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Sociologia

versão impressa ISSN 0872-3419

Sociologia vol.38  Porto dez. 2019

https://doi.org/10.21747/08723419/soc38a3 

ARTIGOS

Processos de criação artística comunitária: questões metodológicas

Artistic creation on community processes: some methodological issues

Procesos de creación artística comunitaria: cuestiones metodológicas

Processus de création artistique communautaire : questions méthodologiques

Irene Serafino

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

 

Endereço de correspondência

 


RESUMO

A partir do trabalho empírico de quatro anos, inserido num Doutoramento em Sociologia, apresentam-se considerações sobre o papel dos sociólogos no campo. As reflexões acerca do estudo de caso da associação Pele_Espaço de Contacto Social e Cultural, que atua no território da cidade do Porto desde 2007, levantaram questões relacionadas com a interação da investigadora com o contexto analisado como o fazer e o estar da socióloga no terreno, as implicações éticas, a centralidade de incursões aprofundadas e duradouras, o equilíbrio entre colaboração, proximidade e distanciamento analítico crítico.

Palavras-chave : Metodologia; Reflexividade; Práticas artísticas comunitárias.

 


ABSTRACT

From the field experience in a four-year empiric research, integrated in my Ph.D in Sociology, are shown considerations about the role social researchers plays. Thoughts about thePele_Espaço de Contacto Social e Cultural association’s case study , acts in the city of Porto since 2007, raised questions related to the sociologist interaction with the analyzed context: the “doing" and "being" of the sociologist in the field; the ethical implications; the centrality of in-depth and long-term fieldwork; the balance between, collaboration, approximation, and critical analytical detachment.

Keywords : Methodology; Reflexivity; Community artistic practices.

 


RESUMEN

Objeto de este articulo es una reflexión sobre el posicionamiento de los sociólogos en el campo, empezando desde un proceso de trabajo empírico de doctorado en sociología largo cuatro años. Las consideraciones se han desarrollado alrededor del estudio de caso de la asociación Pele_Espaço de Contacto Social e Cultural, que trabaja en el territorio de Oporto desde el 2007. El trabajo planteó preguntas relacionadas con la interacción de la investigadora con el contexto analizado como el hacer y estar en el terreno de la socióloga; las implicaciones éticas; la centralidad de las incursiones profundas y duraderas; el equilibrio entre colaboración, proximidad y distanciamiento analítico crítico.

Palabras clave : Metodología; Reflexividad; Prácticas artísticas comunitarias.

 


RÉSUMÉ

À partir de l’expérience acquise dans un processus de travail empirique de quatre ans, inséré dans un projet de doctorat en sociologie, des réflexions théoriques et pratiques sur le rôle des sociologues dans le domaine sont présentées. L’étude de cas de l’association Pele_Espaço de Contacto Social e Cultural, qui opère sur le territoire de Porto depuis 2007, ont soulevé des questions liées à l’interaction du sociologue avec le contexte analysé : l’action et la position du chercheur avec le travail sur le terrain : les implications éthiques ; la centralité des travail sur le terrain profonds et durables; l’équilibre entre la collaboration, la proximité et la distanciation analytique critique.

Mots-clés : Méthodologie ; Réflexivité; Pratiques artistiques communautaires.

 


