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Sociologia

Print version ISSN 0872-3419

Sociologia vol.28  Porto Dec. 2014

 

ARTIGOS

Rituais familiares: práticas e representações sociais na construção da família contemporânea

Family Rituals: Practices and Social Representations in the Construction of the Contemporary Family

Les rituels familiaux: les représentations sociales et des pratiques dans la construction de la famille contemporaine

Los rituales familiares: representaciones y prácticas sociales en la construcción de la familia contemporánea

Rosalina Costa1

Universidade de Évora e Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade


 

RESUMO

Este artigo procura contribuir para o questionamento e a discussão crítica em torno da teorização sociológica recente que apresenta a família contemporânea como uma categoria ‘efémera’, ‘fluida’ e ‘frágil’. A opção por estudar as práticas familiares, concretamente os rituais, combinada com uma abordagem metodológica qualitativa, intensiva e em profundidade, permitiu estabelecer e desenvolver o argumento principal aqui apresentado: as teorias da desinstitucionalização, individualização e risco são insuficientes para a compreensão do que é hoje a família, e é necessária uma abordagem mais texturada, que permita captar o seu significado enquanto espaço simultaneamente físico, relacional e simbólico.

Palavras-chave: família; ritual; construção social da realidade.


ABSTRACT

This article aims to contribute to the questioning and critical discussion of the recent sociological theorization often presenting the contemporary family as an ‘ephemeral’, ‘fluid’ and ‘fragile’ reality. Empirically, the family was conceptualized through the lens of family rituals, combined with a qualitative, intensive and in-depth methodological approach. The main argument presented here is that the theories of deinstitutionalization, individualization and risk are insufficient for understanding the nowadays family, and one needs a more textured approach, capturing its meaning while being simultaneously a physical, relational and symbolic space.

Keywords: family; ritual; social construction of reality.


RÉSUMÉ

Cet article souhaite contribuer à la remise en question et la discussion critique de la récente théorie sociologique qui présente souvent la famille contemporaine comme une catégorie ‘fluide’, ‘éphémère’ et ‘fragile’. Pour tenter de mieux cerner cette question, l’option était de “fixer” la famille à travers des rituels, combinée à une approche qualitative, approfondie et intensive. Le argument principal qui est présenté ici est que les théories de la désinstitutionalisation, l’individualisation et du risque sont insuffisants pour comprendre la famille de nos jours, et il faut une approche plus texturé, ce qui permet de capturer tout son sens tandis que elle est un espace en même temps physique, relationnel et symbolique.

Mots-clés: famille; rituel; construction sociale de la réalité.


RESUMEN

Este artículo busca al cuestionamiento y discusión crítica de la reciente teoría sociológica que a menudo presenta la familia contemporánea como una realidad ‘efímera’, ‘fluida’ y ‘frágil’. En un intento de comprender mejor este tema, elegimos captar a la familia a través de los rituales, junto con un enfoque cualitativo, intensivo e en profundidad. El argumento principal que aquí se presenta es que las teorías de la desinstitucionalización, individualización y riesgo son insuficientes para la comprensión en la actualidad de la familia, y es necesario un abordaje con más textura, e que permita captar su significado, mientras que espacio al mismo tiempo físico, relacional y simbólico.

Palabras clave: familia; ritual; construcción social de la realidad.


 

Introdução

“Sou sociólogo. Especializado no estudo da família. Tento desvendar os segredos deste domínio íntimo que acreditamos conhecer profundamente, porque nele vivemos diariamente”2. Estas palavras de Jean-Claude Kaufmann (1989: 7) são particularmente reveladoras do desafio que enfrentamos no momento em que nos interessa, também a nós, a compreensão da família contemporânea3. Se é certo que o ofício do sociólogo se constrói sobre a operacionalização do imperativo que nos impele a tornar estranho aquilo que nos é familiar, certo é que este imperativo é tanto mais difícil de operacionalizar quanto o objeto sobre o qual nos detemos é de tal forma familiar que recai, precisamente, sobre a família.
Ora, como captar, empiricamente, a família contemporânea? Por um lado, a família contemporânea não existe senão como construção social (Berger e Luckmann, 1999; Saraceno, 1997); por outro, não existe uma família contemporânea, do mesmo modo que não existe uma família do passado, da Antiguidade Clássica ou do Antigo Regime. Ainda assim, é possível identificar no plano da abstração teórica traços que de um modo mais ou menos global procuram enfatizar as principais características da família num determinado momento histórico-social, construindo, assim, o modelo dominante em termos de teorização sociológica. A literatura está, aliás, repleta de exemplos do trabalho de sociólogos que se preocupam com o estudo, a análise e a compreensão da “família contemporânea”, objetivos e projetos intelectuais visíveis inclusivamente nos títulos escolhidos para as suas obras4. Mais de cem anos volvidos sobre a lição “Introduction à la sociologie de la famille”5, move-nos exatamente o mesmo móbil de Durkheim, o de estudar não a família do passado ou a família do futuro, mas a família contemporânea, “aquela que existe atualmente aos nossos olhos e no seio da qual vivemos” (Durkheim, 1975: 7).
Com base nos resultados obtidos a partir de uma investigação que tomou como objeto empírico o estudo dos rituais familiares na contemporaneidade (Costa, 2011), procuramos neste texto questionar e discutir o alcance das teorias da desinstitucionalização, individualização e risco enquanto chave explicativa para a compreensão sociológica do que é, hoje, a família.

