SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.16 número1Tuberculose - Risco de transmissão continuada em profissionais de saúdeExposição das crianças ao fumo ambiental do tabaco (FAT). Avaliação de uma intervenção preventiva índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Portuguesa de Pneumologia

versão impressa ISSN 0873-2159

Rev Port Pneumol v.16 n.1 Lisboa jan. 2010

 

Qualidade de vida em doentes com asma

Lara Noronha Ferreira 1,2, Ulisses Brito,3 Pedro Lopes Ferreira 2,4

 

1 Professora Adjunta – Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve (ESGHT-UAlg)/Adjunct Professor – School of Management, Hospitality and Tourism, University of the Algarve

2 Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra (CEISUC)/Centre for Health Studies & Research, University of Coimbra

3 Director do Serviço de Pneumologia do Hospital de Faro, EPE /Director, Pulmonology Unit, Central Hospital of Faro

4 Professor Associado com Agregação – Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FE-UC)/Associate Professor – Faculty of Economics, University of Coimbra

 

Correspondência

 

Resumo

Neste artigo é descrito um estudo, cujo objectivo é a medição da qualidade de vida relacionada com a saúde (QdVRS) de doentes com asma e a apresentação de uma primeira aproximação aos valores normativos, com base no SF-6D, para aquele tipo de doentes.

Pretende-se ainda averiguar a capacidade de medidas genéricas de medição da QdVRS distinguirem grupos em termos de características sociodemográficas.

Aplicaram-se, por entrevista pessoal, as versões portuguesas do EQ-5D, do SF-6D, do AQLQ(S) e do ACQ a uma amostra representativa da população portuguesa com asma.

A maioria dos indivíduos não apresentou problemas significativos nas dimensões medidas, excepto na função física, onde os indivíduos reportaram limitações moderadas. Em média, os inquiridos apresentam valores de utilidade de 0,86. Os homens, os mais jovens, os solteiros, os indivíduos com habilitações literárias mais elevadas, os empregados, os indivíduos com rendimentos mais elevados e aqueles que residiam em zonas urbanas foram os que reportaram níveis de utilidade mais elevados. Por outro lado, os indivíduos que se encontravam num estádio mais avançado da doença reportaram, como era de esperar, níveis médios de utilidade inferiores aos dos que se encontravam num estádio menos grave da doença. Foram obtidos valores normativos para o SF-6D para doentes com asma por género, grupo etário, estado civil, habilitações literárias, situação profissional, local de residência e rendimento médio mensal líquido.

As medidas de utilidade baseadas em preferências utilizadas neste estudo discriminam adequadamente grupos de doentes com asma, de acordo com grupos sociodemográficos. Os valores normativos obtidos podem ser usados em estudos de avaliação económica e estudos clínicos, uma vez que incorporam as preferências dos doentes e traduzem a utilidade atribuída ao seu estado de saúde.

Palavras-chave: Asma, instrumentos de medição da qualidade de vida relacionada com a saúde baseados em preferências, qualidade de vida relacionada com a saúde, SF-6D, valores normativos.

 

Quality of life in asthma patients

Abstract

In this paper we present a study whose main aim is the measurement of the Health Related Quality of Life (HRQoL) of patients with asthma and the presentation of a first draft of normative values as measured by the SF-6D for asthma patients. In addition, we investigate how far non-disease-specific HRQoL measures can distinguish groups in terms of sociodemographic characteristics. The Portuguese versions of the EQ-5D, SF-6D, AQLQ(S) and ACQ were administered using personal interviews to a representative sample of the Portuguese population with asthma.

Most of the individuals did not report significant problems in the dimensions used, with the exception of the physical functioning, where individuals reported moderate limitations. The mean utility value was 0.86. Male gender, young, single, individuals with high educational attainment level, employed, individuals with high income and those residing in urban areas reported higher utility levels. As expected, those who were in a severe stadium of the disease reported lower mean utility levels than those who were in a less severe stadium of the disease. Normative values for the SF-6D were computed for patients with asthma by gender, age, marital status, educational attainment level, employment status, area of residence and average monthly net income. The preference-based measures used in this study distinguish patient groups with asthma in terms of socio- demographic groups. The normative values can be used in economic evaluation and clinical studies as they incorporate patients’ preferences and translate the value attributed to patients’ health state.

Key-words: Asthma, health related quality of life, normative data, preference-based measures of health related quality of life, SF-6D.

 

Introdução

As doenças obstrutivas respiratórias têm uma morbilidade e mortalidade importantes, com interferência na qualidade de vida dos doentes.

A asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas, caracterizada por episódios de obstrução brônquica reversível, desencadeados por factores alérgicos (asma extrínseca) ou não alérgicos (asma intrínseca). Atinge essencialmente crianças e jovens. O estudo ISAAC (International Study of Asthma and Allergy in Childhood) verificou uma prevalência que variava entre 4,1 e 32,1%, em diversos países, em crianças entre os 6 e os 7 anos, e uma prevalência que variava entre 4,4 e 32,4% em crianças entre os 13 e os 14 anos1.

No estudo ECRHS (European Community Respiratory Health Survey), em adultos dos 20-44 anos, verificou-se uma prevalência global de asma de 4,5%1. Em Portugal verificou-se uma prevalência global de asma em adultos de 4,5%. Em relação à mortalidade, tem vindo a diminuir, estimando -se que, em 2002, nos EUA, fosse de 1,5/100 000 habitantes.

