EDITORIAL

Editorial

Carlos Manuel Gonçalves

O número XXXV da revista Sociologia: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, de junho de 2018, inicia-se com um texto da autoria de Hélder Alves, Idalina Machado, Sidalina Almeida, Joana Guedes, Adriano Zilhão e Óscar Ribeiro que apresenta um conjunto de perfis, constituídos pela agregação de variáveis várias, dos idosos de Vila Nova de Gaia. Apontando para a heterogeneidade social da categoria populacional em questão, os resultados obtidos poderão ser importantes para o equacionamento pelos atores políticos de políticas concelhias sobre as condições de vida sobre a velhice.

Por sua vez, o texto de Paula Casaleiro e Andreia Santos aborda uma temática relevante: a regulação judicial do exercício das responsabilidades parentais. As autoras argumentam que o acréscimo das situações de incumprimento está relacionado com o contexto de crise socioeconómica e as políticas de austeridade caracterizadoras da sociedade portuguesa no passado recente. Para apoio da sua posição são apresentados um conjunto de indicadores acerca da procura da justiça sobre a família e as crianças.

O questionamento sobre a existência de mudanças no modelo profissional dos médicos de medicina geral e familiar estrutura o artigo de Hélder Raposo. Apresenta-nos resultados de um estudo realizado com médicos integrados em unidades de saúde. Emerge como uma das principais conclusões a existência de práticas de trabalho mais burocratizadas, o acréscimo do volume de trabalho e outros condicionamentos organizacionais que se enquadram na tendência managerial da saúde.

Carolina Pimentel Corrêa reflete sobre a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados Brasileira no período de 2004 a 2015. Fá-lo a partir de dois registos conectados entre si: composição sociodemográfica e sociopolitica dos deputados que a integram; os processos de funcionamento e as atividades desenvolvidas no órgão. Neste aspeto, em particular, é ressaltada pela autora a importância das relações entre as filiações partidárias e os interesses dos eleitores, assumem no contexto legislativo brasileiro face às questões do meio ambiente.

Pedro Miguel Alves Ribeiro Correia e Ireneu de Oliveira Mendes centram-se nos posicionamentos dos estudantes sobre a inovação no âmbito das instituições de ensino superior. Estas têm vindo a eleger a inovação como um dos fatores importante para o seu desenvolvimento. Discutem-se os contributos empíricos obtidos, bem como a problemática, mais ampla, da contextualização da inovação no sector público.

Sobre a construção identitária e as práticas profissionais de trabalhadores sociais escreve Vera Diogo. O seu estudo cinge-se à inserção laboral daquele grupo nas organizações da economia social. A identificação de vários perfis identitários é um dos produtos heurísticos da análise que importa destacar.

O presente número da Sociologia: Faculdade de Letras da Universidade do Porto encerra com um artigo de Elizardo Scarpati Costa e Pablo Almada. A precariedade laboral, no quadro mais global das transformações socio-históricas que vêm moldando o mundo do trabalho, é objeto de reflexão pelos autores. Lançam uma proposta, desafiante, do centramento da sociologia do trabalho em tais transformações com efeitos ao nível da observação das novas formas de emprego e das relações laborais.

Boa leitura