1. Desinstitucionalização, individualização e risco. A família “líquida”?

O campo de estudos coberto pela Sociologia da Família tem sido um laboratório de ensaio das teorias desenvolvidas pelos grandes pensadores sociológicos, acompanhando-as epistemológica e temporalmente. Estudar a família é, por isso, estudar também o modo como esta, enquanto objeto científico, tem sido perspetivada na relação (e associação) com forças sociais mais amplas, como a industrialização, o capitalismo ou o patriarcado (Smart, 2007).
Na atualidade, são as teses da individualização, desinstitucionalização e risco, hegemónicas no pensamento social contemporâneo a partir dos anos 90 do século XX e já nos anos 2000 (Brannen e Nielsen, 2005), que fazem a ligação entre a ordem social mais ampla e a mudança na família, nomeadamente a explicação para o conjunto de mudanças radicais a que assistimos na sociedade ocidental contemporânea6. É nas agendas de trabalho de autores como Anthony Giddens (1996; 2000a; 2001), Ulrich Beck (1992), Ulrich Beck e Elisabeth Beck-Gernsheim (1995; 2002), Beck-Gernsheim (2002) e Zygmunt Bauman (1999; 2001; 2006) que, partindo do indivíduo, se discutem agora questões como as das funções, contornos e até o futuro da família. Nestas teses, a mudança na família justifica-se por processos gerais de mudança social (como a maior igualdade, escolarização, globalização, etc.), donde resultou uma individualização crescente que confere aos indivíduos o “poder” (e “dever”) para moldar a sua biografia (Beck, Giddens e Lash, 1994).
A nível macro, esta meta-teorização sugere grandes tendências e procede a um conjunto de generalizações sobre a direção da mudança na sociedade ocidental (Brannen e Nilsen, 2005). As críticas que lhe são endereçadas insistem, justamente, no modo como estas teses apresentam uma imagem demasiado homogénea da família e das relações interpessoais contemporâneas. Uma visão “monocromática”, para utilizar a expressão de Carol Smart e Beccy Shipman (2004), retomada mais tarde por Déchaux (2007). Acusadas de insuficiente ancoragem empírica (Brannen e Nielsen, 2005), alimentam por meio de um discurso dedutivo e generalista a ideia de, senão desaparecimento, “instabilidade”, “diluição” e “fragilidade” da família. De facto, a apresentação das coordenadas espácio-temporais que nos ajudariam a compreender a contextualização das afirmações é geralmente parca, vaga e as fontes empíricas muitas vezes omitidas7. Apesar disso, esta teorização influência de modo notável a representação da família contemporânea junto da comunidade de jovens aprendizes de sociólogos ou leigos na matéria, cuja principal via de acesso à Sociologia passa pela leitura de obras de alcance mais geral, como os manuais especificamente desenvolvidos para o público universitário 8. Nestas obras, a imagem que é dada da família e das relações íntimas na contemporaneidade é a de uma realidade em mudança permanente. Também aí o ponto de partida é quase sempre o debate sobre o (aparente) declínio da família e dos valores familiares na sociedade pós-industrial. Num cenário atravessado pelo discurso penetrante e sedutor das teses de individualização e risco, a família surge nestas obras como uma categoria “difusa”, afastada da “instituição” e com uma ênfase muito forte nas ideias de “instabilidade”, “diluição” e “fragilidade”.
A nível micro, as teses da desinstitucionalização, individualização e risco têm sido, nos últimos anos, responsáveis por um ímpeto dado ao estudo e à investigação de novos modos de intimidade não cobertos pelas definições cada vez menos consensuais de parentesco, casamento ou coabitação heterossexual. Prova disso é a forte atividade tanto de investigação, como editorial, donde resulta uma recente, intensa e diversificada literatura ancorada em estudos de micro ou grande escala, de índole mais qualitativa, quantitativa ou ambas, e de corte mais transversal ou longitudinal (Smart e Shipman, 2004; Déchaux, 2007).
É certo que as novas famílias ou os novos estilos de vida9 “não cabem” nas categorias pré-estabelecidas e qualquer tentativa para forçar a adequação destas novas formas aos velhos “recipientes” iria, inevitavelmente, “falsificar a realidade” (Beck-Gernsheim, 2002: 3). Mas o que estes estudos têm demonstrado é que a família enquanto constructo social continua a existir para além das categorias sociológicas que a dão como “incrustada”, “zombie” ou “líquida”. A desinstitucionalização, a individualização e o risco de que falam Beck, Beck-Gernsheim, Giddens e Bauman surgem, no campo específico da Sociologia da Família, como traços de uma contemporaneidade objetivada no ideal da família conjugal e relacional moderna, triplamente construída como um processo de sentimentalização, privatização e individualização (Ariès, 1988; Shorter, 1995; Burguière et al., 1995; Kellerhals, Troutot e Lazega, 1989; Singly, 1993 e 2001; Kaufmann, 2000 e 1993; Roussel, 1989). As afirmações segundo as quais os indivíduos fazem escolhas “fáceis”, “egoístas” ou “abandonam compromissos” estão, assim, a ser desafiadas e nalguns casos refutadas por um conjunto crescente de estudos que, ao nível empírico, olham a contextos sociais particulares, em espaços e tempos concretos (Brannen e Nilsen, 2005). Para lá da retórica das imagens da família, estes estudos têm contribuído para trazer para o discurso sociológico uma visão mais “policromática” e “texturada” das famílias (Smart, 2005; 2007).
Não há dúvida que os conceitos de família e parentesco estão a ser reinventados, exigindo uma “elasticidade conceptual” e “redefinição” (Beck e Beck-Gernsheim, 1995:20). Mas independentemente do caráter mais ou menos “efémero” e “frágil” das relações contemporâneas e apesar do contexto de “risco” que as circunda, os “mecanismos de atração” – e não apenas os de “repulsa” – continuam a existir. Depois de argumentarem inicialmente sobre o modo como a lógica inerente ao processo de individualização estaria a produzir uma sociedade “sem famílias”, feita apenas de indivíduos (Beck, 1992: 116), estes autores viram-se mais tarde “obrigados” a assumir a existência de uma família pós-casamento (Beck e Beck-Gernsheim, 1995: 145) e pós- familiar (Beck-Gernsheim, 2002: ix). A conclusões semelhantes chegam outros, nomeadamente Giddens (1996), para quem o compromisso é condição de revelação ao outro, e Bauman (1999), que vê na ambivalência que caracteriza a contemporaneidade uma ânsia e procura incessante pela ligação emocional. Ora, como assinala Théry (1993), a família sobrevive à des-conjugalização e à des-coabitação e, aparentemente paradoxal, a experiência de estilos de vida individualizados afirma a procura pelo mundo da intimidade, segurança e proximidade (Crow, 2005). As famílias continuam, afinal, a existir e a afirmar-se na sua pluralidade e diversidade.