1 – Notas introdutórias

Analisar sociologicamente as práticas artísticas comunitárias, associadas à intervenção social e com objetivos culturais, educativos e de inclusão social, insere-se no debate atual sobre as possibilidades e a eficácia de colaborações entre as políticas sociais e as políticas culturais1 . Foi levada em conta a recente propagação na Europa, mas não somente, de projetos culturais e artísticos com objetivos educativos e sociais desenvolvidos junto a grupos de populações vulneráveis, o aumento dos discursos sobre estas práticas e a resolução da União Europeia sobre a importância de determinar a qualidade de vida das sociedades passando pela compreensão dos níveis de bem-estar (Parlamento Europeu, 2011). A partir destas considerações iniciais, promoveu-se uma reflexão sociológica que se moveu da análise multidimensional da associação portuense Pele_Espaço de Contacto Social e Cultural (PELE) (Serafino, 2019). A associação foi constituída formalmente em 2007 e atua nas áreas socioeducativa, artística e de formação, tendo em vista o desenvolvimento individual, a integração e a afirmação da cidadania, em comunidades específicas e em contextos de exclusão social (Pele, s/d). A investigação, efetuada no âmbito do Doutoramento em Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, contou com um trabalho continuado no terreno de quatro anos e procurou uma compreensão do fenómeno a partir de um estudo de caso único (Yin, 2009) que proporcionou o diálogo entre níveis micro e macro, evitando uma análise isolada do objeto. Consoante às abordagens possíveis às investigações sobre as artes e, no específico, ao teatro (Borges et al., 2014), foi colocada atenção acrescida à dimensão organizacional, social e de análise das possibilidades de melhoria da qualidade de vida dos participantes.

O quadro metodológico intensivo do estudo de caso procurou a saturação analítica do objeto por meio de diferentes técnicas e pela triangulação dos dados recolhidos. Na escrita do elaborado final se procurou respeitar o andamento abdutivo da investigação, caraterizado pelo ir e vir constante entre os quadros teóricos e as incursões no terreno (Azevedo, 2007; 2014). Foram explicitadas, assim, as escolhas metodológicas, os instrumentos criados e os procedimentos analíticos. Por meio do estudo de caso, inserido num contexto territorial, social, económico e político, o objetivo geral foi analisar, através de uma perspetiva sociológica, como e em qual medida determinadas ações da sociedade civil de caráter cultural e artístico proporcionam alternativas às formas de exclusão e segregação social no Concelho do Porto. De forma específica, os objetivos estavam voltados à compreensão e análise das relações entre a participação nas atividades da associação e a inclusão social; entre a associação e os participantes; entre a associação e outras instituições públicas; entre as atividades da associação e os territórios, que consiste, no nosso caso específico, no espaço urbano. Foi realizada uma análise diacrónica da trajetória da associação, da sua estrutura e de suas relações com os territórios e com os parceiros. A partir de uma abordagem crítica, teoricamente e empiricamente fundamentada, foram acompanhadas as ações da associação e seus projetos realizados entre o ano de 2014 e o ano de 2017 e foram consideradas as modalidades de implementação, os impactos e os desafios que acompanham estas ações.

Os procedimentos metodológicos do estudo, que se inserem numa estratégia predominantemente qualitativa (intensiva), foram desenvolvidos a partir da pergunta de partida e dos objetivos e, também, construíram-se em constante relação com o objeto empírico. Ao longo do trabalho de campo foi levado em conta o papel central da investigadora no processo de investigação e a necessidade de não prescindir da reflexividade para alcançar o equilíbrio entre rigor e criatividade (Pyett, 2003). Estes pressupostos, por um lado, traduziram-se na reflexão acerca dos atributos individuais, das experiências de investigação e das perspetivas movimentadas. Por outro lado, incentivaram a recolha sistemática de observações acerca do próprio fazer e estar da investigadora no terreno e a criação de múltiplos espaços reflexivos. Neste quadro, o presente escrito apresenta um exercício de retrospetiva e aprofundamento da autorreflexão sociológica acerca da investigação de Doutoramento e, no específico, de seu processo metodológico, efetuada in progress e a posteriori. Aprofunda-se, assim, a análise reflexiva da investigação sociológica abdutiva para a compreensão das práticas artísticas comunitárias na contemporaneidade.