Trata-se de uma doença com impacto económico e social muito grande, não só pelo consumo de avultados recursos de saúde (medicamentos, consultas, recursos aos serviços de urgência e internamentos), como pelas ausências ao trabalho e à escola, pois afecta jovens em plena idade produtiva. Em 2000, o custo da asma na União Europeia foi estimado em 21 biliões de euros e nos EUA, em 2004, em 16 biliões de dólares.

Dado que se trata de uma doença com grande impacto económico e social e elevada morbilidade, tem sido objecto de vários trabalhos de medição da qualidade de vida relacionada com a saúde (QdVRS), tendo vindo a assistir -se a um crescimento da utilização de medidas de utilidade baseadas nas preferências que possam ser utilizadas no cálculo de quality adjusted life years (QALY) e em análises custo-utilidade. São exemplos disso os trabalhos de Schermer e colegas2 e de Szende e colegas3. Tem-se igualmente vindo a verificar o crescimento de estudos de comparação entre instrumentos de medição de QdVRS de doentes com asma3-7.

Neste artigo é descrito um estudo cujo objectivo foi a medição da QdVRS de doentes com asma e a apresentação de uma primeira aproximação aos valores normativos, com base no SF-6D, para aquele tipo de doentes, para Portugal.

Pretendeu-se ainda averiguar a capacidade de medidas genéricas de medição da QdVRS distinguirem grupos em termos de características sociodemográficas e comparar a actuação dos instrumentos genéricos de medição da QdVRS EQ-5D e SF-6D com os instrumentos específicos AQLQ(S) e ACQ.

 

Material e métodos

Os doentes que constituíram a amostra foram recrutados no Hospital Central de Faro (HCF) por médicos pneumologistas que acederam a participar no estudo, aprovado pela Comissão de Ética para a Saúde do HCF. O critério de inclusão dos doentes foi terem um diagnóstico de asma. Numa consulta de rotina, foi-lhes perguntado se desejavam participar no estudo, após se ter descrito e apresentado os seus objectivos.

Aqueles que acederam a participar assinaram o consentimento informado. Foram entregues aos doentes as versões portuguesas do SF-6D8, do EQ-5D, de um instrumento específico de medição da QdVRS em doentes com asma – o AQLQ(S) – e de um instrumento de medição do controlo da asma – o ACQ —, tendo sido também colocadas questões de caracterização dos indivíduos, como o estádio e antiguidade da doença, a terapêutica em curso, as patologias associadas, e recolhidos dados referentes à espirometria. Os questionários foram preenchidos pelos próprios doentes, embora estivesse uma técnica de cardiopneumologia (que havia recebido formação previamente) disponível para auxiliar aqueles que necessitassem de ajuda no preenchimento dos questionários. O estudo incluiu também uma segunda aplicação dos questionários entre 6 a 12 meses depois da primeira aplicação. Neste artigo são apenas utilizados os dados referentes à primeira aplicação dos questionários. O período total de recolha de dados decorreu entre Junho de 2005 e Março de 2007; os dados referentes à primeira aplicação dos questionários relativos a 115 indivíduos com diagnóstico de asma foram recolhidos entre Junho de 2005 e Novembro de 2006.

 

EQ -5D

O EQ -5D é um instrumento genérico que descreve e valoriza a saúde dos indivíduos9. É composto por duas partes, contendo um sistema descritivo e uma escala visual analógica10.

O sistema descritivo mede cinco dimensões de saúde (mobilidade, cuidados pessoais, actividades habituais, dor ou mal-estar e ansiedade ou depressão), cada uma delas com três níveis – sem problemas, alguns problemas, muitos problemas. A combinação de um nível em cada uma das cinco dimensões permite definir um estado de saúde de entre as 243 possíveis combinações.

Um subconjunto destes estados de saúde foi avaliado por uma amostra representativa da população britânica usando a técnica de valoração time trade-off 11,12, tendo sido estimados modelos para calcular valores para todos os estados de saúde (índice EQ-5D). Este índice assim obtido funciona como uma medida dos resultados de saúde na avaliação clínica e económica11, traduz as utilidades dos estados de saúde e permite o cálculo de QALY. Para a medição da utilidade do estado de saúde do indivíduo, o questionário inclui também uma escala analógica visual de pontuação – a EVAEQ-5D –, sob a forma de um termómetro, em que se pretende que o indivíduo registe o valor que atribui ao seu estado de saúde, numa escala analógica visual vertical e graduada de 0 a 100.

 

SF-6D

O SF-6D é um instrumento de medição de QdVRS baseado em preferências13. Trata-se de um instrumento relativamente recente derivado do SF -36 a partir da conversão de onze itens daquele instrumento num sistema de classificação dos estados de saúde com seis dimensões (função física, limitação no desempenho, função social, dor física, saúde mental e vitalidade), com quatro a seis níveis cada, que gera 18 000 estados de saúde diferentes.

Um subconjunto de 249 estados de saúde foi valorizado por uma amostra representativa da população do Reino Unido, através de uma técnica de medição de utilidades, o standard gamble (SG)13. Os valores atribuídos pelos indivíduos aos estados de saúde permitiram estimar modelos econométricos, a partir dos quais se atribuem pesos aos diferentes níveis das dimensões do SF-6D, gerando-se valores para todos os estados de saúde definidos pelo SF-6D. Estes valores dos estados de saúde constituem um índice – o índice SF-6D – que pode ser visto como um valor contínuo numa escala de 0,30 a 1,00, na qual 1,00 significa “saúde plena”13. O SF-6D foi oficialmente traduzido para português, muito recentemente8, tendo já sido determinado um sistema de valores em Portugal14.

