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Sociologia, Problemas e Práticas

versión impresa ISSN 0873-6529

Sociologia, Problemas e Práticas  n.32 Oeiras abr. 2000

 

ON-LINE OFF-LINE: INTERNET E DEMOCRACIA NA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO

Christiano German*

 

 

Resumo O mundo da iminente era da informação tem sido marcado por numerosas ambivalências. Isto não é nenhuma novidade na história da tecnologia, mas desta vez as inovações assumem uma feição particular que lhe atribuem um significado de destaque. Neste pano de fundo, os estudos recaem sobre duas das mais críticas e predominantemente discutidas tendências de desenvolvimento, assim como sobre múltiplas implicações políticas, sociais e económicas associadas a essas tendências: 1) o perigo de uma cisão da sociedade local e global em uma camada on-line e um proletariado off-line; 2) a penetração do mundo da rede através dos negócios e do crime, cujo ónus é pago pelos "cidadãos da rede". Em resultado, deve ter-se em conta que no caminho da sociedade de informação se delineiam outras tendências de desenvolvimento que prometem um futuro com mais exclusão do que integração e mais conflito do que consenso. As consequências da entrada das novas tecnologias de comunicação no cenário global aponta não apenas para uma diferença mais acentuada entre países ricos e industrializados e o resto do mundo, mas também fortalece mais ainda as desigualdades internas nos países em desenvolvimento.

Palavras-chave Internet, sociedade de informação, proletariado off-line.

 

 

Um dos poucos conhecimentos garantidos no debate multissectorial a respeito do impacte das modernas tecnologias de informação e comunicação sobre a política, a economia e a sociedade, tanto nos países industrializados como nos em desenvolvimento, é que apenas as nações que detêm acesso a essas tecnologias e que sabem captar as oportunidades por elas proporcionadas estão preparadas para os desafios do século XXI. Prevalece o consenso de que, na verdade, nos encontramos apenas no início da transição da sociedade industrial para a sociedade de informação, muito embora essa mudança se acompanhe de inovações tecnológicas tão radicais em uma velocidade sem precedentes.1

O mundo da iminente era da informação tem sido marcado por numerosas ambivalências. Isto não é nenhuma novidade na história da tecnologia, mas, desta vez, as inovações assumem uma feição particular que lhe atribuem um significado de destaque.

Neste pano de fundo, os estudos recaem sobre duas das mais críticas e predominantemente discutidas tendências de desenvolvimento, assim como sobre as múltiplas implicações políticas, sociais e económicas associadas a essas tendências:

- perigo de uma cisão da sociedade local e global em uma camada on-line e um proletariado off-line;
- a penetração do mundo da rede através dos negócios e do crime, cujo ónus é pago pelos cidadãos da rede.

Em resultado, deve ter-se em conta que no caminho da sociedade de informação se delineiam outras tendências de desenvolvimento que prometem um futuro com mais exclusão do que integração e mais conflito do que consenso.

As consequências da entrada das novas tecnologias de comunicação no cenário global não apenas aponta para uma diferença mais acentuada entre países ricos e industrializados e o resto do mundo, mas também fortalece mais ainda as desigualdades internas nos países em desenvolvimento.

Ao lado da má distribuição de alimentos, energia e matéria-prima, vem ainda a desigualdade na distribuição dos bens não palpáveis, como conhecimento e capacidade. Além disto, hoje em dia, já se sabe que as novas tecnologias e meios de informação no ambiente de trabalho dos países mais industrializados não trará, pelo menos a médio prazo, consequências económicas relevantes no que diz respeito à criação de novos empregos. O progresso, nesses países, mostra mais claramente que, como em nenhuma outra revolução tecnológica anterior, o trabalho humano pode ser eliminado através da racionalização.

Um outro descaminho nos leva a uma situação na qual o círculo de grandes utilizadores e aproveitadores das novas tecnologias consistem em cidadãos contemporâneos potencialmente perigosos, ou seja, pouco sérios e sociais: o complexo militar, o ambiente criminal, assim como os membros dos clubes exclusivos dos média e das grandes multinacionais. A tecnologia tem-se desenvolvido tão rapidamente que se desviou da política e da moral.

Os grandes perdedores são hoje mais do que nunca aquelas faixas sociais pertencentes ao proletariado off-line. Estes são cada vez mais excluídos do mercado de trabalho, da informação, dos conhecimentos e técnicas e, por isso mesmo, de um futuro melhor. Perante estes problemas, faz-se necessário o empowerment das pessoas. O objectivo de uma nova política deveria ser o de incutir, desde o início, nos processos de decisões políticas o senso de responsabilidade pessoal, o poder de construção e a criatividade dos cidadãos.

 

A revolução da informação

O conceito de sociedade de informação estabeleceu-se nos países de língua inglesa e alemã como um novo paradigma político.2Nos Estados Unidos, particularmente, Daniel Bell, desde os anos 70, e autores como Alvin Toffler, nos anos 80, cunharam o debate sobre o futuro económico, político e social da sociedade industrial.3 Segundo a definição do filósofo dos média, Vilém Flusser, que durante muitos anos exercia a actividade docente no Brasil, pode entender-se sociedade de informação como aquela estrutura social na qual a geração, o processamento e a disseminação de informações ocupam uma posição central. Neste caso, refere-se à contínua expansão do sector terciário nos países industrializados.4

Também a respeito da nova ordem mundial na era da informação pouca dúvida existe: de acordo com a visão de dois ex-funcionários de alto escalão na Administração Clinton, Joseph S. Nye Jr. e William Owens, novas tecnologias com múltiplas aplicações, inclusive militares, virão a ser consideradas, nos mais altos círculos governamentais dos EUA, como um meio de alcançar uma posição de dominância global no próximo século.5 No seu artigo "Americas Information Edge" ("A Vantagem competitiva dos EUA através da Informação"), publicado na revista Foreign Affairs de Março/Abril 1996, fundamenta-se no seguinte:

Conhecimento, mais do que nunca, significa poder. O país que melhor souber conduzir a revolução da informação será o mais poderoso. E, ao que se pode prever, este país chama-se Estados Unidos (…) Contudo, nesta comparação, a mais subtil das vantagens é sua capacidade de colectar, processar, utilizar e disseminar informações…6

Esta vantagem no uso de computadores e de redes de informações e comunicações deverá fazer dos EUA o vencedor do século XXI.