2 – Breve contextualização teórica do objeto de análise

Sociologicamente podem ser identificadas três gerações de estudos da arte: estético- sociológica, história social da arte e sociologia empírica (Heinich, 2004). Nesta última, em que este estudo se enquadra, analisa-se a arte enquanto fenómeno social e se estuda o funcionamento do ambiente em que a arte se manifesta. Neste sentido, focou-se na análise dos atores protagonistas, de suas interações e de suas experiências artísticas. Colocou-se atenção, também, na estruturação interna da associação PELE, enquanto organização, para compreender suas dinâmicas na produção das obras. Juntamente, foi dado espaço à compreensão da rede em que a associação se encontra e suas dinâmicas próprias. Para tal, foi efetuado um estudo multidimensional que integrou técnicas variadas, ou seja, observação participante, inquérito por questionário, entrevistas semi-diretivas e análise de fontes documentais, conforme aprofundado no item que segue. Nas últimas décadas, adquiriu nova vitalidade o debate acerca das políticas sociais e do papel das instituições culturais enquanto atores protagonistas do contraste à exclusão social, passando pelas reflexões sociológicas sobre democratização da cultura e democracia cultural (Botelho, 2008; Lopes, 2008; Rubim, 2012), intervenções pela arte pública (Pinto, 1995; Ferro et al., 2014) e sobre a associação entre património cultural e desenvolvimento local (Azevedo, 2007; 2014). O trabalho acerca do qual se reflete neste artigo insere-se nos estudos sociológicos sobre as práticas artísticas e culturais associadas à intervenção social. Estas práticas, utilizadas como meio de intervenção para obter efeitos positivos sobre o bem-estar pessoal, a educação, a participação cívica e a coesão social, levaram à reflexão acerca da arte enquanto instrumento social e político (Bourdieu, 2013).

Inserir as práticas artísticas em lógicas de políticas públicas leva a refletir acerca da instrumentalização das artes para fins não diretamente artísticos e acerca da necessidade, da eficácia, dos planos de intervenções e da importância da arte na vida quotidiana dos indivíduos (Melo, 2014; 2015). No caso específico do âmbito teatral, prática artística central nos trabalhos da PELE, podem ser identificados estudos sociológicos que se concentram na análise dos públicos, das representações teatrais, dos atores, das relações funcionais do conteúdo das obras, das estruturas sociais em que se inserem as obras, das funções sociais do teatro nos diferentes tipos de estruturas sociais (Gurvitch, 2011). Evidencia-se a importância de focar em múltiplos aspetos para considerar o teatro enquanto fenómeno social e cultural (Gurvitch, 2011). A partir destes pressupostos foi levada em consideração a necessidade de uma análise multidimensional, que, no caso específico, concretizou-se no estudo da estrutura organizativa da PELE, de seu contexto, de seus outputs e de seus impactos sociais. Inúmeras questões e problemas de investigação sociológicos podem beneficiar-se de quadros metodológicos de teor qualitativo que vão em busca de um entendimento e compreensão da exclusão social (Estivill, 2003), proporcionando uma análise processual e multidimensional de fenómenos de marginalização, até o investigar questões sobre “impactos” sociais, relação entre a cultura e qualidade de vida, a coesão social e a inclusão (Borges et al., 2014). Em relação ao objeto de estudo considerado, no primeiro caso, a linha investigativa abriu a possibilidade de reconhecer a multidimensionalidade das situações de exclusão social e de integrar atividades artísticas em projetos sociais de forma institucionalizada (Melo, 2014; Mota e Lopes, 2017). No segundo caso, possibilitou o aprofundamento do conhecimento da realidade social incorporando os atores e as suas práticas, introduzindo outros pontos de vista sobre as dinâmicas, levando em consideração múltiplos níveis de análise e evitando perspetivas demasiado otimistas ou pouco contextualizadas (Serafino, 2019).