 

AQLQ(S)

O asthma quality of life questionnaire (AQLQ) é um questionário específico de medição da qualidade de vida de doentes com asma, com fortes propriedades de avaliação e discriminativas ao nível dos grupos15,16.

Tem 32 questões relativas a 4 domínios (sintomas, limitações da actividade, função emocional e exposição ambiental). É pedido aos doentes para recordarem as suas experiências nas últimas duas semanas e para responderem a cada questão numa escala de sete pontos (de ‘nenhuma limitação’ a ‘grave limitação’). Cinco das questões relativas às actividades são específicas para cada doente, isto é, cada doente identifica e avalia cinco actividades em que se encontra limitado por causa da asma17. O AQLQ(S) é uma versão padronizada do AQLQ, onde as cinco actividades identificadas por cada doente são substituídas por cinco actividades genéricas18.

Este instrumento é também constituído por 32 itens, sendo as questões apresentadas também sob a forma de uma escala com sete pontos. O AQLQ(S) contém doze itens relativos aos sintomas, onze relativos a limitações da actividade, cinco relativos à função emocional e quatro relativos à exposição ambiental19. O valor global do AQLQ(S) é obtido através da média das respostas aos 32 itens e os domínios são também obtidos a partir da média dos itens que constituem cada domínio15,17,20.

 

ACQ

O asthma control questionnaire (ACQ) é um questionário pequeno que mede o controlo da asma. Foi desenvolvido por Juniper e colegas21 com o propósito de suprir a falta de um questionário que medisse o controlo da asma, por ser o controlo óptimo desta afecção o primeiro objectivo do tratamento, de acordo com as linhas de orientação internacionais. O questionário original é composto por sete itens, cinco dos quais são concernentes aos sintomas e às limitações da actividade, um à percentagem de FEV1 prevista e outro à utilização de broncodilatadores de curta duração21. Todas as questões são apresentadas numa escala de sete pontos, de 0 a 6, onde 0 significa um controlo bom e 6 um controlo fraco. Os itens têm o mesmo peso e o valor final do ACQ é a média dos sete itens, encontrando-se também entre 0 (bom controlo) e 6 (controlo extremamente mau)19 21. O ACQ tem fortes propriedades discriminativas e avaliadoras para a medição do controlo da asma nos adultos19,21.

 

Análise de dados

A caracterização da amostra foi feita através de uma análise descritiva. O índice EQ-5D foi obtido através do algoritmo de cálculo proposto por Dolan11,12 e o índice SF-6D determinado através do algoritmo obtido a partir do estudo de valoração conduzido em Portugal para determinar os valores normativos do SF-6D para a população portuguesa14.

Quanto ao AQLQ(S) e ao ACQ, foram calculados os quatro domínios do AQLQ(S), o valor global do AQLQ(S)15,17,20 e o valor global do ACQ21. É de realçar que a obtenção de valores para os domínios e para a medida global do AQLQ(S) próximos de 7 significam menores limitações provocadas pela asma.

Pelo contrário, quanto menor for o valor global do ACQ, melhor é o controlo da asma.

Com o objectivo de investigar o desempenho das medidas de utilidade e os valores globais do AQLQ(S) e do ACQ na medição da QdVRS dos doentes com asma, foram efectuados testes de hipóteses paramétricos (testes t e ANOVA) e não paramétricos (Kruskal Wallis). Estes foram utilizados em virtude da existência de heterocedasticidade e/ou pela não normalidade observada nalguns casos. A obtenção de medidas de estatística descritiva e o cálculo de coeficientes de correlação de Pearson permitiram comparar as medidas de utilidade entre si com os valores globais dos questionários específicos. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas para níveis de significância inferiores a 10%.

A análise de dados foi realizada utilizando o programa estatístico SPSS, versão 15.0.

 

Resultados

Dos 115 indivíduos asmáticos que acederam a participar no estudo, a maioria era do sexo feminino (70,2%), o que permite tomar a amostra como representativa da população asmática, uma vez que segundo os dados do Inquérito Nacional de Saúde (INS) 2005/2006, a maioria da população que respondeu sofrer de asma era do sexo feminino22.

No que diz respeito ao estado civil, verificou-se que 71,3% eram casados, 11,3% solteiros, 10,4% divorciados e apenas 7,0% viúvos. Quanto às habilitações literárias, os indivíduos apresentavam na sua maioria um baixo nível de escolaridade. De facto, apenas cerca de 24,0% tinha o ensino superior ou básico; 46,1% apenas o ensino primário e quase 10,0% não sabia ler nem escrever.