Observando-se o resto do mundo, como constata o cientista de comunicações Herbert I. Schiller, não se escuta uma palavra sequer sobre igualdade e cooperação global.7 E o conhecimento como uma nova fonte de riqueza é tão pouco compartilhado entre os parceiros do Atlântico e os europeus quanto a terra cultivável ou o capital de outrora. Já na segunda metade dos anos 80 se sabia que os EUA, devido ao seu avanço tecnológico na colecta, armazenamento, processamento e transmissão de informações concentravam em seus bancos de dados cerca de 80% de todas as informações técnico-científicas acessíveis a consultas directas.8 Quanto aos países em desenvolvimento e em transição, parte-se do princípio de que estes têm hoje menos chances do que jamais de ter acesso ao know-how dos information rich dos países do G-7.

Isto traz uma segunda interpretação para o significado de sociedade de informação, conforme definida por Flusser, uma comunidade cujo interesse existencial se concentra no intercâmbio de informações,9um desejo declarado do grupo dos países tidos como information poor que desde já se vislumbra.

Esta visão das perspectivas globais de desenvolvimento na era da informação já nos mostra uma das novas e muitas encruzilhadas que podem levar-nos a descaminhos políticos. Do ponto de vista global, a direcção estabelecida pelo governo americano, na forma acima descrita, representa um caminho, no mínimo questionável, no sentido político-económico. O correspondente para assuntos económicos da revista Newsweek, Michael Hirsh, vê nesta política económica externa um descaminho. Na sua opinião, relações comerciais lucrativas, as assim chamadas dual-use export, só serão possíveis no século XXI com países aos quais se possibilite também o uso civil de inovações tecnológicas através da transferência do conhecimento.10

Apesar das restrições na exportação de alta tecnologia, as tecnologias de base, se pelo menos disponíveis e ainda que a alto custo, proporcionam hoje a todos os países do mundo um grande número de vantagens e oportunidades de desenvolvimento. Para os usuários on-line e empresas interligadas em redes regionais ou globais apresenta-se um potencial revolucionário: a internet e as modernas redes de computadores mudam as estruturas dos processos de trabalho nas empresas e levam ao aumento de produtividade. Além disto, abrem canais de comunicação totalmente novos para informações civis em torno do globo; facilitam ONG a envolverem-se em questões sociais, promovem o entendimento internacional e geram novas formas de interacção directa entre cidadãos e políticos.11

Junta-se a isto uma enorme redução no custo das comunicações internacionais e particularmente de todos os produtos e serviços passíveis de serem transmitidos digitalmente, entre eles, produtos de software e multimédia (vídeo, música, jogos, reservas de passagens) e também de produtos que, cada vez mais, são encomendados pela rede e entregues por meios físicos, como no caso da distribuidora de livros Amazon. com e do mercado virtual de automóveis, CarPoint.

 

On-line off-line

Nenhuma conexão sob esta política12

Primeiramente, deve observar-se aqui que nessa enorme distância tecnológica entre os países mais industrializados e os menos industrializados, os críticos vêem uma prova de que, no que diz respeito a políticas de fomento à transferência de tecnologia, tudo que poderia dar errado até agora deu errado. O dilema agravou-se mais ainda com a má governanção em muitos dos países em desenvolvimento e em transição. Além disto, estados governados autoritária e totalitariamente na África e na Ásia, em particular, têm-se fechado parcialmente ou, de facto, colocado obstáculos à entrada de novas tecnologias.

Na área de telecomunicações, já em 1985 o Maitland-Report, um estudo da UIT — União Internacional de Telecomunicações — expressou com extrema clareza, sob o título The Missing Link, que esta tecnologia não é resultado de desenvolvimento económico mas sim a sua premissa.13 As grandes esperanças dos países em desenvolvimento de poderem superar mais rapidamente parte de seus défices em infra-estrutura com a ajuda destas novas tecnologias tornaram-se, por fim evidentes na Information Society and Development Conference no mês de Maio de 1996, em Midrand, na África do Sul. A conferência, realizada com o apoio da Comissão da UE e com a participação de 40 países, inclusive o Brasil, e de 18 organizações internacionais, apresentou no Chair’s Conclusion uma ampla agenda de providências para cooperação internacional.

Esta iniciativa, além de ter tido pouco sucesso, desvendou para o público mundial défices significativos até então desconhecidos. No seu discurso de inauguração, o presidente da conferência, Thabo Mbeki, explicou, por exemplo, que em Manhattan existem mais acessos telefónicos do que em todo o território africano ao sul do Sara e também que metade da população mundial jamais realizou um telefonema na sua vida.14O acesso à linha telefónica constitui a premissa técnica básica da sociedade de informação. Através dela, qualquer pessoa que possua um computador, acrescentando um modem, se pode integrar à internet e comunicar globalmente.