Questionamo-nos, então, sobre o que constrói uma família mais do que aquilo que a torna “efémera”, “fluida” e “frágil”. Vejamos como.

2. Do sagrado à vida de todos os dias: práticas, rituais familiares e imaginação sociológica

Na esteira de David Morgan (1996, 1999, 2011), propomo-nos olhar e conceptualizar as famílias não por aquilo “que são” ou “para que servem”, mas “pelo que fazem”. Optámos por analisar as “práticas familiares”, especificamente os rituais familiares, reconhecidos por vários autores como uma das portas de entrada para o estudo das representações e práticas na e da família (Bossard e Boll, 1950; Imber-Black e Roberts, 1993; Neuburger, 2003; Gillis, 1996).
As dificuldades associadas à definição de ritual familiar tornam-se mais complexas no quadro de uma paisagem caracterizada pela diversidade de áreas disciplinares de origem dos investigadores atraídos pelo estudo deste objeto desde que, em 1950, James Bossard e Eleanor Boll publicaram Ritual in Family Living (Bossard e Boll, 1950). Não obstante, as origens do estudo do ritual confundem-se com a própria origem da Antropologia e Sociologia. Foi, aliás, associado ao estudo da religião, do sagrado, da magia ou do divino que os rituais começaram por ser cientificamente construídos como objeto de estudo. De salientar o trabalho indelével de Émile Durkheim em Les Formes Élémentaires de la Vie Religieuse (2002), cuja abordagem aproxima rito e religião, e enfatiza, no domínio do sagrado, a função social do ritual, ausente na esfera do profano. A Antropologia viria, ela própria, a estar inextricavelmente associada ao estudo dos rituais, inicialmente por força das origens já enunciadas e, mais tarde, pela mão de Arnold Van Gennep (1965), Edmund Leach (1954) e Victor Turner (1980, 1995). Mas os desenvolvimentos na abordagem dos rituais passam também pela própria Sociologia. Depois que em 1950 James Bossard e Eleanor Boll publicaram Ritual in Family Living, os contributos de Erving Goffmann (1974) e Pierre Bourdieu (1982) são, porventura, aqueles que mais se destacam nesse domínio.
À medida que a perspetiva antropológica e sociológica caminhou do sagrado para a vida de todos os dias, a aplicação da categoria “ritual” ao domínio particular da sociologia da família conheceu avanços e retrocessos. A fim de operacionalizar este conceito, definimos rituais familiares como práticas prescritas que resultam da interação familiar, direcionadas para um fim específico e das quais se pode retirar um significado simbólico. Adicionalmente, partimos de uma classificação considerada clássica – proposta por Wolin e Bennett (1984) – que distingue entre celebrações, tradições e interações padronizadas, para designar esses dias, momentos ou acontecimentos, considerados “especiais” na vida dos indivíduos e das famílias. Os primeiros – as celebrações – são simultaneamente os mais organizados e mais esporádicos (e.g. associados ao nascimento, casamento ou morte), ao passo que os últimos – as interações padronizadas – são os mais espontâneos e frequentes (e.g. práticas quotidianas associadas ao dormir, alimentação ou lazer). Entre um e outro, as tradições afirmam-se por relação à idiossincrasia de cada família (e.g. os modos particulares de festejar os aniversários, ocupar as férias de verão ou celebrar o Natal).
O estudo dos rituais familiares convida-nos, assim, a relativizar o diagnóstico atual de fluidez da família contemporânea. Através dos rituais a família observa-se, percebe-se e “sente-se” (Kaufmann, 1997: 142), construindo-se quer enquanto realidade objetiva, quer enquanto representação (Bourdieu, 1993; Gillis, 1996).
Foi neste enquadramento que definimos a principal questão de investigação: quais são, como se caracterizam e que lugar ocupam os rituais familiares na construção da família contemporânea? Face a este enigma, estabelecemos como objetivo último o de retratar e compreender, por dentro e na sua diversidade, o modo como os rituais familiares ajudam à construção da família contemporânea, já que sociólogos e antropólogos sugerem que os rituais constituem uma forma de as famílias delimitarem as suas fronteiras, estruturarem a definição e a atribuição de papéis, e criarem e reafirmarem uma representação e sentido sobre elas próprias e a sua existência. Implicitamente avançámos na investigação com a hipótese geral de que os rituais familiares constituem lugares de construção da família contemporânea (para dentro e para fora) e que, acompanhando o processo de modernização da família, são hoje tendencialmente privados, individualizados e sentimentais, ao mesmo tempo que fortemente matizados por estruturas e dinâmicas familiares, contextos sociais de pertença e dinâmicas de género.
É justamente a explicitação do caminho metodológico que nos conduziu das interrogações e intenções de partida ao “artesanato intelectual” (Mills, 1975) – que, em última instância, a apresentação de resultados representa – que expomos na secção que se segue.