Embora a média de idades dos indivíduos ascendesse a 49 anos (DP=16,9), a amostra era relativamente jovem, uma vez que a maior parte dos indivíduos tinha 30 anos e cerca de 40,0% menos de 44 anos. Na realidade, um quarto dos indivíduos tinha até 36 anos. É de referir que estas características se aproximam da realidade portuguesa, uma vez que em Portugal, segundo dados do último INS, cerca de 45% dos indivíduos com menos de 45 anos sofre de asma22. Perto de 57,0% dos indivíduos estavam empregados; 3,5% desempregados e 31,3% aposentados//reformados. Os restantes eram domésticas. Dos indivíduos que estavam empregados, a maioria desempenhava funções de administrativos, pessoal dos serviços ou vendedores, ou eram agricultores, operários ou trabalhadores não qualificados (83,1%), o que não é de estranhar, atendendo ao baixo nível de habilitações literárias da amostra. Cerca de 75,0% dos indivíduos residiam em zonas urbanas ou semi-urbanas e a maioria auferia um baixo rendimento médio mensal líquido: cerca de 26,0% ganhava menos de 500€ e aproximadamente 46,0% auferia um rendimento entre 500 e 1999€. Quase todos os indivíduos viviam acompanhados (91,3%) e em casa própria (73,9%). No Quadro I encontra-se uma caracterização sumária da amostra.

 

Quadro I – Caracterização sumária da amostra

 

Os doentes que constituíram a amostra estavam na sua maioria nos estádios II e III da doença (cerca de 76,0%), embora 17,0% ainda se encontrasse no estádio I. De notar que 7,1% dos indivíduos se encontrava no estádio IV. No que diz respeito à antiguidade da doença, foi perguntado aos indivíduos quando lhes tinha sido feito o primeiro diagnóstico de asma. As suas respostas indicaram que a asma foi diagnosticada entre 1985 e 1999 à maior parte dos indivíduos (42,1%) e há menos de 10 anos a 26,3%. Curiosamente, no que diz respeito ao ano da primeira consulta de pneumologia, mais de metade dos indivíduos foram à primeira consulta depois do ano 2000. Apenas 44,1% foram à primeira consulta antes do ano 2000, embora a 73,7% dos indivíduos a asma tivesse sido diagnosticada antes desse ano. Aquando da consulta, foram aferidas as medidas FEV1 e FVC (espirometria), tendo-se verificado que, em média, os indivíduos apresentavam valores de 81,6 na FEV1 e 98,9 na FVC, resultando numa FEV1/FVC média de 69,5. É de realçar que um quarto dos indivíduos teve valores da FEV1 iguais ou inferiores a 64 e que um quarto apresentou valores da FVC iguais ou superiores a 111. Quando questionados quanto à existência de uma doença associada à asma, 75,7% responderam que tinham pelo menos uma doença. Desses, 43,7% referiram sofrer de rinite, 33,3% de hipertensão arterial, 12,6% de rinoconjuntivite, 8,0% de sinopatia e a mesma percentagem de polipose nasal e de rinossinusite.

 

Qualidade de vida relacionada com a saúde

Nos Quadros II e III estão registadas as respostas dos indivíduos às dimensões do S-6D e do EQ-5D. As respostas dos indivíduos às dimensões do SF-6D (Quadro II) demonstram a não existência de problemas significativos em nenhuma das dimensões, excepto na função física. De facto, a moda das restantes dimensões situa-se no primeiro nível, existindo poucos indivíduos nos últimos níveis. Apenas na função física os indivíduos apresentam limitações moderadas, uma vez que, para 62,2%, a sua saúde os limita de subir vários lanços de escada ou andar mais de 1 km.

 

Quadro II – Distribuição das dimensões do SF-6D (%)

 

Os resultados do Quadro III corroboram os resultados anteriormente alcançados para o SF-6D. De facto, a maior parte dos indivíduos referiram não ter problemas nas dimensões do EQ-5D, sendo que apenas na dimensão mobilidade existem cerca de 29,0% a afirmarem ter alguns problemas em andar.

 

Quadro III – Distribuição das dimensões do EQ-5D (%)

 

No Quadro IV são apresentadas algumas medidas descritivas do SF-6D e do EQ-5D.

 

Quadro IV – Medidas descritivas dos valores de utilidade gerados pelo SF-6D e pelo EQ-5D e da EVAEQ-5D

 

Em termos médios, os valores da EVAEQ-5D são significativamente inferiores aos dos restantes instrumentos de medição, sendo que os indivíduos reportam, em média, valores semelhantes no SF-6D e no EQ-5D.

De facto, 50,0% atribui ao seu estado de saúde uma utilidade igual ou superior a 0,85 no EQ-5D e a 0,86 no SF-6D, enquanto a mesma percentagem de indivíduos valoriza o seu estado de saúde em 0,60 na EVAEQ-5D, valor bastante inferior ao indicado nos outros instrumentos, indiciando que os indivíduos têm tendência a indicar valores sistematicamente inferiores na EVAEQ-5D. No Quadro V são apresentadas as medidas descritivas relativas aos quatro domínios do AQLQ(S) e ao valor global do AQLQ(S) e do ACQ. Os valores médios encontrados para os domínios e para o valor global do AQLQ(S) aproximam-se de 4,0, o que indica um grau moderado de limitações provoca das pela asma. Estes resultados não são de estranhar, uma vez que se havia verificado que 57,2% dos indivíduos se encontravam nos estádios I e II da asma.

 

Quadro V – Medidas descritivas dos domínios do AQLQ(S) e dos valores globais do AQLQ(S) e do ACQ

 

No entanto, no que diz respeito à exposição ambiental, 50,0% apresentam limitações severas. Quanto ao ACQ, as respostas dos indivíduos traduziram-se num valor médio que indica um controlo relativo da asma. No entanto, importa salientar que 50,0% dos indivíduos revelaram um controlo fraco da doença.