Para a análise interpretativa, que promove a descoberta de conceitos e de relações entre os dados brutos, são apontados como elementos transversais e fundamentais os dados, os procedimentos analíticos e os relatórios (Strauss e Corbin, 2008). A explicitação do processo torna-se parte integrante dos resultados da investigação respeitando o critério de validade que, nas pesquisas qualitativas, relaciona-se à capacidade de compreensão, entendimento, representação e explicação do(a) investigador(a) (Pyett, 2003). Teve-se particular atenção à explicitação do processo, levando em consideração os critérios que qualificam os estudos intensivos (Valles, 2007): éticos, de autenticidade, de confiabilidade das técnicas e da aplicação do desenho metodológico para outras investigações, disponibilizando o material criado e utilizado pela recolha dos dados. Refletiu-se numa escrita que procurasse um elevado grau de honestidade, de abertura e de reflexividade, perseguindo os parâmetros de validação (Pyett, 2003). Antes de passar à apresentação dos resultados propostos neste artigo, para situar a discussão colocada nesta sede, na próxima secção se expõe brevemente o processo metodológico do estudo.

3 –Apresentação do processo metodológico

O modelo analítico do estudo de caso etnográfico (Valles, 2007), que promove a compreensão aprofundada do objeto levando em consideração a sua complexidade, foi operacionalizado metodologicamente a partir da triangulação de diferentes fontes (primárias e secundárias) e de diversas técnicas de recolha e de análise dos dados. Esta escolha proporcionou uma apreciação do contexto social a partir de diferentes níveis de análise: individual, relacional, associativo e territorial. Conforme as especificidades de um estudo indutivo assente na análise sistemática dos dados para o entendimento de um fenómeno social, consoante os pressupostos da Grounded Theory (Strauss e Corbin, 2008), salienta-se a natureza processual e interativa que atravessou transversalmente a investigação e que caracterizou o processo metodológico. O objeto de estudo ganhou forma ao longo da investigação, consoante o andamento abdutivo do trabalho, que contou com o diálogo constante entre os questionamentos teóricos e os novos questionamentos levantados pelas descobertas decorrentes do trabalho de terreno (Serafino, 2019: 58). Respeitando a centralidade da triangulação nas investigações qualitativas (Valles, 2007) e inserindo-se num paradigma de síntese da sociologia (teórica e metodológica), foi efetuada a análise documental e de fontes estatísticas, associada à elaboração dos dados recolhidos a partir de técnicas mais clássicas da vertente qualitativa, como as entrevistas semidiretivas e a observação participante. As diferentes técnicas integraram-se para responder aos objetivos compreensivos da investigação, de forma coerente com os pressupostos teóricos, metodológicos e em diálogo com o objeto empírico, como pode ser visualizado na tabela que segue.

 

 

A análise de fontes documentais ajudou a situar o objeto empírico no seu contexto e na compreensão da natureza da PELE. Proporcionou uma primeira visão panorâmica das atividades e de sua programação, dos grupos populacionais envolvidos e dos laços da associação com os territórios. A recolha de informação secundária foi efetuada a partir do levantamento de dados estatísticos oriundos do Censo 2011 disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE, 2017) e pela base de dados PORDATA (INE/PORDATA 2017; 2018; 2018a; 2018b) e do material produzido pela mesma associação (registo audiovisual e escrito presente na página internet oficial apele.org, panfletos, programas e outro material de difusão, acervo bibliográfico sobre os processos artísticos). Foi acompanhada também pela pesquisa bibliográfica de investigações recentes sobre projetos artístico associados às problemáticas conexas com a questão social e o Concelho do Porto, investigações efetuadas nas áreas de sociologia, educação e estudos teatrais sobre a PELE e/ou com foco em projetos específicos implementados pela associação. Foi efetuado o inquérito por questionário (IQ) para criar agregados de informação com o propósito de estimar grandezas relativas em relação à proporção interna a uma determinada população estudada e de descrever uma população ou subpopulação para determinar as características de um grupo específico (Ghiglione e Matalon, 2005). Portanto, com objetivos descritivos, foi aplicado às pessoas envolvidas nas atividades promovidas pela PELE para obter uma visão sócio demográfica dos atores participantes, foco das intervenções artísticas e socioeducativas.