3. Das interrogações de partida ao “artesanato intelectual”

Se, como afirma Barbara Fiese, “cada família define o que é importante para si” e “dá significado às práticas diárias e celebrações especiais” (Fiese, 2006: 3), teremos, necessariamente, de deixar às próprias famílias – e aos seus protagonistas – a possibilidade de dizer o que constitui e não constitui um ritual familiar e onde radica o caráter “especial” que lhe é atribuído ou reconhecido. Ao encontro da tradição weberiana (Weber, 1947) privilegiámos uma abordagem qualitativa, intensiva e em profundidade, com vista à compreensão dos significados, interpretações e experiências subjetivas associadas aos rituais enquanto práticas familiares.
Para o recorte da amostra optámos por um processo de “amostragem teórica” (Glaser e Strauss, 1967), nele procurando estudar componentes não estritamente representativas, mas “características da população” (Quivy e Campenhoudt, 1992: 164). De modo mais específico, seguimos um processo de amostragem por caso múltiplo, a “amostra por homogeneização” (Pires, 1997). Neste tipo de amostra, o controlo da diversidade não é realizado face a elementos externos ao conjunto de indivíduos selecionados, mas internamente, procurando com isso as variáveis mais pertinentes que fazem variar a posição do ator perante o objeto em estudo. Reunindo as diversas pistas suscitadas a partir da revisão da literatura selecionámos indivíduos a viver em contextos familiares diversificados, especificamente os que derivam da morfologia familiar em presença e respetiva duração da situação conjugal, e ainda do número e idade dos filhos. Sob pena de cairmos na singularidade e especificidade de cada caso, o que nos impossibilitaria de extrair para a análise algumas regularidades sociais, optámos por circunscrever o recorte empírico a famílias bi-parentais e monoparentais (materno e paternocêntricas). Desta forma, introduzimos na nossa amostra um princípio de diversidade interna (Pires, 1997), central para o tipo de amostra adotado e, simultaneamente, revelador e heurístico para a realidade das famílias cujo quotidiano é alterado pela via do divórcio ou separação entre parceiros (Imber-Black, Roberts e Whiting, 2003; Johnson, 1988; Whiteside, 1989; Pett, Lang e Gander, 1992; Lobo, 1995, 1996 e 2009). Para as várias morfologias familiares, entrevistámos homens e mulheres (dado o interesse em captar as narrativas masculina e feminina sobre os rituais familiares), submetidos a um critério de “duração”, privilegiando-se a seleção de indivíduos há pelo menos dois anos na situação conjugal atual10. Um segundo critério de constituição da amostra contempla a situação dos indivíduos perante a parentalidade. Neste domínio, e porque estudos anteriores apontam também para a diversidade e complexidade de rituais familiares em função do número e idade das crianças (Lueschen et al., 1971; Fiese et al., 1993; Churchill e Stoneman, 2004), privilegiámos a seleção de pais e mães de filhos com idade compreendida entre os 3 e os 14 anos.
Diversificada a amostra em função da conjugalidade, parentalidade e género, optámos por homogeneizar os meios sociais de pertença (definidos a partir do capital escolar e profissional dos seus membros) e a origem geográfica dos entrevistados. Uma vez que o objetivo geral se centra no estudo dos rituais na família contemporânea, o nosso enfoque recaiu sobre indivíduos de classe média, selecionados empiricamente a partir do nível de instrução mínimo que contempla a conclusão do ensino secundário, e profissões centradas nos primeiros grupos da Classificação Nacional das Profissões11.
Finalmente, quanto à delimitação espacial, a opção foi a de tomar uma cidade como Évora, de média-dimensão, que, em contexto português, representa, de algum modo, a norma dentro da exceção que constituem as duas únicas áreas metropolitanas do país. Por outro lado, a opção por uma cidade de média dimensão vem descentralizar a investigação sociológica em torno da família, afastando-a da área metropolitana de Lisboa onde tem sido particularmente profícua (Almeida, 1993; Torres, 1996 e 2002; Guerreiro, 1996), para avançar para novos terrenos. À semelhança de outros estudos em profundidade (Wall, 1998; Lalanda, 2003; Dias, 2004), procuramos, assim, contribuir para o aprofundamento do conhecimento científico e para a compreensão de um cenário mais exaustivo sobre o quotidiano e as dinâmicas das famílias no Portugal contemporâneo que já conhecemos (Wall, 2005). Em suma, entrevistámos para o nosso estudo homens e mulheres de classe média, com pelo menos um filho com idade compreendida entre os 3 e os 14 anos de idade, residentes na cidade de Évora (Portugal) e que, independentemente da situação conjugal à data da entrevista, nela estivessem há, pelo menos, dois anos.
Efetivamente procurámos construir uma amostra que desse conta da máxima variabilidade dentro da tipicidade associada aos critérios estabelecidos à partida.