No ano de 1995, somente 12% da população mundial, ou seja, cerca de 600 milhões entre 5,7 mil milhões de pessoas possuíam um acesso à rede de telefonia. Os EUA contam com o mais alto índice de acesso, 59,5 por cada 100 habitantes. Da mesma forma, na República Federal da Alemanha, quase 40 milhões de cidadãos, num total de aproximadamente 80 milhões, já dispõem de uma linha telefónica simples.15 A média nos países do G-7 se situa acima de 50 acessos. A China e as Filipinas atingiram apenas 2,3 e 1,7 acessos, respectivamente.16

No que tange à internet, a segregação mencionada da população numa classe alta on-line e o proletariado off-line se torna especialmente significativa. No ano de 1998, conta-se cerca de 100 milhões de usuários, ou seja, 1,7% numa população mundial de cerca de seis mil milhões. Mesmo com a mais optimista das estimativas, o número de usuários da internet situar-se-á, no ano 2000, somente entre 3% e 4% da população mundial. A maior parte, sem dúvida, consiste em uma faixa alta on-line nos EUA e na Europa. No ano de 1997, cerca de 50% dos surfistas da internet eram dos EUA; 30%, da Europa; 5%, do Japão; e somente 15%, do chamado resto do mundo.17 Enquanto isto, na Alemanha, as estimativas sobre o potencial on-line estão a ser corrigidas para baixo por fontes sérias. Aqui, a adesão ocorrerá a mais longo prazo, sendo o potencial de apenas de oito milhões, ou seja, somente 10% dos 80 milhões da população.18

Tendo em vista o lado oposto do mundo em desenvolvimento, permanecem duvidosos, nesta comparação internacional, a magnitude do impacte da internet e o seu significado na vida da maioria dos cidadãos. Além disto, novos estudos sobre o assunto indicam que um uso orientado da internet pode proporcionar negócios, entretenimento e a comercialização de informações relacionadas dotados de uma feição humana, participativa e social, configurando-se cada vez mais na situação almejada.19

 

O futuro do trabalho

Isto tudo também diz respeito à discutida questão do futuro do trabalho. O termo proletariado off-line abrange não somente aquelas amplas faixas da população nos países industrializados e naqueles em desenvolvimento, que, por falta de conexão telefónica e de possibilidades financeiras para a compra de um computador com modem já não têm, desde o início, oportunidade de participar dos esperados avanços na economia, no mercado de trabalho e na sociedade. Assim, este termo engloba também a segunda dimensão de uma qualitativamente nova forma de desemprego, gerada agora pelas novas tecnologias.

Há cerca de 200 anos, com a invenção da máquina a vapor, gerou-se uma tecnologia que podia substituir a força muscular humana. As novas tecnologias computadorizadas possibilitam agora a substituição da mente humana (menschlichen Geist) e, em numerosas áreas da vida económica, o ser humano é excluído pela máquina pensante.20 Dentro do conceito de trabalho, isto significa que através do desenvolvimento de novos hardwares e softwares, por princípio, qualquer pessoa que se ocupe com o uso das mãos ou da mente pode ficar sem trabalho ou ser desqualificado. O marceneiro instruído trabalha na serralharia máquinas dirigidas por computador e as suas capacidades artesanais aprendidas ao longo do tempo já não são necessárias. O tradutor com diploma universitário, assim como o consultor financeiro, o funcionário do banco e os escrivães, deverão tornar-se algum dia supérfluos por causa dos programas de computador.

Preponderantemente, cargos menos qualificados, com tarefas de rotina, são eliminados pela racionalização do trabalho, enquanto posições inovadoras são mais seguras, casos estes que correspondem a perfis dinâmicos demandados pela indústria da informação. Pois também os modernos knowledge workers, dos quais fazem parte hoje empresários, gerentes, engenheiros, juristas, corretores da bolsa ou docentes universitários, não estão, por princípio, a salvo da possibilidade de racionalização e suas consequências socioeconómicas. Estas profissões, baseadas em raciocínio (brain-based), podem ser tão atingidas como o trabalhador fabril subalterno e o empregado de escritório, gerando uma nova forma de igualdade, que se torna o significado social da era da informação: forma-se um segundo proletariado em paralelo e, desta vez, proeminentemente ocupado em relação ao primeiro.21

Cento e cinqüenta anos após a publicação do Manifesto Comunista, novas formas de proletariado são geradas pela globalização e pelo crescente desemprego em todo o mundo. A diferença histórica e política está em que ninguém explora este proletariado off-line porque não há mais nada a explorar. Já que o futuro se configura de fábricas quase desabitadas e firmas virtuais, cada nação deve preocupar-se com a questão do que pode ser feito com os milhões de homens cuja força de trabalho será cada vez menos requisitada ou não mais necessária. Esta problemática fica evidente num país altamente desenvolvido como a Alemanha através dos sucessos da racionalização nas actividades produtivas e nas minas de carvão. Ao mesmo tempo que as empresas auferem vendas e lucros cada vez maiores, o número de empregados, em quatro anos, reduziu-se em cerca de 1,2 milhões.22 Este cenário caracteriza a actual transferência da sociedade industrial para a de serviços e de informação, e o potencial de racionalização é também enorme no sector terciário: no comércio poderiam ser dispensados 51% dos empregos, e na administração pública e nos bancos até 61%.23 Já no ano de 1993, reputados consultores de empresas constataram que, com o aproveitamento das técnicas disponíveis, poderiam ser eliminados teoricamente cerca de nove milhões de postos de trabalho na Alemanha, elevando a taxa de desemprego de 10% para aproximadamente 38%.24

Este saldo negativo contrasta significativamente com o número de novos postos de trabalho gerados e anunciados pela indústria da tecnologia da informação. O ex-ministro do Trabalho dos EUA e professor de política e ciências económicas, Robert Reich, enumerou uma quantidade de novas áreas profissionais na nova economia mundial, mas estas, na sua opinião, vêm, da mesma forma, somente a favor de uma pequena elite global ou virtual.25 E na Europa pressente-se que os tão propagados empregos à distância ou novas áreas profissionais só podem ser ocupados, em grande parte, por pessoal que se disponha a uma reeducação profissional. Perante uma taxa de desemprego superior a 10%, a discussão hoje, na Alemanha, restringe-se ao problema de quantos empregos podem ser preservados através de um reequipamento das empresas com recursos de multimédia.26

 

Negócios e crime versus cidadãos da rede (Netizen)

Os que auferem maiores benefícios das tecnologias de informação

Nas brochuras das nações do G-7 lê-se, no entanto, que a era da informação promete uma recompensa atraente (the rewards for all can be enticing).27 Esta recompensa, contudo, apenas pode chegar para aqueles que se coloquem no contexto de trabalho das novas tecnologias de telecomunicações e dos média. Se nos perguntarmos quais os grandes utilizadores e aproveitadores das novas tecnologias de informações e comunicações, não conseguimos ver o simples cidadão da rede, mas o militar, o mundo dos negócios e o ambiente criminal, em primeiro lugar.28

As forças armadas sempre usaram com proveito as novas tecnologias, vindo o uso civil somente em segundo lugar. Desta forma, a tecnologia da internet deveria também, em primeiro lugar, servir aos objectivos militares. A arpanet original foi criada em 1969 pela Advanced Research Project Agency, um órgão de pesquisa do Departamento de Defesa dos EUA, para que, no caso de um primeiro ataque militar ao bloco ocidental, eles pudessem dispor de algumas partes da rede que, mesmo sob destruição, permanecessem seguras contra perdas no sistema de comunicação.