De setembro a novembro de 2015 o IQ foi aplicado a 61 pessoas de um universo de cerca de 90 indivíduos, presencialmente, via telefone ou via e-mail, de acordo com a disponibilidade das pessoas. Os inquiridos foram localizados a partir dos contatos diretos estabelecidos através da presença da investigadora no terreno e com o auxílio de uma lista de presença dos participantes do projeto artístico escolhido para este fim2 , disponibilizada pela PELE. A aplicação do IQ amparou, também, a escolha dos entrevistados, proporcionando o alcance do bom grau de diversidade interna. Ao mesmo tempo, aproximou a investigadora às pessoas que participaram da investigação, promovendo a criação de relações de confiança, fundamental para o bom andamento das entrevistas (Serafino, 2019:64). Entre outubro de 2015 e dezembro de 2016, foram efetuadas 42 entrevistas individuais semiestruturadas: 3 com os sócios fundadores da PELE, 2 com os membros de grupos teatrais mais “autónomos” que surgiram a partir do trabalho da associação, 21 com os atores participantes das atividades e 17 com os parceiros dos territórios. Em seguida, foi efetuado o tratamento do material a partir do esquema de análise de entrevistas aprofundadas proposto por Isabel Guerra (2014), respeitando as cinco fases que o operacionalizam: 1) a transcrição; 2) a leitura com anotações das temáticas e das problemáticas; 3) a construção das sinopses das entrevistas e das sínteses dos discursos; 4) a análise descritiva, categorial e temática; 5) a análise interpretativa. As entrevistas permitiram ter acesso à informação saliente e pormenorizada acerca das experiências artísticas, dos percursos individuais, das relações de grupo, das dinâmicas do trabalho em rede, da relação entre arte e inclusão social. A partir delas, foram criadas 4 grandes dimensões de análise, reagrupando categorias relacionadas com os efeitos sociais da experiência artística: 1) os impactos nos participantes a nível individual; 2) os impactos nos participantes a nível relacional, de grupo; 3) os impactos na comunidade e no território; 4) os impactos nos parceiros e nas instituições pertencentes. (Serafino, 2019: 291) Como pode ser observado, no esquema que segue, para cada tipologia de entrevistados foram abordados diversos temas de modo a cruzar os múltiplos pontos de vista e levar em consideração diversos aspectos que proporcionam a compreensão multidimensional proposta.

 

 

Para cada tipologia de entrevistados foram, portanto, criadas grelhas de análise categoriais ajustadas. Consoante os já citados pressupostos da Grounded Theory (Strauss e Corbin, 2008), no plano analítico foram feitos ajustes de acordo com os aspetos que surgiram da imersão no terreno. A nível operacional, foram criadas tabelas que permitissem visualizar estes reajustes e sistematizar as categorias de análise. Neste aspecto, a nível exemplificativo, pode ser observada a tabela que segue que explicita as categorias de análise das entrevistas com os participantes às atividades da associação à luz do processo investigativo3 .

 

 

A observação participante, estruturada e individual das relações, dos espaços, dos atores e das atividades, foi efetuada ao longo de 36 meses, alternando momentos com diversos graus de intensidade e atravessando todas as fases da investigação de Doutoramento de forma transversal. Concretizou-se na presença prolongada da investigadora no terreno e no acompanhamento das atividades desenvolvidas pela associação entre outubro de 2014 e setembro de 2017. Efetivou-se, portanto, no contato direto e na interação com o contexto social estudado e com as pessoas observadas. Foi acompanhada por diversos momentos de reflexão, por um registo escrito e fotográfico e foi efetuada nos horários de abertura da associação ao público, mas, também, participou-se de diversas atividades, num movimento de acompanhamento da rotina da associação. O trabalho etnográfico promoveu a criação de novos arranjos analíticos e articulou dados advindos das diferentes técnicas, auxiliando a criação de um desenho integrado e articulando informações que pareciam fragmentárias (Magnani, 2002). Neste sentido, foi central para concertar os diferentes momentos da investigação e mostrou-se fundamental para criar um espaço reflexivo que levasse em conta as complexidades teóricas e operativas. Possibilitou o controle pela própria investigadora acerca do andamento do esforço de manutenção dum equilíbrio entre aproximação e distanciamento ao objeto de estudo. Foi necessário, portanto, para praticar o exercício de estranhamento do familiar (Velho, 1987) e para assumir discursivamente o grau de subjetividade da investigadora e de seu envolvimento e interferência no terreno, diretamente proporcional à permanência no campo (Costa, 2007).

