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Medicina Interna

Print version ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.25 no.1 Lisboa Mar. 2018

https://doi.org/10.24950/rspmi/Editorial/1/2018 

EDITORIAL / EDITORIAL

Rejeição e Indexação

Rejection and Indexing

João Sá

Editor-Chefe

Hospital da Luz, Lisboa, Portugal

 

No relatório de actividade editorial publicado no número corrente da Medicina Interna1 apurou-se uma taxa de rejeição de artigos propostos de 43,8% no ano de 2017. Este valor,ainda que em crescendo como seria expectável dado o aumento do número de submissões, queda-se muito abaixo do conveniente para que o processo de indexação obtenha o êxito pretendido (> 60%).

A divulgação de um artigo científico, qualquer que seja a sua tipologia, ultrapassa necessidades curriculares dos seus autores ou os esforços de marketing de serviços, departamentos ou instituições. A publicação de opiniões, de práticas no modo de abordagem de questões clínicas de maior complexidade, de textos com peso doutrinário variável em vertentes da técnica, da ética e da deontologia, influenciam com intensidade por vezes insuspeita a individualidade de cada médico, a atitude de equipas ou mesmo o perfil interventivo das instituições. Os impactos podem fazer sentir-se nos critérios e objectivos da utilização de cuidados de saúde das comunidades, influenciando mesmo dimensões que se prendem com os estilos de financiamento da actividade assistencial. O testemunho sobre as oportunidades da telemedicina divulgado neste início de 20182 é disso um exemplo claro. A publicação médica é de facto um assunto muito sério que exige um rigor redobrado na avaliação de qualquer manuscrito proposto. E a tarefa de revisores e editores reveste-se de uma importância estratégica não dissimulável.

Assim, e com a vivência de alguns anos de tarefa editorial, é propósito do Conselho manter o caminho no sentido da construção de um corpo de revisores exigente, definido de acordo com áreas de interesse e proficiência, e numericamente adequado ao volume de trabalho verificado.

Os motivos que presidem à rejeição de artigos científicos por periódicos médicos têm sido alvo de escrutínios vários, frequentemente opinativos, faltando uma publicação de revisão sistematizada dobre o tema.3-6 Passo a enunciar alguns:
• O trabalho não se adequa aos objectivos editoriais da publicação,
• Não se verifica um cumprimento das regras internacionalmente aceites em matéria de divulgação científica,
• As contribuições para o conhecimento científico não são relevantes,
• Os artigos contêm passos passíveis de serem considerados plagiados (um pecado facilmente detectado com ferramentas apropriadas e de frequência elevada mesmo ao nível da publicação internacional de primeira linha),
• O trabalho é proposto em simultâneo a vários jornais ou revistas,
• Os suportes bibliográficos não são adequados e/ou recentes,
• Os dados são colhidos e analisados deficientemente perturbando o prestígio das conclusões,
• A qualidade literária queda-se muito aquém do razoável (Wordiness).4

Ao elaborar um trabalho científico o elenco autoral deverá atender a questões como:
• A escolha de um título apropriado e de um resumo bem estruturado e assertivo (são os primeiros elementos a prenderem a atenção do leitor potencial),
• Uma boa selecção de palavras-chave em português e inglês,
• Uma secção de material e métodos intocável metodologicamente e adequada à “pergunta científica” que, por exemplo, um trabalho original que ver respondida,
• Um capítulo de conclusões justificadas pela exploração correcta dos dados.

Reforço a ideia de que deve ser dado um conveniente protagonismo aos métodos e conclusões, no fundo a alma de um trabalho, e uma dimensão mais modesta a secções como a introdução e a discussão que se desejam tão sumárias quanto precisas nas fases de abertura e finalização de um escrito clínico-científico.

Neste início de 2018 relembro que no plano editorial da Medicina Interna continua a constar como objectivo maior o registo e a integração dos trabalhos dos internistas portugueses nos repositórios internacionais reverenciados, como é o caso da PubMed que contem 28 milhões de citações da literatura biomédica (National Center for Biotechnology Information – NCBI).7 Esta ambição obrigará a uma exigência crescente no escrutínio da qualidade científica e no rigor pelo cumprimento das regras editoriais.

É pretensão do Conselho Editorial que os números 3 e 4 de 2018, bem como os 1 e 2 de 2019, sejam submetidos à apreciação dos consultores da PubMed. Neste propósito relembro a necessidade de consulta de documentos-guia já conhecidos como as regras de publicação que divulgamos em cada edição da revista, as disposições da ICMJE (International Committee of Medical Journal Editors) e da CSE (Council of Science Editors), estas sobre questões de autoria.8,9

Com muita satisfação chamo a atenção de leitores a autores para o facto de a Medicina Interna ter conquistado a chancela da SciELO (Scientific Electronic Library Online), uma biblioteca digital que contém a produção científica de áreas muito diferentes do conhecimento e cujo acesso é livre.10 Como se pode verificar com facilidade podem ser consultados os trabalhos publicados na Medicina Interna que conhecem assim uma divulgação mundial.10

Dos critérios SciELO para a integração de uma publicação constam a publicação predominante de artigos originais e de revisões significativas, a adopção e o respeito por uma periodicidade na edição e o cumprimento dos normativos em publicação científica internacionalmente aceites.

Termino apelando a todos os internistas portugueses, e aos não-nacionais que exercem no nosso país e noutros, que integrem a publicação médica de qualidade no rol extenso das vossas preocupações e prioridades quotidianas.

 

Referências

1. Malheiro F. Revista de Medicina Interna: dados do ano 2017. Medicina Interna.2018;1:7.         [ Links ]

2. Ferreira D. Teleconsultas - Ir ao hospital sem sair de casa - Implicações na relação médico-doente. Med Intern. 2018;25:10-4.         [ Links ]

3. Thrower PA. Journal Editor reveals the top reasons so many manuscripts don’t make it to the peer review process. 2012. [consultado Jan 2018] Disponível em: http://www.elsevier.com/connect/8-reasons-i-rejected-your-article

4. Byrne DW. Common reasons for rejecting manuscripts at medical journals: a survey of editors and peer reviewers. Sci Editor. 2000;23:2:39        [ Links ]

5. Ali J. Manuscript Rejection: Causes and Remedies. J Young Pharm. 2010; 2:1:3-6        [ Links ]

6. Sullivan GM. What to do when your paper Is rejected. J Grad Medl Educ. 2015;7:1:1-3        [ Links ]

7. National Center for Biotechnology Information. PubMed. [consultado Jan 2018] Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/        [ Links ]

8. International Committee of Medical Journal Editors. Recommendations for the Conduct, Reporting, Editing, and Publication of Scholarly work in Medical Journals. [consultado Jan 2018] Disponível em: http://www.icmje.org/recommendations/        [ Links ]

9. Council of Science Editors. Editorial Policies [consultado Jan 2018] Disponível em: https://www.councilscienceeditors.org/resource-library/editorial-policies        [ Links ]

10. SciELO - Scientific Electronic Library on Line [consultado Jan 2018] Disponível em: http://www.scielo.org/        [ Links ]

 

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