A infra-estrutura de comunicação das redes militares, desenvolvida na época da intimidação nuclear, possibilita aos Estados Unidos ter hoje uma coleção única de informações secretas através do ISR (intelligence collection, surveillance and reconaissance), assim como a possibilidade de direccionar e controlar as ações militares no mundo inteiro através de uma tecnologia avançada C4I: comando, controlo, comunicação, computarização e inteligência. Conforme a visão dos cientistas políticos já citados no início, Nye Jr. e Owens, os EUA fiam-se nessas capacidades para que, em caso de conflito em qualquer parte do mundo, possam impor, sem pressão ou ameaça, seus próprios objetivos políticos através do soft power.29

Depois de findo o antagonismo Leste-Oeste, as tecnologias de vigilância foram também colocadas à disposição de estados aliados, mas para servir objectivos primordialmente não militares em instalações governamentais, diplomáticas, organizacionais e económicas. Na Europa, a National Security Agency (NSA) dos EUA, com seu echelon-system, controla rotineiramente todos os e-mails, telefonemas e fax de todas as áreas, e prossegue a investigá-los em busca de palavras-chave.30

Além de constituir de um controlo nada democrático, este sistema de escuta, conforme informações de insiders, evidencia também o problema interno de imprudência e uso inadequado das tecnologias existentes, como, por exemplo, o caso de vigilância aparentemente arbitrária das comunicações de ONG como a Amnesty International (Amnistia Internacional) e o Christian Aid (Auxílio Cristão). O combate ao crime, a perseguição a terroristas e a espionagem militar continuam a ser os pontos-chave, mas também é realizada pelos EUA a espionagem económica direccionada a todos os países que mantêm transacções comerciais com o GATT.31

No uso da internet, o cidadão fica entregue não só a práticas como essas, questionáveis do ponto de vista democrático, como também ao totalitarismo comercial.32 Junto com a crescente comercialização via internet, — que nos últimos tempos já avançou tanto que, na Alemanha, não se pode procurar um número telefónico na internet sem ser convidado a visitar uma homepage pornográfica,33 os negócios lucram como nunca com as múltiplas possibilidades para produtos não palpáveis no mercado global. Neste particular, pratica-se em grande estilo o global sourcing, ou seja, a transferência de áreas inteiras de produção para a Ásia, a América Latina e a Rússia.

Até agora, as maiores percentagens de crescimento na produção de software são registados na Índia.34 Em primeiro lugar, inclui-se a área de data entry, a entrada e correcção em massa de textos e dados, na maioria dos casos em inglês. Aqui, o trabalho à distância é realizado na sua forma mais pura, indicando uma outra perspectiva para o futuro do já mencionado problema: campo de trabalho. Sem o amparo de um sistema oficial de segurança social, jovens entre 26 e 32 anos trabalham por um salário imbativelmente baixo em comparação com a realidade americana e europeia ocidental, recebendo inicialmente 10.000 rupias por mês, ou seja, cerca de 335 dólares com horas extras incluídas regularmente. Além disto, surgiu, entre outros, o assim chamado body shopping executado por especialistas indianos, que, por um preço igualmente baixo, trabalham como mão-de-obra temporária imigrante nos EUA durante vários meses, na maioria dos casos em trabalhos de rotina, como o desenvolvimento de software simples ou a conversão de programas antigos para rodar sob novos sistemas operacionais.

Até aos dias de hoje, a entrada manual de textos e dados para bancos, empresas de seguro, companhias aéreas e outros empreendimentos, no mundo ocidental, é ainda mais barata que o uso de scanner e de computadores especiais capazes de ler textos escritos à mão. Mas inovações nesta área não podem ser retardadas e neste meio tempo estão sendo desenvolvidos também computadores que se podem programar a si mesmos. De mais a mais, os Indianos lançaram-se na concorrência global apesar das suas baixas remunerações, ainda que haja, ao mesmo tempo, profissionais mais caros e mais exigentes. Desta forma, as empresas multinacionais buscam cada vez mais novas reservas de recursos humanos pós-industriais, procurando assim, força de trabalho mais barata na República Popular da China ou buscando programadores de segunda geração, mais bem preparados, na Hungria, Bulgária, Rússia e também na América Latina.

Com estas actividades de primeira geração, a Índia nãoé mais, estruturalmente e em sua maior parte, do que uma espécie de extensão da bancada de trabalho da indústria de software da Europa e dos EUA.35 A segunda geração que desponta deve ser relativamente mais barata e mais bem formada e deverá saber dispor da assim chamada inteligência de mercado. Desta segunda geração ainda não faz parte a Índia, pois apenas 35% de todas as empresas indianas de software têm capacidade para levar a cabo tarefas complexas e contratos estrangeiros exigentes, sendo que somente 10% dispõem de uma experiência produtiva capaz de satisfazer as exigências de qualidade do mundo ocidental.36

Para um país em transição como, por exemplo, o Brasil, as oportunidades para uma integração bem sucedida no mercado mundial situam-se no domínio desta segunda geração, numa indústria altamente qualificada de processamento de informações voltada para a exportação.37 Depois da Índia e da Rússia, o Brasil desponta hoje como o terceiro na lista de países que negociam com sucesso o desenvolvimento de tecnologia de informação off-shore.38 Como no caso da Índia, os efeitos ambivalentes de uma integração na comunidade global merecem, no mínimo, ser lembrados aqui em relação à economia e aos negócios brasileiros.39