Foram efetuadas observações sistemáticas das atividades da associação: ensaios, fóruns de debate, reuniões organizativas, apresentações públicas de espetáculos teatrais, palestras e seminários. O trabalho etnográfico foi acompanhado pelo instrumento do diário de campo, necessário para proporcionar a organização de informações dispersas (Fernandes, 2002). Nele foram reunidos discursos, memórias, narrativas, notas de observação, notas teóricas e notas metodológicas. A parte mais estruturada do diário foi constituída por uma grelha de observação pré- formulada, com as categorias de observação selecionadas de acordo com os objetivos e que promoveu regularidades na organização dos registos, como mostra o exemplo de grelha que segue em anexo (Anexo1). Reservou-se também um espaço específico para reunir de forma mais flexível outras observações que surgissem para além das categorias iniciais e fragmentos discursivos. De forma complementar, foi efetuado um registo fotográfico e a criação de representações gráficas descritivas e analíticas de espaços e dinâmicas. Foram retalhados também diversos espaços reflexivos com um maior grau de distanciamento do campo e maior aproximação às dinâmicas de revisão de pares próprias do âmbito académico. In primis, as orientações com os professores acerca de questões levantadas pelo trabalho de prática sociológica proporcionaram debater acerca das dificuldades de operacionalização e mostraram-se como momentos fundamentais para criar e revisar a linha de ação de investigação:

Ontem teve o encontro de orientação. Fizemos o ponto da situação e organizamos as ações futuras para respeitar ao máximo os objetivos e o cronograma do projeto. Pensamos a estratégia melhor para a entrada e permanência no campo, já que foi evidenciada por mim uma certa dificuldade de acesso. (Diário de campo, 13/02/2015)

Estes momentos de reflexão orientada, efetuados a partir do diálogo e confronto com sociólogos com experiência didática e prática, foram fundamentais para pensar acerca do reposicionamento da investigadora no terreno consoante os objetivos e o contexto, proporcionando a superação de obstáculos a partir de novas estratégias. Deram a possibilidade de manter uma visão geral e coerente do todo, mesmo nos momentos de imersão aprofundada, em que se corre mais o risco de perder de vista o quadro geral:

Após orientação de ontem fiquei refletindo sobre o andamento da minha pesquisa, indutiva, e me veio à cabeça a imagem de um puzzle que aos poucos se vai construindo e encaixando. Neste momento as peças estão ainda distantes entre elas, muitas faltam e se remodelam a cada passo que dou. Porém, refletindo sobre questões e pressupostos iniciais da minha pesquisa em relação às perguntas possíveis das entrevistas que pretendo fazer, pude ver uma minha aproximação a algumas peças do puzzle e pude vislumbrar uma visão de como poderei construir outras peças no futuro. Um puzzle em transformação espalhado em vários níveis com proximidade e distâncias diferentes em relação a mim. Um puzzle tridimensional e mutável. O puzzle existe, mas não sei exatamente o que se tronará no seu concreto. Assim vejo hoje a minha pesquisa, na qual estou entrando sempre com maior força. Consigo vislumbrar ações sempre mais concretas a serem efetuadas, consigo começar a dar rostos às pessoas e corpo aos objetos. Ainda muito distante da visão final, mas inserida em um puzzle que acredito irá ter uma sua forma. (Diário de campo, 28/04/2015)