Com o objectivo de investigar o desempenho do SF-6D na medição da QdVRS dos doentes com asma, foram efectuados testes de hipóteses, cujos resultados estão registados nos Quadros VI e VII. Apresentam-se também as relações existentes entre o índice EQ-5D, a EVAEQ-5D e as características sociodemográficas dos indivíduos, por forma a verificar se os resultados se aproximam dos encontrados para o SF-6D. A informação contida no Quadro VI evidencia a existência de diferenças significativas entre homens e mulheres em termos de utilidade dos estados de saúde, com as mulheres a reportarem piores níveis de utilidade.

 

Quadro VI – Relações entre o índice SF-6D, o índice EQ-5D, a EVAEQ-5D e as características sociodemográficas dos indivíduos

 

Quadro VII – Relações entre o índice SF-6D, o índice EQ-5D, a EVAEQ-5D e as características do estádio da Asma

 

São também os mais idosos os que reportam níveis de utilidade mais baixos.

Verifica-se que os mais jovens e os indivíduos solteiros reportam maiores níveis de utilidade, sendo estas diferenças estatisticamente significativas. É, ainda, de referir que existem diferenças significativas na utilidade dos estados de saúde entre indivíduos com habilitações literárias mais elevadas e com habilitações literárias mais baixas, sendo que, em média, os indivíduos com o ensino superior apresentam níveis de utilidade superiores aos dos com ensino secundário, primário e/ou aos que não sabem ler nem escrever. A situação profissional também condiciona os níveis de utilidade medidos pelo SF-6D: os aposentados/reformados e as domésticas reportaram níveis de utilidade inferiores aos reportados pelos empregados e pelos desempregados, sendo essas diferenças significativas.

Os indivíduos que vivem acompanhados também reportaram, em média, valores superiores de utilidade, embora essas diferenças não sejam significativas. O rendimento médio mensal líquido é outro factor condicionante dos níveis de utilidade, uma vez que os indivíduos que auferem rendimentos iguais ou superiores a 2000€ indicaram níveis médios de utilidade superiores aos indivíduos com mais baixos rendimentos, sendo essas diferenças estatisticamente significativas.

Os indivíduos que se encontram num estádio mais avançado da doença reportaram, como era de esperar, níveis médios de utilidade inferiores aos que se encontravam num estádio menos grave da doença, sendo essas diferenças estatisticamente significativas (Quadro VII). Não obstante, não se verificaram diferenças estatisticamente significativas em termos de utilidades consoante o ano do primeiro diagnóstico, ano da primeira consulta, as medidas de espirometria FEV1 e FVC e a existência de uma doença associada.

 

Quadro VIII – Relações entre os valores globais do AQLQ(S) e do ACQ e as características sociodemográficas dos indivíduos

 

Apenas no caso da FEV1/FVC se verificaram diferenças: os indivíduos que tiveram valores até 55 reportaram maiores níveis de utilidade do que os restantes, sendo essas diferenças estatisticamente significativas.

Os resultados obtidos e descritos no Quadro VIII confirmam os encontrados para as medidas de utilidade: os homens reportaram um grau menor de limitações provocadas pela asma e maior controlo da doença. O mesmo se passou relativamente à idade: os jovens também reportaram um grau menor de limitações provocadas pela asma e maior controlo da doença do que os mais velhos.

No que diz respeito ao estado civil, são os indivíduos solteiros e os casados que indicam um grau menor de limitações provocadas pela asma e maior controlo da doença, relativamente aos divorciados/separados e viúvos. Existem diferenças significativas entre indivíduos com habilitações literárias mais elevadas e indivíduos com habilitações literárias mais baixas, sendo que, em média, os indivíduos com o ensino superior apresentam um grau menor de limitações provocadas pela asma e maior controlo da doença, do que os indivíduos com ensino secundário, primário e/ou os que não sabem ler nem escrever.

Em traços gerais, pode afirmar-se que os indivíduos empregados e os que vivem acompanhados apresentam também um grau menor de limitações provocadas pela asma e maior controlo da doença do que os indivíduos aposentados/reformados e do que os que vivem sozinhos, respectivamente. Pode-se ainda afirmar que auferir um rendimento mais baixo leva a um maior grau de limitações provocadas pela asma e a um menor controlo da doença.

A observação do Quadro IX permitiu verificar que os indivíduos que se encontram num estádio mais avançado da doença reportaram um maior grau de limitações provocadas pela asma e a um menor controlo da doença do que os que se encontravam num estádio menos grave da doença, sendo essas diferenças estatisticamente significativas. Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas em termos de utilidades consoante o ano do primeiro diagnóstico, ano da primeira consulta, FEV1/FVC e a existência de uma doença associada. No caso das medidas de espirometria FEV 1 e FVC verificaram–se diferenças estatisticamente significativas. Por um lado, os indivíduos que tiveram uma FEV1 entre 75 e 99 reportaram um maior controlo da asma do que os que tiveram uma FEV1 inferior a 75. Por outro lado, aqueles que atingiram uma FVC superior a 94 possuíam um menor grau de limitações provocadas pela asma do que aqueles que atingiram uma FVC inferior a 94.

 

Quadro IX – Relações entre os valores globais do AQLQ(S) e do ACQ e as características do estádio da asma

 

Quadro X – Medidas descritivas do índice SF-6D por género e classes etárias

 

Em termos gerais, pode-se afirmar que os resultados descritos para o EQ-5D e para os questionários específicos AQLQ(S) e ACQ validam, de certa forma, os resultados alcançados para o SF-6D.