Um terceiro grupo que tira grandes proveito das novas tecnologias é formado por criminosos tecnologicamente versáteis. A criminalidade organizada, os traficantes de drogas, os lavadores de dinheiro, os disseminadores de pornografia, os radicais de direita, os fanáticos religiosos e os terroristas têm, todos, os seus homepages e estão a navegar pela www. Todos estes executam, através da rede, negócios de todo tipo e dispõem de mecanismos modernos de criptografia que lhes possibilitam o livre intercâmbio de informações. Numerosos casos de pornografia com crianças, actividades radicais de direita e agressões cibernéticas de hackers a diferentes administrações governamentais foram manchetes em 1996. Se se juntar a isto, ainda em meados de 1996, as advertências do director da CIA, John Deutch, que esboçou perante uma comissão do Senado dos EUA um cenário futuro de guerras cibernéticas travadas por terroristas high-tech, The net wars and cyber wars. Na sua visão, o electrão é the ultimate precision-guided weapon (a mais precisa das armas dirigíveis), com a qual se pode penetrar de forma relativamente simples e barata sistemas de informações previamente seleccionados. As novas armas do information warfare (guerras de informação) são softwares de computadores, como as chamadas bombas lógicas (o programa de vírus é activado por uma determinada instrução) ou eavesdropping sniffers para espiar computadores privados interligados em rede. Entre os objectos preferidos da agressão dos information warriors (guerrilheiros da informação), já se encontram hoje, ao lado de administrações governamentais, os bancos e as grandes corporações.40

Nessas guerras de informação entre as empresas regista-se igualmente a presença de grandes empreendimentos de espionagem industrial não só dos EUA, mas também de serviços secretos de todo mundo. Só nos é possível ter um valor estimado do dano total das actividades criminosas na internet. Na opinião de especialistas, este já se situa hoje bem acima da fronteira dos milhares de milhões de dólares.

Por último, literalmente: os cidadãos da rede

Os utilizadores muitíssimo mais numerosos e crescentes na internet, ou seja, os cidadãos da rede normais (netizens) estão a "navegar" como cidadãos transparentes (gläsener Bürger)41 sem auferir lucros, utilizando muitas vezes um software mal programado e de uso não muito amigável. Através do ciberespaço, com seu hardware praticamente já ultrapassado no acto de compra, ele paga até mesmo pelas horas de espera na wwwait, e os custos que surgem, conformadamente. Um círculo de integrantes deste grupo de cidadãos da rede, que certamente tira bom proveito da internet para seu trabalho, é formado por cientistas do mundo ocidental, que, em parte, comunicam através de redes próprias de pesquisa. A internet possibilita, no momento, que pesquisadores na Polónia, Quénia ou Chile pesquisem nos bancos de dados universitários dos países industrializados e recebam as mais recentes contribuições de revistas especializadas, livros, documentos, conferências, manuscritos científicos, além de artigos de todos os grandes jornais e periódicos do mundo.

Em torno do globo, milhares de bancos de dados em todos os domínios económicos e científicos são publicamente acessíveis e em número cada vez maior.42 Os mais novos estudos do MIT mostram, no entanto, que a pesquisa se sufoca cada vez mais na sobre oferta de informações. Diariamente, encontram-se no mundo inteiro centenas de milhares de novas homepages e, cada vez mais, lixo de informações. Faltam mecanismos de busca eficientes (search engines) para áreas cientificamente restritas, pois estes estão sendo desenvolvidos somente para as forças armadas e os serviços secretos.43

Embora os cientistas de países menos desenvolvidos possam usar tecnicamente estas facilidades, muitos deles encontram barreiras financeiras. As facilidades de pesquisa em bancos de dados, por exemplo, de jornais diários, são largamente comercializadas, enquanto os programas de busca profissionais nos EUA, como o Lexis-Nexis, são financeiramente inacessíveis ao cidadão normal. Um exemplo da Rússia mostra como o acesso a informações na internet é distribuído desequilibradamente. No início de 1997, um cientista norueguês levou involuntariamente um colega na Rússia às margens da ruína financeira. Depois do recebimento de um enorme e-mail com 10 mbytes de anexos (attachments), o provedor de internet russo calculou uma tarifa que equivalia ao montante de todo o salário anual do receptor.44 Entretanto, para o norueguês, assim como para os cientistas na Alemanha e nos Estados Unidos, o envio e o recebimento de e-mails através de uma universidade sempre foi e continua a ser grátis.

 

Perspectiva: caminhos e descaminhos políticos para a sociedade de informação

No caminho para a sociedade global da informação apresentam-se diversas tendências de desenvolvimento, que prometem para o futuro mais exclusão que integração e mais conflitos que consenso. As conseqüências do uso das novas tecnologias de comunicação no cenário global mostram não somente uma constante separação entre os países ricos industrializados e o resto do mundo, bem como acentuam ainda os desequilíbrios nos países em desenvolvimento. A aldeia global profetizada por Marshall McLuhan há trinta anos,45 tem-se confirmado para os meios de comunicação, de telefonia e televisão. Os homens podem comunicar através do mundo inteiro, hoje, tão facilmente como vizinhos numa aldeia. Na área da nova indústria das técnicas de informação e da internet, já começa a experimentar-se uma inversão do seu conteúdo explícito. Uma pequena classe alta on-line de cerca de 20% da população mundial forma cada vez mais comunidades do tipo aldeia (com casas grandes), cada vez mais limitadas especialmente do ponto de vista local e supralocal, que vivem no bem-estar de comunicar entre si em sua intranet. Em torno dos vilarejos high-tech se agrupam-se as grandes áreas do proletariado off-line (as sanzalas) com acesso limitado a uma internet cada mais comercializada. À distribuição desigual de bens materiais, como alimento, energia e matéria-prima, junta-se agora a distribuição desigual de bens não materiais, como o conhecimento e a capacidade. Muito se fala a favor da respeitada tese de Samuel P. Huntington sobre como a luta das culturas (clash of civilizations)46 é posta cada vez mais em segundo plano perante o já esperado conflito entre os ricos de informação (information rich) e o resto do mundo.

