas, que vão desde a análise do lugar da criança nos média às modalidades de inserção profissional de quadros superiores nas empresas e à análise do cluster das actividades culturais na economia portuguesa. Do primeiro destes temas trata Cristina Ponte, que nos apresenta um estudo comparado sobre as representações das crianças na imprensa escrita, nacional e internacional. João Pedro Cordeiro procura analisar as práticas de gestão de recursos humanos em vários contextos empresariais, relacionando-as com capacidades inovadoras diferenciadas por parte das empresas. Pelo seu lado, Pedro Costa discute o conceito de indústrias culturais e analisa o papel destas actividades a nível económico e social, bem como a relação entre os processos económicos, institucionais e culturais.

Refira-se por fim o texto de Eduardo Cintra Torres na rubrica Ensaio, a Nota de Pesquisa de João Freire e, ainda, uma Notícia, por Pedro Abrantes.


Maria das Dores Guerreiro

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