 

Aproximação aos valores normativos

Nos Quadros XI e XII são apresentadas as primeiras aproximações aos valores normativos dos doentes com asma aferidos pelo SF-6D, organizados de acordo com os valores normativos da população aferidos pelo EQ-5D referentes à Arménia, Bélgica, Canadá, Finlândia, Alemanha, Eslovénia, Espanha, Grécia, Hungria, Japão, Países Baixos, Nova Zelândia, Reino Unido, Suécia, Zimbabué23 e Reino Unido11.

 

Quadro XI – Medidas descritivas do índice SF-6D por outras características demográficas

 

Quadro XII – Coeficientes de correlação linear de Pearson entre o SF-6D, o EQ-5D, a EVAEQ-5D, os domínios do AQLQ(S) e os valores globais do AQLQ(S) e do ACQ

 

Comparação entre medidas

Com o intuito de analisar a concordância entre as medidas de utilidade, os domínios do AQLQ(S) e os valores globais do AQLQ(S) e do ACQ, foram calculados coeficientes de correlação de Pearson, cujos resultados se encontram no Quadro XII.

Como era expectável, e como já havia acontecido para outras doenças estudadas (e.g., a artrite reumatóide24 e as cataratas25), as medidas de utilidade estão directa e fortemente correlacionadas entre si, o que significa que as respostas dos indivíduos às três medidas variam no mesmo sentido e se encontram grandemente associadas. Também os domínios do AQLQ(S) e os valores globais do  AQLQ(S) se encontram directa e moderada/fortemente correlacionadas entre si e com as medidas de utilidade, o que significa que uma melhoria em alguma destas áreas levará a um aumento da utilidade dos estados de saúde dos doentes e, portanto, a uma melhoria da QdVRS. Por outro lado, verifica-se a existência de correlações fortes e inversas entre o valor global do ACQ e as restantes medidas, como era esperado.

 

Conclusão

Neste estudo foi analisada a QdVRS de doen tes com asma e foi apresentada uma primeira aproximação aos valores normativos, com base no SF-6D, para doentes com aquela doença.

Os resultados obtidos evidenciam uma elevada influência das características demográficas e clínicas, como o género, a idade, o estado civil, o nível de habilitações, a situação profissional, o local de residência, o estádio e o controlo da doença na QdVRS dos doentes com asma.

Factores como as limitações na actividade, os sintomas, a função emocional e a exposição ambiental são também condicionantes importantes da QdVRS desses doentes. Estes resultados encontram-se em consonância com os obtidos por outros investigadores3,26-30.

Os resultados obtidos demonstram que as medidas de utilidade baseadas em preferências utilizadas neste estudo discriminam adequadamente os doentes de acordo com a gravidade da doença e com os grupos sociodemográficos.

Estes resultados estão de acordo com a literatura, em que os instrumentos de QdVRS utilizados provaram ter um bom desempenho na medição da QdVRS na asma3,5,31,32. Os questionários específicos AQLQ(S) e o ACQ mostraram igualmente a sua capacidade de discriminação dos indivíduos no que diz respeito ao grau de limitações provocadas pela asma e ao controlo da asma, tal como aconteceu noutras investigações5,7,19,29,31.

O interesse e utilidade dos resultados apresentados neste trabalho de investigação advêm da importância e da necessidade da existência de valores normativos de instrumentos de medição de preferências e de perfis de saúde para a população em geral11,23,33-37 e para doentes com asma29,38,39, em particular.

Os valores obtidos podem ser considerados uma primeira aproximação aos valores normativos do SF-6D para doentes com asma, por três motivos. Primeiro, porque o algoritmo utilizado no cálculo desses valores se baseou nos resultados do sistema de valores do SF-6D para Portugal14, em que se utilizou como técnica de medição de utilidades o SG, considerado o padrão-de-ouro da medição de utilidades em saúde, já que se baseia nos axiomas da teoria da utilidade esperada40-42. Segundo, porque se estudou uma amostra de doentes com asma, o que permite conhecer efectivamente os níveis de utilidade de indivíduos com esta doença, e não uma amostra da população em geral, a partir da qual se faz inferência para este tipo de subpopulação específica.

De facto, para muitos autores, na medição de valores dos estados de saúde, o ideal é medir as utilidades dos doentes que efectivamente se encontram nesses estados41-44.

Terceiro, porque a amostra utilizada, embora não seja probabilística, pode ser considerada como representativa da população em estudo.

Com efeito, as características da amostra de doentes com asma assemelham-se às de outros estudos3,26-30. Por outro lado, o método de recolha de dados utilizado é frequentemente usado em estudos desta natureza3,28,29.

É, ainda, de referir que os resultados obtidos com a comparação dos instrumentos genéricos indicaram uma correlação forte/moderada e directa entre eles, o que está de acordo com os resultados de McTaggart-Cowan e colegas5 e de Szende e colegas3 e com os obtidos noutras investigações realizadas em Portugal com outras doenças24,25. As medidas específicas também se encontram directa e moderada/fortemente correlacionadas entre si e com as medidas de utilidade, o que significa que uma melhoria em alguma das áreas cobertas pelos questionários específicos levará a um aumento da utilidade dos estados de saúde dos doentes e, portanto, a uma melhoria da QdVRS, como acontece no trabalho de McTaggart-Cowan e colegas5. Quanto ao valor global do ACQ, encontra-se forte e inversamente correlacionado com as medidas de utilidade, o AQLQ(S) e os quatro domínios do AQLQ(S), como era esperado. Estes resultados corroboram os de outros investigadores19,26.