Outros momentos úteis que incentivaram a autorreflexão foram as participações a congressos científicos nacionais e internacionais (Serafino, 2015, 2016a, 2016b, 2017a, 2017b, 2017c, 2017d, 2018). Foram momentos que exigiram focar de forma mais aprofundada acerca do andamento do processo, da verificação dos objetivos alcançados, da avaliação do trabalho de campo e de possíveis redefinições. Estes momentos, de supervisão, no caso dos orientadores, e de debate entre pares, no caso dos congressos e aulas proferidas para doutorandos, auxiliaram a formação de um olhar crítico que se fortaleceu também com o diálogo com os outros. Trouxeram novos estímulos para a pesquisa bibliográfica e a reflexão analítica e, neste sentido, se sublinha a importância de criar grupos de debate e de colaboração entre investigadores supervisionados e suportados pela estrutura institucional. Ao mesmo tempo, representaram uma primeira abordagem à redação para publicação e apresentação de resultados.

4 – Notas conclusivas

A partir do apanhado do processo metodológico proposto neste texto, podem ser evidenciadas algumas constatações acerca de investigações sociológicas das práticas artísticas comunitárias associadas à intervenção social, mas que podem ser associadas a outras esferas de investigação sociológica de pendor qualitativo. Em primeira instância, a análise do processo indutivo evidenciou a centralidade do trabalho etnográfico enquanto técnica de recolha de dados particularmente rica para o entendimento do fenómeno, mas, também, como elemento fundamental de auxílio da autoanálise reflexiva e da visão transversal e complexa do próprio estudo. A observação participante representou a técnica que mais proporcionou uma visão global do andamento do processo de investigação e a escrita sistemática, através do diário de campo, foi um elemento central que reuniu anotações organizadas que puderam ser comparadas. Ajudaram a reflexão combinada de elementos teóricos e práticos, auxiliaram os aperfeiçoamentos metodológicos in progess e favoreceram o pensamento criativo. A experiência no campo sobressaiu a necessidade de conciliar os tempos da investigação com os tempos e as dinâmicas próprias da realidade observada e destacou a imprescindibilidade de efetuar um trabalho etnográfico duradouro e aprofundado. No específico do contexto estudado surgiu como a rotina das atividades e dos projetos investigados não é constante e existem possíveis controvérsias. Neste sentido, uma agenda que contemple observações esporádicas pode tornar-se limitada e impossibilitaria o desvendar da complexidade assente em dinâmicas que envolvem assimetrias e interesses múltiplos, por vezes em contradição.

Uma segunda constatação diz respeito às implicações éticas que a investigação comporta e que abarca diferentes questões. No caso de investigações qualitativas, que requerem uma presença prolongada do sociólogo em realidades específicas, deve ser necessariamente discutida a forma de fazer e de estar do sociólogo no terreno. Este último deve respeitar ao máximo o contexto e manter um equilíbrio entre os objetivos investigativos e as questões éticas. Especificamente, isto leva à salvaguarda dos participantes ao estudo e a criação e manutenção de relações de confiança com os informadores privilegiados e com os colaboradores. Neste sentido, vale a pena ressaltar a necessidade de ganhar uma relação de confiança com as pessoas envolvidas, principalmente em pesquisas qualitativas, ainda mais quando são abordadas temáticas delicadas que requerem acesso aos dados sensíveis das pessoas ou que discutem assuntos pessoais e que provocam emoções fortes aos abrangidos. As questões éticas sobre a visibilidade das pessoas envolvidas (anonimato) e o respeito das situações (evitar estigmatização/ julgamentos morais) devem acompanhar todas as fases da investigação, desde o estar do sociólogo no terreno e até a escrita final. Na mesma linha de discussão, um outro aspecto sublinha a importância de uma investigação sociológica, de análise e compreensão das dinâmicas, que seja entendida também como uma mais-valia pelo próprio trabalho efetuado no terreno quotidianamente pela sociedade civil. A ações que o sociólogo assume ao longo do campo e o retorno das reflexões teórico- práticas aos colaboradores e aos participantes do processo investigativo assumem aqui uma valência específica. Neste sentido, surge a possibilidade de considerar a investigação e a reflexão de políticas públicas enquanto auxílio pelos processos virtuosos existentes, reforçando a importância e a possível eficácia da aliança entre Estado e sociedade civil.