Além disto, hoje em dia já se sabe que as novas tecnologias e meios de informação no ambiente de trabalho dos países mais industrializados não trará, pelo menos a médio prazo, consequências económicas relevantes no que diz respeito à criação de novos empregos. O progresso, nesses países, mostra mais claramente que, como em nenhuma outra revolução tecnológica anterior, o trabalho humano pode ser eliminado através da racionalização.

Os países high-tech devem preocupar-se com a questão do que deve ser feito com os milhões de seres humanos cuja força de trabalho se torna cada vez menos necessária ou até dispensável. A situação leva-nos, obrigatoriamente, a disparidades sociais crescentes. Remunerações decrescentes na classe média e um contínuo empobrecimento dos 20% pertencentes à classe menos favorecida, bem como uma crescente concentração da riqueza nos 20% que integram a classe mais alta completam esta Versüdlichung (sudalização, referindo-se ao Sul) (Ulrich Menzel) ou, pejorativamente, brazilianization (brasiliarização) (Michael Lind), que caracteriza o panorama geral do desenvolvimento num país como os EUA.47 Na Itália, na França e na República Federal da Alemanha, o desenvolvimento socioeconómico toma o mesmo caminho sem uma mudança previsível para esta tendência.48 Portanto, o bem-estar para todos anunciado mundialmente pela indústria de informação49 não é o que vemos pela frente.

Outro descaminho para a sociedade global de informação conduz-nos ao círculo dos grandes aproveitadores das novas tecnologias, cidadãos potencialmente perigosos, não sérios e anti-sociais: ao complexo militar, ao ambiente criminoso e aos membros de clubes exclusivos das empresas de média e das grandes empresas multinacionais. A tecnologia tem-se desenvolvido tão rapidamente que se desviou da política e da moral, e as consequências negativas incorporam novas estruturas de poder de uma civilização baseada na informação. Com a crescente monopolização de ideias, imagens, palavras, filmes e fotos, os grandes do ramo da tecnologia da informação começam a minar a multiplicidade e o pluralismo de informações em que se baseia a democracia. Por isto mesmo, devido à sua actuação irresponsável tanto do ponto de vista local como global, esta nova aristocracia da era da informação foi considerada pelo crítico social americano Christopher Lasch um perigo para a democracia.50

Os grandes perdedores são hoje, mais do que em qualquer outra época, estas faixas sociais a que Karl Marx chamou proletariado e que actualmente, na linguagem tecnológica, contam como o proletariado off-line. Estes são excluídos cada vez mais do mercado de trabalho, da informação, do know-how e, portanto, de um futuro melhor.

Na perspectiva destes cidadãos, não se apresentam saídas para o dilema aqui exposto ou novas imagens de conduta e, perante este problema, surge na Europa e nos EUA a necessidade de um empowerment of the people. O objectivo desta nova política deveria ser o de incluir a responsabilidade pessoal, as forças de construção e a criatividade do cidadão desde cedo nos processos de decisão política para libertar e mobilizar o cidadão económica e socialmente.51

Para tanto, talvez seja até tarde demais e, considerando o rápido crescimento desta população perdedora, o slogan de um novo movimento de oposição, hoje, deveria ser: Proletários off-line de todos os países, uni-vos!

 

 

Notas

1 Também Koehane, Robert, e O. /Nye, Joseph S. Jr., "Power and interdependence in the information age", Foreign Affairs, Set. /Out. 1998, Vol. 77, n.º 5, 1998, pp. 81-94, e Woessner, Mark, "Medientechnologien und wirtschaftliche Entwickung. Ein ordnungsrahmen für die wissensgesellschaft", Internationale Politik, Agosto de 1998, n.º 8, pp. 1-6.         [ Links ]         [ Links ]

2 Comparar com Martin, William J., The Global Information Society, Brookfield, Vermont 1995, Ashgate Publishing Company; German, Christiano, "Caminhos e descaminhos políticos para a sociedade de informação", in Papers n. o 31, Perspectivas Globais da Sociedade de Informação, Centro de Estudos Konrad Adenauer Stiftung, São Paulo 1997, pp. 31-51, e Kleger, Heinz, "Direkte und transnationale Demokratie. Die neuen Medien verändern die repräsantative Demokratie", in: Leggewie, Claus-Maar, Christa, Internet & Politik, Von der Zuschauer zur Beteiligungsdemokratie, Colónia, 1998, pp. 97-110.         [ Links ]         [ Links ]         [ Links ]

3 Comparar com Bell, Daniel, The Coming of the Post-Industrial Society: A Venture in Social Forecasting, Nova Iorque, Basic Books, 1973 (Information Society, p. XIV) e Toffler, Alvin, The Third Wave, Londres, Pan Books, 1980.         [ Links ]         [ Links ]

4 Flusser, Vilém, "Verbündelung oder Vernetzung?", in Bollman, Stefan (org.), Kursbuch Neue Medien. Trends in Wirtschaft und Politik, Wissenschaft und Kultur, Mannheim, 1995, pp. 15-23.         [ Links ]

5 Joseph S. Nye Jr., subsecretário de Defesa para Assuntos Internacionais; William Owens, presidente do Comité dos Chefes de Estado-Maior.