Portugal deverá estimular a realização de mais estudos de medição da QdVRS, à semelhança do que já é feito noutros países da União Europeia11,23,35,37,45-47. De facto, nestes países reconhece-se a importância de estudos desta natureza, cujos resultados são incorporados em estudos de avaliação económica e contribuem para a definição de prioridades nas políticas nacionais de saúde.

 

Agradecimentos

Os autores agradecem aos médicos pneumologistas Dra. Fernanda Nascimento, Dra. Isabel Ruivo, Dr. Isidro Guirado e Dr. José Romero e às técnicas de cardiopneumologia Dra. Ana Santos, Dra. Elisabete Patrício e Dra. Patrícia Filipe, que recolheram os dados utilizados neste estudo. Sem eles não teria sido possível fazer este trabalho. Lara N. Ferreira foi beneficiária de uma bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/25697/2005), entre Janeiro de 2006 e Fevereiro de 2009.

 

Bibliografia

1. Plácido JL. A asma a nível nacional e mundial: Perspectivas actuais e tendências de evolução. Rev Por Clín Geral 2004; 20:583-587.        [ Links ]

2. Schermer T, Thoonem B, Van den Boom G, Akkermans R, Grol R, Folgering H, et al. Randomized controlled economic evaluation of asthma self–management in primary health care. Am J Respir Crit Care Med 2002; 166:1062-1072.

3. Szende A, Svensson K, Ståhl E, Mészáros A, Berta G. Psychometric and utility-based measures of health status of asthmatic patients with different disease control level. Pharmacoeconomics 2004; 22(8):537-547.

4. Juniper E, Norman G, Cox F, Roberts J. Comparison of the standard gamble, rating scale, AQLQ and SF -36 for measuring quality of life in asthma. Eur Respir J 2001; 18:38-44.

5. McTaggart-Cowan H, Marra C, Yang Y, Brazier J, Kopec J, FitzGerald J, et al. The validity of generic and condition -specific preference -based instruments: the ability to discriminate asthma control status. Quality of Life Research 2008; 17:453-462.

6. Rutten-van Mölken M, Custers F, Van Doorslaer E, Jansen C, Heurman L, Maesen F, et al. Comparison of performance of four instruments in evaluating the effects of salmeterol on asthma quality of life. Eur Respir J 1995; 8:888-898.

7. Vollmer W, Markson L, O’Connor E, Sanocki L, Fitterman L, Berger M, et al. Association of asthma control with health care utilization and quality of life. Am J Respir Crit Care Med 1999; 160:1647-1652.

8. Ferreira P, Ferreira L. A medição de preferências em saúde na população portuguesa. Rev Port Saúde Pública 2006; 24:5-14.        [ Links ]

9. Greiner W, Weijnen T, Nieuwenhuizen M, Oppe S, Badia X, Busschbach J, et al. A single European currency for EQ -5D health states: Results from a six -country study. European Journal of Health Economics 2003; 4:222-231.

10. Brooks R. EuroQol: the current state of play. Health Policy 1996; 37:53-72.

11. Kind P, Hardman G, Macran S. UK Population Norms for EQ -5D. Discussion Paper 172. York, United Kingdom: Centre for Health Economics, University of York, 1999.

12. Dolan P. Modelling valuations for EuroQol health states. Medical Care 1997; 35:1095-1108.

13. Brazier J, Roberts J, Deverill M. The estimation of a preference -based measure of health from the SF -36. Journal of Health Economics 2002; 21:271-292.

14. Ferreira P, Ferreira L, Pereira L. O sistema português de valores do SF-6D. Rev Port Saúde Pública 2009; volume temático 8:7-23.        [ Links ]

15. Juniper E, Guyatt G, Epstein R, Ferrie P, Jaeschke R, Hiller T. Evaluation of impairment of health related quality of life in asthma: development of a questionnaire for use in clinical trials. Thorax 1992; 47(2):76-83.

16. Juniper E, Guyatt G, Ferrie P, Griffith L. Measuring quality of life in asthma. Am Rev Respir Dis 1993; 147:832-838.

17. Juniper E. Asthma Quality of Life Questionnaires (AQLQ, AQLQ(S), MiniAQLQ and Acute AQLQ) – Background, Administration and Analysis: QOL Technologies, 2005.

18. Juniper E, Buist A, Cox F, Ferrie P, King D. Validation of a standardized version of the Asthma Quality of Life Questionnaire. Chest 1999; 115:1265-1270.

19. Ehrs P-O, Nokela M, Ställberg B, Hjemdahl P, Jonsson EW. Brief questionnaires for patient-reported out-comes in asthma: Validation and usefulness in a primary care setting. Chest 2006; 129(4):925-932.

20. Juniper E, Guyatt G, Willan A, Griffith L. Determining a minimal important change in a disease–specific quality of life questionnaire. J Clin Epidemiol 1994; 47(1):81-87.

21. Juniper E, O’Byrne P, Guyatt G, Ferrie P, King D. Development and validation of a questionnaire to measure asthma control. Eur Respir J 1999; 14:902-907.

22. INSA, INE. 4.º Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006. Lisboa: Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e Instituto Nacional de Estatística, 2006.

