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Sociologia, Problemas e Práticas

versión impresa ISSN 0873-6529

Sociologia, Problemas e Práticas  n.32 Oeiras abr. 2000

 

EDITORIAL

 

Desde há vários anos que Sociologia, Problemas e Práticas tem vindo a desenvolver um processo de avaliação científica dos originais propostos à revista, processo esse com o qual se procuram obter resultados cada vez melhores, em termos de qualidade e relevância dos trabalhos de investigação editados e, em simultâneo, de credibilização da revista enquanto publicação científica.

Um sistema de avaliação científica de originais adequado e efectivo — e não meramente emblemático — não é simples de construir, manter e aperfeiçoar. Depois de alguns anos de experiência, pareceu valer a pena explicitar com pormenor, junto dos leitores, o procedimento que se tem vindo a desenvolver na revista. Os parâmetros de concepção desse sistema e o seu modo de funcionamento são expostos em rubrica especificamente destinada a esse fim, incluída neste número, assim como é apresentada uma lista dos investigadores que, ao longo dos últimos anos, prestaram colaboração — nuns casos pontual, noutros recorrente — à revista, nesta actividade exigente e delicada que é a avaliação de artigos para publicação científica.

Os artigos publicados no presente número de Sociologia, Problemas e Práticas constituem um conjunto de importantes contributos para a análise, sob vários ângulos, das configurações sociais contemporâneas e de algumas das principais dinâmicas que nelas se verificam.

É nessa perspectiva que Dulce Maria da Graça Magalhães aborda o vinho do Porto, no quadro de uma análise das relações entre as transformações estruturais da sociedade portuguesa nas últimas décadas e as evoluções ocorridas em planos subtis do quotidiano e das referências culturais, observáveis precisamente através de um objecto estratégico de pesquisa como aquele. Embora com objecto de estudo e procedimento analítico completamente diferentes, é também a referida perspectiva de fundo que está subjacente ao trabalho minucioso de André Freire sobre os comportamentos eleitorais em Portugal, procurando aferir até que ponto tais práticas políticas são explicáveis por um sistema complexo de articulações entre factores estruturais, designadamente os relativos a dimensões relevantes de clivagem social e efeitos de conjuntura, em particular de ordem económica.

Pelo seu lado, o artigo de Manuel Carvalho da Silva coloca-se decididamente à escala europeia. Convocando várias linhas de análise sociológica de fundo sobre os processos contemporâneos de globalização, e debruçando-se sobre algumas das respectivas incidências no processo de integração europeia, não só regista um acervo de informação importante a este respeito como, sobretudo, apresenta modelos analíticos inovadores e propostas conceptualmente fundamentadas acerca das tendências, impasses e potencialidades da construção de uma Europa social, destacando os contributos possíveis do movimento sindical nesse processo.

Os três artigos seguintes prolongam a preocupação com as grandes tendências de mudança social contemporâneas, mas privilegiando a dimensão informacional e comunicacional. Fausto Colombo problematiza, no seu ensaio, as relações entre novas tecnologias da informação e memória social, interrogando-se não só sobre os instrumentos e os conteúdos mnemotécnicos possibilitados por essas tecnologias, mas também sobre os novos contornos que ganha a questão sociológica do esquecimento. Por seu turno, Christiano German coloca em questão as visões unilateralmente optimistas acerca da sociedade de informação, chamando a atenção para as tendências de constituição de um novo "proletariado off-line", para a penetração da rede electrónica pelo universo do crime e dos negócios predadores e, de modo mais geral, para a acentuação das desigualdades sociais às escalas nacional e global. Quanto a Ana Paula Fernandes, o objecto de estudo é a televisão em Portugal, no período em que se passou da exclusividade dos canais estatais para a existência de canais privados, sendo analisadas as relações entre estratégias de programação e audiências televisivas no âmbito de uma problematização das semelhanças e diferenças entre TV pública e privada.

Por fim, António Maria Martins, por um lado, e César Madureira, por outro, retomam, cada um a seu modo, a discussão sobre as grandes transformações económicas no mundo contemporâneo. O primeiro salienta as tendências verificadas nas sociedades periféricas em pleno processo de mundialização da economia, equacionando as novas possibilidades de articulação entre lógicas locais e lógicas globais. O segundo destaca a importância dos modos de organização do trabalho (e, correlativamente, das formas de ensino/formação) no contexto dos processos de internacionalização da economia, contrapondo aos modelos neotayloristas dominantes as possibilidades de um modelo organizacional antropocêntrico.

 

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