6 Nye, Jr., Joseph S., e Owens, William A., "Americas Information Edge", Foreign Affairs, Vol. 75, N° 2, Março-Abril, 1996, p. 20-36. "Knowledge, more than ever before, is power. The one country that can best lead the information revolution will be more powerful than any other. For the foreseeable future that country is the United States (…) Yet, its more subtle comparative advantage is the ability to collect, process, act upon and disseminate information…"         [ Links ]

7 Comparar com Schiller, Herbert I., "Die Kommerzialisierung von Information", in Leggewie, Claus-Maar Christa, Internet & Politik. Von der Zuschauer- zur Beteiligungsdemokratie, Colónia, 1998, pp. 134-141.         [ Links ]

8 Comparar com Otto, Ulrich, "Wissen ist Macht", Die Zeit, n.º 44, 23 de Novembro de 1987, p. 44.         [ Links ]

9 Flusser, 1995, p. 15.

10 Comparar com Hirsh, Michael, "The great technology giveaway? Trading with Potential Foes", Foreign Affairs, Volume 75, n.º 2, Março-Abril 1996, pp. 2-9.         [ Links ]

11 Também Woessner, 1998, pp. 1-3.

12 Trocadilho, no idioma alemão, com a frase Kein Anschluss unter dieser Nummer (nenhuma conexão sob este número), uma gravação ouvida, na Alemanha, quando não é possível completar uma ligação telefónica.

13 Comparar com Relatório Maitland sobre a União Internacional de Telecomunicações — ITU, com o título The Missing Link. Ver http://www.itu.int/home/. Também Gröndahl, Boris, "Hoffnungsträger Infobahn. internet ist die Chance für die Dritte Welt", Sonderteil der VDI nachrichten, 20 de Fevereiro de 1998, n.º 8, p. 8.         [ Links ]         [ Links ]

14 Comparar com Information Society and Development Conference, 13-15 de Maio de 1996, Gallagher Estate, Midrand, África do Sul. Conclusões da presidência, p. 1 (mimeografado).         [ Links ]

15 Comparar com Sorge "Um die Habenichtse", Die Zeit, n.º. 25, 16 de Junho de 1995, p. 27.         [ Links ]

16 Comparar com "The BT/MCI Global Communications Report 1996/97" (Relatório sobre Comunicações Globais BT/MCI), Nova Iorque, p. 2, "Auf dem Weg zur weltgrö ten Industrie" (relatório próprio) in Süddeutsche Zeitung, 21-22 Setembro de 1996, p. 34. "Hohe Investitionen in der Datenschnellstra e Kanadas", Blick durch die Wirtschaft, 10 de Maio de 1995, p. 2         [ Links ]         [ Links ]         [ Links ]

17 Comparar com Koehane/Nye, 1998, p. 2, e "Die internet-Surfer", Süddeutsche Zeitung, 3 de Abril de 1997, p. 25.         [ Links ]

18 Comparar com Kubicek, Herbert, "Das internet 1996-2005. Zwingende Konsequenzen aus unsicheren Analysen", in Leggewie, Claus-Maar, Christa, Internet & Politik. Von der Zuschauer— zur Beteiligungsdemokratie, Colónia, 1998, pp. 55-69.         [ Links ]

19 Também Schiller, Leggewie/Maar, 1998, pp. 134-141, Leggewie, Claus, "Demokratie auf der Datenautobahn oder: Wie weit geht die Zivilisierung des Cyberspace", in Leggewie/Maar, 1998, pp. 15-51.         [ Links ]         [ Links ]

20 Também Rifkin, Jeremy, "Die dritte Säule der neuen Gesellschaft", Die Zeit, n.º 19, 2 de Maio de 1997, p. 32 e Rifkin, Jeremy, Das Ende der Arbeit und ihre Zukunft, Frankfurt, 1997.         [ Links ]         [ Links ]

21 Comparar com Steinmüller, Wilhelm, Informationstechnologie und Gesellschaft. Einführung in die angewandte Informatik, Darmstadt, 1993, pp. 553/554.         [ Links ]

22 Comparar com "Umsatz rauf-Arbeitsplätze runter", Süddeutsche Zeitung, 9 de Março de 1998, p. 25.         [ Links ]

23 Comparar com "Reservoir für eine neue Elite", VDI nachrichten, n.º 39, 26 de Setembro de 1997, p. 3.         [ Links ]

24 Comparar com Rifkin 1997, p. 221, e Henzler, Herbert A., Späth, Lothar, Sind die Deutschen noch zu retten? Von der Krise in den Aufbruch, Munique, 1993, S. 29.         [ Links ]

25 Comparar com Rötzner, Florian, "Zitadellen in der Ortslosigkeit", Süddeutsche Zeitung, 16 de Janeiro de 1997, p. 13, e Reich, Robert B., Die neue Weltwirtschaft. Das Ende der nationalen Ökonomien, Frankfurt, 1997.         [ Links ]         [ Links ]

26 Também "Bericht der Bundesregierung, Info 2000. Deutschlands Weg in die Informationsgesellschaft, Deutscher Bundestag — 13. Wahlperiode" (Relatório do Governamental do Parlamento Alemão), Drucksache 13/4000, Bona, Fevereiro de 1996, p. 129; "Weltweite Vernetzung bedroht Wohlstand", VDI nachrichten, 13 de Setembro de 1996, p. 2 e Starker Glaube, "Schwache Fakten", Die Zeit, n.º 13, 24 de Março de 1995, p. 41.         [ Links ]         [ Links ]         [ Links ]

27 Comparar com "European Commission, G-7 Ministerial Conference on the Global Information Society. Ministerial Conference Summary", Bruxelas/Luxemburgo, 1995, p. 52. (Resumo da Conferência Ministerial do G7 sobre A Sociedade de informação Global).         [ Links ]

28 Comparar com German, Christiano, "Losers and Winners in the Information Society", Foreign Affairs. A Russian Journal of World Politics, Diplomacy and International Relations, Minneapolis, Vol. 43/1997, n.º 6, pp 83-91.         [ Links ]

29 Comparar com Nye Jr. /Owens, 1996, pp. 20/21, e Bernhardt, Ute/Ruhmann, Ingo, "Information als Waffe. Netwar und Cuberwar — Kriegsformen der Zukunft", in Hans-Jörg Kreowski et al. (orgs.), Realität und Utopien in der Informatik, Munique, 1995, pp. 104-119.         [ Links ]