Atendendo aos propósitos e aos contextos da investigação, a amostra final foi empiricamente construída de modo intencional (não probabilístico) e os entrevistados selecionados a partir da combinação de diferentes técnicas de recrutamento, tanto a de conveniência (através das redes pessoais e profissionais da investigadora), como em bola de neve (entrevistados acessíveis a partir de outros entrevistados).
O recurso a uma entrevista qualitativa foi a forma que encontrámos para captar a perspetiva interior sobre o indivíduo enquanto membro de uma família que pretendíamos. Ao fazê-lo, identificamo-nos com a já longa tradição qualitativa de análise dos rituais familiares (Bossard e Boll, 1950; Viere, 2001; Fiese et al., 2002) e reconhecemos as suas mais-valias para os objetivos em presença, sobretudo quando comparadas às metodologias quantitativas12. A solução encontrada passou, então, por privilegiar a aproximação à entrevista de episódio (Flick, 1997; 2005). Este tipo de entrevista parte do pressuposto que as experiências dos indivíduos são armazenadas e recordadas na forma de conhecimento semântico (conceitos e inter-relações entre conceitos) e de narração de episódios (experiências, situações e circunstâncias concretas).
O trabalho de campo decorreu nos anos de 2008 e 2009. No final, obtivemos um total de trinta entrevistas válidas, integralmente conduzidas pela investigadora e registadas com recurso a gravador áudio. Após a transcrição verbatim procedemos à análise interpretativa dos dados através de uma análise de conteúdo, tendo como pano de fundo a tradição sociológica de análise qualitativa (Glaser e Strauss, 1967). As narrativas analisadas foram perspetivadas não como um fim em si mesmo mas como uma “janela para a experiência humana” (Ryan e Bernard, 2000: 769) em busca de significado e compreensão e seguindo de perto as orientações de Laurence Bardin (1977) para a análise categorial temática e estrutural. Do ponto de vista instrumental, a análise de conteúdo foi efetuada com recurso a software para análise qualitativa de dados (NVivo, ©QSR International). Finalmente, para a apresentação dos dados e para a análise e discussão de resultados, optámos pela reconstrução textual de narrativas contextualizadas (Flick, 2005) 13. São justamente as principais conclusões deste trabalho que apresentamos e discutimos nas páginas que se seguem.

4. Pequenos e Grandes Dias

Perante o discurso dedutivo e generalista de boa parte das definições e aceções aparentemente acabadas que, no domínio da teorização social contemporânea, adjetivam a família de “efémera”, “fluida” e “frágil” (Brannen e Nielsen, 2005), pretendíamos, com este estudo, alcançar uma compreensão ampla, plural e atual das inúmeras evidências pelas quais a família se nos apresenta na contemporaneidade enquanto “categoria realizada” (Bourdieu, 1993). De modo transversal ao modelo de análise, na recolha de dados e, por fim, na análise que empreendemos, procurámos mapear a família nos seus múltiplos tempos e espaços diurnos e noturnos, ritmos matutinos e vespertinos. No dia a dia, ao longo da semana, do ano e no tempo das suas vidas, atentámos a pais e filhos, adultos e crianças e as muitas famílias a que pertencem: bi- parentais, monoparentais, nucleares e alargadas. Instigámos a linguagem silenciosa do espaço e a dimensão oculta do tempo como dimensões simbólicas estruturantes (Hall, 1986; 1996) e, por fim, encontrámos momentos iguais e “banais”, mas também alguns outros diferentes e “especiais”.
Centrados nos rituais familiares e com a questão de partida em pano de fundo, guiou-nos o conjunto de três sub-questões principais definidas ao início. Procurámos, primeiro, a resposta para a identificação das celebrações, tradições familiares e interações padronizadas que estruturam a constelação dos rituais familiares; depois, a sua caracterização em termos de protagonistas, espaços, tempos, sensações, símbolos e significados; por fim, a revelação das relações que estabelecem e o modo como se articulam com as estruturas e dinâmicas familiares, os contextos sociais de pertença e as dinâmicas de género.
Inscritos no calendário familiar (Daly, 1996), simultaneamente construído a partir do interior mas também pelo exterior (Imber-Black e Roberts, 1993), concluímos pela existência de uma multiplicidade e diversidade de rituais familiares. Centrados sobre a díade conjugal, a criança tomada individualmente ou na sua interação com pais e pares, ou ainda na família como um todo, os rituais ora envolvem o casal, ora mobilizam pais e mães a solo com os respetivos filhos, ora envolvem toda a família, incluindo nalguns casos também não-familiares.

