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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.24 no.2 Lisboa jun. 2017

 

ARTIGO DE OPINIÃO / OPINION ARTICLE

A Medicina Interna no Hospital de Santarém: Uma Perspectiva Actual

Internal Medicine in Santarem Hospital: A Current Perspective

Luís Siopa1, Margarida Cabrita2

1Serviço de Medicina 4, Hospital de Santarém, Santarém, Portugal

2Departamento Médico e Serviço de Medicina 3, Hospital de Santarém, Santarém, Portugal

Correspondência

 

Palavras-chave:Departamentos Hospitalares; Medicina Interna.

 


Keywords:Hospital Departments; Internal Medicine.

 


 

O Hospital de Santarém é um hospital distrital que serve uma população com cerca de 200 000 habitantes, um quinto dos quais, segundo o Censo de 2011, tem idade superior a 65 anos e um elevado índice de dependência.1,2

Está integrado na rede de hospitais públicos desde 1975, data em que passou da gestão da Santa Casa da Misericórdia para o Ministério da Saúde. Nos dez anos seguintes funcionou ainda em instalações centenárias pertencentes à Santa Casa e, em 1985, transferiu-se para um novo edifício, construído de raiz, onde se localiza actualmente.

Esta mudança do espaço físico de funcionamento, constituiu um marco na vida do Hospital e no panorama assistencial da cidade e dos concelhos limítrofes, uma vez que, para além de modernas instalações, o novo Hospital passou a oferecer aos seus doentes cuidados mais diferenciados, resultado do maior número de médicos, serviços e equipamentos com que foi dotado.1

Os serviços de Medicina Interna foram uma parte integrante da mudança do paradigma dos cuidados que até aí eram prestados e, redimensionando-se, reformulando a sua estrutura e o quadro médico, iniciaram a sua actividade no novo Hospital em finais de 1985 com 62 camas e a designação de Medicina 1 e Medicina 2. Nos anos subsequentes, pela necessidade de responder ao número crescente de interna mentos, sofreram sucessivos aumentos de lotação e várias modificações na sua organização. Este processo conduziu à criação em 1992 de um novo serviço, Medicina 3 e, em 2011, à unificação dos serviços de Medicina 1 e Medicina 2 criando-se o serviço de Medicina 4.

De acordo com a estrutura departamental introduzida no Hospital em 2002, os actuais serviços (Medicina 3 e Medicina 4) estão incluídos no Departamento Médico conjunta mente com os serviços de Cardiologia, Pneumologia e Neurologia e as Unidades de Oncologia e de Gastroenterologia.

Têm uma direcção independente e um corpo clínico com posto no seu conjunto por dois assistentes graduados seniores, seis assistentes graduados, 13 assistentes e 36 internos da formação específica de Medicina Interna, aos quais se soma um número variável de internos estagiários de outras especialidades médicas e do Ano Comum.

Desempenham exclusivamente funções em Cuidados Intensivos, Urgência e no Núcleo VIH/SIDA, quatro assistentes graduados e um assistente.

No plano assistencial a actividade médica decorre fundamentalmente nas áreas de internamento, consulta e urgência, desenvolvendo-se há anos num contexto em que é notório o contraste entre o número exíguo de médicos e o número de doentes a seu cargo, particularmente nas áreas de internamento e da urgência.

As enfermarias afectas aos serviços de Medicina Interna comportam 148 das 173 camas de internamento do Depar tamento Médico, sendo a lotação actual do Hospital de 423 camas. Em 2016 registaram-se 6435 internamentos, para os quais, a lotação adoptada se mostrou largamente insuficiente. Esta situação repete-se há vários anos e obriga a que, quase sempre, existam doentes internados sob a responsabilidade da Medicina Interna a ocupar camas de outros serviços e departamentos.

As consultas externas são realizadas em instalações próprias no bloco de consultas do Departamento Médico. Existem consultas de Medicina Interna e consultas temáticas dedicadas às doenças cerebrovasculares, doenças da tiróide, dislipidemias, hipertensão e risco cardiovascular, doenças auto-imunes (com certificação pela Direcção Geral de Saúde para prescrição de terapêutica biotecnológica), VIH/hepatites e diabetes. Estas duas últimas consultas, integram-se em núcleos assistenciais com hospital de dia e pessoal de enfermagem a eles especificamente dedicado. Os internistas são responsáveis individualmente por um tempo semanal de consulta de Medicina Interna e na generalidade dos casos por um ou mais tempos, também semanais, de consultas temáticas. O movimento assistencial de 2016 registou 13 987 consultas realizadas, sendo 2942 primeiras e 11 045 subsequentes.3

No âmbito da actividade de consulta interna, os serviços asseguram diariamente sempre que solicitados e segundo uma escala individual predefinida, a observação de doentes internados por outras especialidades.