30 Comparar com Stoa, An Appraisal of Technologies of Political Control (Steve Writh — Omega Foundation, Manchester), Luxemburgo, 6 de Janeiro de 1998, p. 19 ff (http://www.jya.com/Stoa-atpc.htm/). Também Nürnberger, Christian, "Feind hört mit", Süddeutscher Zeitung, de 26 de Março de 1998, p. 15; Ruhmann, Ingo/Schulzki-Haddouti, Christiane, "Report Lauschangriff", c t Magazin für Computer und Technik, 5/98, pp. 82-93, e Hager, Nicky, Secret Power, Nelson, Nova Zelândia, 1996.         [ Links ]         [ Links ]         [ Links ]         [ Links ]

31 Comparar com German, Christiano, "Europa und die globale Informationsgesellschaft", in Gellner, Winand/von Korff, Fritz (orgs.), Demokratie und internet, Baden-Baden, 1998, pp. 193-202.         [ Links ]

32 Também Schiller, 1998, e Barber, Benjamin R., "Wie demokratisch ist das internet? Technologie als Spiegel kommerzieller Interessen", in Leggewie, Claus/Maar, Christa, internet & Politik. Von der Zuschauer— zur Beteiligungsdemokratie, Colónia, 1998, pp. 120-133.         [ Links ]

33 Veja www.teleinfo.de.

34 Comparar com "Die Yuppies von Bangalore", Die Zeit magazin, n.º 11, 7 de Março de 1977, pp. 24-41, e "Software Söldner", Spiegel special, n.º 3, Março de 1995, pp. 87-91.         [ Links ]         [ Links ]

35 Comparar com Becker, Jörg, e Salamanca, Daniel, "Globalisierung, elektronische Netze und der Export von Arbeit", Aus Politik und Zeitgeschichte (APuZ), B 42/97, 10 de Outubro de 1997, pp. 31-38.         [ Links ]

36 Comparar com Pai, Uday Lal Lekshman, "Das High-Tech-Wunder Indien", http://www.heise.de/to/deutsch/inhalte/te/1421/1.html         [ Links ]

37 Comparar com German, Christiano, "Sociedade de informação global/Já começou a corrida. Quais as chances do Brasil?", Rumos, Ano 22, n.º 156, Janeiro de 1999, S. 20-21.         [ Links ]

38 Comparar com Hillenberg, Frank, e Weber, Mathias, "Alternativen zur deutschen Software-Entwickung", CW Spezial 97/98, pp. 36-40.         [ Links ]

39 Sobre esta problemática fundamental, ver German, Christiano, "Brasil: Desafios globais das novas tecnologias e indústrias", in Fundação Konrad-Adenauer-Stiftung (ed.), A Projeção do Brasil Face ao Século XXI. Anais do IV Simpósio Brasil-Alemanha, Série Debates, Ano 1998, n.º 16, São Paulo, pp. 27-35 e German, Christiano, "Anschluss an das globale Dorf ? Wege Brasiliens und Indiens in die Informationsgesellschaft", Frankfurter Allgemeine Zeitung (Die Gegenwart), de 18 de Abril de 1997, p. 15.         [ Links ]

40 Comparar com Schwartau, Winn, Information Warfare, Nova Iorque, 1996; Zimmermann, Christian, Der Hacker. Ein Insider packt aus: Keiner ist mehr sicher, Landsberg 1996, e Dumont, Joël-François, "Die Evolution des Terrorismus", documento para o congresso de peritos Neue Bedrohung staatlicher Sicherheit, da Akademie für Politik und Zeitgeschehen der Hanns-Seidel-Stiftung e. V., 25 a 27 de Novembro de 1996, 10 p.         [ Links ]         [ Links ]         [ Links ]

41 Metáfora para uma pessoa, cujas economias privadas são abertamente expostas.

42 Comparar com "Der elektronische Informationsmarkt wächst", Süddeutsche Zeitung, Suplemento n.º 241, System 93, 18 de Outubro de 1993, p. 38.         [ Links ]

43 Comparar com "Forschung erstickt im internet", VDI nachtrichten, de 24 de Janeiro de 1997, p. 16.         [ Links ]

44 Comparar com "E-Mail kostet russischen Forscher Jahresgehalt", Süddeutsche Zeitung, 25 de Fevereiro de 1997, p. 10.         [ Links ]

45 Comparar com McLuhan, Marshall, Understanding Media — The Extension of Man, Cambridge, MA 1964.         [ Links ]

46 Comparar com Huntington, Samuel P., The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order, Nova Iorque, 1996.         [ Links ]

47 Comparar com Menzel, 1995, p. 104; Lind, Michael, The Next American Nation: The New Nationalism and the Fourth American Revolution, Free Press, Nova Iorque, 1995, pp. 215-216, e Wolff, Edward N., Top Heavy. A Study of the Increasing Inequality of Wealth in America, Twentieth Century Fund., Washington, 1995.         [ Links ]         [ Links ]

48 Comparar com Zimmermann, Gunter E., "Neue Armut und neuer Reichtum. Zunehmende Polarisierung der materiellen Lebensbedingungen im vereinten Deutschland", in Gegenwartskunde Heft 1 (1995), p. 11. Também, "Das Ende der Mittelklasse", Die Zeit, n.º 18, 26 de Abril de 1996, p. 20, e "Immer weniger Amerikaner werden immer reicher", Süddeutsche Zeitung, 21 de Abril de 1995, p. 24.         [ Links ]         [ Links ]         [ Links ]

49 Comparar com Necker, Tyll, "Opening address at the 13th World Computer Congress", 29 de Agosto de 1994, Hamburgo (mimeografado), p. 6. (Discurso de abertura no XIII Congresso Mundial de Computação)         [ Links ]

50 Comparar com Lasch, Christopher, Die blinde Elite. Macht ohne Verantwortung, Hamburgo, 1995, p. 42 ff. (The Revolt of the Elites and the Betrayal of Democracy, Norton, Nova Iorque, 1995)         [ Links ]

51 Comparar com Woessner, 1998, p. 4.

 

 

*Christiano German. Katholische Universität Eichstätt. Geschichts-Und Gesellschaftswissenschaftliche Fakultät. E-mail christiano.german@ku-eichstaett.de.

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