Mas, o que confere a determinadas práticas a adjetivação de ritual familiar? Os dados analisados destacam três dimensões como especialmente importantes. Primeiro, o tempo. Distintos das rotinas nas dimensões de comunicação, compromisso e continuidade (Fiese et al., 2002; Fiese, 2006), os rituais familiares são momentos ou eventos que reservam para si um tempo protegido, que alteram a normalidade e que no quotidiano, ao longo do calendário anual das famílias ou do tempo de vida dos indivíduos que a elas se ligam, impõem um tempo diferente e especial, que pode ser antecipado e, mais tarde, relembrado e reinterpretado. Em segundo lugar, o espaço. A coordenada tempo funde-se no e com o espaço e dá-lhe significado. O espaço condiciona, molda e transforma o banal e a performance dos vários atores, ao mesmo tempo que define as fronteiras entre quem faz e não faz parte da família, quem é anfitrião ou convidado, protagonista ou destinatário. Finalmente, a emoção. Há um compromisso afetivo que une os vários protagonistas do ritual e que é responsável por uma espécie de colorido emocional que pincela tais ocasiões (Imber-Black e Roberts, 1993). Essas emoções não são apenas momentâneas, já que, como vimos, os rituais deixam vestígios emocionais quando cumpridos e mantêm significados em potência passíveis de serem visitados, revisitados e, também por isso, reinterpretados do ponto de vista da experiência afetiva e simbólica que consigo transportam.
Com vista à caracterização detalhada dos vários rituais familiares, retomámos e desenvolvemos a classificação de Wolin e Bennett (1984) que distingue entre celebrações, tradições familiares e interações padronizadas. Com base numa lógica eminentemente indutiva, reorganizámo-la a partir de um novo ponto de vista: o modo como os rituais servem os propósitos de construção social da família, hipótese aliás subjacente à nossa análise. Na delimitação de fronteiras, na definição e atribuição de papéis e ainda na criação e afirmação de uma representação e sentido sobre si próprias e a sua existência, começámos por distinguir os rituais que inscritos no dia a dia irrompem a normalidade do quotidiano e ajudam a construir a família para dentro. São momentos quotidianos ou semanais que acontecem tanto no espaço da casa como no espaço público e nos quais pais, mães e filho(s) são simultaneamente orquestradores e protagonistas de um conjunto de práticas que emergem como significativas. Os rituais que fazem parte destes “pequenos dias” – as rotinas de deitar que envolvem pais e filhos (e.g. o momento de contar as histórias de dormir para as crianças) e os dias e respetivas “chegadas” e “partidas” vividas semanalmente ou de quinze em quinze dias entre pais divorciados e os filhos cuja coabitação alternam com os ex-cônjuges – surgem imbricados num quotidiano feito de dias normais, diferentes e alternados. Compreender o modo como estes rituais ajudam a construir a família na sua dinâmica interna obrigou, por isso, a olhar demorada e exaustivamente “as teias que a família tece”14: pela manhã, de tarde e à noite; nos dias de semana, Sábados e Domingos; na copa e na cozinha, no quarto das crianças ou ainda na arena do supermercado.
Um outro conjunto de rituais ajuda, principalmente, à construção da família para fora, isto é, perante o exterior. É certo que implicam também, de um ponto de vista interno, uma redefinição de papéis familiares e ajustamentos quotidianos vários. Apesar disso, agrupámo-los num todo por serem tradicionalmente vistos como ritos de passagem, hoje reinterpretados, mas ainda assim mantendo valor heurístico na conceptualização, definição e redefinição de fronteiras, ao adicionar novos membros (e.g. através do casamento, formas diversas de entrada na conjugalidade e nascimento de crianças) e subtrair outros (e.g. pela separação, divórcio ou morte de familiares significativos, aqui percecionada pelo momento do funeral e respetivas exéquias fúnebres).
Por fim, in media res, incluímos as festas de aniversário, as férias em família e ainda as ocasiões familiares regulares como a celebração do Natal. Não apenas operam ao nível da definição de valores de proximidade e pertença (para dentro, portanto), como também abrem espaço à inclusão de outros membros da família alargada ou do grupo de pares, e implicam, por vezes, deslocações no espaço e mobilidades físicas, geográficas, mas também imagéticas entre famílias do presente e do passado, reais e imaginadas.
Ao final, a análise e discussão dos resultados permite concluir de uma forma simultaneamente nova e original que a família, enquanto realidade sociológica, faz os rituais. A um mesmo tempo, estruturas e dinâmicas familiares, contextos sociais de pertença e dinâmicas de género contribuem para definir, moldar e estruturar a constelação de práticas adjetivadas como especiais. Porém, os rituais familiares são também um lugar de construção da família. Isto acontece justamente porque, pela conjugação das coordenadas tempo, espaço e emoção, servem o propósito de afirmar a suspensão da realidade que as famílias enfrentam: um tempo escasso, um espaço avulso e fragmentado, e uma ação que obriga mais à injunção que à reflexão. Simultaneamente, ajudam a construir o seu oposto: um tempo e espaço especial, atravessado pela emoção e memória. Ao suspenderem o quotidiano, os rituais familiares constroem, consolidam e reproduzem não apenas as famílias em que os indivíduos vivem, como também aquelas pelas quais vivem (Gillis, 1996).

