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Sociologia, Problemas e Práticas

versión impresa ISSN 0873-6529

Sociologia, Problemas e Práticas  n.33 Oeiras sep. 2000

 

EDITORIAL

 

A investigação nas ciências sociais pode, no melhor sentido, combinar elaboração teórica e actualidade social: a primeira inserida de modo exigente na dinâmica cognitiva interna das áreas científicas; a segunda reportada a questões que atravessam centralmente o debate público e, de maneira mais ampla, as formas de consciência reflexiva socialmente prevalecentes ou emergentes.

Pode também — e este segundo aspecto vai em geral a par do primeiro — desenvolver essa elaboração teórica de maneira profundamente articulada com uma preocupação de análise empírica dos fenómenos sociais colocados no horizonte de referência da reflexão, quer isso se faça, sobretudo, enquanto afinação de orientações e instrumentos conceptuais para a pesquisa empírica, quer se traduza, de maneira privilegiada, na proposta teórica integrada de quadros analíticos ou de hipóteses explicativas e interpretativas, com apoio em bases informativas sólidas resultantes de investigação empírica fiável.

É o que se passa, dos dois pontos de vista, com os artigos publicados neste número de Sociologia, Problemas e Práticas.

Fernando Luís Machado aborda um tema com enorme importância e, também, com grande melindre social: o debate sobre a problemática do racismo nas ciências sociais actuais. Ao longo de uma análise minuciosa, examina as posições em presença, caracteriza as modalidades e as implicações de uma tendência para a inflação conceptual neste domínio, e procura recolocar, em moldes rigorosos, a pertinência analítica do conceito para a investigação em ciências sociais.

João Ferrão apresenta um estimulante ensaio de síntese sobre outro tema de grande actualidade analítica e social, o das relações em mutação entre o mundo urbano e o mundo rural. Sistematizando as dimensões da ultrapassagem dessa polaridade, pelo menos nas suas formas clássicas, o autor complementa a teorização com um conjunto de propostas susceptíveis de orientar a intervenção dos agentes sociais nessas transformações em curso.

Pelo seu lado, Pedro Moura Ferreira debruça-se sobre um tema não menos actual, o da não conformidade dos jovens adolescentes. O autor examina os dois principais modelos teóricos disponíveis para a análise do desvio juvenil, o do "controlo" e o da "subcultura", propondo um novo modelo de síntese e procedendo ao confronto entre estes modelos, quer no plano da discussão teórica, quer no plano da verificação empírica, sustentada numa pesquisa extensiva sobre jovens da região da Grande Lisboa.

O artigo de Eleutério Sampaio mostra como, tomando por objecto empírico ilustrativo os actuais programas televisivos de exposição da intimidade, é possível analisar vertentes fundamentais do relacionamento social de carácter afectivo-emocional e processos decisivos de constituição das sociedades contemporâneas nessa dimensão. Reelabora nesse sentido o conceito de actividades miméticas e reteoriza os seus modos específicos de produção de emoções.

Este número de Sociologia, Problemas e Práticas apresenta também dois importantes contributos de dois destacados sociólogos estrangeiros, o francês Jean Michel Berthelot e o norte-americano Alejandro Portes, contributos estes que se julgam particularmente oportunos e que poderão ser de grande utilidade para uma parte significativa da reflexão, da investigação e da formação em sociologia que integram presentemente o desenvolvimento entre nós desta área científica.

Jean Michel Berthelot equaciona os novos desafios epistemológicos da sociologia actual. Inserindo a discussão no contexto das tendências de internacionalização e de indigenização que hoje em dia atravessam as ciências sociais, discute criticamente as posições relativistas e, no prosseguimento das propostas que vem elaborando de uma epistemologia analítica, defende para a sociologia novos modos de articulação entre pluralismo e racionalismo.

Quanto a Alejandro Portes, procede a um exame circunstanciado de um conceito que ganhou recentemente curso alargado nas ciências sociais, o conceito de capital social. Colocando reservas a algumas dessas utilizações, nomeadamente quando o conceito é aplicado a colectivos amplos, examina cuidadosamente os contributos dos principais autores neste domínio e sistematiza as dimensões analíticas do conceito, evidenciando as modalidades mais importantes que ele assume e as componentes a distinguir na respectiva análise.

 

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