23. Szende A, Williams A. Measuring self-reported population health: an international perspective based on EQ -5D. Hungary: SpringMed Publishing, 2004.

24. Ferreira L, Ferreira P, Baleiro R. Qualidade de vida em doentes com artrite reumatóide. Acta Reumatológica Portuguesa 2008; 33(3):341-342.        [ Links ]

25. Ferreira L, Ferreira P. Qualidade de vida em doentes com cataratas. Oftalmologia 2008; 32:159-175.        [ Links ]

26. Leidy N, Chan K, Coughlin C. Is the asthma quality of life questionnaire a useful measure for low–income asthmatics? J Respir Crit Care Med 1998; 158:1082-1090.

27. Leynaert B, Neukirch C, Liard R, Neukirch F. Quality of life in allergic rhinitis and asthma – A population–based study of young adults. Am J Respir Crit Care Med 2000; 162:1291-1396.

28. Moy M, Israel E, Weiss S, Juniper E, Dubé L, Drazen J, et al. Clinical predictors of health-related quality of life depend on asthma severity. Am J Respir Crit Care Med 2001; 163:924-929.

29. Osborne M, Vollmer W, Linton K, Buist A. Characteristics of patients with asthma within a large HMO – A comparison by age and gender. Am J Respir Crit Care Med 1998; 157:123-128.

30. Yelin E, Katz P, Balmes J, Trupin L, Earnest G, Eisner M, et al. Work life of persons with asthma, rhinitis, and COPD: A study using a national, population –based sample. Journal of Occupational Medicine and Toxicology 2006; 1:2.

31. Australian Institute of Health and Welfare. Measuring the impact of asthma on quality of life in the Australian population. AIHW Cat. no. ACM 3. Canberra, Australia: Australian Institute of Health and Welfare, 2004.

32. Lee T, Weiss K. Preference assessment in patients with asthma. Expert Review of Pharmacoeconomics & Outcomes Research 2002; 2(6):607 -618.

33. Dufouil C, D. C, Brayne C, Chi L, Dening T, Paykel E, et al. Population norms for the MMSE in the very old. Estimates based on longitudinal data. Neurology 2000; 55(11):1601-1602.

34. Hawthorne G, Osborne R. Population norms and meaningful differences for the assessment of quality of life (AQoL) measure. Australian New Zealand Journal of Public Health 2005; 29(2):136-142.

35. Hawthorne G, Herrman H, Murphy B. Interpreting the WHOQOL-Bref: Preliminary population norms and effect sizes. Social Indicators Research 2006; 77(1):37-59.

36. Hawthorne G, Osborne R, Taylor A, Sansoni J. The SF36 version 2: critical analyses of population weights, scoring algorithms and population norms. Quality of Life Research 2007; 16:661-673.

37. Noerholm V, Groenvold M, Watt T, Bjorner J, Rasmussen N-A, Bech P. Quality of life in the Danish general population-normative data and validity of WHOQOL-BREF using rasch and item response theory models. Quality of Life Research 2004; 13:531-540.

38. Steen N, McColl E. Developing and testing symptom-based outcome measures. In: Hutchinson A, McColl E, Christie M, Riccalton C (Eds.). Health outcome measures in primary and out-patient care. 1st ed: Informa Healthcare 1996; 23-44.

39. Van der Molen T, Postma D, Schreurs A, Bosveld H, Sears M, Meyboom R, et al. Discriminative aspects of two generic and two asthma -specific instruments: relation with symptoms, bronchodilator use and lung function in patients with mild asthma. Quality of Life Research 1997; 6:353 -361.

40. Brazier J, Ratcliffe J, Salomon J, Tsuchiya A. Measuring and valuing health benefits for economic evaluation. Oxford: Oxford University Press, 2007.

41. Furlong W, Feeny D, Torrance G, Barr R, Horsman J. Guide to design and development health-state utility instrumentation, Working Paper Series. Ontario, Canadá: McMaster University Press, 1990.

42. Torrance G. Measurement of health state utilities for economic appraisal. Journal of Health Economics 1986; 5:1-30.

43. Dolan P. The measurement of health related quality of life for use in resource allocation decisions in health  care. In: Culyer A, Newhouse J (Eds.). Handbook of health economics. Amesterdam, North Holland: Elsevier 2000; 1723-1760.

44. Dolan P. Outputs measures and valuation in health. In: Drummond M, McGuire A (Eds.). Economic evaluation in health care – Merging theory with practice. Oxford: Oxford University Press 2001: 46-67.

45. Badia X, Schiaffino A, Alonso J, M. H. Using the EuroQol 5-D in the Catalan general population: Feasibility and construct validity. Quality of Life Research 1998; 7:311-322.

46. Burström K, Johannesson M, Diderichsen F. Swedish population health-related quality of life results using the EQ-5D. Quality of Life Research 2001; 10:621-635.

47. Nord E. EuroQol: health-related quality of life measurement. Valuation of health sates by the general public in Norway. Health Policy 1991; 18:25-36.

 

Correspondência para/Correspondence to:

Lara N. Ferreira

Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo

Universidade do Algarve

Campus da Penha

8005-139 Faro

Portugal

Telefone: +351 289800114

Fax: +351 289888404

E-mail: Lnferrei@ualg.pt

 

Recebido para publicação/received for publication: 09.05.08

Aceite para publicação/accepted for publication: 09.06.23