No serviço de Urgência a Medicina Interna organiza-se em seis equipas, realizando os seus elementos, turnos de 12 ou 24 horas de trabalho, na sala de emergência, na unidade de cuidados médico-cirúrgicos, nos gabinetes de observação dos doentes vindos do exterior e na emergência pré-hospitalar. A urgência é classificada como médico-cirúrgica e teve no ano de 2016 um movimento de 132 722 admissões, com uma média diária de 364 doentes observados. Nos dias úteis, no horário pós laboral das enfermarias, os médicos da equipa de Medicina Interna asseguram também a urgência interna dos serviços. Nos fins-de-semana e nos feriados, esta é efectuada de acordo com uma escala independente e em regime de trabalho extraordinário.

A par da actividade assistencial, decorrem regularmen te nos serviços actividades dedicadas à formação médica contínua. Nelas se incluem a realização semanal do “Journal Club” e das duas reuniões clínicas do Departamento Médico e mensalmente a sessão de Actualização em Medicina Interna, com apresentação de trabalhos por parte dos especialistas dos serviços de Medicina Interna ou de outras especialidades.

Os internistas dos núcleos das consultas temáticas realizam também, periodicamente, acções de formação destina dos quer a médicos hospitalares quer a médicos dos cuida dos primários de saúde.

No âmbito da formação de internos os serviços têm idoneidade completa, exceptuando cuidados intensivos, para a realização do internato da formação específica de Medicina Interna e para realização de estágios curriculares nesta área, de internos de outras especialidades e de internos do Ano Comum. Colaboram ainda, sempre que solicitados no ensino clínico de alunos de Faculdades de Medicina nacionais e estrangeiras e da Escola Superior de Enfermagem de Santarém.

Indissociavelmente ligada à actividade assistencial e formativa, desenvolve-se actividade de investigação clínica, assente na realização e análise de casuísticas e no estudo de casos clínicos individuais ou agrupados em pequenas séries, que pela sua raridade ou singularidades do diagnóstico ou da terapêutica, mereçam especial atenção. Permitindo conhecer melhor a realidade onde nos inserimos e consolidar a nossa própria experiência, estas actividades têm constituído o substrato para a realização de inúmeros trabalhos comunicados em reuniões hospitalares e em congressos nacionais e internacionais e para várias publicações em jornais e revistas médicas.

Por último e noutra vertente da sua actuação hospitalar, os internistas têm desempenhado regularmente funções de gestão e direcção como elementos do Conselho de Administração, da Direcção Clínica, da direcção do Internato Médico e da direcção de Departamento e são membros da maioria das comissões de apoio técnico.

Necessariamente concisa, a perspectiva que aqui traçámos constitui um dos testemunhos possíveis, dos caminhos percorridos pela Medicina Interna no Hospital de Santarém nas últimas quatro décadas.

Para o futuro colocam-se novos desafios, nomeadamente o do alargamento da intervenção da especialidade a novas áreas de cuidados assistenciais.

Os serviços de Medicina Interna, com o necessário e urgente reforço do seu corpo clínico, irão com toda a certeza ultrapassá-los, continuando a cumprir, com toda disponibilidade, dedicação e empenho dos seus profissionais, a mis são de prestar cada vez mais e melhores cuidados assistenciais aos doentes sob a sua responsabilidade.

Agradecimento

Os autores agradecem ao Dr. João Sá a oportunidade que nos concedeu, para podermos dar a conhecer, se bem que brevemente e nas suas linhas gerais, a actividade dos serviços de Medicina Interna do Hospital Distrital de Santarém.

 

Referências

1.Livro comemorativo dos 25 anos (1985-2010) do Hospital Distrital de Santarém. Santarém: Hospital de Santarém; 2010.         [ Links ]

2.Instituto Nacional de Estatística. Censos 2011 [consultado em 15 de Março de 2017] Disponível em: http://www.ine.pt/.         [ Links ]

3.Hospital Distrital de Santarém. Gabinete de Informação para Gestão. Análise do movimento assistencial de 2016. Santarém: Hospital de Santarém; 2016        [ Links ]

 


Correspondência: Luís Siopa luis.siopa@hds.min-saude.pt
Serviço de Medicina 4, Hospital de Santarém,Santarém,Portugal
Avenida Bernardo Santareno, 2005-177, Santarém

 

Conflitos de Interesse: Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse na realização do presente trabalho.

Fontes de Financiamento: Não existiram fontes externas de financiamento para a realização deste artigo.

 

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