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Jornal Português de Gastrenterologia

versão impressa ISSN 0872-8178

J Port Gastrenterol. v.14 n.2 Lisboa mar. 2007

 

JOSÉ COTTER

Serviço de Gastrenterologia, Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães, Portugal.

 

Terapêutica Biológica

Lichtenstein GR, Yan S, Bala M, Blank M; Sands B E

Infliximab maintenance treatment reduces hospitalizations, surgeries, and procedures in fistulizing Crohn's disease.

Gastroenterology 2005; 128: 862-869

As fístulas são uma complicação frequente da Doença de Crohn, podendo cerca de metade dos doentes apresentálas ao longo do curso da sua doença, com consequente repercussão sobre a qualidade de vida. Resultam da inflamação penetrante do intestino para órgãos adjacentes, tecidos ou pele, obrigando a tratamento cirúrgico em cerca de 80% dos casos e a ressecção intestinal em 20%.

A Doença de Crohn está associada a custos significativos de cuidados de saúde sendo mais de metade destes relacionados com as hospitalizações.

A terapêutica imunomoduladora com infliximab demonstrou que a manutenção com infusões de 8/8 semanas é superior à terapêutica de indução (0,2,6 semanas), no que respeita à permanência do encerramento das fístulas.

O presente trabalho foi o primeiro com uma grande casuística (282 doentes) elaborado de forma controlada, randomizada e duplamente cega, com o objectivo de demonstrar que a terapêutica de manutenção com infliximab reduz a necessidade de hospitalizações, cirurgias e procedimentos diagnósticos e terapêuticos durante um período de 54 semanas, quando comparada com um grupo placebo. Verificou-se efectivamente que naquele período de tempo, no grupo tratado com infliximab houve uma redução das hospitalizações >50%, o numero médio de dias de hospitalização foi reduzido em 67% e houve uma redução de cerca de 50% em todas as cirurgias e procedimentos diagnósticos e terapêuticos.

Também um número menor de ressecções intestinais foi verificado no grupo submetido a terapêutica com infliximab. De referir que em ambos os grupos os doentes mantiveram terapêuticas concomitantes, nomeadamente com imunomoduladores e aminossalicilados, o que poderá de certa forma eventualmente provocar alguma distorção sobre os resultados finais. Mesmo assim os encorajadores resultados ao fim de 54 semanas influenciam positivamente a morbilidade e a qualidade de vida.

Futuros estudos de custo-eficácia, ainda não elaborados, preferencialmente ao longo de um período maior de tempo, poderão também constituir argumento decisório na estratégia terapêutica a estabelecer. Convém referir que algumas limitações deste tipo de tratamento com infliximab, nomeadamente no que respeita ao aparecimento de efeitos adversos (neste estudo com incidência semelhante ao grupo placebo) poderão eventualmente vir a ser ultrapassadas com a administração de outros imunomoduladores (adalimumab, certolizumab) que se assumem para já, ainda que com experiência cientifica limitada, como válidas alternativas.