Conclusão

A opção por “fixar” a família a partir dos rituais familiares, isto é, das práticas que empreendem (Morgan, 1996; 1999; 2011), permitiu, em suma, estabelecer e ampliar o argumento principal aqui desenvolvido, o de que as teorias da desinstitucionalização, individualização e risco são insuficientes para a compreensão do que é, hoje, a família, e de que é necessária uma abordagem mais texturada (Smart, 2005; 2008) que permita captar o seu significado enquanto espaço simultaneamente físico, relacional e simbólico (Saraceno, 1997).
Qual caleidoscópio, os rituais familiares permitem captar a um só tempo as dinâmicas familiares internas e externas nas suas múltiplas tensões e contradições. Para a construção da família enquanto espaço físico, contribuem com a afirmação de fronteiras em fluxo permanente, que oscilam entre as culturas da casa e da domesticidade (como se nota no momento que envolve o deitar e adormecer as crianças pequenas ou no cuidado colocado na antecipação das atividades dirigidas para os dias alternados que pais divorciados passam com os filhos, por exemplo de quinze em quinze dias); e o modo como a economia e cultura de consumo publicita e vende a possibilidade de encontrar uma família longe da família (por exemplo, em férias, na praia ou em parques temáticos, onde o cenário de diversão e fantasia ajuda a esbater as fronteiras que no dia a dia separam pais e filhos).
Do ponto de vista relacional, os rituais familiares levantam o véu sobre os vários modos e estruturas de relação que neles se jogam entre adultos e crianças. Da família bi- parental à monoparental, e da nuclear à alargada, afirmam os seus personagens centrais (a criança e também o casal), revelam novos (o homem-pai, os pais e mães divorciados, mas também os avós, graças ao prolongamento da esperança de vida e à melhoria generalizada da qualidade de vida de que a terceira idade beneficia atualmente) e redescobrem os velhos (a mulher-mãe e as famílias de origem e alargada, como bem comprovam as narrativas em torno da pressão, importância ou simplesmente influência de pais e sogros em esferas hoje aparentemente tão individualizadas quanto os modos de assinalar a entrada na conjugalidade, o momento do nascimento das crianças ou ainda no confronto com uma morte significativa e o direito à privatização da dor). Ao mesmo tempo que (re)descobrem os vários elementos que compõem a família em rede, os rituais familiares revelam também os enredos por detrás de cenários, guiões e protagonistas tão diversificados, suas tensões e contradições.
Por último, inscrevem-se num universo de construção do simbólico ancorado nas “famílias imaginadas” e na estética familiar que lhes subjaz, o que, por sua vez, ajuda à construção da identidade e da memória familiar. Paradoxalmente, a força da imagem da família enquanto espaço simbólico radica no irreal e na efemeridade do “ser família” que os rituais encerram. O ritual suspende as divergências e produz um sentido de unidade. A injunção e esforço canalizado para a sua realização, manutenção ou continuidade são um sinal da própria existência e continuidade da família: além da fluidez do dia a dia, como nas rotinas de deitar as crianças, ao garantir as férias a que “têm direito”, ou fazer a festa de aniversário para assinalar um dia “especial”; além da distância espacial como nos momentos vividos entre filhos e pais divorciados ou entre famílias aquando do Natal; além da fluidez das relações familiares, como acontece na afirmação ritualista da entrada na conjugalidade ou no encontro de familiares na visita hospitalar a mãe e bebé; e, por fim, além da própria morte, com as reuniões em cerimónias fúnebres, mesmo que – não raro – essas mesmas reuniões deixem nos indivíduos a sensação de que pertencem a uma “família de estranhos”. Neste último caso, a injunção à celebração dos rituais pode ser geradora de tensões familiares e obrigar a uma redefinição dos modos e locais de celebração, mas a ideia – e a prática – da “reunião familiar” não parece ser afetada. Estabilidade e mudança são, assim, condição obrigatória: o facto de a família toda se reunir novamente, apesar das contingências, obriga à institucionalização da mudança, seja pela inclusão ou exclusão, à integração e diluição do conflito e sua incorporação na renovação cíclica que garante a continuidade da família. O ritual assume, desta forma, as funções de reificação da família relativamente ao passado, de gestão dos recursos quanto ao presente e de reprodução no que respeita ao futuro (Cheal, 1988) e à construção da memória familiar (Muxel, 1996).
A concluir, vimos assim confirmada e ampliada a nossa hipótese de partida. Os rituais constituem, efetivamente, lugares de construção da família contemporânea enquanto espaço simultaneamente físico, relacional e simbólico, tanto para dentro, quanto para fora: na delimitação de fronteiras, na definição e atribuição de papéis e ainda na criação e afirmação de uma representação e sentido sobre si próprias e a sua existência. Tendencialmente, são hoje privados, individualizados e sentimentais, ao mesmo tempo que fortemente matizados por estruturas e dinâmicas familiares, contextos sociais de pertença e dinâmicas de género. A compreensão do modo como os rituais familiares constroem a família contemporânea obriga a olhar à forma como as próprias famílias os determinam, idealizam e estruturam, e é da imbricação entre estes dois lados que resulta o seu caráter “especial”. É no prolongamento, mas também na antítese entre o quotidiano dos “pequenos dias” e a exceção dos “grandes”, que se forja, afinal, a família; tese que insignemente vem confirmar a atualidade de Durkheim em torno da função social do rito, mais de cem anos volvidos sobre As Formas Elementares da Vida Religiosa.