Ao longo da investigação considerada manteve-se a preocupação de proporcionar o equilíbrio entre colaboração, proximidade e distanciamento analítico crítico. Advinda a partir de estratégias investigativas e do posicionamento ético assumido pela investigadora, a participação mais ativa na organização das atividades da PELE e a permanência em projetos artísticos para além do alcance dos objetivos da pesquisa, por um lado, facilitaram o conhecimento e aproximação ao objeto de estudo. Por outro lado, criaram novos desafios para a coleta de dados e para uma análise sociológica cientificamente válida. Estes desafios e as dificuldades consequentes estimularam a reflexão sobre a necessidade de manter um equilíbrio entre a distância e aproximação ao campo e a necessidade de uma observação prolongada no tempo, que proporcione a existência de momentos reflexivos intermédios. A relação da investigadora com as leituras teóricas, com os orientadores, com os pares nas conferências científicas e com núcleos de investigação, quando presentes, tornam-se, neste sentido, um elemento importantíssimo. Por fim, uma última consideração acerca das especificidades na apresentação dos resultados. No relatório final, o processo metodológico, inserido numa estratégia predominantemente qualitativa, ocupou um espaço central, atribuindo-se uma atenção acrescida à sua explicitação, à apresentação das escolhas metodológicas tomadas e das técnicas selecionadas. Foi disponibilizado o material criado e utilizado na recolha dos dados, numa lógica de partilha do conhecimento e de validação de uma investigação qualitativa a partir de seus resultados, mas, também, de seu processo metodológico.

 

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ANEXOS

Anexo

 

Endereço de correspondência Irene Serafino. Doutora em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) com bolsa de estudo SFRH/BD/100168/2014 pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Investigadora integrada do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto nos anos 2015-2018. Graduada e Mestre em Políticas Sociais e Serviço Social pela Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Bolonha. Endereço de correspondência: Irene Serafino, Via Carlo Collodi 11, 40133, Bologna (BO), Italy.

 

Artigo recebido em 14 marco de 2019. Publicação aprovada em 25 de outibro de 2019.

 

Notas

1 O presente artigo constitui uma reflexão que decorre da investigação e da escrita da tese de Doutoramento Europeu em Sociologia intitulada “Práticas artísticas e inclusão social: estudo de caso da associação portuense Pele_Espaço de Contacto Social e Cultural”, realizada no Instituto de Sociologia da Universidade do Porto (IS-UP), orientada pela Professora Doutora Natália Maria Azevedo Casqueira (FLUP), co-orientada pelo Professor Doutor João Miguel Trancoso Vaz Teixeira Lopes (FLUP) e realizada com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/100168/2014).

2 Foi aplicado aos participantes do projeto Mapa_O jogo da cartografia, escolhido por encontrar-se em andamento e em sua fase final no período de entrada no campo da investigadora, por reunir os integrantes dos diferentes grupos teatrais provenientes dos projetos efetuados nos 7 anos anteriores pela associação e por ter tido uma duração médio-longa, de acerca 19 meses.

3 Para uma visão mais aprofundada acerca do processo de sistematização categorial em diálogo com o trabalho de campo, remete-se para os anexos presentes no corpo da tese, no específico do anexo 10 ao anexo 16 (Serafino, 2019: 417-452).

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