SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.18 issue2From the Classification of Vienna to the New Classification of Montreal author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


Jornal Português de Gastrenterologia

Print version ISSN 0872-8178

J Port Gastrenterol. vol.18 no.2 Lisboa Mar. 2011

 

Da Classificação de Viena para a Nova Classificação de Montreal: Caracterização Fenotípica e Evolução Clínica da Doença de Crohn

From the Vienna Classification to the New Montreal Classification: Phenotype Characterization and Clinical Evolution of Crohn´s Disease

 

Ana Rebelo, Bruno Rosa, Maria João Moreira, José Cotter

 

Em resposta à Carta ao Editor publicada pelo Sr. Prof. Fernando Magro:

Os autores agradecem a reflexão e os comentários efectuados por F. Magro. De uma forma clara e sucinta é feito um ponto de situação relativo à classificação da Doença de Crohn, nomeadamente as importantes modificações à Classificação de Viena1 com a nova Classificação de Montreal2,3, assim como acerca da importância e da necessidade de estratificação de risco destes doentes.

O objectivo do nosso trabalho foi analisar o impacto destas modificações através da análise de uma série de doentes com Doença de Crohn provenientes da Consulta de Doença Inflamatória Intestinal do nosso Serviço Hospitalar. Apesar das limitações inerentes à dimensão da amostra e ao follow-up relativamente limitado (entre 6 meses a 10 anos), foi possível constatarmos um dos aspectos mais importante desta reclassificação, no que respeita ao fenótipo comportamento (B) - a exclusão de doença perianal (p) do grupo doença penetrante (B3). Este subgrupo de doentes (p) caracterizam-se por uma história natural divergente, com menor necessidade de cirurgia e maior uso de imunossupressores4. Já o novo grupo B3 pela Classificação de Montreal apresentou uma percentagem significativamente mais elevada de cirurgia abdominal (75% vs 64% no subgrupo B3 pela Classificação de Viena). Em outras séries, que não a nossa, conseguiu também constatar-se diferenças relativas ao fenótipo idade de diagnóstico (A), nomeadamente na separação da idade pediátrica (A1, pela Classificação de Montreal), que está associada a serótipos e genótipos próprios, são mais corticodependentes, têm uma maior necessidade de imunossupressão e uma maior prevalência de manifestações extra-intestinais3,5,6; e ao fenótipo localização (L), em que o atingimento do tracto digestivo superior (L4) é acrescido às restantes localizações íleo-cólicas e ao qual se associa um pior prognóstico, com benefício na introdução mais precoce de imunomoduladores7.

Assim, embora a etiopatogenia da Doença de Crohn permaneça não totalmente esclarecida, a avaliação crescente da história natural a longo prazo da doença e a tentativa de classificações fenotípicas mais precisas (para que subgrupos mais homogéneos possam ser explorados) poderão permitir desenvolver abordagens terapêuticas mais dirigidas/ eficazes8,9.

Contudo, como apontado por F. Portela em Editorial do GE – Jornal Português de Gastrenterologia10, o percurso entre Viena e Montreal não permitiu ainda que se construísse mais do que uma classificação clínica, na qual não foi ainda possível integrar dados genéticos ou serológicos, de forma a que ao classificarmos um doente aquando do diagnóstico lhe possamos associar um percurso clínico provável.

 

REFERÊNCIAS

1. Gasche C, Scholmerich J, Brynskov J, et al.A simple classification of Crohn´s disease: report of the Working Party of the World Congress Gastroenterology, Vienna 1998. Inflamm Bowel Dis 2000;6:8-15.

2. Silverberg MS, Satsangi J, Ahmad T, et al.Toward an integrated clinical, molecular and serological classification of inflammatory bowel disease: report of a Working Party of the 2005 Montreal World Congress of Gastroenterology. Can J Gastroenterol 2005;19:5-36.

3. Satsangi J, Silverberg MS, Vermeire S, et al. The Montreal classification of inflammatory bowel disease: controversies, consensus and implications. Gut 2006;55:749-753.        [ Links ]

4. Veloso FT, Ferreira JT, Barros L, et al. Clinical outcome of Crohn´s disease: analysis according to the Vienna classification and clinical activity. Inflamm Bowel Dis 2001;7:306-313.        [ Links ]

5. Magro F, Portela F, Lago P, et al - GEDII. Crohn’s Disease in a Southern European Country: Montreal Classification and Clinical Activity. Inflamm Bowel Dis 2009;15:1343-1350.        [ Links ]

6. Jacobstein DA, Mamula P, Markowitz JE, et al. Predictors of immuno- modulator use as early therapy in pediatric Crohn’s disease. J Clin Gastroenterol 2006;40:145-148.        [ Links ]

7. Dignass A, Van Assche G, Lindsay JO, et al for the European Crohn's and Colitis Organisation (ECCO). The second European evidencebased consensus on the diagnosis and management of Crohn's disease: Current management. J Crohns Colitis 2010;4:28-62.        [ Links ]

8. Freeman HJ. Application of the Montreal classification for Crohn´s disease to a single clinician database of 1015 patients. Can J Gastroenterol 2007;21:363-366.        [ Links ]

9. Lakatos PL, Czegledi Z, Szamosi T, et al. Perianal disease, small bowel disease, smoking, prior steroid or early azathioprine/biological therapy are predictors of disease behavior change in patients with Crohn´s disease. World J Gastroenterol 2009;15:3504-3510.        [ Links ]

10. Portela F. De Viena a Montreal. Mais distantes geograficamente do que na Doença de Crohn. GE – J Port Gastrenterol 2011;18:13-14.        [ Links ]