 

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Artigo recebido a 28 de fevereiro de 2013. Publicação aprovada a 7 de janeiro de 2014.

 

Notas

1 Professora Auxiliar na Escola de Ciências Sociais, Departamento de Sociologia da Universidade de Évora (Évora, Portugal). Doutorada em Ciências Sociais, Especialização Sociologia Geral. Investigadora do Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (CEPESE) (Porto, Portugal). Endereço de correspondência: Departamento de Sociologia, Escola de Ciências Sociais, Universidade de Évora, Largo dos Colegiais 2, 7004-516 Évora, Portugal. E-mail: rosalina@uevora.pt

2 Todas as citações extraídas de obras em língua estrangeira foram livremente traduzidas para português pela autora.

3 Este texto adapta e sintetiza resultados de uma tese de doutoramento em Ciências Sociais, Especialidade Sociologia Geral, intitulada Pequenos e Grandes Dias. Os Rituais na Construção da Família Contemporânea (Costa, 2011), realizada pela autora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL), com orientação científica de Ana Nunes de Almeida e apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/38679/2007).

4 Veja-se, a título de exemplo, Sociologie de la Famille Contemporaine (Singly, 1993); The New Family? (Silva e Smart, 1999) ou Reinventing the Family: In search of New Lifestyles (Beck-Gernsheim, 2002), onde os adjetivos “contemporânea” e “nova(os)” remetem precisamente para a dimensão de contemporaneidade (nos vários presentes, obviamente) das reflexões empreendidas.

5 Lição de abertura do curso de Ciência Social na Faculdade de Letras de Bordéus, em 1888. Texto publicado primeiramente em Durkheim (1888).

6 Propositadamente evitamos utilizar as expressões “segunda modernidade” e “modernidade reflexiva” (Beck, 1992), ou “modernidade tardia” (Giddens, 2001). Em alternativa utilizamos “sociedade contemporânea” ou “contemporaneidade”, por nos parecer um vocábulo simultaneamente mais neutro e menos implicado teoricamente para nomear o tempo presente.

7 The Economist é frequentemente a principal fonte citada por Giddens quando trata das mudanças na família (Giddens, 2000b). Já em Transformações da Intimidade (Giddens, 1996), apoia-se sobremaneira em textos de autoajuda ou guias de relacionamentos. Também Bauman insiste na recolha de informação secundária, nomeadamente dos meios de comunicação, sobretudo as revistas populares. Por exemplo, utiliza de forma recorrente o The Guardian Weekend como uma das principais fontes empíricas para compreender a natureza das relações contemporâneas (Smart e Shipman, 2004: 507).

8 Entre eles, inclui-se, a título de exemplo, Sociology, de Anthony Giddens, best-seller atualmente na 7.ª edição (Polity Press, 2013; ed. portuguesa da Fundação Calouste Gulbenkian), ou Sociology – Exploring the architecture of everyday life (Newman, 2010).

9 A instabilidade da família, não sendo característica da sociedade contemporânea, distingue-se do passado precisamente porque não depende de obstáculos ou imposições exteriores, nem de circunstâncias externas como a doença, a morte ou as migrações forçadas por razões profissionais ou da guerra, mas por uma decisão voluntária de si próprio (Beck-Gernsheim, 2002: 14), que opta entre casar ou não casar, ter ou não ter filhos, viver ou não em conjunto. Em última instância, trata-se de um entendimento próprio e individual do que é normal e desviante, do que é a regra e a exceção.

10 Critério utilizado para reconhecimento das uniões de facto do ponto de vista jurídico em Portugal (Art.º 1.º, 2.º da Lei n.º 23/2010 de 30 de agosto).

11 Em particular: o Grupo 2 – Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas; o Grupo 3 – Técnicos e profissionais de nível intermédio; o Grupo 4 – Pessoal administrativo e similares; e o Grupo 5 – Pessoal dos serviços de proteção e segurança da CNP/94 (IEFP, 2001).

12 Referimo-nos, em particular, à utilização de escalas para avaliar a frequência e a importância dos rituais familiares: quer o FRI – Family Routines Inventory (Boyce et al., 1983; Jensen et al., 1983); quer o FRQ – Family Ritual Questionnaire (Fiese e Kline, 1993).

13 Perante as limitações de espaço a que o formato de artigo obriga, optámos por não incluir aqui quaisquer excertos das entrevistas realizadas. Remetemos, por isso, para o texto original de que partimos a leitura das narrativas contextualizadas que, a um mesmo tempo, apresentam, analisam e discutem os resultados obtidos (Costa, 2011).

14 Expressão tomada de empréstimo a João Arriscado Nunes (1992).

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